AS AVENTURAS DO SANTO - PARTE DEZENOVE
Depois que Santo foi liberado da casa de campo do deputado assassinado, Antônio foi medicado do ferimento no braço provocado por um tiro dado pelo padre Lázaro e colocado numa viatura policial. Queriam que ele prestasse depoimento na Delegacia de Homicídios, já que estava sendo procurado como autor do atentado à vida do bispo Cardozo. A esposa do deputado esteve detida para averiguações da morte do marido e a noviça Tereza também deveria responder algumas perguntas do delegado. Mas a notícia da fuga do padre assassino, que escapulira sendo levado para o presídio, mudou tudo. A esposa do deputado pediu proteção policial para ela e para Antônio, que acabou sendo estendida também à noviça. Foram levados para uma residência usada pela polícia para proteger testemunhas de crimes, antes mesmo de chegarem à delegacia. No entanto, estariam incomunicáveis até que algumas coisas estivessem esclarecidas. Por isso Antônio nem Tereza puderam avisar Santo do seu paradeiro.
Trancafiado num quarto com poucos móveis e grades nas janelas, o motorista ex-boxeador só podia torcer para que o rapaz estivesse a salvo de novas investidas do padre assassino. Sua história com ele sempre foi de rivalidades. Antes de conhecê-lo, era motorista particular da antiga madre superiora, herdeira natural da Ordem das Irmãs de Maria Madalena. Um dia, a médica Maria Bauer visitou o convento e esteve por um longo tempo em audiência com a madre. Trouxera alguém com ela, pedindo que a velha religiosa a escondesse. Em troca, queria levar um recém-nascido para criar. Teria que ser do sexo masculino. Como a anciã sabia que Antônio era viúvo e tinha um filho que era criado aos cuidados do Lar da Grande Mãe, convencera-o a trazer o garoto e entregá-lo para a médica.
Mesmo contrariado, Antônio levou o bebê ao laboratório de Maria Bauer e foi recebido pelo ex-soldado Lázaro, que não era padre ainda. Antipatizaram logo à primeira vista quando o motorista exigiu da médica um documento que atestasse sua responsabilidade para com a criança. Ela prometeu entregar tal documento à madre superiora, mas a religiosa começou a se sentir doente. Veio falecer poucos dias depois. Antes, apresentou a atual madre para todas as suas freiras, anunciando-a como a sua sucessora. Muitas estranharam a mudança repentina, pois era comum na Ordem assumir a freira que tivesse mais tempo de convento. As que se manifestaram contra foram expulsas pela nova madre superiora logo assim que a anciã faleceu, vítima de um mal súbito e inexplicável. As outras, acovardadas, calaram. Antônio passou a cobrar o tal atestado à madre atual e essa foi bastante prestativa. Além de conseguir-lhe o documento, esse permitia que Antônio visitasse a criança sempre que quisesse.
Em uma dessas visitas, encontrou a médica se aprontando para tomar banho. Pediu a ele que a esperasse na sala e entrou no banheiro. Porém, deixou a porta escancarada. Ela lhe indicara uma garrafa de vinho gelado e deixara duas taças em suas mãos, pedindo que ele as enchesse, antes de ir se banhar. Antônio ficara um pouco intimidado, pois sabia que a médica tinha um estreito relacionamento com o futuro padre Lázaro, mas ela parecia estar lhe provocando. E não era homem de fugir de mulher.
Depois de tomar duas taças de vinho, esperando a madre vir pegar a dela, levantou-se sorrateiro e foi espiar no banheiro. Ela estava deitada na banheira e sua nudez era maravilhosa. Até então o motorista não havia prestado atenção à sua figura feminina, em respeito ao companheiro dela. Mas seu pênis ficou imediatamente enrijecido quando a viu no banho, olhos fechados, esfregando lascivamente a vulva dentro dágua. Escondeu-se e ficou olhando-a se banhar. Não aguentou de tanto tesão e arriscou colocar o membro para fora das calças, começando a se masturbar. Ela demorava-se no banho, como se soubesse que ele a estava espreitando. Quando estava por gozar, o companheiro dela surgiu de repente e o flagrou de pau na mão. Partiu pra cima de Antônio e o espancou até que ele perdesse os sentidos, apesar da médica tentar livrar-lhe da culpa, dizendo tê-lo provocado. O futuro padre e a médica estiveram discutindo de portas trancadas no quarto sem que ele conseguisse se levantar do chão onde estava prostrado. Parecia que o vinho que bebera estava drogado. Depois Lázaro saiu bufando do quarto, deu-lhe um chute no estômago, disse que ele nunca mais pisasse os pés ali e saiu batendo a porta. Quando ele tentava se levantar para ir embora, a médica amparou-o e o levou até a cama do casal. Retirou as calças dele e mamou seu cacete com muito gosto. Antônio nunca houvera gozado tantas vezes seguidas na vida.
Passaram a se encontrar às escondidas, mas nunca tinham um coito "normal". Ela apenas o chupava, até que ele tivesse ejaculado várias vezes. Costumava dizer que nunca conhecera alguém com tanto esperma, e ele ficava feliz de ouvir isso. Começou a achar que ela rejuvenescia a cada encontro, mas quando a via novamente, dias depois, ela estava novamente mais velha. Aí passou a ser perseguido pelo companheiro dela. Cada vez que o encontrava, levava uma sova dele. Não conseguia nunca vencê-lo, pois Lázaro sempre era mais ágil que ele. Já havia apanhado por várias vezes quando conheceu um velho boxeador. Este iniciou o motorista na arte do pugilismo e o treinou com afinco, introduzindo-o no mundo do boxe. O novo encontro entre o motorista e Lázaro teve um final surpreendente. Antônio nocauteou-o logo no segundo soco. Cada novo encontro, novo nocaute. O ex-soldado finalmente deixou de provocá-lo para briga. Antônio continuou ganhando nos ringues.
