Durante um bom tempo guardei uma carcaça de cabeça bovina pra usá-la sexualmente. Ela tinha mais vermes comendo os detritos do que de fato detritos, ouso a achar que os vermes comiam uns aos outros, pois toda a cabeça do boi estava coberta por vermes em sua superfície e por dentro do esqueleto; os ratos não ousaram roer a caixa e tirar-lhe sua parcela na ceia, era podre demais até mesmo para eles.
Eu visitava a cabeça de boi semanalmente, com um medo enorme que descobrissem, andava pela noite vigiando se por detrás de alguns arbustos, havia alguém; às vezes era apenas um caprino que pastava, ou os barulhos eram provocados por morcegos que sobrevoavam por ali. Não havia ninguém na rua, pelo menos eu tentava me convencer disso, meu medo era apenas elucubrações, precaução, não me veriam entrar naquele casebre. Se alguém visse eu diria que o dono me tinha dado a incumbência de limpar a casa enquanto ele estivesse fora.
Então comecei a pensar que estava sendo seguido, tive medo de olhar pra trás e mais medo ainda de continuar andando até o casebre – que fica num lugar quase sem habitantes –, tive a sensação de um calor no meu pescoço, depois, um frio na espinha, corri desesperado e quando me virei pra olhar o que era, era um animal bovino, pela estrutura do corpo era certamente um boi.
Ao entrar na casa me tranquei num banheiro com a cabeça de boi, estava me maquiando enquanto ouvi barulhos lá fora, barulhos de carro e depois de botas pisando no chão. Desliguei a luz do banheiro e fiquei com o cu na mão, pois não teria como sair dali sem que me vissem e me inquerissem depois. Eu só tinha a opção de ficar em silêncio e imóvel, se ao menos eu tivesse uma faca, se ao menos parecesse haver só uma pessoa na casa. Havia também uma mulher! Sim eu reconheço o atrito de um salto agulha há quilômetros!
A mulher se dirigia ao banheiro, estava tudo acabado, mas de repente vejo que ela estava indo para o quaro adjacente ao banheiro. O casal discutia do cheiro, mas era uma casa abandonada, o que eles queriam? Eu ouvi a porta do quarto bater, eles tinham ido foder, esperei ouvir os barulhos do bate-estaca, pois estariam engatados e isso me dava alguns minutos para correr.
Não tinha tempo para refletir entre correr com a cabeça pesada de boi, ou deixá-la no banheiro, decidi deixar meu objeto ali. Pra falar a verdade a minha dúvida ocorreu apenas por eu não ter na época, o horizonte de possibilidades sexuais que tenho hoje, adquirido após muita práxis, mas naquele momento, a carcaça putrefata era tudo que eu tinha para o prazer e isso me desesperava.
Andei bem devagar para a porta do banheiro, quando a abri, disparei para a janela da casa, comecei a correr procurando um mato. A cidade é pouco iluminada, cheia de arbustos, seria preciso uma lanterna para me ver; aproveitei todo o momento de tensão e alívio e comecei a me masturbar, depois, andando já na parte clara da rua de terra, avistei um louco, ele estava perdido de sua casa e em pleno surto. Ele dizia que o estavam perseguindo, xingava de “assassina” o que ele via em sua realidade própria, acho loucos extremamente sexies, então lhe contei uma estória, era a de ele era a reencarnação de Jesus, deus havia mandado que ele retornasse à terra para que perdesse sua virgindade e por fim, tenha vivido como homem em sua plenitude, cometendo inclusive o pecado original; o seu tormento só cessaria quando ele cumprisse a missão de ser plenamente homem. Ele se mostrou esperançoso, admirado, acreditando que haveria cura e que haveria alívio, ele estava disposto a fazer o que eu mandasse para se livrar de seu martírio, ele PRECISAVA SE LIVRAR DA DOR. Não existe razão quando existe necessidade, nem para um louco nem para uma pessoa “normal”.
Na estória que contei, eu era Maria Madalena, tinha nascido num corpo de homem por não ter seduzido Jesus e o feito pecar para viver como um homem, pois ele havia sido ideal demais pra ser dito que ele veio à Terra como homem, senão como um semideus. Contei que após nossa transa, nós seriamos libertos dessa tortuosa missão que não completamos na encarnação passada.
Comecei a beijá-lo, ele estava catatônico, como uma criança sendo molestada, que fica imóvel diante da situação que ela não consegue entender, mas que nem por isso não a aterroriza. Ele se mostrou menos comedido ao passar das minhas investidas e logo pareceu dominado pelo tesão, eu nada falei durante a transa, nem ele, era tudo imagético. As instruções se davam por intuição, ele praticamente me estuprou, eu fui virado e ele veio por trás dando uma gravata no meu pescoço, quando eu tinha falta de ar, tentava sobreviver com pouco oxigênio, a falta de oxigenação me fez desmaiar por uns segundos enquanto eu estava prestes ao clímax. Ele acabou gozando também, fui embora pra casa pois estava com fome e louco pra dormir, tirei a maquiagem no rio próximo de casa e falei que tinha ido para um show de rock que estava tendo numa cidade vizinha. Fritei queijo, bacon, batatas, fiz um suco de graviola e jantei; depois fui dormir, no outro dia eu teria de trabalhar capinando o terreno de um vizinho.