Como todo conto erótico que se preze, e este é um conto que pretende se prezar, começarei com duas importantes observações. Primeiro é sobre a veracidade dos fatos. Sim, esta é uma história real que aconteceu há muitos anos atrás quando eu era bem mais jovem, um adolescente. A segunda observação importante diz respeito às minhas características físicas. Sou moreno, cor de barro, alto, na época devia medir um metro e oitenta e sete talvez. Nunca fui nenhuma montanha de músculos, mas tinha um corpo bem definido e quem sabe belo.
Feitas as primeiras observações, passemos a narração da história. Tudo começou num final de tarde, quando caminhava pelo jardim. Por eu não ter muito pudor na época, afinal era bem jovem, e também por acreditar que não poderia ser visto por alguém, gostava de andar nu pelo jardim. Nesse fatídico fim de tarde um sono pesado caiu sobre mim. Lembro vagamente do sonho que tive: uma ave bicava meu dorso nu, assustado eu corria em sua direção e a ave voava para longe até que eu alcançasse um mar de sangue coberto de aves mortas. Foi então que despertei assustado. E aí sim começou essa excitante história que guardo com carinho nos escaninhos de minha memória e que tentarei narrar aqui de forma breve.
Quando abri meus olhos avistei diante de mim uma mulher. Ainda assustado com o sonho e surpreso com sua presença não me envergonhei pela nudez. Pelo contrário, fiquei bastante à vontade. Principalmente, talvez, porque ela também estava nua. Olhei para seu corpo e me encantei. Tinha o corpo semelhante ao meu: da mesma cor, semelhante musculatura e um olhar que a tudo admirava. Mas, claro, em seu peito carregava um lindo par de seios que logo me chamou a atenção. Tesos, mas aparentemente macios, lisos, com uma auréola bem desenhada e um bico que já me acenava timidamente. Sua barriga, bem definida, conduzia meu olhar ao seu sexo, coberto de pelos. Apesar do encantamento não se manifestou em mim nenhum sinal de excitação aparente. Apenas olhei a moça e me pus a conversar com ela.
Falamos de diferentes coisas: de animais, de Deus, do mundo e outras filosofias. Mas, claro, inevitavelmente, acabamos falando de nós. E como não podia ser diferente, falamos não apenas de nossas características anímicas como também de nossos corpos. Afinal, estávamos nus. Falamos de como era bem planejado o corpo humano. Falamos de nossas semelhanças e, então, começamos a falar de nossas diferenças. Falamos de nossos cabelos e pelos e Eva (para preservar sua identidade a chamarei de Eva) começou a falar de seus seios. Tive curiosidade, perguntei se eles não a incomodavam. Eva respondeu que não, que gostava deles e que era gostoso tocá-los. A curiosidade aumentou, quase pedi a Eva para tocá-los, mas me contive. Eva parecia não se importar e passou a segurá-los e acariciá-los levemente. Senti uma pequena empolgação. Eva então fez uma pergunta semelhante sobre meu pênis. Não soube muito bem o que responder, disse apenas que gostava dele também, como ela gostava dos seios. Uma resposta um tanto tola, concordo. Mas, então, Eva me surpreendeu. Diferente de mim, ela não se importou em tocar meus órgãos genitais. Movida por aparente curiosidade esticou seu braço e apanhou meu pênis em uma de suas mãos. Senti uma luz diferente emanar para meu ventre. De repente, como se grande carga de minha energia vital irrigasse meu sexo, senti os músculos de meu pênis contraírem e uma força misteriosa o enrijecer.
Eva olhava, admirada, meu pênis entre suas mãos. Disse a ela que era a primeira vez que algo assim me ocorria. Eva sorriu e falou que eu apenas buscava agradá-la. Naquele tempo não entendi por que motivo isso a agradava tanto, mas Eva não permitiu muitas explicações. Citou uma tal de Lilith, mas mal tive tempo de negar os boatos. Eva reconduziu rapidamente a conversa para meu pênis. Falei a ela que sentia que carregava agora um tronco irrigado de seiva entre as pernas. Eva tratou de esvaziar a poesia que eu emprestara a meu órgão dizendo que sim, parecia um pedaço de pau. Eva ria e dizia que era gostoso apertar meu pau. Olhava para ela com um carinho diferente e relatei o que se passou no meu ser no momento exato em que meu pênis (no início relutei em chamá-lo de pau) se vivificou. Eva disse que algo semelhante aconteceu em seu ventre. Estranhei, pois Eva não tinha pênis, nem galho, nem tronco, nem pau. Eva ria. Dizia que sentiu sua vagina se irrigar. Completou que sua vagina era como uma fenda cheia de lábios, mas que se desaguava em um buraco profundo, formando uma pequena bolsa. Uma bolsinha, ela disse. E, rindo, concluiu: uma bolseta, uma bolsetinha. Senti que a carga poética que ela emprestara ao seu sexo era maior que a que devotava ao meu. Eu tinha um pedaço de pau, ela uma pequena bolsa, uma bolseta, uma bolsetinha. Mas não me importava os nomes, meu pau em suas mãos era demais confortante para quaisquer outras preocupações.
