Olá, me chamo Bruno Lima e estarei começando, a partir de hoje, uma história que aconteceu comigo há dois anos.
Confesso que parte da história será ficção, mas de uma forma geral, ela será verdadeira. Espero todos apreciem a leitura!
Quando eu tinha 17 anos, estava no último ano do ensino médio e pretendia fazer vestibular para Medicina. Como a rotina de estudos era bem intensa, resolvi abrir mão de grande parte da minha antiga rotina para me dedicar ao aprendizado das disciplinas da escola. Por volta do mês de abril, minha mãe (Maria Alice), me colocou em uma turma específica para vestibulandos de medicina, que daria um grande reforço ao que estava sendo passado na escola, e foi por ter entrado nessa turma que tudo começou.
1º dia de aula em uma turma nova é como estar em um lugar pela primeira vez: você não conhece ninguém e não sabe com quem fazer amizade. Minha primeira reação ao entrar na sala foi ficar com o rosto avermelhado por ter sido apresentado à turma pelo professor:
- Bom dia, turma. Este é o Bruno e ele será mais um concorrente para vocês!
Todos riram um pouco e, apesar de ter a pele meio parda, fiquei corado.
O dia de estudos foi muito bom, apesar de ser bastante intensivo e, portanto, cansativo. Depois da aula fui direto para a parada de ônibus, duas quadras dali, para pegar o ônibus que passava próximo à minha casa. Entrei no ônibus, sentei e coloquei os fones, quando atrás de mim sentou um rapaz alto e um pouco forte, dizendo:
- Oi, você é o novato do cursinho, certo? Me chamo Felippe.
- Oi, Felippe, sou eu sim. Me chamo Bruno.
- É, eu sei, o professor te apresentou para a turma, e acho que você ficou bem tímido nessa hora, ou foi impressão minha?
- Não foi impressão sua, é que eu sou realmente bem tímido, o que é uma droga, às vezes.
- Ah, entendo. Quer dizer, não, eu não entendo, porque não sou assim. Na verdade eu sou bastante extrovertido e adoro fazer novas amizades. Já estou naquela turma pela segunda vez e conheço quase todos de lá. Ano passado eu conhecia mais pessoas, porém muitos foram aprovados, menos eu, por pouco é claro, mas tenho grandes chances de ser aprovado esse ano. Você está tentando há quanto tempo?
- Essa vai ser a primeira vez. Ainda estou terminando o ensino médio!
- Nossa, deve ser bem novo então.
- Sim, tenho apenas 17 anos.
- Eu tenho 19. Me sinto um tiozão naquela turma, a maioria é da sua idade.
- Achei que quase todos fossem da faixa etária de 20 anos ou mais.
- Não, poucos chegam a 20... Bem, vou indo nessa porque já desço na próxima parada. Foi um prazer conversar com você, rapaz. Sente ao meu lado amanhã para que eu te apresente à turma direito, vou guardar um lugar para você. Até logo!
- Tudo bem, até mais!
Mais tarde naquela noite, cheguei em casa e fui direto para o banho. Depois de ter tomado um bom banho, jantado e organizado todo o material da escola, fui revisar alguns assuntos e depois dormir pois teria que acordar bem cedo no dia seguinte.
Na manhã seguinte, depois da aula na escola, fui direto para o cursinho específico, parando apenas para almoçar no meio do caminho. Cheguei lá e o Felippe já estava com uma carteira guardada para mim.
- Felippe, tudo bem? Sou o Bruno, o rapaz do ônibus de ontem.
- Bruno, não precisa de tanta formalidade, eu ainda lembro de você. Vem, senta aqui que eu guardei esse lugar para você.
- Ah, sim. Obrigado!
- Bom, essa aqui é a Priscila e esses são Pedro Henrique e Luiz. São meus amigos há anos e ótimas pessoas para se entrosar.
Os três amigos falaram comigo e ficamos todos conversando e nos conhecendo melhor. Luiz era o mais velho, com 20 anos, e estava tentando vestibular para medicina há três anos. Priscila e Pedro tinham 18 anos e estavam tentando pela segunda vez. Todos estavam confiantes com a aprovação no final deste ano. Paramos quando o professor entrou na sala e iniciou a aula.
Novamente, depois da aula, Felippe e eu voltamos para casa no mesmo ônibus e, entre uma conversa e outra ele comentou sobre a dificuldade de entrar em um curso de medicina, pela quantidade de concorrentes ser muito maior que o número de vagas:
- Eu tenho muita esperança de entrar esse ano e isso é bom, pois não aguento mais ter que ficar o dia inteiro estudando e sem ter noção se isso vai valer ou não a pena no final do ano.
- Entendo. Confesso que não estou muito confiante, mas sei que se eu não passar esse ano, vou ter uma base de estudos maior ainda para o próximo ano.
- Pensa positivo, você parece ser muito inteligente, sempre responde corretamente as perguntas dos professores. A maioria que já está lá há bastante tempo, responde errado.
