Agora o Quinto Capítulo da Segunda Temporada de Um Amor de Infância.
...- sim, eu sou gay...
Um rapaz lindo como aquele era gay e estava bem na minha frente, falando de outro rapaz lindo que eu não sabia se era gay. Pensei em contar-lhe que sou gay também, mas não sabia como faria aquilo. Desde quando eu contei meu segredo pra Ali, não é mais segredo. Eu só quero que Tomás e meus pais não saibam.
- Isso é um problema pra você? – ele perguntou esperando que eu o rejeita-se.
- Não, eu posso dizer até que também tenho esse lado afeminado e quando a gente tá perto de alguém como ele é difícil de esconder...
- É... Ele é tão seguro de si... Tão bonito, forte, preocupado... É perfeito... – aquele cara estava falando do meu Tomás...
- Mas eu acho que ele não é gay, vou logo avisando... – cortei logo o barato dele.
- Você nunca namorou com ele?
- Na verdade eu prefiro não arriscar nossa amizade. Penso que se ele souber que eu sou gay ele vai me rejeitar e não posso perder alguém bom como ele é...
- Realmente ele é muito “bom”... – ele disse ironicamente. Eu sorri.
- Eu gosto muito dele – eu estava me abrindo com um estranho, isso me preocupava – Ele é muito especial pra mim, sabe... – nessa hora Tomás entra na sala com dois cafés pra nós.
- Eu sei que está falando de mim... – ele disse.
- Mas se acha mesmo, né não... – eu disse brincando.
- Toma, trouxe pra você – ele me deu um copo de café.
- É eu tenho que ir agora, se comportem – Diego se levanta e pisca pra mim sorrindo. Ele virou-se pra Tomás – Aquele seu pedido, lembra? Já pode, viu.
Tomás sorriu.
- Obrigado.
Depois que o médico gato saiu eu olhei desconfiado pra ele.
- Que pedido é esse?
- O Senhor não tá muito intrometido não? – ele riu.
- Ah tá desculpa por me meter na sua vida secreta... – eu disse rindo.
- Estou brincando. Eu pedi pra ele pra quando você acordar eu levar você pra casa e ele deixou agora.
- Ah que bom, estou louco pra ir pra casa...
- Não, acho que você não entendeu: você vai pra minha casa.
- Por quê?
- Porque em casa o senhor pode fazer alguma besteira e na minha casa eu posso ficar de olho em você...
- Não preciso de babá, sabia?
- Não precisa, eu sei disso. Mas eu quero ficar de olho em você, ter certeza que você não vai fazer arte...
- Não sou criança pra fazer arte...
- Pior, é adolescente e é teimoso.
Nós rimos e tomamos o café. Saímos do hospital e fomos pra casa. Ele parou o carro na minha casa, mas não me deixou sair do carro. Chamou Alicia. Ela veio e conversou comigo, chorou e passou a mão no meu peito pra sentir o curativo.
- Não vou mais deixar você se machucar desse jeito, seu idiota... – ela sorriu – Tomás eu preciso ter uma conversa com você...
- Claro, eu só vou deixar o Dan em casa e venho aqui tá bom...
- Ok.
Ele entrou no carro e me levou pra casa dele. Chegando, ele me desceu do carro e me levou pra dentro da casa. Levou-me pro quarto dele e me colocou na cama.
- Vou falar com a Ali agora...
- Você vai me deixar aqui sozinho? Achei que tinha dito que ficaria de olho em mim...
- É claro que você não vai ficar sozinho. Chamei Vitor pra olhar você.
Vitor apareceu na porta do quarto e deitou-se na cama ao meu lado. Agarrou-me pela cintura, mas sem me apertar, pois podia me machucar.
- Vou ficar colado nele o tempo todo, pode deixar...
- Mas cuidado pra não colar muito, Alicia não vai gostar de saber que seu namorado tá agarrando o irmão dela...
- A Ali não se importa... Temos uma amizade bem desenvolvida não é Dan.
- Eu não sei de nada...
Tomás foi embora.
NARRADO PELO AUTOR
(Casa de Adam)
Tomás parou o carro na frente da casa de Dan. Alicia abriu a porta da frente e ele entrou.