Ainda com meu pênis ou pau nas mãos, Eva buscava manter o diálogo. Eu, já meio perturbado, mais respondia do que perguntava. Foi então que ela me indagou se eu não queria tocar um pouco seus seios. Não respondi, apenas avancei uma de minhas mãos e lhe fiz algumas pequenas carícias. Senti que poderia ficar por horas assim, acariciando os seios de Eva enquanto ela segurava delicadamente meu pênis. Chegamos nossos corpos mais próximos um do outro e senti sua coxa tocar em minha coxa. Eva tombou sua cabeça em meus ombros e quando eu tentei fazer o mesmo encostamos nossos lábios um no outro.
Eva apareceu à minha boca como uma fruta. Talvez eu começasse a adivinhar ali o gosto da fruta que Deus havia proibido. No entanto, quanto a Eva não havia proibição. Pelo contrário, ela era um presente de Deus e eu sentia ali não apenas a Sua presença como também Sua incondicional aprovação. Comecei a chupar os lábios de Eva tal como uma fruta e Eva fazia algo semelhante com meus lábios. Já nesse instante não havia nenhuma ordem, nosso corpo tentava apenas se tocar o máximo possível: mãos e pau, mãos e seios, coxas e coxas, lábios e lábios. Era como se um quisesse ser o outro e Deus derramasse sobre nós uma benção suave e iluminadora.
Eva então começou a apertar suavemente meu pau e a mover suas mãos para baixo e para cima. Enquanto isso eu passei a chupá-la por inteiro. Boca, pescoço, seios e barriga. Até o momento não havia ainda tocado a bolseta de Eva. Foi então que me assustei ao ver que ela própria se tocava com uma das mãos. Enquanto manipulava meu pau com uma de suas garras a outra acariciava levemente a porta daquela fenda que se abria para uma misteriosa e pequenina bolsa. Senti que precisava também acariciá-la, mas temi machucá-la. Afinal, sentia que a flor de seu sexo se abria para uma carne viva, talvez delicada. Ainda assim busquei imitar seus movimentos. Mas de fato parece que a machuquei, pois Eva rapidamente pegou minha mão e começou, ela mesma, a me ensinar o local, a intensidade e a velocidade que eu deveria utilizar. Enquanto isso eu continuava a chupá-la como uma fruta proibida e sentia seus seios duros caberem em minha boca.
Chupei Eva por muito tempo e a acariciava já ao meu jeito, sem sua intervenção. Eva, aliás, parecia ter desistido de controlar qualquer carícia, seja as minhas ou as delas. Estava totalmente entregue às minhas mãos, até que, como se acordasse de um sonho, disse: para! Assustei com seu grito e vi que Eva buscava na verdade retomar o controle. Não me importei, parei. Ela então disse: quero chupar seu pau como chuparia uma fruta. Temi pelos dentes de Eva, mas ainda que com algumas indelicadezas caninas, a boca de Eva me deu muito mais prazer do que dor. Já não conseguia me conter, Eva estava novamente com o controle e tinha não apenas meu pau, mas meu ser inteiro em sua boca. Eva começou então a acariciar meu saco escrotal e vez por outra o beijava também. Sentia minha alma inteira na boca de Eva. Sentia meu corpo inteiro nos braços de Deus.
Foi então a minha vez de parar Eva. Previ por algum motivo que poderia perder toda aquela energia que guardava em meu ventre e afastei a boca de Eva do meu pênis. Ficamos nos olhando, assustados. Não havia nenhuma vergonha. Não havia nenhum medo. Não havia nenhum ressentimento. Apenas susto. Éramos susto e amor. Muito amor. Sentia que Eva entendia cada gesto meu, cada olhar, cada músculo do meu ser. Em uníssono avançamos um na boca do outro e começamos a nos chupar e morder violentamente. Alguma agressividade resolveu nos atacar. Era como se uma das feras do deserto – uma daquelas que eu mesmo, muito cuidadosamente, escolhi o nome – invadisse nosso corpo. E apertávamos nosso corpo um no outro. E Eva murmurava coisas estranhas em meu ouvido. Dizia que meu pau era imenso, que eu era um rei, que me queria dentro dela. Dizia que meu pau tinha um gosto bom, de fruta que não havia provado. E eu correspondia dizendo do seu cheiro, do seu peito, da sua bolseta. Chamava-a de gostosa, saborosa, deliciosa. Eva gostava das palavras que eu usava – sobretudo de “gostosa”. Então, em meio a nossa violência mergulhada em atos e palavras, Eva clamou: chupa minha buceta também.
