Continuando
(...)
Luiz me encarou por alguns e segundos e disse:
- Espero que isso também não tenha problema.
E me deu um beijo. Fiquei um pouco sem entender a situação, mas retribuí na mesma intensidade. O beijo não durou muito, mas foi maravilhoso, como se a boca dele encaixasse perfeitamente na minha e todo o tempo ao redor parasse. Nesse momento Felippe foi chegando em casa e nos viu, logo disse:
- Olha só! Mãe, Priscila, venham ver o novo casal do cursinho.
Luiz e eu ficamos muito vermelhos e nem sabíamos o que falarNão, gente, não é nada disso, foi apenas um beijo, acho que foi sem querer, é que estávamos muito perto um do outro e aconteceu. - Disse eu, em meio aos gaguejos.
- É, foi sem querer... - Confirmou Luiz.
Priscila, D. Laura e Felippe começaram a rir e, logo em seguida, Luiz e eu também rimos.
Felippe levou as verduras que havia comprado para a cozinha e todos os seguimos para ajudar com o preparo do almoço de alguma forma. Luiz e eu não trocamos uma só palavra desde então, apenas olhares tímidos. Após o almoço, D. Laura foi descansar em seu quarto, enquanto o resto de nós fomos assistir à um filme. Entre tantas escolhas acabamos escolhendo um de terror. Priscila, encarando todos nós, disse:
- Nem pensar, não vou assistir filme de terror. Não quero ter problemas para dormir hoje a noite.
- Ah, esse filme nem dá medo, é só para passarmos o tempo, distrair um pouco. Ele é legal, sei que você vai gostar. - Respondeu Felippe.
- Tudo bem, então. Vamos assistir!
O filme estava bem interessante, mas na metade, Priscila precisou ir embora, pois seu pai ligou e pediu que ela estivesse em casa para que fossem visitar a avó dela.
Felippe, Luiz e eu continuamos e filme, até que Felippe foi preparar mais pipoca e, aproveitando sua ausência, Luiz disse baixinho:
- Desculpe pelo beijo, não queria te deixar mais tímido ainda. Mas eu gostei, sabe? Foi muito bom, e sei que você gostou também, porque retribuiu, eu percebi.
- Eu gostei sim, foi realmente muito bom.
- Podemos repetir, se quiser.
- Melhor não. Pelo menos não agora, vamos nos conhecer um pouco mais.
- Está bem!
Luiz deu uma piscada com apenas um olho e continuamos o filme, esperando Felippe chegar com a pipoca.
A tarde passou rapidamente e logo ela já estava no fim. Me despedi dos amigos e voltei para casa bastante feliz por ter tido um da incrível e ter recebido aquele beijo maravilhoso. Passei a noite pensando no beijo e em como seria se Luiz me pedisse em namoro.
No dia seguinte, passei a manhã inteira perdendo o foco da aula, esperando ansiosamente que a tarde chegasse e eu pudesse ir ao cursinho específico ver o Felippe, a Priscila e, principalmente, o Luiz. O tempo parecia não passar nunca, mas enfim chegou o momento. Fui para o cursinho bastante animado.
Cheguei na sala de aula e Felippe era o único que estava lá, dos novos amigos. Sentei ao lado dele e começamos a conversar, já esperava o momento em que ele falaria sobre o Luiz:
- Você está gostando de verdade do Luiz?
- Não sei, mas confesso que gostei muito do beijo, e ele parece ser uma ótima pessoa.
- Ele é realmente uma ótima pessoa, vocês dariam certo juntos, mas tem um probleminha... Ele já está de rolo com uma pessoa.
Não quis acreditar no que ele tinha acabado de falar, minha reação foi ficar calado, encarando-o por alguns segundos e
esperando que ele dissesse que aquilo era mentira. Não aconteceu, então eu disse:
- Sério? Ele já namora alguém?
- Não é bem um namoro, mas eles saem de vez em quando. É um cara da idade dele que estudou aqui no ano passado, mas foi aprovado esse ano, o Diego. Na verdade nem sei se eles ainda estão saindo, mas até mês passado, estavam.
- Nossa, nem consigo acreditar nisso, mas obrigado por me falar, pelo menos já tenho certeza de que não vai rolar nada, mesmo.
- Ah, mas ele te beijou, de repente ele não está mais com o Diego e está afim de você agora.
- Não sei, é difícil pensar assim.
- Bem, de qualquer forma ele está chegando, melhor conversarmos sobre isso mais tarde.
Luiz chegou acompanhado de Priscila e Pedro, sentou ao meu lado e me deu um abraço, dizendo:
- Já estava com saudades de você, de vocês todos na verdade.
- E saudades do Diego, sentiu? - Perguntei.
Todos me olharam assustados, meu rosto corou e minha única reação foi pedir desculpas e olhar pra baixo. Luiz disse à Felippe:
- Você é um fofoqueiro mesmo, hein? Já deve ter feito uma biografia minha e dado à ele.
- Desculpa, eu só queria avisá-lo sobre isso, não pode sair por aí beijando as pessoas como se você fosse um solteirão. - Respondeu Felippe.
