Um amor de infância - capitulo 20

Um conto erótico de LuisMagalhães
Categoria: Homossexual
Contém 1496 palavras
Data: 12/06/2015 21:09:05

...ele entrou no carro, respirou fundo e deu a partida...

NARRADO POR ADAM

Eu estava deitado na cama com as costas apoiadas sobre a cabeceira, estava meio deitado, meio sentado. Ao meu lado estava Vitor vestindo uma camiseta regata alaranjada bem justa e bermuda jeans com barra. Ele estava olhando mensagens no celular, então eu tive muito tempo para observar o meu amigo... Ele estava bastante concentrado na tela do celular e digitava alguma coisa de hora em hora. O movimento feito, mesmo que por seus dedos, moviam seus bíceps suavemente e eu acompanhava tudo.

Nesse momento Tomás entra pela porta do quarto (caramba, eu nem ouvi ele entrar na casa!). Ele nem olhou pra mim direito e virou-se pro Vitor.

- Vitor, Alicia tá te esperando na casa do Dan pra você almoçar com ela...

- Tá beleza, eu já vou lá...

- Pode ir se quiser, eu cuido do Adam a partir de agora – disse Tomás me olhando de canto de olho.

- Tá bom, então eu vou indo – Vitor se levantou e ficou ao lado do Tom. Meu Deus, quanta testosterona em um quarto só! – Cuida bem dele viu... – ele disse olhando e sorrindo sacanamente pra mim, mas estava avisando aquilo pro Tomás.

- Pode deixar, se ele fizer alguma coisa errada ele vai pagar – Tomás disse olhando pra mim como Vitor estava, mas tinha um visível duplo sentido na palavra “pagar”. Eu estava sério.

Vitor despediu-se e desceu as escadas, mas Tomás não levou-o até a porta da frente. Ele ficou ali no quarto, parado em frente a cama, de frente pra mim, me observando. Quando se ouviu a porta da rua bater, sabíamos que era Vitor, mas ninguém disse nada. Ele estava me assustando com todo o silencio, até que ele abriu um sorriso pequeno.

- Vou preparar seu almoço, não faça nada de errado viu mocinho... – ele disse apontando o dedo pra mim. Eu assenti.

- Sim senhor, Capitão... – disse imitando um marujo a bordo de um navio.

Ele desceu as escadas e eu pude finalmente me perder nos meus pensamentos. Lembrei da cena dos dois (Vitor e Tomás) na porta do quarto, olhando pra mim na cama. Um ataque ao veado (o bicho) estava prestes a acontecer e eu era o animal. Deixa eu melhorar a situação para vocês. Eu disse no começo desse conto que eu era um garoto tão fraco que a manga fica folgada. Agora vou melhorar, vou me definir com realmente sou

Sou forte? Sou, como a maioria dos garotos com 17 anos. Porque eu disse que sou fraco? Quando disse que sou fraco, me referia a comparação com Tomás e Vitor. Os dois tem braços bem definidos, o tipo que os músculos são bem visíveis, mas não são fortões como aqueles monstros de brigas de MMA. São ideais. Então eu digo que sou fraco por isso, mas não sou tanto assim. Sou fraco emocionalmente, dependendo do assunto tratado. Minha fraqueza é a segurança dos meus amigos e de quem eu gosto. Então me peguei pensando: será que eu não tenho sorte com meus amigos? Tenho os amigos mais bonitos que poderia ter e nenhum deles gosta de mim. Tomás e Vitor são exceções, são tarados e loucos por piadinhas imorais.

Eu tenho que encontrar alguém ideal para mim e logo, porque amar e não ser correspondido é muito ruim e é exatamente isso que está acontecendo entre Tomás e eu. Alguém que me ame e de preferência que seja um garoto como ele é: perfeito. Mas que me ame, o que faz de Tomás segunda opção. Algum tempo depois Tomás entrou no quarto.

- Vou tomar banho e depois nós comemos ok? – ele me perguntou.

- Tudo bem.

Ele saiu pela porta e foi ao banheiro.

Será mesmo que Tomás é gay? Ele parece se preocupar comigo, ao mesmo tempo vejo-o com a Chris em momentos íntimos. Prefiro não me arriscar e acabar perdendo essa peça de amigo e pessoa. Melhor ter Tomás por perto do que tê-lo indo na direção oposta a minha. Passados alguns minutos, Tomás entrou no quarto enxugando o cabelo com a toalha, os músculos dançando nos braços, o que quase me fez questionar a minha decisão de deixa-lo ir em direção a Chris. Quase.

Ele passou um perfume suave e veio em minha direção. Curvou-se sobre a cama, na altura da minha barriga e passou os braços entre minhas pernas e costas. Estava me levantando.

- Pra que isso? – disse tentando me soltar dele.

- Estou tentando carregar você – ele disse calmamente.

- Eu ainda tenho pernas sabia?

- E eu ainda tenho braços.

