Não sei como foi acontecer aquilo. Eu namoro firme há quatro anos com Fernando. Planejamos nos casar em breve. Por amor, entreguei minha virgindade a ele. Traição é uma palavra que não deveria existir no meu dicionário.
Sou professora, 26 anos, clarinha, gordinha, cabelos longos e lisos. Não sou de chamar atenção, porém, não posso queixar da minha vida amorosa. Tive alguns namoradinhos e a sorte de encontrar o Nando, um gato lindo, educado e trabalhador.
Nossa classe entrou em greve, na eterna luta por melhores salários. Rute, minha melhor amiga, é uma sindicalista ativa, o que respeito, apesar de nem sempre concordar com suas posições.
O impasse continua, sem chegar a um acordo. Pessoalmente, me sinto mal, longe da sala de aula. As crianças é que acabam prejudicadas. Vejo isso nos meus sobrinhos, que estão adorando essas férias fora de época.
Participei de algumas passeatas. Depois, resolveram acampar na praça, em frente ao palácio do governo. Tenho ajudado, levando café e comida para os colegas. Assim, não pude recusar, quando a Rute pediu para mim entrar no revesamento dos acampados.
Minha família é de classe média. Sempre tive uma vida confortável e certinha. Ficar ao ar livre, mesmo que por poucos dias, não é nada agradável. Imagino como deve ser a vida dos sem-teto.
Minha companheira de barraca, era uma senhora casada. Ao lado, embaixo de um toldo, estavam dois colegas. A primeira noite ficamos conversando, já que era impossível dormir com os insetos incomodando. Uma viatura da polícia estava perto, vigiando os grevistas. Isso porém, nos dava segurança.
Tinha gente ali que nem professor era. Com certeza, sindicalistas de outras áreas, infiltrados por motivos políticos. Esses eram os que mais agitavam, insuflando a turma. Alguns colegas não via com bons olhos a presença deles. Narciso, que lecionava numa cidade vizinha era o mais revoltado:
- A gente devia expulsar esses caras! Vem com essa história de apoio e ficam falando de política.
O outro, André, concordava com o amigo, porém, parecia mais interessado em conversar com nós duas, saber das nossas vidas. Simpático, com alguns fios de cabelos brancos que lhe dava um charme especial. Fazia chá no fogareiro e animava a conversa.
No dia seguinte, fui até a minha casa, tomei banho e troquei de roupa. Ao voltar para o acampamento, o celular tocou. Pensei que era meu noivo, mas, quem ligou foi a companheira de barraca, dizendo que o filho estava com febre e iria levá-lo ao medico.
Liguei para a Rute e ela ficou de falar com uma amiga para vir substituir a outra e me fazer companhia. Anoiteceu e nada. Tentei falar com a Rute e só caia na caixa de mensagens. Com meu noivo viajando, pensei em desistir.
André me tranquilizou, dizendo que ele e o Rafael iriam fazer companhia. Naquela noite, para piorar, caiu uma tempestade. São Pedro parecia irado, mandando raios e trovões. Um deles caiu bem perto e o estrondo me fez sair correndo na chuva.
Cheguei ensopada debaixo da marquise do prédio da Assembleia, morrendo de medo. Foi quando alguém tocou meu ombro. Apavorada, escutei:
- Sou eu, André! Tudo bem contigo?
Tremendo, me atirei em seus braços. Ele também estava com as roupas encharcadas, a água pingando da cabeça. Me abraçou forte, causando uma sensação de alívio, de segurança. Apesar da umidade, pude sentir o calor aconchegante do seu corpo másculo e protetor.
O céu negro e ameaçador, volta e meia se iluminava com os raios. Nem bem se ouvia um estrondo, logo outro e outro. Desde criança, tenho pavor de raios. Criada no interior, ouvia sempre histórias de pessoas que morreram atingidas por eles.
Vendo meu pânico, André tentava me acalmar, falando ¨-Tudo bem, calma, está tudo bem, calma¨, enquanto com a mão acariciava minha face. Tal contato era agradável e pouco a pouco, fui me tranquilizando. E sem mais nem menos, acabamos com os corpos colados de frente.
