... estava indo para um sítio com um “amigo”. Só nós dois por alguns dias. Eu estava enlouquecendo...
Durante todo o caminho ele foi sem pressa. Os veículos passavam por nós. Minha bunda estava dormente, mas estava bom como estava. Depois entramos em uma estrada de chão e ele dirigiu por alguns minutos. Chegamos a uma casa de alvenaria. Já estava passando da tarde para a noite e o clima tinha esfriado. Ele parou em frente à casa e tudo parecia calado, fora o canto dos pássaros. Ele abriu a casa pra mim e senti que ele estava disposto a me contar sobre a vida dele. Ele me ajudou a arrumar minhas coisas e então ele foi preparar a janta.
Parei na frente da porta, sem nem ao menos ter entrado na casa ainda. Fiquei olhando aquela paisagem linda do fim de tarde e aquilo me encantava. Sentia o vento balançar os meus cabelos. Eu não podia acreditar que o meu corpo resolveu me dar o dom da beleza e não tinha cobrado nada: suor ou sofrimento, nada. Eu tinha a pele mais firme, lisa, limpa, macia, clara. Eu tinha os olhos mais claros. Eu tinha os cabelos lisos e soltos. Eu tinha. Eu.
Dois braços me enlaçaram por trás e me apertaram contra um corpo firme. Bruno. Ele estava passando dos limites e eu não gostava daquilo, de ser um desejo a todo momento de um estranho.
- Você está indo longe demais...
- Só até onde eu puder.
- Você já passou disso...
- Então até onde eu quiser.
- Safado...
- Gostoso...
- Tá, para com isso – disse me soltando dele.
- Você não vai entrar? – ele me perguntou como se nada tivesse acontecido.
- Claro, só vou pegar minha bolsa – disse eu indo em direção a moto.
- Sua bolsa já está aqui dentro... Agora você pode entrar – ele sorriu maliciosamente.
Passei pela porta me espremendo entre ele e a lateral. Ouvi ele fungar no meu pescoço. Andei e me afundei dentro do quarto. A noite chegou rápido e ele já tinha feito a comida. Banhamos (separadamente, é claro) e jantamos. Eram 22h13min e eu estava muito cansado.
- Vamos dormir? – ele me perguntou – Você parece com muito sono...
- Vamos...
Levantei da cadeira e dei uma última olhada naquela noite escura. Pensei que teria mais estrelas, mas não. Estava muito escuro, tenebroso, com névoa brotando do chão. Um vento frio me cercou e me encheu de medo de ficar no meio do nada ao lado de um estranho muito safado. Mas agora era tarde. Entrei e ele trancou tudo. Me levou até o quarto e a cama já estava arrumada. Especificando: a cama era de solteiro, o que me aliviou muito na hora. Mas depois percebi que só tinha uma no quarto e fiquei mais tenso do que teria ficado se tivesse visto uma cama de casal. Tentei permanecer normal.
- Só tem uma cama? – perguntei.
- Eu não costumo trazer muitas pessoas aqui. Não precisaria de mais que uma.
- Mas dessa vez você me trouxe.
- Oops! Acho que esqueci de te avisar que só tinha uma cama de solteiro – ele sorriu sacanamente.
- Okay, eu durmo no chão – disse eu.
- Nem pensar, a cama é sua. Se você não quiser que eu durma com você, eu durmo no chão sem problemas.
- Você é o dono da casa, não vou deixar que durma no chão.
- Você não tem o que decidir. Eu sou o dono, eu mando.
- Você manda? Então mande eu dormir no chão, porque mesmo se você não disser eu vou dormir – eu disse e comecei a andar em direção a minha bolsa. Ele me segurou pelo braço.
- É só você deixar eu dormir com você.
- Se for para você ficar na cama, eu aceito dormir com você.
- Perfeito.
- Você armou tudo isso não foi?
- Fiquei sabendo que você é superprotetor. Você não deixaria ninguém dormir no chão por sua causa. Foi o plano perfeito.
- Safado.
Me arrumei para dormir e me deitei na cama. Ele veio e se deitou comigo. Sentia o seu desejo de me agarrar naquela hora e meus músculos estavam tensos preparados para me defender.
- Relaxa, não vou te machucar.
Ele se aproximou aos poucos e me beijou suavemente. Depois passou a mão na minha cintura, me puxando para mais perto e pediu passagem com a língua. Eu cortei o beijo na hora.
- Não estamos em ponto de fazer isso... – tentei explicar.
- Tudo bem... Eu só queria sentir você antes de dormir.
Ficamos nos olhando e logo depois eu cai no sono. Ele não tentou fazer nada a noite toda, mas eu sentia o Bruno Junior perder o controle. Mas tudo bem, quantas vezes não senti Tomás fazer o mesmo? Tomás. O que será que você está fazendo agora?
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NARRADO PELO AUTOR
(Algumas horas depois de Adam ter saído de casa).
A porta da casa de Dan se abre e Alicia aparece com algumas compras nas mãos. Eram 16h38min. Ela tinha almoçado com Vitor. Quando entrou na casa, sentiu muito silêncio e pensou logo em Adam. Deixou as compras no balcão.
- Adam? – ela disse enquanto subia as escadas. Nenhuma resposta.