- Você não me entendeu, eu disse que posso andar.

- Prefiro não me arriscar.

Ele me levantou no colo, me carregou pelo corredor e me levou até a cozinha. Sentou-me na cadeira e foi pegar os pratos formados no balcão. Colocou um a minha frente e um pra ele e sentou.

- Você fez tudo sozinho?

- Fiz.

- Até cozinhar assim você sabe...

- E você por acaso também não sabe?

- Sei, mas você é rico...

- Você sabe que eu não ligo pra essas coisas.

Algo estava errado. Suas respostas estavam curtas, meio frias e ele não sorria como antes, nem fazia comentários perigosos. Não quis me aprofundar no assunto por enquanto e então comecei a comer. Após o almoço, ainda sentados à mesa, ele perguntou:

- Você pode me contar agora por que você tinha células paralisadoras no organismo?

Respirei fundo. Me levantei e peguei os pratos. Ele tentou resistir, mas sabia que eu não iria ceder, então soltou os pratos e me ajudou a chegar na pia, me guiando pela cintura e pelo ombro. Me encostei na pia e comecei a lavar a louça. Ele me olhava enquanto procurava as palavras para contar-lhe tudo.

- Eu estava no teatro, você viu. Saí de lá porquê.... – não podia contar isso – Porque você sabe que eu tinha que encontrar com o DESCONECIDO. Estava do lado de fora e não tinha visto ele ainda. Liguei pra Ali para dizer um tchau ou algo assim....

- É, eu sei disso... – ele disse.

- Como você sabe disso?

- Não, não isso. Quero dizer que sei que você queria dar um adeus... – ele parecia que estava me enganando.

- Ata, foi mal. Liguei pra ela e conversei um pouco, até ele aparecer e parar a poucos metros de mim. Levantou a arma em direção ao meu peito e disparou. Depois disso eu comecei a fraquejar, não sentia as pernas fixas e os braços rígidos. Estavam pesados demais pra mim e acabei caindo. No início pensei que, como eu tinha acertado no coração, o sangue não estava circulando como deveria e estava perdendo o movimento dos membros. Depois ele me explicou que, na verdade, era uma bala especial, feita para não atravessar meu corpo, apenas se alojar e soltar enzimas que paralisariam meus sentidos e eu ficaria como se tivesse sido anestesiado.

- Poxa...

- Você sabe me dizer como é que o Caíque está?

- Não me diga que está se preocupando com ele, um psicopata que quase te estuprou e matou você... Espera, ele tocou em você?

- Sim – ele pareceu se decepcionar – Mas não abusou sexualmente. Me tocou, apalpou, mas só isso. Você chegou na hora em que ele ia fazer o serviço. Mas como é que ele tá?

- Na delegacia.

- Que bom, me sinto mais seguro assim....

- Você não tem o que temer enquanto estiver na minha casa.

- Não importa onde eu esteja, pessoas assim fazem loucuras. Mas eu não temo.

- Você só tem que temer se você souber de algo que não está me contando... – ele parecia querer que eu contasse o que ele já sabia. Mas o que?

Temia contar-lhe meu segredo. Temia sua reação. Temia sua decisão. Temia suas palavras avassaladoras. Temia sofrer com tudo. Temia tudo. Apenas, temia.

- Não estou lhe escondendo nada. Você sabe todos os meus segredos.

- Algo me diz que não é bem verdade.

- Então esse seu algo tá mentindo pra você.

Seu celular tocou e ele atendeu. Após desligar virou-se para mim e disse com um suspiro.

- Era Chris. Ela está precisando de mim, tenho que ir. Você vai ficar bem? Vai se comportar?

- Claro que vou.

- Vou me arrepender de deixa-lo aqui, mas não tenho escolha – tem sim, rejeite ela.

- Tudo bem.

Ele saiu e eu subi para o quarto. Quando cheguei lá em cima, a primeira coisa que vi sobre o criado-mudo era um caderno que eu já tinha visto antes.

- Seu diário... – deixei soltar.

Estava ali na minha frente, apenas alguns centímetros. Eu podia esticar os braços e tocar a capa. Me sentei na cama e fiquei encarando-o. Toquei sua capa e logo depois puxei-o para meu colo. Eu não podia fazer aquilo, não tinha o direito de violar os segredos da vida misteriosa de Tomás Mercer. Mas eu não resistia a tentação de saber se ele tinha sentimentos por mim, por mais safados que fossem. A verdade era clara: eu estava desesperado demais. Toquei a borda da capa dura e abri lentamente a capa na primeira página.

Querido Diário...

Continua...

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Comentários

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Pensando nele coitado do adam mas ele não confessa tbm parece que não confia no tom Dps se arrepende

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nossa que será que ele encontrará nesse diário!!!

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Muito bom, amando cada cap. Estou louco para saber o que tem nesse diário!

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Que tenso, estar sendo cuidado pelo amado e não poder de certa forma dizer que o ama! Abraço!

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