O QUE O DESTINO RESERVAVA PARA OS DOIS? ATÉ QUANDO O SEGREDO DE AMBOS SE MANTERIAM INTACTO?
Longos dez e deliciosos dias pela Europa. Eles riram, brincaram se amaram, conheceram um ao outro... suas essências, suas almas, seus corpos. Foi sem contestação a viagem mais marcante da vida deles, no qual puderam sentir a paz, o equilíbrio, a força e vontade de viver, pulsando e vibrando dentro deles...
- Aqui estamos nós, no nosso último dia, em Paris, está cidade maravilhosa e romântica. Olhando para você, eu vejo que tudo valeu à pena. – Gustavo segurou firme na mão dele. Por dentro, ele sentia algo estranho. Era como se as avalanches estivessem cada vez mais próximas.
- O que foi? Você está estranho... – Paulo o encarou, tentando entender a expressão vazia dele.
- Agora é que teremos a grande certeza. Pode apostar que mais cedo ou mais tarde, colocaremos o nosso sentimento num campo de batalha e ele vai precisar de muita força pra vencer a guerra.
- Eu não estou entendo nada Gustavo. Como assim? Por acaso está se referindo a...
- Xiiiii... Esqueça! Vamos aproveitar o nosso último dia aqui. Vamos viver este dia como se fosse o último, pois o amanhã talvez nem chegue.
Meio intrigado, Paulo nem quis estender o assunto. Apenas caminhou com ele pelas ruas de Paris. Sentando num banco, um músico de rua tocava uma linda música em seu violino, deixando o clima entre os dois ainda mais romântico.
- Sabe o que me deu vontade? – disse o Paulo.
- Olhando pra você, coisa boa não deve ser. – Gustavo riu.
- De gritar em meio a esta praça lotada, que eu te amo. Dúvida eu fazer isso?
- Ai, para! Você não teria coragem. Iríamos chamar a atenção dos franceses e de todos estes turistas branquelos.
- Você me subestima demais senhor Gustavo. Ei! Ei! Prestem atenção. – ele começou a falar bem alto.
- Para com isso Paulo. Você ficou doido seu filho da puta? Eu vou arrebentar essa tua cara. Cala a boca.
- Eu quero dizer a todos vocês que eu amo este cara. GUSTAVOOOO EU TE AMOOOOO!- ele gritou o quanto pode, e alguns aplaudiam, e outros não entendiam absolutamente nada.
- Viu? Agora duvida de mim?
- Doido! Você pirou! – Gustavo deu um soco de leve no braço dele. – Eu gostei. Me senti muito amado com esse teu gesto maluco. – ele riu.
O dia foi passando rápido, e eles curtiram os últimos instantes em Paris. Fizeram amor mais uma vez, e correram para o aeroporto. Ficaram sete dias em Londres e terminaram a viagem na França, fechando com chave de ouro os belos momentos que tiveram juntos.
- Antes de entrar neste avião, eu quero te agradecer por ter proporcionado os melhores dias da minha vida. Obrigado. Eu amo você. – disse o Gustavo.
- Eu que agradeço. Eu precisava dessa viagem. Precisava de você, sem ninguém pra atrapalhar... Foi inesquecível. Eu também te amo. Vamos?
Eles seguiram para a aeronave de volta ao Brasil.
*********
- Vou ligar logo o meu aparelho, antes que a Julia me sufoque.
- Bom, estamos de volta ao Brasil. Nos falamos amanhã? Quando iremos nos encontrar agora? – quis saber o Gustavo.
Era duro, mais eles estavam de volta a realidade. Cada um ia pro seu canto, para suas famílias... Não sabiam quando iriam se ver novamente e se isto acontecesse era muito rápido. Durantes os noves meses que resolveram assumir o namoro escondido, foram poucos os momentos que tiveram juntos, com três horas de duração. Sempre eram encontros de meia hora, no máximo duas.
- Farei o possível para nos vermos no sábado. A Julia sempre faz uma visita a mãe dela, e eu saio pra jogar bola. Posso marcar com você.
- Tudo bem então. Bom, eu preciso ir meu amor. Nos falamos por mensagem, ok? Te amo. Não se esqueça de deixar a tela do seu aparelho bloqueada. Nunca é bom correr riscos.