Nem liguei quando suas mãos passeavam pelas minhas costas. Sua boca falando em meus ouvidos. Palavras que passei a nem escutar. Até o som da trovoada parecia ter diminuído, como se estivéssemos só nós dois dentro de uma redoma imaginária.
A adrenalina provocada pelo medo tinha feito minha pressão sanguínea subir. Todos sentidos do corpo estavam aguçados, sensíveis. De repente, nem sei como, a sensação de vertigem se acentuou, provocando certo bem-estar, acelerando a respiração. Me fazendo ficar com vontade de se achegar, mais e mais, àquele quase desconhecido.
Ele percebeu isso. De nossos ventres colados irradiava energia ao resto do corpo. Nossas bocas se procuraram, acabando num beijo sôfrego e profundo. A pressão do seu quadril aumentou, colando mais ainda ao meu. As mãos desceram até o vale formado pelo final das costas e início das minhas nádegas.
Não sei quanto tempo durou o beijo. Sei apenas que eletrizante, causou uma sensação parecida com leve câimbra que percorreu todo o corpo. Acelerou mais ainda as batidas cardíacas, aquecendo a vulva. Enrijecendo os biquinhos dos seios. Um lampejo de lucidez me fez constatar que eu, estava perdendo o controle sobre mim.
- Não podemos! Você é casado! Eu sou noiva!
Mais envergonhada que relutante, desvencilhei dos seus braços e saí correndo na chuva. Sei que ele veio atrás, já que ouvia os ¨- Espera, Ivana, espera!¨. Entrei na barraca e desci o fecho. Do lado de fora, André suplicava:
- Olha, Ivana, vamos conversar. Desculpe, tá? Eu não sei o que deu em mim. Podemos conversar?
O coitado se desculpava sem parar, pensando que eu estivesse ofendida. Se tivesse que ficar brava com alguém, era comigo mesma por tamanha fraqueza. As ondas de prazer que seu beijo tinha causado, ainda estava vivo em mim. Quando meu corpo procurou o dele, as paredes da grutinha piscaram de forma involuntária. Ela ficara úmida.
- Tudo bem, André. Sai da chuva!
Como ele continuava se desculpando, abri o fecho da barraca, chamando-o para dentro. Ele estava com as roupas ensopadas. Peguei uma toalha na sacola e ficamos nos enxugando. Ele ainda se desculpando. Tive de interrompê-lo:
- Tudo bem, André. Não estou chateada contigo. É comigo, sabe? Eu também quis aquilo.
Tal confissão desanuviou o clima. Mudou totalmente seu foco. Sua atitude de aproveitador arrependido voltou à do cortejador, como fazemos num computador, ao clicarmos mudando de programas. Só que desta vez mais confiante, seguro e intenso.
- Desde que a vi, gostei de você, Ivana. Você é linda, sabia? Quando te abracei, nossa, fiquei assim... quer dizer, você me deixou louco por você!
E continuou dizendo um monte de coisas mais. O clima de excitação ainda continuava em mim. O fogo do desejo me queimava, confundindo meu raciocínio. Eu que sempre condenei a infidelidade em outras, estava agora, tomada por voluptuosa vontade de me entregar a outro.
Acabamos nos beijando de novo. De forma mais demorada. Seguido de outros beijos molhados, ardentes. As mãos trocando carícias recíprocas. Mais e mais ousadas. Ora ajudando a tirar as roupas do outro, ora tocando os corpos. Estávamos nus. Só as mãos não bastavam. As bocas deixaram de se procurar, ajudando a explorar cada parte sensível. Eu nele ou ele em mim.
Deitamos no colchonete, com André beijando meus seios, ventre e chegando na bocetinha. O contato dos lábios me deixou louca de desejo, toda fora de si. Era diferente do meu noivo. Com muito mais ardor, vontade. Seu corpo esfregando no meu causava arrepios de prazer.
O falo duro entre minhas coxas, na altura da virilha. Fechei bem as pernas, enquanto ele copulava nelas. Aos poucos, de forma natural, foi buscando a grutinha. Eu estava entregue, toda úmida, pronta para o sexo. Nessa hora de insanidade, nem pensamos em preservativo.
