...não demorou até que Chris apareceu na porta, gritando:
- Eu vou fazer com o Tom! ....
Todos fizeram gracinhas, do mesmo jeito que fizeram comigo e com o Caíque. Eu enchi de ciúmes. Tudo que eu queria era que aquele dia de aulas acabasse...
Por minha sorte o tempo passou rápido e em pouco tempo estava em casa acabando de almoçar. Olhei Alicia, seu rosto lindo ali na minha frente, correndo o risco de ser atacada por um perseguidor e tudo por minha causa. Não, eu não podia conta-la sobre nada.
- E então – comecei – como foi a sua tarde ontem?
Ela enrubesceu.
- Foi boa – disse disfarçadamente.
- Qual é Ali, nós já temos 17 anos, não precisa me poupar de nada... Vocês fizeram ontem? – ela hesitou.
- Sim – respirei fundo e abri um sorriso.
- Tudo bem Ali... – lancei um sorriso sacana pro seu lado – E ai, ele é bom na cama? – soltei uma gargalhada.
- Seu safado! – ela me jogou uns pingos de água que estavam em seu copo...
- É brincadeira kkkkkkk.
- Sim ele é bom se você quer saber, ele é carinhoso, cuidadoso, amável e quando precisa.... Selvagem – ela sorriu.
- E depois eu é quem sou safado? Kkkkkkk. Pessoas com cara de anjo são as mais perigosas (imagina Tomás que tem cara de um deus kkkkkkk).
- Olha quem fala, seu rosto também é rosto de anjo, herdamos do papai e, pior, você ainda banca uma de santinho...
- Nesse mundo a gente só vive de disfarces, meu amor – nós dois rimos.
Fez-se uma pausa e ela retomou.
- Eu vi que você chegou com outra roupa ontem... Como foi lá na casa do Tom?
- Por mais que não pareça, não aconteceu nada. Eu molhei ele, ele me molhou, ele tirou a camisa e me emprestou uma pra que pudesse voltar para casa. Foi só isso, passamos muito tempo fazendo a pesquisa.
- Ele tirou a camisa? Você vai ter que me contar como ele é....
- De tudo que eu falai você só gravou isso?
- Tá foi mal, então vocês passaram muito tempo fazendo pesquisa. Você pesquisou bem o corpo dele?
- Mas do que eu pensaria que iria poder...
- Ah seu safado, me conta.
- Ele é lindo, forte, musculoso e você não vai acreditar...
- O que? Fala logo...
- Ele teve a cara de pau de ficar excitado na minha frente e nem tentou disfarçar.
- Ele fez isso? Mas tu tem uma sorte ein...
- Não, eu não tenho sorte, tenho um amigo muito safado e cara de pau.
- E você já viu a cara do pau dele? Oops, foi mal quis dizer a cara de pau dele – ela disse maliciosamente, mas eu sabia que ela queria mesmo era dizer a primeira frase.
- Não, eu não vi. Mas se ficasse lá por mais tempo eu com certeza veria... Aliás, eu vou lá daqui a pouco levar a roupa dele.
- Aproveita e tira a que ele estiver vestido kkkkkkk
- Eita mana. Que fogo ein... – subi a escada e fui tomar banho e me arrumar.
Dessa vez, vesti uma camisa gola polo aberta branca com detalhes azuis. Uma calça jeans e uma percata branca. Peguei suas roupas e fui para a casa de Tomás. Estava com medo de Max – o perseguidor – me ver sair de casa, mas eu precisava entregar as roupas que tinha pegado emprestado.
Cheguei na casa de Tomás e nem precisei apertar a campainha: a porta estava quase aberta. Entrei dando algumas batidas na madeira da porta para que ele soubesse que tinha visitas. Olhei para o sofá dele e vi aquela cena devastadora: Chris sentada no colo de Tom, virada de frente para ele. Aparentemente não tinham escutado eu entrar. Chris agarrou a gola da camisa de Tom e beijou-o. Eu ainda consegui ouvir um “espera”. Ela olhou para a porta ainda beijando-o e quando me viu parou o beijo.
- Adam? – disse ela com uma voz enjoada, mas pela sua cara ela queria dizer: “o que esse viado está fazendo aqui?”.
- Me desculpem eu não queria ter interrompido nada – disse envergonhado me abaixando e colocando uma sacola com as roupas de Tomás no chão.
- Não coloque isso no chão, ponha aqui na mesa – disse Chris com uma voz mais enjoada ainda, como se eu fosse seu escravo.
Me curvei, peguei a sacola e andei até eles. Estava envergonhado (um pobre garoto em uma mansão com dois garotos ricaços me olhando, eu parecia mais um pobre coitado). Coloquei o pacote na mesa central de vidro.
- Obrigado pela roupa... – disse a Tomás que estava me observando. Ele estava com pena de mim, pelo jeito com que Chris me tratara. Eu estava fazendo cara de ofendido e humilhado, o que eu realmente estava.