No entanto, menos de um mês depois, o filho de Antônio desapareceu da casa da médica, onde era criado. Antônio desconfiou imediatamente que ele tivesse sido sequestrado pelo rival. Deu queixa à polícia, mas não tinha provas. Esteve procurando por ele e o filho por toda a cidade, mas não achou nenhum dos dois. O ex-soldado esteve desaparecido por vários anos até que Antônio soube que se convertera em padre católico. Procurou-o no seminário e ele confessou ter raptado a criança e entregado à nova madre superiora para ela criar. Antônio então foi ao convento e confirmou que o menino estava sendo bem tratado. Deixou que permanecesse aos cuidados na religiosa.
Depois que o padre Lázaro foi ordenado, Antônio sentiu-se mais à vontade para morar com a médica. Deixou o boxe e passou a trabalhar para a Ordem, como motorista. Mas sua tanquilidade não durou muito tempo. Não era permitido que ele entrasse em algumas dependências do laboratório da médica e ele acatava esse acordo verbal. Até que um dia encontrou a porta aberta. Não conseguiu vencer a curiosidade e invadiu às escondidas o enorme salão. O que viu, deixou-o estarrecido. Havia uma grande quantidade de corpos femininos dissecados, todos idênticos à médica. Encontrou também vários jovens, todos nus e acorrentados. Eram usados pela médica para rejuvenescer, chupando seus cacetes. Por isso ela deixara mais de procurá-lo para sexo, como antes. Irritado, Antônio libertou todos os jovens e ficou esperando-a no laboratório. Tiveram uma calorosa discussão e acabaram por se separar. Dias depois, o laboratório foi incendiado. Mas os bombeiros não encontraram nenhum vestígio nas cinzas que pudesse comprometer a médica. Aí não soube mais de notícias dela por anos, até reencontrá-la às voltas com seu filho.
Antônio ouviu um barulho de chave girando na fechadura e logo entrou um policial em seu quarto. Era sua vez de prestar depoimento. Pouco depois recebia seus pertences, inclusive a pistola que lhe fora apreendida na casa de campo do deputado. Recusou a proteção policial. O interesse maior era por seu aparelho celular. Viu que havia várias chamadas não atendidas, todas do seu filho Santo. Ligou finalmente para ele. Recebeu a notícia de que o padre assassino era seu prisioneiro. Ficou exultante, doido para ir ter com o filho e fazer o padre Lázaro falar. Pediu a Cherokee emprestado, depois que deixou a esposa do deputado em casa. Com o padre aprisionado, acabara o perigo para ela e para a noviça Tereza. Mas não disse nada à polícia sobre terem o padre assassino prisioneiro e mentiu a Tereza dizendo que Santo permanecia escondido. Queria ele mesmo desvendar aquele mistério do atentado ao bispo. Levou consigo a noviça Tereza que sabia ser apaixonada por seu filho. Mas já era quase meia-noite, deixaria para encontrar Santo pela manhã. Foram dormir na casa do rapaz, pois necessitavam de um bom banho e Antônio precisava trocar a roupa toda suja de sangue. Adormeceu sem perceber que Tereza recebeu um telefonema de madrugada e saiu furtiva.
A noviça Tereza recebera uma ligação de sua amiga recente, a que a alertara sobre o complô para matar o deputado e incriminar ela, seu amado e o motorista. A noviça delatora tinha dito a ela que estava prisioneira de um grupo de seqüestradores, mas que não sabia onde se encontrava. Não tocou no nome de Santo nem do padre Lázaro. Apenas disse que Tereza entrasse em contato com a madre superiora e contasse o que estava acontecendo. Mesmo sem saber que a amiga estava envolvida no complô, nem ter conhecimento de que o padre assassino estava prisioneiro, pois Antônio guardara segredo, Tereza desconfiou. Se a amiga estava seqüestrada, por que a deixaram com seu próprio celular? E por que ela não ligou diretamente para a madre, já que todas tinham seu número na agenda? Achou estranho. Por isso pegou sorrateiramente a pistola de Antônio, algum dinheiro e saiu da casa do amado disposta a encontrar-se com a madre superiora. Estava revoltada por saber que a religiosa quisera assassiná-la através do seu amante, o padre Lázaro. Estava disposta a tudo para vingar seu amado e o motorista, além dela própria. Desconfiava que a madre sequestrara sua amiga noviça ao descobrir que ela tinha delatado o plano para incriminá-los. A madre daria conta do paradeiro da amiga, nem que fosse a pulso.
Entrou no convento às escondidas, esgueirando-se entre as sombras. Aproximava-se do quarto da madre superiora quando ouviu um estampido. Ingenuamente, correu até o quarto da religiosa e abriu a pesada porta que estava apenas encostada. Encontrou-a agonizante na cama com um tiro no peito. Tereza foi encontrada em estado de choque pelas outras freiras que também acorreram quando ouviram o disparo. Tinha a pistola de Antônio na mão. Havia uma pistola idêntica na mão da madre. Como esta ainda estava quente e fumegante, concluíram que a própria religiosa atirara contra si. Tomaram a pistola de Tereza e sentaram-na em uma cadeira, ainda em estado de choque. Como sabiam que Santo era o mais ligado à madre superiora, uma das freiras pegou o celular da religiosa e ligou para ele enquanto as outras socorriam a moribunda, removendo-a para um hospital. A madre ainda estava viva, apesar de parecer muito mal. Decerto resistiria até chegar ao centro médico hospitalar...
FIM DA DÉCIMA NONA PARTE