Eu levantei e saí da sala, enquanto eles discutiam. Fiquei do lado de fora, sentado em um banco pequeno próximo ao muro nos fundos da escola, esperando a hora professor de química entrar na sala. Chegou a hora de ir para a sala, mas não tive ânimo, nem sabia como iria fazer para encarar o Luiz, então decidi ir à biblioteca e fiquei estudando alguns assuntos que precisava revisar, até que acabassem aquelas primeiras aulas.
No final da aula eu voltei para a sala, sentei e, sem falar com ninguém, peguei um livro e comecei a ler de cabeça baixa. Li por alguns minutos, até que Luiz perguntou:
- Está tudo bem? Eu não quis dizer aquelas coisas ao Felippe, já nos acertamos, está tudo bem agora, e quanto ao Diego, não estou mais com ele, podemos conversar sobre isso depois, se quiser.
- Está tudo bem sim, já estou melhor, mas não sei se quero conversar com você sobre isso.
- Entendo. De qualquer forma, quando quiser conversar direito, estarei aqui.
- Certo!
A tarde passou mais rápida do que a manhã. Logo a noite se aproximou e as aulas acabaram. Voltei para casa tomando um novo caminho, um pouco mais longo, para evitar Felippe e as conversas sobre o Luiz, no ônibus. Cheguei em casa e assisti um pouco de TV. Fui dormir ouvindo músicas calmas, para relaxar, e a noite passou como se fossem segundos. Fechei os olhos e, como se não tivesse dormido nada, o dia amanheceu.
Os outros dias da semana foram melhores, já conseguia conversar bem com os outros quatro amigos, mas Luiz e eu não tivemos mais nada, tudo não passou daquele beijo na casa de Felippe.
Dois meses depois meu aniversário se aproximou. Não costumo festejar, mas era 18 anos e minha mãe queria dar uma pequena festa, convidando alguns parentes e amigos. Aceitei sem me queixar de nada. Convidei os amigos do cursinho e alguns do ensino médio. O aniversário seria em três dias, mas como seria um sábado e eu teria aula, precisei comemorar no domingo, então tecnicamente faltavam quatro dias.
Na sexta-feira, Felippe e eu saímos mais cedo da aula para comprarmos algo para vestirmos e Luiz nos acompanhou. Andamos por algumas lojas, experimentamos algumas roupas e, enfim, compramos peças que nos agradaram bastante. Fomos tomar um sorvete antes de voltarmos para casa. Depois de algum tempo descobri que Luiz morava em um bairro vizinho ao meu e ele começou a pegar o mesmo ônibus que Felippe e eu, mesmo tendo que andar um pouquinho mais.
Já no dia da festa, que começou de manhã com um almoço e foi até de tarde, tentei dar atenção à todos os convidados, mas minha mãe convidou muitas amigas dela e estava difícil. Quando sentei para descansar um pouco, depois de falar com quase todos, Luiz chegou próximo à mim e me chamou:
- Vem aqui comigo.
- Para onde?
- Você vai saber!
Fomos até a frente da minha casa, pois o aniversário estava ocorrendo na área que ficava nos fundos. Paramos antes de sair de casa, onde tinha um pequeno jardim entre a casa e o muro da frente, pegamos duas cadeiras e sentamos em lugar que tinha sombra. Sentamos e ele disse:
- Só queria te tirar daquele sufoco, descansa um pouco. Quer que eu pegue alguma coisa para você comer?
- Não, obrigado. Estou sem fome, apenas cansado mesmo.
- Entendo. Bom, eu também queria te dar o seu presente, é simples, mas tem um grande significado e eu espero que você goste muito.
- Tenho certeza que irei gostar.
Ele tirou do bolso um pequeno embrulho e colocou em minhas mãos. Abri e tinha uma corrente prata com uma pedra azul.
- É lindo, Luiz. Obrigado, de coração!
- Não por isso. Essa pedra vai te proteger e te guiar nessa fase em que estamos, de muitos estudos e pouco tempo para se cuidar.
- Obrigado mesmo, nem sei como te agradecer.
- Eu sei de um jeito.
Ele me abraçou e me deu um beijo. Não foi como aquele nosso primeiro beijo, esse foi mais espontâneo, mais sincero e mais duradouro. Nos entreolhamos e continuamos com mais alguns beijos. Ficamos abraçados por um momento e ele disse:
- Você é uma pessoa especial, Bruno. Não é como os outros com quem me relacionei nos últimos tempos. Mesmo você tendo apenas 18 anos, agora, tem mais maturidade do que muitos que são mais velhos. E cara, eu gosto muito de você, muito mesmo!
- Eu também gosto muito de você, ainda fico lembrando aquele nosso primeiro beijo.
- Eu também, e foi por isso que decidi criar coragem para vir logo fazer isso.
- Ainda bem que criou coragem porque eu sou mais tímido.
- Só estou preocupado com uma coisa agora... Com a sua resposta.
- Resposta sobre o quê?
- Bruno, você aceita namorar comigo, trocar carinho e afeto, ser o amor da minha vida?
Abri um grande sorriso, mas não tive nenhuma outra reação, apenas fiquei encarando aquele rosto lindo dele...
Continua...
Bom, espero que vocês, leitores, tenham gostado. Esta foi apenas a primeira parte da história, o comecinho, muitas aventuras ainda virão.
Obrigado pela leitura e não esqueça de comentar suas críticas, sugestões e elogios.
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