Dias depois...
Doug narrando.
Rick: Para onde você vai?
Eu: Como para onde? Vê-lo!
Ele: Vou com você!
Eu: Não precisa!
Ele: Não quero você andando só por aí!
Ele me levou, desci, entrei, peguei o elevador, a dias fazia o mesmo caminho, entrei naquele quarto e lá estava o meu amigo, deitado naquela cama...
Yago estava em coma, Fernando estava internado, desolado, se descobriu doente!
Rick foi vê-lo.
Me aproximei da cama do Yago, ele ainda tinha hematomas pelo corpo, peguei em sua mão e não aguentei, fiz o que vinha fazendo todo este tempo... Chorei.
Longe dalí...
Edu narrando.
A alguns dias o palhaço, digo o tal do Kaio vem vindo só, não perguntei ao meu pai porque o Douglas estava faltando, mas ainda vou...
Bem, acho tudo muito estranho na vida daquele garoto, ele sempre aparece com hematomas e parece ter medo, acho que tem haver com seu ex, afinal a alguns dias eu o salvei de uma bela surra!
O que me afetava mais não era essas questões, mas sim tê-las, gostaria de entender porque estou com tanto interesse em sua vida, porque as vezes estou sem fazer nada e me pego pensando nele.
Antes de dormir olhando o teto, ou logo quando acordo. Quando o professor está falando um monte de bobagens, não só penso como o olho! Ou quando estou falando com meus amigos, só falo nele, em como me irrita, como tenho vontade de matá-lo, de bater até virar do avesso, tenho ódio mortal dele, por ter todo este interesse!
Não podia ver ninguém o maltratando, quando pensava em aquele cara que ele falou ser seu ex machucando-o, agredindo-o me dava revolta! Mas sentia ódio dele por me fazer sentir assim.
Quem ele pensa que é para me deixar tão confuso?
No momento o ví entrando na facul correndo, parecia assustado. Eu estava sentado com meus amigos em um banco.
Ele corria, seu cabelo preto voava, ele era muito desajeitado e eu ria com aquilo, seus olhos verdes eram lindos.
Ah eu odiava quando pensava nele assim, sempre gostei de caras com o mesmo nível social que eu ou ainda mais ricos. Aquele idiota era pobre, tinha cara de pobre e jeito de pobre. Eu pensava nisso e meu sangue fervia!
Ele passou correndo, coloquei o pé e ele caiu de frente, colocou as mãos e protegeu o rosto.
Olhou para mim, um olhar triste, estava diferente dos outros dias, não entendia porque, mas queria saber, me interessava saber!
Ele foi para o lado do banheiro, fui atrás.
Chegando lá ele estava limpando a camisa suja, me aproximei e ele estava de cara fechada.
Eu: Qual o problema?
Ele não me respondeu.
Eu: Estou falando!
Ele: O problema é que um imbecil me derrubou.
Eu: Não. Tem mais coisa aí.
Ele: Olha sinto muito, mas não vou te contar minhas coisas!
Eu: Fala logo! - Puxei em seu braço com força.
Ele me dava raiva, me preocupava e sentia raiva por me preocupar com aquele idiota!
Ele: Minha irmã.
Começou a chorar...
Eu: O quê?
Ele: Está doente, ela caiu, precisa fazer uma cirurgia muito cara ou não volta a andar nunca mais. Não temos dinheiro...
Ele contava de cabeça baixa, soltei seu braço devagar, ele olhou para mim com aqueles olhos verdes que estavam muito tristes...
Eu: Como ela caiu?
Ele: Estava brincando, subiu em um muro alto e caiu de lá!
Ele lavou o rosto, não perguntei mais nada, só o assistia, secou o rosto com papel toalha e se foi.
Saí e vi ao longe ele passando e meus amigos dizendo piadinhas e implicando, ele apenas passou calado e entrou na sala.
Aí pude perceber que existem problemas maiores que isso, existem problemas maiores que um monte de idiotas implicando com você... Eu fazia isso com todo mundo por me sentir um máximo, queria que todos se sentissem inferior a mim e se sentissem intimidados, porém alí vendo meus amigos ao longe percebi que nós eramos insignificantes para o Kaio, naquele momento a irmã dele estava em um hospital, poderia nunca mais andar, e quando ele entrou pela porta o fiz cair para passar vergonha, porém tenho certeza que aquilo foi insignificante comparado ao que ele está sentindo no momento. Um bando de idiotas implicando com ele é uma bobagem, ele tem coisas mais importantes para se preocupar.
