- Eai galera, posso brincar?
Como era de costume, todos aceitaram, mais eu me retirei do local. Claro, todos me olharam incrédulamente, e ele por sua vez. falou:
- ih ta revoltadinha é?
- vai tomar no seu cu!
- vai você seu viadinho, nojento.
Parti pra cima dele, e como ele é branco ficou com muita marca no seu corpo, o que destacou que o "vencendor" da briga mirim, fosse eu.
Ao longo desse episódio, o clima ficou mais tenso ainda, quando eu tava brincando, ele chegava, a gente acabava discutindo, e cada um ia para o seu canto. Ou, quando ele já estava na bricadeira, eu o via e passava direto com o nariz empinado, pra dizer que estava por cima da situação. Decorrente à toda essa pequena trajetória, eu percebia que toda a vez que nos dávamos bem bricando juntos, era geralmente bricadeiras que usavam a estratégia. Eu com o meu senso de liderança, ele com a sua capacidade intelectuativa. E especialmente, numas dessas brincadeiras, uns dos nossos oponentes tava discutindo comigo, e ele entrou no meio...Pra me defender:
- Meu, isso ta errado. Você ta roubando seu viad...
- olha isso é só uma bricadeira. Aceita perder cara, não precisa ficar difamando as pessoas.
- Nao! Mais é que toda partida ele fala que roubamos, e acaba ganhando o jogo.
- Mais isso não é motivo pra xingamentos e ofensas, ele ta na dele, e você continua na sua, e já era.
A partir desse dia, não recebi mais nenhuma ofensa. O que era pra ser chato, acabara de ficar legal. E eu comecei a curtir mais as brincadeiras sem precisar ficar chateado.
Aquilo de certa forma me tocou. Achei bonito ele ter me defendido, em uma situação que habitualmente, isso jamais aconteceria, talvez foi porque gostavamos desse tipo de brincadeira.
Daí, nessas certas brincadeiras, estavamos constantemente juntos, sem brigar. Isso fez com que os meus primos estranhasse, mais continuavamos a brincar.
O tempo foi passando, já estavamos com os nossos 12 para 13 anos, e a cabeça muda, os hormônios começam a se aflorar e meninos e meninas, indiçiarem os primeiros aspectos da adolescência. No meu caso, nem brincava mais, minha cabeça era focar nos estudos e no meu curso que eu adorava. E nisso, eu acompanhava a amizade do Lucas com o meu primo. Ele ia lá na casa da minha tia, dormia, ficava com a minha prima, e saiamos todos juntos para o cinema, shopping com o pai dele. Nessa época, eu ja tava de boa com ele. Não eramos amigos, mais consideravelmente eramos colegas.
E assim seguia a vida, sem maiores acontecimentos. Todavia, teve uma treta entre minha tia e minha mãe, que desencadeou a nossa saída da casa dela, para partimos para o aluguel que na época era baratinho, e como minha mãe trabalhava e me criava sozinha era o que dava para fazer. E isso fez com que eu me afastasse da onde o pessoal que cresceu comigo morava, e toda vez que passava por lá, ou todo final de semana que encontrava com eles lá na rua, passava direto. Nisso, percebia os olhares direcionado para mim como se alguma coisa tivesse mudado.
Depois dessa briga, tudo voltou ao normal. Eu e minha mãe, só voltamos a frequentar a casa da minha tia apos 1 ano e meio. Nisso algumas coisas tinha mudado, fiquei sabendo que iria ter um planejamento da prefeitura de reurbanização da favela, para facilitar a vida dos moradores, ou seja, tirar algumas casas, porque tinha muita enchentes, implantar uma avenida no local onde se localizava essas casas, e por ironia ou não, uma dessas casas que foram escolhidas fora a de Lucas. Quando ele deu a noticia que teria que se mudar, todos ficaram triste. Inclusive, teve que terminar o "namoro mirim" , e essa despedida foi realmente triste. Me senti na pele dos meus primos por gostarem realmente da amizade dele, quando ele veio e falou:
- olha te devo desculpas por algumas coisas, e sei que não somos amigos, mais sentirei falta de brigar e brincar com você, assim como sentirei saudade dos seus primos.
Se despediu e me deu um abraço...
Fiquei meio em estado de choque, realmente tinhamos ficado mais próximos com o passar dos tempos, e estaria mentindo se dissese que não sentiria saudade dele também. Retribui o abraço e ele se foi.
Olá Gentem,
Desculpa a delonga em publicar a segunda parte, mais ela já está ai disponível para a leitura. Se gostarem ou não comentem e votem. Vocês serão o futuro da continuação do conto. Obrigado galera.