Cap.8
- Escola ? - vi a sua feição mudar - eu lembro desse lugar... Diversas pessoas... Parecem ser legais.
- Papai, ele é doido ? - acabei sorrindo com aquilo.
- Não filho, ele só está com amnesia.
- E o que é isso ?
- Quando a gente perde a memória.
- Mas vai ser pra sempre ?
- Não, só por alguns dias ou semanas.
- Ah... Acho que eu entendi.
- Vai lá com a sua vó que a gente já vai.
- Tá bom - e lá foi ele saltitando.
- Ele é uma gracinha - falou, com a mão na cabeça.
- É sim. Esta sentindo algo ?
- Dor de cabeça, apenas isso.
- Ah, é normal. Sinal que sua memoria já está voltando.
- Que ótimo !
- Nos vamos lá amanhã. Quando eu for deixar ele, a gente conversa com a diretora e pede a sua ficha. Estamos muito próximos de achar seus pais.
- E sera se isso vai ser legal ?
- Tenho certeza que sim. Ou não. Já me acostumei com você lá em casa, afinal já fez 1 mês.
- Verdade - tranquei o carro com o alarme e fomos entrando na casa. Ele como sempre, estava tímido
- Deixe de ser tímido, ninguém aqui vai te morder.
- É que... Eu não conheço ninguém aqui.
- Pois vai conhecer, e vai adorar. Minha tia faz uma pamonha deliciosa.
- Nossa, pamonha não é aquilo que você trouxe ?
- É...
- Então deve ser bem gostoso mesmo - fomos lado a lado, até que de repente ele parou - Marco ?
- O que ?
- Não minta pra mim, continuaremos mantendo relação depois que, enfim, descobrirmos minha família ? - ele estava de cabeça baixa
- Se depender de mim sim, por quê não ?
- Não sei, é que... as vezes eu penso que você só é legal comigo por hospitalidade.
- Óbvio que não, eu gosto muito de você - falei, colocando meu braço sobre seu ombro, e o puxando - já te considero alguém intimo, depois de tudo o que a gente já viveu - intimo até demais. Logo chegamos na entrada da casa, e entramos.
TEMPO DEPOIS
- Sua tia é mesmo uma graça - falou ele, comendo o resto da pamonha dentro do carro.
- Mas você gostou mesmo ein. Cuidado pra não engordar, vai ficar feio !
- Ai que horror Marco ! Eu espero que suas palavras não tenham poderes ! - falou, procurando uma madeira pra bater.
- É brincadeira, você não é feio ! - já estava tão acostumado com momentos como aquele que até me esqueci que tinha mais gente dentro do carro.
TEMPO DEPOIS
- Não precisa fazer jantar hoje - falei, vendo que ele já ia pra cozinha. Fui até o sofá, e peguei o terno que tinha comprado - aqui está, creio que seja o seu tamanho.
- Mas, pra que isso ?
- Jantar da diretoria do Hospital. Não se esqueça que sou quase o diretor !- falei, tirando o plástico e vendo se ia ficar legal.
- Mas, você quer mesmo que eu vá ?
- Óbvio que sim, você acha mesmo que te deixaria aqui ?
- Não, mas e que, e sua mãe ?
- Minha mãe não manda nos meus pensamentos - falei, ajeitando a gola - pronto, fica perfeito - falei, fechando os botões.
- Verdade ! - disse, olhando para a roupa.
- Se arrume do jeito que você sabe, e se você se enrolar com o nó da gravata, espere eu chegar que eu ajeito.
- Tem certeza que eu não vou ser um incômodo ? - olhei bem no fundo dos seus olhos, e apertei seu queixo.
- Alguma vez você foi incomodo pra mim ? Nunca né ? Já sabe, qualquer coisa ligue pra mim. Agora eu vou trabalhar, tem um monte de gente esperando pra ser atendido.
- Tudo bem.
- Vou passar na drogaria e trazer o sorvete que você gosta - eu adorava vê-lo sorrir.
- Obrigado Marco ! Por tudo !- falou, antes de eu sair pela porta. É, aos poucos ele parecia estar se encaixando na minha família. E aos poucos eu parecia estar me apaixonando por ele. E isso é o que mais me preocupava.
TEMPO DEPOIS
- Então ele ainda não está curado ? - mamãe perguntou, enquanto colocava um dos seus melhores brincos.
- Não. Ele já se lembra de diversas coisas, mas nada envolvendo idade ou família. Amanhã vamos lá na escola do Tiago, saber melhor disso - ouvi alguem bater na porta.
- Marco ?
- Ah, entra Bruno - e então ele entrou, com um emaranhado na gravata que era de dar dó.
- Oh meu deus. Parece que isso você não lembrou - falei, sorrindo. Descarramei o emaranhado, e então amarrei, do jeito certo. Ele ficou muito fofo !- agora sim, tá certo.
- Que vergonha, não saber dar um nó de gravata - falou, olhando pro chão.
- Não fique assim. Eu também não sabia, aprendi a pouco tempo, quando fui promovido.
- Entendo. Então eu já estou pronto !
- Deixa eu ver - e então ele ergueu o olhar. Fiquei o olhando por alguns segundos, não teve como evitar. Aquele pele macia, aqueles olhos, aquele cabelo, ele era todo perfeitinho, todo fofinho, todo bonitinho. Dava vontade de apertar. Como era bonito esse desmemoriado - tá bonitinho ! Vai lá, já estamos indo. Eu comprei o sorvete que você gosta, tá na geladeira.
- Ah, que bom ! - e lá foi ele. Fiquei por alguns segundos olhando o seu caminho, e imaginando como seria depois dele voltar pra casa.
- Ai ai - minha mãe pronunciou.
- O que foi ?
- Não, não e nada.
TEMPO DEPOIS
Voltamos do jantar exaustos. Marcelo tinha me feito cumprimentar muitas pessoas, que segundo ele seriam o "fator principal" para eu chegar a diretoria. Enfim, não gostei do jantar mas era necessário ir. Assim que entrei em casa, me joguei no sofá. Bruno fez o mesmo.
- Bem, eu já vou dormir - mamãe falou.
- Posso tomar banho papai ? - perguntou Tiago, com certeza se referindo a hora que se encontrava.
- Pode, mas não molha a cabeça, ou então os ácaros vão atacar - falei, bagunçado seus cabelos.
- Tá bom pai - ele sorriu. Mais uma vez o silêncio reinou na sala da minha casa.
- Foi legal o jantar pra você ?- ele perguntou.
- Depois de cumprimentar mais de 100 pessoas ? Não... Quase arrancam minha mão fora - ele riu.
- Vou sentir falta de você sabia ? - falou, se aproximando e se colocando sobre o meu peito sem aviso prévio
- Eu também - falei, acariciando seu cabelo. Ficamos assim por alguns segundos até que vi ele se levantar. Ficamos cara a cara, e de repente...
Continua
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