Entrei na sala e o vi de longe, ele sentou na cadeira, sentei do lado oposto, meus amigos entraram e vieram falar comigo e começaram a implicar...
Carlos: E aí pobretão gostou da queda?
Ele não respondia, só mexia no livro...
Eu o observava sem falar nada. Kaio estava triste, enquanto todos pensavam que era porque suas palavras o afetava, eu sabia a verdade, sabia que aquilo alí era o de menos...
Carlos: Está sozinho? Cadê os amiguinhos? Te abandonaram?
Kaio levantou a cabeça, olhou no fundo dos olhos de Carlos e disse: Um está em coma e o outro não consegue fazer nada a não ser chorar pelo amigo.
Carlos calou...
Kaio levantou e foi saindo da sala, eu o ví sair... Fui atrás, ele estava sentado só em um banco. Me aproximei...
Eu: Quem está em coma?
Ele: O Yago.
Kaio não olhava em meu rosto, falava olhando para frente. - Olha, vocês podem falar o que quiser, me bater, me xingar, mas agora eu só penso na minha irmã e no meu amigo.
Eu fico imaginando quantas pessoas eu já maltratei que passava pelo mesmo ou por coisa semelhante. Quantas deveriam estar tristes por uma coisa realmente relevante e eu me achando o tal maltratei.
Ele: Eu não deveria ter vindo hoje, não paro de pensar em tudo isso.
Eu: Quanto é a cirurgia da sua irmã?
Ele: Para quê quer saber?
Eu: Por nada, só curiosidade.
Ele: Duzentos mil.
O professor entrou e ele levantou entrando também...
Fiquei um pouco sozinho, me sentia estranho, triste...
Entrei e sentei no meu lugar, Carlos passou a aula toda de cabeça baixa, extremamente triste.
Em primeiro instante acreditei que o Doug que estava em coma, me preocupei com o estado do meu pai, mas agora que sei que é o Yago, me senti na medida do possível mais aliviado.
Longe dalí...
Doug narrando.
Estava segurando a mão do Yago.
Não acreditava que tudo aquilo estava acontecendo. Yago entrou na minha vida de repente mas se tornou um irmão para mim, nos conhecemos a pouco tempo, mas era como se estivéssemos nos conhecido a anos. O amava como a um irmão.
Era tão doce, lindo. Não merecia passar por tudo isso. Fernando muito menos, agora se havia alguma dúvida do amor dele por Yago não existe mais, estamos escondendo dele o estado do Yago, pois os médicos falaram que ele pode piorar.
Parecia que estávamos em um pesadelo. A alguns quartos daqui estava a irmã do Kaio, ele e eu nos encontrávamos sempre, eu a visitava, era tão linda, tão pequena, não merecia passar o resto da vida presa a uma cadeira! Ele vinha também visitar o Yago.
Estava pensando em tudo, de cabeça baixa segurando sua mão, quando ele aperta a minha.
Paralisei, aos poucos fui subindo minha cabeça até encontrar com seu rosto, seus lindos olhos azuis abertos e olhando para mim.
Eu: Y... Yago? - Gaguejei.
Ele: Doug. A quanto tempo estou aqui?
Eu: Você lembra? Lembra o que...
Ele: Sim. E o Fer?
Eu o olhei sério...
Ele: O que houve com o Fer, quero vê-lo!
Ele começou a chorar, queria levantar da cama, mas eu o segurei...
Comecei a gritar para que fossem lá.
O médico aplicou um calmante em seu soro e ele acabou dormindo.
Fizeram perguntas a mim, se ele lembrou e etc, respondi todas.
Saí...
Fui ao quarto do Fernando, Rick estava lá falando com ele, Fer estava pálido.
Ele: Você pode me falar a verdade, sei que estão mentindo para mim. Como o Yago está? Me fala Douglas, me falam que ele está bem, mas se estivesse já tinha vindo me ver!
Eu: O Yago está em coma! Estavam mentindo mesmo para você.
Rick me olhou espantado!
Ele: Meu Yago? - Fer fez uma cara de partir o coração. - Não. Mentira!
Eu: Sim Fernando, escondemos para o seu bem, mas ele acabou de acordar, agora não precisamos mais te esconder nada, ele está bem, sobreviveu e vai conseguir se recuperar completamente porque ele tem você.
Rick: O Yago acordou?
Eu: Agorinha, eu estava lá e o vi!
Fer: Você não está mentindo?
Eu: Não Fernando, falta pouco e você vai poder vê-lo.
Longe dalí...
Edu narrando.
A aula havia acabado, ele estava saindo, corri atrás dele e o abordei... - Você vai para o hospital?