- Pode sentar no sofá... – aconselhou Alicia.
- Você disse que queria conversar comigo...
- É, é sobre o Adam...
- Você está preocupada com ele não é... Pode deixar, eu vou ficar de olho nele agora.
- Sim eu estou preocupada, mas para a segurança do Adam eu tenho que te contar isso. Ele não quer que você saiba e se ele souber que eu te contei ele vai me matar, mas se você souber ele vai estar mais protegido.
- Calma Ali, é tão serio assim?
- É, pelo menos pro Dan. Ele nunca foi um garoto normal, você sabe... Nunca tratamos ele como tratamos nossos outros amigos...
- É verdade...
- Acho que a ultima coisa que ele quer é que você saiba disso, mas eu não posso esconder de você. O Adam é gay, não sei se você já pensou nisso alguma vez, mas ele é gay. Na noite do teatro ele saiu da plateia chorando e ligou pra mim do lado de fora, antes de levar o tiro. Ele gosta de você e estava chorando porque você tinha dito “sim” ao pedido da Chris. Escuta...
Alicia pegou o celular e mostrou o áudio de voz daquela chamada.
FLASHBACK
CONVERSA POR TELEFONE
ADAM: Ali?
ALICIA: Oi Dan... Você está bem? Vi o seu estado há pouco...
ADAM: “Sim” Ali... Ele disse “sim” na frente de todos...
ALICIA: Calma Dan... Se acalma... Você não sabia se ele era gay também....
ADAM: Eu sei, mas... Mas eu amo aquela garoto, Ali, eu.... Eu amo ele...
ALICIA: Se ama tanto assim, você deveria falar com ele, se declarar...
ADAM: Não, agora já tomei minha decisão... (pausa) Eu acho que vou acabar fazendo alguma besteira Ali...
ALICIA: Nossa Dan, falando assim até parece que você vai se jogar de um penhasco...
ADAM: Do jeito que eu estou eu só preciso que alguém me empurre...
DESCONHECIDO: Se essa é a sua vontade... (essa voz estava mais fraca).
ALICIA: Dan, quem está com você? Dan?
Pausa e logo depois um tiro. Outra pausa.
ADAM: Eu te amo Ali.... (sussurrou Adam)
ALICIA: Dan? DAN? ADAM, FALA COMIGO PELO AMOR DE DEUS... ADAM!!!
(É possível escutar um barulho de pancada – talvez o celular caiu no chão – e depois só estática).
FIM DA LIGAÇÃO
FIM DO FLASHBACK
Tomás escutava tudo seriamente. Alicia retomou a fala.
- Ele estava muito mau e entregou-se para o maníaco.
- Nossa, eu nem sei o que dizer...
- Não estou dizendo que quero que você ame o Adam como ele te ama. Não, você tá com a Chris agora e ele sabe disso e provavelmente vai desistir de você já que ele viu que você é hetero, mas quero que você não brinque com os sentimentos dele se você não vai retribuir o amor. Quero que você entenda que Adam é forte por fora, é super protetor, mas ele é fraco por dentro e precisa de amigos apoiando ele. Por favor, não despreze ele a partir de agora...
- Não se preocupe Ali, eu nunca deixaria o meu melhor amigo, meu amigo de infância na mão... Eu vou cuidar dele assim como ele cuidou de todos nós. Sabia que ele pediu, na Quinta-Feira, pra eu levar você primeiro pro hospital, que ele não corria mais riscos? Eu não fiz o que ele pediu e ele quase me matou hoje por isso, mas eu não vou deixar ele, se é isso que você quer saber...
- Obrigado Tomás... Não fala pra ele que eu te contei viu. Só te contei pra você ficar sabendo e tomar cuidado com ele...
- Pode deixar... Eu entendo porque você não me contou e agradeço por confiar em mim, mas eu tenho que ir agora. Preciso fazer o almoço pra ele...
- Avisa pro Vitor pra ele vir almoçar aqui viu...
- Tudo bem... Até mais...
Ele entrou no carro, respirou fundo e deu a partida...
Continua...