- Hum, espero que você esteja certo quanto à mim.
- Sim, devo estar.
- É difícil não passar e ter que voltar no início do ano para o cursinho?
- Nem tanto. Na verdade isso acontece com muita gente. Acho que só pro Luiz que foi realmente difícil.
- Mas por quê? O que houve com ele?
- Bom, ano passado ele tinha alguns amigos, mas depois que assumiu para os pais dele, todos se distanciaram e foi por isso que ele entrou no nosso grupo de amigos.
- Mas ele assumiu o quê?
- Bruno, o Luiz é gay, assim como eu e o Pedro.
- Sério?
- Sim, não vai dizer que está surpreso. Ou vai querer se distanciar de nós só por isso?
- Estou surpreso sim, mas não vou me distanciar de vocês. Eu sou gay também e meus pais sabem, porém fingem que está tudo normal, fingem que não sabem de nada.
- Mas eles realmente aceitam?
- Acho que sim!
- Bom, vou descer aqui, me dá o seu número para conversarmos, já que amanhã é domingo e não terá aula.
- Claro, aqui está.
Anotei meu número em um pedaço de papel que estava no bolso da minha bermuda e entreguei à Felippe. Nos despedimos e ele desceu.
Quando cheguei em casa, tome banho e jantei, mas não revisei os conteúdos como na noite anterior. Fiquei pensando nos novos amigos que eu estava prestes a fazer e como todos eles eram iguais a mim, e estava surpreso, principalmente, em relação ao Luiz, que era um dos caras mais bonitos da turma, com sua pele clara, seus cabelos pretos e seu olhos azuis que me hipnotizavam. Deitei na cama e fiquei escutando algumas músicas, até que Felippe me liga:
- Bruno, tudo bem?
- Tudo sim, Felippe e você?
- Estou cansado, mas bem. Liguei porque quero te fazer um convite, amanhã vamos dar um almoço aqui em casa e minha mãe pediu que eu convidasse os amigos, você quer vir?
- Claro, vou adorar.
- Está bem, agora deixa eu desligar porque você sabe que eu converso muito e preciso dormir agora. Até amanhã!
- Certo. Até amanhã!
Desliguei o celular e logo em seguida acabei dormindo.
Na manhã seguinte, meu pai foi me deixar até a casa de Felippe, que já tinha me mandado todo o endereço por mensagem no celular. Entrei em sua casa e fui apresentado à sua mãe, D. Laura, uma mulher muito simpática. Poucos minutos depois, Luiz e Priscila chegaram dizendo que Pedro não iria comparecer, pois estava com sua mãe na casa de uma tia, fazendo visita. Priscila foi ajudar D. Laura no preparo do almoço e Felippe saiu para comprar algumas verduras para fazer uma salada. Luiz e eu fomos para a sala assistir TV e ficamos por lá, em silêncio, até que Luiz quebra o gelo:
- Você é um cara muito legal, Bruno, é bom conhecer novas pessoas.
- Obrigado, você também é, vocês todos são.
- Espero que você não mude de ideia depois de um tempo. Já aconteceu antes!
- Não irei, pode deixar. O Felippe já me contou parte do que houve com você. Na verdade eu que perguntei a ele, espero que não tenha problema para você.
- Não, sem problemas. É bom que você já saiba e, mesmo assim, queira continuar a amizade. Agora vamos tirar uma foto.
Luiz sentou ao meu lado e tiramos algumas fotos de seu celular e do meu. Depois ele continuou ao meu lado e criei coragem para dizer:
- Seus olhos são lindos, na verdade você todo é lindo.
- Ah, obrigado.
- Quero dizer, na foto. É que você é bem fotogênico.
- Ah, sim,
Ficamos um olhando para o outro por alguns segundos e começamos a corar. Desviamos o olhar e ficamos em silêncio por mais alguns segundos.
- Desculpa, eu não devia ter falado isso e nos deixado nessa situação - disse eu.
- Tudo bem, quer dizer, ah, não tem nada demais em elogiar alguém.
- Sim, é verdade!
Luiz me encarou por alguns e segundos e disse:
- Espero que isso também não tenha problema.
E me deu um beijo. Fiquei um pouco sem entender a situação, mas retribuí na mesma intensidade. O beijo não durou muito, mas foi maravilhoso, como se a boca dele encaixasse perfeitamente na minha e todo o tempo ao redor parasse. Nesse momento Felippe foi chegando em casa e nos viu, logo disse:
- Olha só, mãe, Priscila, venham ver o novo casal do cursinho.
Luiz e eu ficamos muito vermelhos e nem sabíamos o que falar.
Continua...
Bom, espero que vocês, leitores, tenham gostado. Esta foi apenas a primeira parte da história, o comecinho, muitas aventuras ainda virão.
Obrigado pela leitura e não esqueça de comentar suas críticas, sugestões e elogios.
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