Ele: Sim. Porque?
Eu: Posso ir com você? Gostaria de conhecer sua irmã.
Ele: Porque?
Eu: Porque gostaria de vê-la.
Ele: Olha Edu, minha irmã e minha mãe são minha família, você mexe comigo aqui, brinca, ameaça, eu aceito, mas mexer com minha irmã não, colocar ela no meio disso tudo...
Eu: Por favor Kaio, eu não vou fazer nada, tenho consciência, tenho limite, não envolveria sua irmã doente no meio dessa palhaçada toda!
Sim, eu já achava aquilo tudo uma palhaçada, a vida estava me pregando uma lição.
Ele me olhou sério, passou um tempo pensando. - Ok, vou te levar lá.
Longe dalí...
Doug narrando.
O tempo passou, Fer estava inconsolável, queria porque queria ver o Yago. Finalmente ele havia acordado de novo.
Os médicos o deixaram vê-lo, Fer foi andando devagar, eu e Rick o acompanhávamos.
A porta abriu e podemos ver um Yago acordado, sentado na cama, com seus olhos azuis brilhando, sedentos de vontade para finalmente encontrar com os de Fernando.
Fernando chorou como um louco, estirou os braços como o Yago e andou rápido até sua cama, ambos se abraçaram, Fernando o beijava na face por todos os cantos, Yago o tocava, pegava em seu rosto com sua mão conectada a um soro, ambos não falavam, apenas se tocavam.
Eu chorava como um bobo e Rick me abraçava. Fernando e Yago quase morreram, Fernando passou todos estes dias perguntando por ele e nós tivemos que mentir, ele chorava, pedia para vê-lo, tinham que dopá-lo, era de partir o coração. Yago por sua vez passou todos estes dias em coma, não sabíamos quando iriamos vê-lo acordado novamente! Vê-los alí, finalmente juntos era tão lindo que não tinha como não chorar. Era como se presenciássemos o amor vencer o mal, não é todo mundo que pode acompanhar de perto uma história de amor verdadeiro tão linda. Alí tive a certeza que era amor verdadeiro de ambas as partes.
Fernando parou de beijar Yago, o olhou nos olhos e disse: Eu te amo.
Yago: Eu também.
Enquanto isso, por alí...
Edu narrando.
Havíamos chegado no hospital, pegamos o elevador, ele foi indo ao quarto e eu o seguindo...
Kaio falou com uma enfermeira, depois fomos em direção a um quarto, ele abriu a porta...
Então vi uma garotinha, ela estava dormindo. Era branquinha, cabelos grandes e pretos, sua pele era branquinha. Era tão pequenina...
Kaio se aproximou da cama, alisou sua cabeça e deu um beijinho em sua testa. Ela abriu os olhos, seus olhos eram castanhos.
Ela: Kaio.
Ele: Oi linda!
Ela: Estou com medo. Cadê a mamãe?
Ele: Está trabalhando amor!
Ela: Passei o dia só!
Ela falava embolado, ainda era muito pequena.
Ele: Não é para sentir medo. Eu vou ficar a noite inteira com você!
Ela: Promete?
Ele: Prometo. Olha, vou te apresentar alguém ok?
Ela: Quem?
Ele me chamou com a mão. - Este aqui é o Edu, um amigo.
Ela: Oi?
Eu: Oi querida?
Ela: Kaio queria um presente!
Ele: O que você quer?
Ela: Uma boneca! Compra para mim? Ela fica aqui comigo e não tenho medo!
Eu respondi por ele: Vou comprar uma boneca linda para você!
Ela: Promete?
Eu: Sim.
Ele: Amor você sente dor?
Ela: Não sei, não consigo mexer as pernas. O médico sempre me faz perguntas...
Ele olhou triste para mim. - Vou alí fora, volto já. Quer algo?
Ela: Não. Quero dormir.
Ele: Dorme. Estou aqui!
Ela fechou os olhinhos e a gente saiu...
Ele desabou a chorar. Deitou a cabeça no meu ombro e eu o abracei.
Ele: Ela é tão pequena!
Meu Deus, eu estava desolado.
Ele: Não precisa comprar a boneca, desculpa por isso.
Ele falava deitado no meu ombro.
Eu: Não me diga isso, vou comprar a boneca mais linda, mas ainda assim não será mais linda que ela.
O abracei mais forte.
Ele: Porque essas coisas acontecem com crianças tão pequenas? Daria tudo para estar no lugar dela.
Beijei sua cabeça. - Não se preocupe, ela vai sair desta. Eu prometo!
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Obrigado pelos comment's.