Deixei que entrasse em mim. Quando eu era virgem, resisti a muitas tentativas. Mas não agora. Eu mesma estava admirada com a facilidade, com que eu estava deixando um homem quase estranho me possuir. Só queria desfrutar daqueles momentos.
O modo como ela metia e tirava, as mudanças repentinas de velocidade, ora à toda, ora devagar até o fundo, provocou o primeiro clímax. Nem sei se aquilo é orgasmo. Tenho vários durante uma relação. Há uma pequena parada e já em seguida, a vontade de chegar a outro.
Acho que na segunda, me veio à mente que poderia engravidar. Foi aterrador e tudo que pensei foi empurrar André, tirando-o de mim.
- Que foi, Ivana?
- Não podemos, André. Tenho medo de engravidar.
- Tudo bem, não se preocupe. Na hora de gozar eu tiro. Gozo fora, está bom?
A vontade era imensa de continuar, porém, a desconfiança de que não seria assim, era maior. E lutando com meus desejos, fiquei firme na negativa. E André me surpreendeu com o que pediu:
- Então vamos fazer atrás. Aí não tem perigo de engravidar.
- Você está louco? Eu nunca fiz isso, nem com meu noivo.
- Ué, sempre tem a primeira vez. Você não sabe o que está perdendo.
Continuou me acariciando de tudo que é jeito, sempre insistindo no anal. Eu com medo e negando. Ele argumentando com aquilo que descobri depois: os clássicos chavões, que todo homem, tarado usa para convencer. ¨-Só um pouquinho¨, ¨-Faço com carinho, bem devargazinho¨ e o mais comum deles, ¨-Se doer eu tiro¨.
Funciona. Ou ao menos, funcionou comigo. Aos poucos, a curiosidade de experimentar foi crescendo, ficando maior que o temor e os conceitos de que era antinatural, errado, sujo.
André parecia experiente na prática. Me virou, com a barriga para baixo e a bunda para cima. Procurou margarina dentro do isopor. Passou bastante no pênis e depois, na entrada do meu cuzinho. Com o dedo ficava enfiando dentro do buraquinho. Quando o dedo entrou mais fundo, contraí o anelzinho de forma involuntária.
A sensação era diferente, esquisita. ¨- Relaxa¨, pediu ele. Acabei relaxando e ele colocando o dedo cada vez mais fundo. Depois, com mais margarina, colocou dois. Fazia movimentos de vai e vem. Às vezes abria os dedos, esticando as paredes da gruta.
De estranheza, passei a sentir certo prazer na manipulação. Não percebi quando ele se posicionou para me penetrar. Ficou por cima, com a ponta do pau estocando a região anal, procurando o olhinho. As tentativas tateando com a cabeçorra não estava dando muito certo.
Se afastou um pouco, segurou a vara e colocou no lugar certo. Nem deu tempo para sentir a pressão na entrada. A cabeça passou pelo botãozinho, causando forte dor. Na hora todos meus músculos retesaram e principalmente, contraí o esfíncter de forma involuntária.
- Ái!
- Calma, já passa. Relaxa!
Ficamos parados. Nem sei quanto tempo. A pressão aumentou e a pica dura foi avançando, entrando cada vez mais. Um turbilhão de sensações e pensamentos ocupavam minha mente. Contraditórios. De desejo em parar e continuar. De diferente e em saber como seria. De que doía bem mais que o sexo vaginal.
Me surpreendeu que a invasão já não incomodava tanto. André já puxava e metia devagar. O ritmo aumentando gradativamente. Logo estocava com vontade. Eu rebolando sem querer. Estava sentindo prazer!
Quando André gozou, foi outro momento gostoso. Senti claramente seu cilindro de carne pulsando dentro do cuzinho, soltando jatos e jatos de esperma quente. A ejaculação provocou piscadelas no cu, algo nunca sentido.
Para evitar problemas, me afastei do movimento grevista. Apesar da insistência, não dei meu telefone para o André. Nem pretendo repetir tal infidelidade. O sentimento de culpa em relação ao Nando é imenso.
De qualquer modo, o anal sim, quero fazer com meu noivo. Com calma e agora, buscando prazeres que conheci. Só não sei como fazê-lo entender que quero isso, já que o Nando nunca me pediu para dar atrás...
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