Passei a noite toda pensando qual seria a melhor forma de fugir daquele inferno, e a única coisa que me passava pela cabeça é fazer meu pai e Julio pensarem que eu já havia me conformado com o tudo o que acontecera e com o meu fim, mas não, definitivamente eu não ia permitir que aquela história acabasse com um fim tão trágico: com a minha morte. Pelo menos não até eu tirar a mascara daqueles dois monstros e no mínimo fazer da vida deles um inferno tão grande quanto o que fizeram comigo. Eu precisava de ajuda... Talvez de César? Não! Ele seria um alvo muito fácil na mao daqueles dois! Henrique- pensei , ele seria perfeito pra me ajudar.
Nos próximos dias fiquei preso em casa, dando singelas aparecidas na janela para que me vissem por ali... esse era o plano do meu pai... fazer com que eu aparecesse e tirasse qualquer tipo de suspeitas.
Numa manhã ensolarada, meu pai mandou que eu fosse até o jardim de casa e lavasse os vidros, pois estavam imundos... Mas que não pensasse em fazer nada, pois ele estaria a todo o tempo me observando.
Peguei os baldes e esfregões, a escadinha , coloquei uma blusa para esconderas marcas no meu braço e saí.
Reparava que a todo tempo ele me observava...
Eu estava lavando as janelas quando observo ele descer a ladeira, sem camisa, provavelmente fazendo seus exercícios matinais... O policial Henrique...
Como ele era forte.-pensei... precisava chamar a atenção dele de alguma forma... e assim que ele chegou próximo ao portão de casa, fingi me desequilibrar e caí do terceiro degrau da escadinha...
Henrique pula o muro de casa que é baixo... e vem me socorrer imediatamente...
- Ei.. você está bem garoto?
- Você precisa me ajudar a fugir... pr favor... amanhã, no mesmo horário... me espere de carro na esquina abaixo de casa... darei um jeito de fugir... por favor.. confie em mim...
Nesse mesmo momento meu pai chega.. só deu tempo mesmo de eu dizer essas palavras... Henrique me encarava...
Me ajudou a levantar, perguntando mais uma vez se eu estava bem...e meu pai..
- Filho... você se machucou?? Nossa que cabeça a minha te mandar lavar as janelas.. podia ter se machucado de verdade...
- Estou bem pai... e moço...Obrigado pela preocupação....- disse segurando a mão de Henrique e apertando-a.
- Obrigado senhor policial... o senhor, mais uma vez.- disse meu pai.
- nada... eu só estava passando e o vi cair... pensei ter se machucado... mas pois bem... estou indo!!- respondeu
- Vamos entrar filho!!
Acabamos entrando e meu pai me olhou feio, me chamando de fraco desengonçado, que nem pra subir numa escada prestava!! Aff... mal imaginava ele...
Eu precisava pensar em uma forma de amanhã, na mesma hora estar ali pra poder fugir com Henrique.
--****CESAR NARRANDO****
Aquele pai de André tinha novamente conseguido enganar alguém com a sua falsidade.. Agora eu tinha certeza de que André estava me dizendo a verdade!! Eu me sentia mal por não ter acreditado numa só palavra que ele disse e até pensado que ele estava louco...
Acabei contando toda a história pra minha mãe, que me olhou, e depois de um tempo em silêncio me disse:
- Você vai hoje mesmo pra casa da sua avó.
- Mãe, eu não vou a lugar nenhum... vou ficar aqui e ajudar o André!
- Isso não é uma escolha... Não quero que você fique doido como ele, e tão menos que se machuque caso essa história tenha um pingo de verdade... Voce vai se afastar de tudo isso está entendendo?
- Mas mãe, eu não posso ... eu prometi a ele que ia ajuda-lo... não posso.
- A melhor forma de você ajudar é se afastando...
- Mae, eu e o André, nós...
- Não termine essa frase Cesar, eu te proíbo!
- é isso mesmo mãe... eu o o André
- César!- gritou minha mãe...
Minha mãe não me deixou falar mais nenhuma palavra, me trancou no quarto, eu queria fugir mas tinha grade nas janelas...e as portas foram trancadas por ela..
Eu ao longe ouvia ela falando no celular, provavelmente com meu pai... que não demoru muito chegou com as passagens compradas pra casa da minha avó.
- Voces não podem fazer isso comigo... Não podem!!!
Minha mãe arrumou uma mala pra mim com o mínimo de coisas possíveis, passou na escola e pegou minha transferência, e junto com meu pai seguimos pra rodoviária... Eles me seguravam forte pelo braço... Minha mãe era enfermeira e havia me feito beber um calmante forte, que começava a fazer efeito... Embarcamos no ônibus e quando acordei já estava a quilômetros de distancia de casa... Na cidade de minha avó!
*******HENRIQUE NARRANDO*******
Em toda a minha carreira policial, nunca havia me deparado com uma história assim... o garoto praticamente implorou para eu ajuda-lo... Seus olhos negros não saiam da minha cabeça...
