Saco o telefone e começo a discar o número de Roberto (um amigo meu de infância que ODIAVA Jorge por achar que o mesmo ia tomar seu posto de melhor amigo), é quando sinto alguém se aproximar, sinto um cano em minha nuca seguido das palavras:
- Fica de boa que nada te acontece. - Disse o marginal.
Olho para frente e vejo alguns policiais em volta de mim e do bandido... Tinha virado um escudo humano... Era só o que me faltava... Que situação. Uma noite MARAVILHOSA e tudo vai por água abaixo na outra manhã?
Aquilo não podia estar acontecendo. Não assim, não agora.
Demorei para entender a situação, porém me decepcionei ao ter a certeza do que ocorria quando o homem engatilhou a arma.
- Solte a arma. - disse um policial baixo que parecia nervoso - Solte isso rapaz. Não faça besteira.
- Cala a boca seu merda. - o cano tremia em minha nuca - Eu, dou as ordens aqui. Eu! Morô porra?
- Calma, calma. - notei que o policial também tremia - O que você quer?
- Que dêem meia volta e arredem o pé. Se não explodo a cabeça desse viado! - ele cuspia em mim enquanto falava.
- Viado? - perguntei intrigado.
- Cala a boca. - disse o marginal com raiva.
Merda. O cano tremia em minha nuca enquanto eu suava frio, sentia as pernas tremendo levemente, mas precisava manter o controle.
De repente o cano foi retirado subitamente da minha cabeça e algo me empurrou para a frente. "Morri", pensei.
- Maldito. - disse alguém familiar.
Era Tay. Ele estava aqui, não sei porque diabos ele estava aqui, mas estava e eu agradeci a Deus por isso.
Ele lutava com o homem pela arma, e parecia mais forte do que o normal. Adrenalina tavez.
Porém dois disparos consecutivos soaram e um anel de fumaça foi feito, desaparecendo na mesma velocidade com que aparecera.
A arma atirara para cima, e em algum lugar próximo, uma mulher gritou.
Me aproximei contra a vontade do policial que protestava atrás de mim, mas ele não podia atirar em mim.
Tay abaixou os braços do homem e investiu com o joelho contra sua barriga. O homem arfou, mas mantinha a pistola. Foi então que sem muita opção, avancei contra ele. "O que estou fazendo?" tarde demais, terminei luta adentro após chutar o marginal por entre as pernas, quando outro tiro soou.
Vi sangue, e alguém xingou. O disparo fora perto de meus ouvidos e cheguei a pensar que tinha sido atingido. Até que vi Tay curvado na calçada.
- Não - Ao ver meu amigo com um buraco no corpo, as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.
Distraído com a cena, o marginal sequer reparou que os policiais se aproximaram dele e o algemaram.
- Ralph... - meu amigo tinha dificuldade para falar.
- Por favor, Tay, guarde forças
- Vim... entregar - suas mãos desceram por seu corpo deitado vagarosamente até seu bolso onde pega um objeto - sua... carteira.
Pego o objeto de sua mão. E ele volta a falar...
- Se soubesse que ia levar tiro, tinha te entregado outro dia - disse esboçando um sorriso.
- Você é louco... Se arriscou tanto. Porque?
- Porque você é legal. E suas últimas semanas não foram fáceis. Mais que um amigo, te considero um irmão. Foi um prazer ter te conhecido - Disse começando a lacrimejar.
- Tay, calma. Vai ficar tudo bem. Calma meu amigo. Não se desgaste.
- Não, não não. Já sinto a luz chegando. A vida passando em frente aos meus olhos... O fim está chegando
Entrei em desespero. Lágrimas escorriam sem medidas.
- Não fala assim, meu amigo.
- Falo. Porque é o que está acontecendo. Me promete uma coisa?
- Calma Tay.
- Me promete? Responde logo porra.
- Tá. Sim, sim, prometo.
- A Alyne está grávida. E... Sei que nossa amizade não é a maior do mundo... Mas cuida dela e do meu filho.
- Tay, você ainda terá vida longa, meu irmão.
- Promete, Ralph?
- Não fale assim.
- Promete?
- Prometo. Eu cuido caso aconteça algo.
- Não vai acontecer, já aconteceu. Manda um salve pra todos.
Após dizer essas palavras, Tay foi balbuciando algumas palavras e seus olhos foram gradualmente fechando... Começo a chorar descompassadamente em meio aos policiais. Quando ouço a ambulância chegar...
Continua...