- Dan... – ele disse, eu podia sentir que ele estava se desculpando pelo jeito como fui tratado.
- Eu já estou indo, desculpe por interromper vocês... – eu disse me virando e saindo pela porta fechando-a.
- Adam, espera! – era a voz de Tomás.
Eu não parei, continuei andando até a moto e senti que ele vinha atrás de mim. Eu montei na moto e quando peguei o capacete com o braço direito, ele segurou meu braço esquerdo.
- Espera, não vai... – ele pediu.
- Eu não sabia que você estava acompanhado, senão eu nem tinha vindo. Sinto muito.
- Você não tem pelo que sentir, eu disse que você poderia vir, não disse. Quem tem que pedir desculpas aqui sou eu.
- Você não tem culpa de nada, foi ela quem me tratou como um escravo, mas também não quero que ela se desculpe. Eu já estou indo pra casa... – liguei a moto.
- Não, você não vai – ele pegou na minha mão encima da chave e virou ela, desligando a moto – Você tem que pegar suas roupas ainda e eu não vou deixar você sair desse jeito. Vem, entra...
- É você está certo, tenho que pegar minhas roupas... – saio da moto e sigo ele até dentro de casa.
Quando Chris me vê, ela revira os olhos disfarçadamente. “Também não te suporto querida”. Ele se senta no sofá e pede para que eu sente junto com eles. Eu penso um pouco.
- Não, acho melhor não atrapalhar vocês... Posso subir até seu quarto e pegar minhas roupas?
- Por que tem roupas dele no seu quarto? – pergunta Chris para Tomás – Isso é muito estranho...
- Eu sem querer sujei a roupa dele – diz Tomás antes que eu pudesse explicar – então eu disse que ia lavar as roupas dele e emprestei umas minhas para que ele pudesse ir para casa – ele olhou para mim e piscou só com o olho direito. Não preciso dizer que aquilo foi extremamente sexy – Pode subir, você ainda lembra onde fica?
- Sim, foi ontem que eu vim aqui e não três anos atrás Tom.
Ele sorriu. Eu andei até o corredor e subi a escada. Virei a direita e lá estava a porta do quarto dele. Abri e entrei, fechando-a novamente. Seu quarto era inacreditavelmente arrumado, como se fosse uma empregada que fizesse tudo para ele. Me sentei em sua cama. Não resistia a vontade de cheirar seu travesseiro (acho que sou maníaco).
Cheirei, meio receoso de que pudesse sentir cheiro de baba, mas não. Era realmente cheiroso, parecia que estava sentindo o perfume dos seus cabelos. Minha roupa estava dobrada perfeitamente sobre uma estante que tinha em frente a cama. Olhei mais detalhadamente o quarto: tinha um rack com um computador, um guarda-roupa grande, uma mesinha cheia com os livros da escola.
Atrás da porta tinha pendurado algumas camisas, provavelmente usadas e eu pensei: “se eu queria tanto sentir o cheiro dele ontem à noite, porque não agora que eu posso?”. Me levantei e fui para a porta. Segurei suas roupas em minhas mãos e senti o perfume que ele usava. Eu estava me excitando e resolvi parar antes que eu me descontrolasse (o que eu estou falando? Eu já estou descontrolado…).
Parei. Segui até as minhas roupas, elas estavam tão cheirosas... Foi então que percebi uma ponta de um caderno despontando pelo colchão da cama de casal que ele tinha. “Um diário” foi a primeira coisa que eu pensei. Levantei o colchão e puxei o caderno para fora. Sim era um diário e eu sabia que eu não tinha o menor direito de mexer nele, mas eu queria muito. Me controlei mais uma vez e fiquei pensando olhando a capa daquele caderno.
- Eu não posso fazer isso – falei comigo mesmo.
Levantei o colchão e coloquei o diário de volta. Quando me sentei na cama, Tomás abre a porta do quarto. “Meu Deus foi por muito pouco!”.
- Chris foi embora, disse que não conseguia se concentrar com você aqui...
- Pelo visto vocês precisavam de muita concentração. Eu tentei ir embora, mas você não deixou.
- Eu disse que você podia vir. Não iria mandar você ir embora.
- Não precisava mandar, eu já estava indo...
Ele se sentou na cama, próximo ao seu travesseiro. Então ele olhou para o lado da cama que eu estava sentado. Ele abriu um sorriso.
- O que você andou fazendo aqui no meu quarto?
- Nada demais. Já estava quase para descer...
- Você está mentindo... – ele se levantou e ficou em pé na minha frente. Minha boca estava a alguns centímetros do seu membro. Eu olhei em seus olhos – Você pode se levantar por favor? – Me levantei e ele ergueu o colchão como se fosse um travesseiro, puxando o seu diário para fora. Meu coração disparou – Você estava olhando o meu diário?
Engoli seco, não sabia o que dizer.
Continua...