Eu sentia o apelo daquele garoto... André... esse era o seu nome... eu estava assustado pois não sabia até que ponto aquela história era verdade, mas o fato é que alguém o machucava, e suas manchas roxas no corpo denunciavam maus tratos.
Tenho 26 anos de idade, e fui transferido pra essa cidade porque, bem, acabei me envolvendo com um colega de trabalho e como fomos descobertos, viramos motivos de risos de toda a corporação... Resultado disso foi termos que ser transferidos...
Não tínhamos nada sério, inclusive eu me rotulava hetero antes de conhece-lo, mas acabei deixando-me envolver nessa história e teve resultados catastróficos...
Tive que mudar pra essa cidadinha do fim do mundo!!
Hoje pela manhã estava correndo, e me deparei com o garoto caindo de uma escada... Ele me parece tão frágil, que acabei por impulso correndo para ajuda-lo.
André, mais uma vez me pediu ajuda, mas dessa vez pediu para eu ajuda-lo a fugir...
Eu não poderia fazer aquilo pois podia ser descoberto e mais uma vez transferido ou até expulso da corporação.
Restava-me saber por que aquele garoto precisava fugir e de quem!
Fui pra delegacia e pedi ao meu amigo investigador que puxasse a ficha de Julio e de seu pai, e qualquer coisa que tivesse envolvido o nome dos dois...
Não havia nada demais ... ficha limpa, exceto por uma coincidência um tanto estranha...
As três ultimas namoradas do pai dele haviam sido brutalmente assassinadas, bem como um amigo da família, e nunca houveram provas ou nenhuma pista sequer dos assassinos... Ele sempre era chamado a testemunhar e nos seus relatos sempre havia um álibi, e o mais estranho é que sempre seu filho Julio era quem declarava estar com o pai em algum lugar e possuir dois comprovantes de entrada no cinema, ou então tickets de restaurantes ou lojas.
Nunca entraram para a lista de suspeitos... Até agora, pois para mim era estranhíssima essa relação dos dois com os crimes.
Decidi, mesmo contra os meus princípios, ajudar o garoto!
Meu coração dizia para fazer isso, mas minha mente dizia que não era certo... Mas como sempre vamos pelo coração, resolvi que estaria lá no horário combinado.
*******ANDRÉ NARRANDO****
Passei a noite em claro, arquitetando minha fuga...Não sabia se Henrique estaria ou não lá para me ajudar a fugir, mas eu precisava arriscar.
Levantei cedo, e cordialmente fiz o café para os dois... tomamos na mesa os três em silencio, quando eu digo:
- Preciso terminar de limpar os vidros...
- Não... arriscado demais... aquele seu amigo policial pode passar por ai e querer conversar...
- Sabe que não vou dizar nada pra ele... preciso me ocupar de algo, ou então, porque não me mata de uma vez... prefiro morrer do que continuar assim...
- Cala boca verme- fui calado com um tapa no rosto, que ardeu, e muito....- está chegando sua hora rapaz... espera que quando menos esperar...
Eu abaixei a cabeça, quase certo de que ele não me deixaria sair.
- Acho melhor o garoto ir pai. Assim o pessoal vê ele e param de me olhar estranho na rua... Acho que estão começando a pensar que realmente tem algo errado.
- Tá certo... vai então.
Fui até meu quarto feliz da vida...Julio foi pra trabalho... peguei algumas roupas do guarda-roupas e comecei a vestir uma por cima da outra para poder levar pelo menos três peças de cada... Meu corpo ficou fofo de tanta roupa, mas não podia dificultar minha movimentação.
Peguei meu celular e joguei no bolso, sem que eles vissem, e peguei o balde e ele me observava...
Sai , subi na escada, e quando avistei o carro descendo a ladeira e vi que em seu interior estava Henrique desci da escada, me aproximei do muro com o balde como se fosse pegar água na torneira do jardim, era a todo tempo observado.
Num ímpeto momento, numa adrenalina a 100% e com os batimentos cardíacos descontroladíssimos, ouvi o telefone tocar, e assim que meu pai virou-se por um instante para atender, pulei o muro rapidamente e corri o máximo que minhas pernas podiam aguentar, corri, e não olhei pra trás...
Avistei o carro no lugar combinado, e corri mais e mais, até abrir a porta, jogar-me dentro e gritar...
- Vamos Henrique , corre pelo amor de Deus!!
Henrique deu a partida, cantando pneu no chão, e pude ver pelo retrovisor do carro, meu pai correndo atrás do carro até não aguentar mais e parar tentando puxar ar para recuperar o folego...
********CONTINUA**************
AMIGOS TIVE QUE DIVIDIR O PENULTIMO CAPITULO EM PARTE A E B PRA NÃO FICAR MUITO EXTENSO... AINDA HOJE PARTE B, E QUEM SABE O GRAN FINALLE...
MUITAS EMOÇÕES...