OBS: Música que toca no episódio - https://www.youtube.com/watch?v=zxSTzSEiZ2c (The Rose)
A cidade parou naquele final de semana. Meu quadro era critico, eu havia perdido muito sangue e o estoque não poderia suprir para outra cirurgia. Meu pai parecia desnorteado. A Elizabeth ficou do lado dele durante todo o tempo. Na escola a polícia precisou isolar tudo para iniciar as investigações, eles acharam o DVD com a morte de Lúcio.
Médico: - Seu Hélio. A situação é grave. Ele tá sedado agora, mas precisa de uma transfusão de sangue.
Hélio: - Eu posso doar. Ele tem o mesmo tipo que o meu. O negativo.
Cesar: - É o mesmo que o meu também. Eu quero doar.
Barbara: - Eu também quero. (se aproximando) – Ainda não consigo acreditar que aqueles dois monstros que eu chamava de amigos fossem capazes de fazer algo assim. Me sinto responsável.
Goela: - Sempre fui otário com o Thiago. Eu topo doutor.
Hélio: (lagrimando) – Eu quero agradecer pelo ato de coragem de vocês.
Médico: - Verdade. Muitas pessoas tem medo de doar. Elas só se desesperam quando algo acontece no seu convívio.
Cristovão: - Eu posso doar também. O Thiago é meu amigo.
Cesar: - Calma campeão. Você precisa guardar o seu por enquanto.
Cristovão: - Não é justo.
Suzana: - Ei. (pegando na cabeça de Cristovão) – Me mostra onde fica aquela máquina de café?
Cristovão: - Claro. Vem comigo.
Cesar: (olhando para Suzana) – Obrigado.
Ludmila: - Eu não consigo acreditar. Eu to com tanto ódio do Renato. Não era para ele ter morrido. Desgraçado. Sempre se fez de amiguinho.
Alison: - É um Choque para todos nós.
Andréa: - Alison?
Alison: (assustado) – Oi?
Andréa: - Quanto tempo. Como você está?
Alison: - Bem... bem... eu tô ótimo... essa é... minha namorada. Ludmila.
Andréa: (olha Ludmila dos pés a cabeça) – Entendi. Até depois.
Ludmila: - Quem é essa mulher?
Alison: - É uma conhecida. Nada demais. Você quer alguma coisa?
Ludmila: - Quero um café. Pega pra mim.
Alison: - Claro. (indo até o corredor e se aproximando da mulher) – Que susto.
Andréa: - Desculpa. Eu não fazia ideia. E o que você está fazendo com a turma da escola?
Alison: - Um amigo meu quase morreu e estamos aguardando notícias.
Andréa: - Você me deu um susto. Por um minuto pensei que fosse menor de idade.
Alison: - Não esquenta. E você trabalha aqui?
Andréa: - Sim. No setor de cardiologia.
Alison: - Beleza. E quando quiser... me liga. O preço é o mesmo. Tchau.
Gustavo passou por alguns exames e o médico o liberou. Ele desceu e juntou-se ao grupo que esperava por informações ao meu respeito. Elizabeth se aproximou.
Elizabeth: - Então..
Gustavo: - Estou bem. O médico passou uns remédios. (mostrando o papel)
Elizabeth: - Eu vou comprar agora. Mas antes... o Hélio... ele... ele... sabe?
Gustavo: - Não. E por enquanto eu...
Elizabeth: - Está tudo bem. Você é meu filho. Esperei tanto por você que isso não faz diferença. (abraçando o Gustavo)
Gustavo: - Obrigado. (abraçando Elizabeth e chorando)
Elizabeth: - Oh meu filho. Não chora. Por favor. Vai dar tudo certo. Calma. Te amo tanto.
Gustavo: - Desculpa. (enxugando as lágrimas)
Elizabeth: - Estou ao seu lado.
Gustavo: - Tudo bem. Vou ficar bem.
Elizabeth: - Vou comprar os remédios. Volto já.
Bruno ficou durante parte da manhã ao lado de Kim. Dona Soraia e seu Mitsu, pai da japonesinha capotaram no sofá. Ela acordou e sorriu ao ver o jogador de futebol.
Kim: - Bruno.
Bruno: - Kim. Eu fui um tolo. Eu quero pedir desculpa por tudo o que eu fiz. Eu te amo. Quero ser o teu namorado, te mostrar para todos. Eu... (Kim coloca o dedo indicador na boca do Bruno)
Kim: - Me beija. (beijando Bruno)
Bruno: - Nossa... (sorrindo)
Kim: - E... e... o Thiago?
Bruno: - Tá difícil amor.
Kim: (chorando)
Bruno: - Ei. Calma amor.
Kim: - Eu vi tudo. Eles... brincaram com o psicológico do Thiago. Eles foram cruéis. Falaram mentiras. (soluçando)
Bruno: - Eles não podem fazer mal para vocês.