Eva já havia readaptado o nome de seu órgão e eu não me importava mais com léxico algum. Deitei Eva no chão do jardim e chupei sua boca, seus seios, sua barriga. De repente, deixei passar a fera que havia me adentrado e comecei suavemente a beijar sua barriga, suas pernas, sua coxa, sua virilha. Eva se contorcia e eu me sentia próximo de Deus. Mas não como antes, próximo da sua presença. Sentia-me agora semelhante a Deus e um pouco de culpa passeou pelos meus pensamentos. Mas deixei a culpa ir-se embora. E beijava suavemente o entorno da buceta de Eva. Fui aos poucos me aproximando e finalmente fiz de minha língua uma serpente que procura sua casa. Passei a língua no topo de seu púbis. Demorei-me ali. Quando aumentava muito o ritmo Eva segurava minha cabeça. Senti que era preciso ir devagar. Fui. Lambia sua buceta, chupava-a por inteiro e aos poucos percebi que Eva também gostava que eu passasse minha língua com um pouco mais de força, como uma lixa, em sua vagina. Senti sair da sua bolsa um líquido gostoso. Cheirávamos, ambos, a uma fruta desconhecida. E suávamos; sobretudo suávamos; como nunca havíamos suado.
Eva então teve uma pequena convulsão. Assustei. Parei de chupar, mas ela insistiu que eu continuasse e sua convulsão aumentou. Senti que a cada convulsão sua alma alcançava uma satisfação mística. E eu chupava violentamente aquela deusa mística sem saber quando parar. Até que ela mesma tratou de afastar minha cabeça da sua buceta. Seus olhos se reviravam e eu sentia meu pau também solicitar uma atenção que Eva não podia naquele momento me dar.
Eva foi se recompondo e eu fiquei ali manipulando eu mesmo meu pau. Eva, ainda não de toda recomposta, olhou para mim e disse: vamos enfiar seu pau na minha buceta (?.!) Não sabia se era uma pergunta, um pedido ou uma ordem. Temi por Eva. Senti que poderia perfurar algum tecido do interior do seu corpo ou coisa assim. Mas a fera parecia novamente invadir minhas entranhas e dessa vez foi eu quem conduziu toda a operação. Abri as pernas de Eva e avancei meu pau em sua buceta. Senti certa resistência. Ainda temia por Eva. Mas a fera havia me dominado novamente. Eva pediu para que eu parasse. Sentia a dor da penetração, ou da perfuração, nós não sabíamos ainda. Mas a fera me dominava. Avancei. Perfurei, penetrei, adentrei Eva e vi um pouco de sangue escorrer sobre meu pau. Mas Eva não parecia se mortificar. Pelo contrário, a estocada derradeira parecia ter vivificado Eva. Ela sorria, mexia os quadris e eu também mexia os meus. Eva me abraçava. Eva segurava minhas nádegas. Eu segurava as nádegas de Eva e tocava levemente a proximidade de seu ânus. Rolávamos no chão. Meu pau na sua buceta, sua buceta no meu pau. Eu comia Eva, Eva me devorava. Eva era uma planta carnívora, eu era uma fera pra lá de selvagem. Chupávamo-nos, mordíamo-nos. Eva subiu em cima de mim e agora cavalgava sobre meu pau entumecido. A amazona teve outra de suas convulsões e então foi a vez de Deus se manifestar em mim.
Hoje penso que Deus preservou aquela energia em meu sexo durante todo aquele tempo para que eu aprendesse tudo o que podia aprender para só depois me livrar daquela luz. E foi o que aconteceu. Deus parecia entrar em mim. Talvez para me tirar a vida, talvez para me aliviar a alma. Mas de certo para expulsar de mim a fera e a energia que me irrigava. De repente senti que era a minha vez de contorcer. Virei os olhos, deixei meu corpo nas mãos da natureza divina e no colo daquela divindade feminina. Não respondi por mim. Senti que todo o meu corpo se concentrava na periferia de meu pau para de uma só vez dele se expelir. Como um raio de luz que iluminasse o ventre de Eva meu pau expulsou de mim a fera, a energia, o amor, a vida – temi mesmo ter expulsado Deus do meu corpo, temi mesmo ter expulsado meu próprio ser para dentro de Eva. Eva parecia compreender tudo. Sorria, me abraçava. Eu não havia morrido. Havia gozado. Desfrutado a vida. Saboreado Eva. Agora tinha algo de mim dentro de Eva e ela me abraçava maternalmente. Eu e Eva agora nos comunicávamos nesse abraço. E dizíamos um para o outro como Deus era perfeito e como sentíamos o quanto ele estava orgulhoso de nós. Os seios de Eva roçavam em meu peito. A boca de Eva tocava minha pele brandamente. Meu pau ainda repousava dentro dela, já sem as características que lhe deram o nome de pau.
Ali dormimos abraçados à sombra da árvore do conhecimento. Perto das frutas, perto das feras e perto das serpentes. Mas ainda muito mais perto de Deus. E quando nosso corpo se recompôs do primeiro encontro, nos preparamos para outras transações. Estávamos de fato no paraíso, mas já preparando, sem que nós e nem mesmo Deus percebesse, nossa partida.