Foi até seu quarto e viu tudo arrumado. Ele não estava lá. Desceu, já se preocupando e encontrou um bilhete na cesta de avisos. Era de Adam.
“Estou indo para um sítio do meu amigo Bruno. AMIGO. Não se preocupe e faça as coisas direito viu. Tome cuidado e qualquer coisa, caso o Vitor não possa ir em casa, ligue para Tomás ok? Um beijo.”
Ela ligou para Tomás para confirmar as informações.
CONVERSA POR TELEFONE
ALICIA: Tomás?
TOMÁS: Oi Ali, o que foi?
ALICIA: Acabei de chegar em casa e o Dan não está aqui... Ele deixou um bilhete.
TOMÁS: Você acha que essa é a letra dele?
ALICIA: Sim, é dele. Mas você falou com ele hoje cedo?
TOMÁS: Falei. Mas ele não deu nenhuma pista de que iria sair.
ALICIA: Ele também não me disse nada.
TOMÁS: O que diz o bilhete?
ALICIA: “Estou indo para um sítio do meu amigo Bruno. AMIGO. Não se preocupe e faça as coisas direito viu. Tome cuidado e qualquer coisa, caso o Vitor não possa ir em casa, ligue para Tomás ok? Um beijo.”
TOMÁS: Espera! Bruno?! – ele estava se alterando.
ALICIA: Sim, acho que você não o conhece pessoalmente. Eu não o conheço. Mas nós vimos ele trazer o Dan de moto no Domingo.
TOMÁS: Eu sei quem é ele. Eu o vi em uma festa na Terça.
ALICIA: Sim sei, a mesma festa que o Adam foi.
TOMÁS: Pois é, eu estava lá e acabamos nos conhecendo. Mas eu tentei avisar o Adam de que ele é um cara perigoso.
ALICIA: Você já o conhecia antes?
TOMÁS: Não, mas eu pude sentir. Você está bem? Quer alguma coisa?
ALICIA: Não, já comprei o que precisava. Só liguei para saber do Adam.
TOMÁS: Qualquer coisa me liga, eu posso ir aí.
ALICIA: Tudo bem, obrigada. Tchau.
TOMÁS: Tchau.
FIM DA CONVERSA
Alicia acabou de arrumar suas coisas e não tirava Adam da cabeça. Fez sua janta e comeu. Achou que não conseguiria, mas acabou dormindo.
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(Na casa de Tomás, naquela noite).
Tomás estava na sua cama, seu celular estava no criado-mudo e a noite estava muito escura. Estava muito preocupado com Dan e todo o perigo que ele corria. Queria se desculpar com ele pelo acontecido mais cedo com Chris. Mas ele não podia fazer isso até ele voltar. Na porta do quarto, Chris apareceu só com uma camisola curta e transparente por cima de uma lingerie preta.
- Está preparado? – ela disse manhosamente para Tomás.
- Me desculpa, mas já conversamos sobre isso. Minha primeira vez vai ser quando eu quiser.
- E eu já disse o que eu penso: você não é mais virgem. Não tem como um garoto gostoso como você ser virgem.
- Mas eu sou! – Tomás estava irritado.
- Tudo bem, foi mal. Vai ser do seu jeito, ok? Agora, deixa pelo menos eu dormir com você hoje – Tomás ia falar alguma coisa, mas ela o cortou – Você ainda não deixou eu dormir com você e até aquele gay do Dan já dormiu com você. Mas um sinal de que você não é virgem e muito menos ele. Aquele arrombado nato.
Tomás não suportava ela dizer aquilo e virou-se rapidamente sobre ela.
- Primeiro: não dormi com você porque não tenho certeza no que isso vai dar. Segundo: Dan não é gay, ele só é um garoto especial – ela revirou os olhos – Terceiro: ele só dormiu comigo porque ele precisava de cuidados que eu poderia dar a ele caso precisasse. Quarto: mais uma vez “eu ainda sou virgem” e Quinto: o Adam ainda é virgem. Então para com isso.
- Tudo bem, mas vamos dormir, pelo menos essa noite? Não aguento mais ficar uma noite sequer namorando o cara mais bonito do universo e não ter dormido nenhuma noite com ele.
- Tudo bem.
Ele se deitou na cama e ela deitou-se ao seu lado. Pousou a cabeça em seu peito e pousou a mão em sua barriga, próximo ao seu membro. Depois de algum tempo naquela posição, ela tentou mais uma vez.
- Tem certeza que você não quer? Posso fazer você ir à loucura.
- Tenho sim.
- Ah... Se eu tivesse um pau desse tamanho eu iria me divertir muito...
- Você nunca me viu nem de cueca, não diga o que você não sabe. Aliás, fiquei sabendo que você anda falando nos grupos que um cavalo perderia pra mim. Para com isso, você não sabe o que fala.
- Não preciso saber. É óbvio que um cara como você tem um pau tão grande que só de pensar eu ficou com água na boca...
(NOTA: Se Adam estivesse vendo isso, ele diria: pois que morra afogada então).
A noite caiu e Adam estava presente nos pensamentos de algumas pessoas, não só Tomás e Alicia. Mais alguém estava pensando nele e não era um pensamento bom...
Continua...