Kim: - O Thiago matou ele.
Dona Soraia: - Minha filha. (abraçando a Kim)
Mitsu: - O que? (levantando agoniado) – Kim? Kim minha filha!!!
Dona Soraia: - Ficamos tão preocupados.
Mitsu: - Agora ela está bem.
Kim: - Papai. Mamãe. Foi tão assustador. Eu pensei que fosse morrer. E o Thiago... ele se sacrificou por mim. Tenho uma divida eterna com ele.
Dona Soraia.: - Vamos fazer orações pra ele.
Mitsu: - O importante é que você está bem.
A polícia continuava investigando o caso. De repente o Renato passou a ser chamado de Serial Killer. E o meu rosto estava estampado em todos os jornais do país. Várias emissoras de televisão foram até o hospital.
Repórter: - Seu Hélio? Seu Hélio? Como você sente a respeito disso? ( colocando o microfone na direção de Hélio)
Hélio: - Eu só quero dizer que fizeram com o meu filho um ato desumano. E por favor... nos deixem em paz. A polícia está tomando conta de tudo.
Gustavo se sentiu impotente com a situação. Ele não dormia há 28 horas. Ludmila chegou perto dele e o abraçou.
Ludmila: - Ele vai superar isso.
Gustavo: - A culpa é minha. (chorando) – Eu deveria estar no lugar dele.
Ludmila: - Ninguém deveria ficar no lugar dele. Nem você, nem ele ou o Lúcio. Graças a Deus que a Kim conseguiu chegar até lá.... (chorando) – Eu não poderia perder outro amigo.
Gustavo: - Eu tô com medo Luh.
Ludmila: (sentando no chão) – Deita a cabeça aqui no meu colo.
Gustavo: - (abaixando)
Ludmila: - Vamos superar isso juntos. Estamos juntos nessa. (passando a mão no cabelo de Gustavo)
Gustavo: - E se...
Ludmila: - Gu... você precisa dormir. Descansa um pouco.
Gustavo: - Não sei se eu consigo... (fechando os olhos e deixando uma lágrima escorrer)
Ludmila: - Tudo vai ficar bem. Você vai ver. Apenas dorme. (passando a mão no cabelo do Gustavo)
Cristovão até que tentou usar seus contatos para me ver, mas era impossível. Nem aqueles olhos castanhos claros eram fortes o suficiente para barrar a funcionária da UTI. A transfusão de sangue estava acontecendo de acordo com as doações, cerca de mil pessoas decidiram me ajudar. Apesar de tudo, o meu quadro continuava o mesmo.
Cristovão: - Cesar. Eu preciso ver o Thiago.
Cesar: - Maninho. Precisa ter paciência.
Cristovão: - Eu não tenho paciência. Vou morrer em breve.
Cesar: - Não precisa falar assim.
Cristovão: - Vou sim. Essa é uma verdade. (colocando o lençol em cima da cabeça)
Suzana: - Ouvi dizer que tem um rapaz zangado aqui?
Cristovão: (continua parado de baixo das cobertas)
Suzana: - Puxa Cesar. Pensei que o meu príncipe encantado estaria aqui.... mas... eu já vou... (batendo os pés no chão e simulando sua saída do quarto)
Cristovão: - Espera!!! (levantando os lençóis)
Suzana: - Olha quem decidiu aparecer. (beijando o rosto de Cristovão)
Cesar: - Suzana hoje ele está impossível.
Cristovão: - Suzana quero ver o Thiago.
Suzana: - Ele está recebendo a transfusão de sangue agora. Para poder ir fazer a cirurgia. Eu sei que é difícil esperar, mas ele precisa da nossa energia positiva agora. Ok? Prometo assim que ele estiver melhor... eu te levo lá.
Cesar: - Ouviu né? Nada de agitação. Não faz bem para você.
Cristovão: - Tá bom. Você promete né? (erguendo o braço e apontando o dedinho para Suzana)
Suzana: (faz o mesmo movimento) – Prometo.
Cesar: - Obrigado.
Suzana: - Nada. Adoro visitar o meu namorado. (piscando para Cristovão) – Agora eu preciso ir. Tchau meus amores. (saindo)
Cristovão: (com cara de bobo)
Cesar: - Acho que alguém tá namorando.
Cristovão: (coloca o lençol em cima da cabeça)
O médico procurou meu pai e disse que a transfusão havia acontecido da melhor forma possível. Mas, que ainda não havia horário para eu acordar.
Médico: - O corpo do Thiago sofreu muitos traumas. É normal que depois de tanto estresse ele reaja deste jeito.
Hélio: - Doutor. Ele vai ficar bem? Pode ser sincero comigo.