- Pode deixar. Um beijo nessa boca gostosa. – eles se despediram ali mesmo no aeroporto, pois a Amanda iria buscá-lo.
*******
- Oi meu amor! – Gustavo foi tentar beijar Amanda, mas ela se esquivou.
- Como foi à viagem? Teremos muita coisa para conversar quando chegarmos em casa.
- Como assim? O que eu fiz? Poxa, fiquei este tempo longe de você e é assim que me recebe?
- Gustavo, eu não sou tola. Quando nos casamos, prometemos não mentir um para o outro. Mesmo sabendo da sua orientação e você da minha, a gente jurou ser fiel, estar juntos pro que der e vier, e nem adianta mentir pra mim. Sou casada com você há 16 anos, e te conheço muito bem. Eu sei que você está se envolvendo com um homem. Porque não me contou? Porque escondeu isso de mim? Porque?
- Calma Amanda. Vamos parar num lugar e conversar direito. Não podemos ter esta conversa em casa, com a presença da nossa filha.
******
- Oi meu amor. Cheguei! Julia. Tem alguém em casa? – ele arrastou a sua mala, deixando num canto da sala e foi até o quarto procurar por sua esposa.
Ela estava deitada, totalmente inerte. Olhando para o vazio.
- Oi meu amor. Cheguei! Não vai me dar um beijo? – ele estendeu os braços.
- Quer dizer que eu sou um lixo pra você, não é mesmo? Desligar o celular por dez dias, me deixando sem nenhuma notícia? Fingindo que eu não existo... E ainda por cima quer um beijo? Você não presta! Você não tem a menor consideração por mim! Volte para Europa e não volte nunca mais. – ela estava agressiva.
- Mas o que é isso? Um espetáculo? Meu Deus! Será que não é capaz de ser compreensiva ao ponto de entender que eu viajei a trabalho, e que não podia falar ao celular? E que por diversos momentos eu fiquei sem sinal? Toda vez é isso. Uma briga sem motivo. Uma confusão. Estou de saco cheio disso tudo. Poxa! Eu chego inteiro de uma viagem longa e você me trata com frieza? Quer saber? Vou pra casa da minha mãe!
- Não! Não Paulo. Me perdoa meu amor. Me Perdoa. Eu perdi a cabeça. Não saia da sua casa. Fique aqui. Fica comigo – ela praticamente se atirou aos pés dele. A Julia tinha um ciúme descontrolado, beirando a um amor possessivo. Isto era muito perigoso, ainda mais depois que...
- Ok! Chega Julia. Não precisa se ajoelhar. Eu só quero sua atenção. Só isso. Vou tomar um banho e comer alguma coisa. Estou faminto. – no chuveiro, ele ria com a água caindo sobre seus cabelos cacheados. Lembrava os detalhes da viagem romântica que fizera com o seu amor.
Enquanto isso...
Julia estava nervosa, andando de um lado para outro. Ela estava desconfiada, inquieta... Correu para a bolsa do marido e fuçou tudo até encontrar o celular. Vasculhou ligações, e mensagens. Eis que ela encontra o que jamais o Paulo esperava que ela descobrisse...
- O quê? Que mensagem é essa? Quem é Gustavo? – Por um descuido fatal, Julia encontrou uma mensagem no celular do Paulo. Seu sangue começou a ferver e ela ficou sem respiração. Não estava acreditando no que lera.
“Foram os melhores dias da minha vida. Londres ficará para sempre eternizada em nossos corações. Te amo meu amor. Um beijo bem gostoso do seu Gustavo”.
- Meu Deus, o que está acontecendo? Seu coração batia acelerado e quando ele saiu do banho, apenas se deparou com a cara de espanto dela, quase sem voz e sem cor.
- O que aconteceu? – Paulo só se deu conta, ao ver o seu aparelho sobre a cama. Não precisa explicar mais nada. “Julia descobriu tudo”!– ela gaguejava, passando mal. Não conseguia falar de tão chocada. As lágrimas caíram automaticamente.
- Não sei por que está assim, mas posso explicarhomem? – ela gritou. Partindo pra cima dela. Um homem? Ahhhh... Seu porco! Cretino! Eu vou matar você. – Julia parecia incorporada. Ela babava de tanto ódio.
CONTINUA...