Médico: - Hélio. De todos os meus anos na medicina... nunca vi um crime tão bárbaro. O Thiago está bem. Agora é com ele.
Hélio: - Merda. Que droga. (esmurrando a parede)
Os olhos do meu pai ficaram vermelhos da cor de sangue quando ele virou para a direita. Papai viu a única pessoa que não queria. O Vitor. Meu pai se aproximou dele e deu um soco.
Hélio: - Filho da puta!!! (socando várias vezes o rosto de Vitor)
Alex: (tentando tirar Hélio de cima de Vitor) – Paiii!!!!
Bruno: - Seu Hélio!!! Calma!!!
Hélio: - Eu vou acabar com esse desgraçado!!!!
Segurança: - Que palhaçada é essa? (erguendo meu pai do chão com uma única mão)
Vitor: - Eu precisava... (cuspindo sangue) - Precisava saber como ele está...
Hélio: - Vai embora daqui e nunca mais volta. Se um dia eu te ver. Eu juro que eu mato você!
Vitor: - Se algo acontecer com o Thiago eu vou ser o primeiro a fazer isso. (saindo do hospital com dificuldade para andar)
Alex nunca viu o meu pai daquele estado. Saiu correndo. Ao perceber a burrada, ele foi procurar o Alex. Não andou muito até avistar meu irmão sentando num banco no estacionamento do hospital.
Alex: - O senhor é bom na porrada.
Hélio: - (sentando) – Digamos que eu tenha meus segredos. Filho. Desculpa. Eu deveria ser forte e... (chorando) – É tão difícil.
Alex: - Pai. Confesso que fiquei assustado com a sua reação agora. O senhor sempre foi tão racional. O Thiago fez as escolhas deles... e o Vitor fazia parte disso.
Hélio: - Quando você tiver seus filhos você vai entender.
Alex: - Pai. Eu to com medo de perder o Thiago. Sempre fui tão babaca com ele. Sei que deveria ter melhorado depois da crise de apêndice dele... mas...
Hélio: - Infelizmente aprendemos da maneira difícil. (ele disse olhando para a mão)
Na escola havia muitos policiais. A diretora Flora apesar de tudo cooperou com tudo. Todos os professores foram investigados e os funcionários da empresa. A professora Samira parecia muito abalada, tanto que não me visitou no hospital. Ela lembrou muito do Lúcio. A área do porão da escola foi bloqueada.
Suzana precisou pegar uns pertences que deixou durante a confusão na noite do baile. Ela entrou no salão e viu tudo do jeito que estava. Fechou os olhos e ouviu os risos, a música e a alegria. Caminhando pela escola, ela encontrou meu celular e não conteve as lágrimas. Na sala de música Suzana sentou na cadeira do piano e recordou a primeira vez que me viu tocar.
Suzana: - Droga. Eu não posso perder outro amigo. Por favor Deus. (tocando algumas notas do piano)
Suzana:
Alguns dizem que o amor, é um rio
Que afoga a relva macia
Alguns dizem que o amor, é uma navalha
Que deixa a sua alma sangrando
Alguns dizem que o amor, é uma fome
Uma necessidade dolorosa que nunca acaba
Eu digo que o amor, é uma flor
Em você, sua única semente
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Suzana lembrou dos nossos momentos juntos e de como algumas atitudes dela não são adequadas. Ela chorou durante alguns minutos e voltou para o hospital. Lá deitou ao lado de Cristovão. Num andar a baixo, Ludmila continuava observando Gustavo dormir, ela acariciava os cabelos dele.
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Ludmila:
É o coração, receoso de quebrar
Que nunca, aprende a dançar
É o sonho, receoso de acordar
Que nunca, aproveita a chance
É o único, que não pode ser pego
Por quem não pode, parecer entregar
E a alma, receosa de morrer
Que nunca, aprende a viver
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Kim se afastou quando o médico retornou para conversar com o meu pai. Ela não queria estar presente se fosse uma notícia ruim. A japonesinha ficou apenas observando com lágrimas nos olhos. Recordou os momentos de terror que viveu ao lado de Thiago. O desespero, impotência e medo. Ela desejava apenas que tudo terminasse bem.
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Kim:
Quando a noite houver, sido solitária
E a estrada, longa
E você pensar que o amor é somente para os afortunados e os fortes
Lembre-se que no inverno
Abaixo da neve amarga
Descansa a semente
Que com o amor do sol, na primavera
Será a rosa
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Médico: - A transfusão foi um sucesso. O Thiago reagiu bem. Esperamos que ele acordo dentro de pouco tempo.
Hélio: - Obrigado doutor.
Elizabeth: - (segurando a mão de Hélio) - Eu disse. Tudo vai dar certo.
Hélio: - (abraçando Elizabeth) - Obrigado.
Kim: - (olhando para o céu) - Obrigada Deus. (enxugando a lágrima)