Ate Você Ser Meu - Capitulo 2

Um conto erótico de Jader Scrind
Categoria: Homossexual
Contém 2008 palavras
Data: 29/07/2015 17:26:05
Assuntos: Gay, Homossexual

Depois de algumas horas já dava pra medir a quantas ia a festa pelo tamanho da fila para o banheiro, cheio de gente que queria se livrar da cerveja que já estava na bexiga para poder tomar mais, e uns tantos que só queriam vomitar. Quando eu contei quinze pessoas nessa fila, era porque já deviam ser três da manhã. Marina queria ir embora, que eu a levasse pra casa, e eu disse que não sabia de cor nenhum número de taxi para nos levar.

- Não tem problema, a Julinha já tá indo também, vamos no carro dela.

- A Julinha passou a noite toda acompanhada de uma garrafa de tequila, não entro num carro com ela nem se estivesse fugindo da policia.

- Que exagero, ela ta bem, olha lá.

Eu olhei. Ela não estava bem. Dançava sensualmente com um vaso de planta. Não estava nada bem.

- Vem comigo. Vou falar com um amigo meu. Ele deve saber o número de algum taxista.

Não foi fácil encontrar o Wilian naquela algazarra toda, ja tinha menos gente do que quando conversamos, mas os que ainda estavam la estavam todos bem bêbedos, alguns dormindo no tapete outros dançando bem desajeitadamente, de olhos fechados, deviam até ter se esquecido que não estavam em casa, mas sim numa festa cheia de colegas e que nos veríamos outra vez na segunda-feira, com que cara eu olharia para a Julinha depois de ver ela vomitando no seu parceiro de dança, o vaso de planta? E pior, com que cara ela me olharia?

Preferi nem pensar, isso era problema dela, eu ainda nao estava bêbado e não passava vexame. Encontrei o Wilian do lado de fora, no quintal dos fundos, bebendo uma Smirnoff enquanto via um grupo de rapazes do curso de biologia fumando um narguilé de quase um metro de altura - onde esses caras estavam guardando esse troço que apareceu aqui em casa do nada? - ele comentou quando me viu ao seu lado. Eu só sorri, e com esse pequeno sorriso quis dizer, provavelmente estava escondido em algum orifício corporal. Ele entendeu.

- Ei Wiliam, essa aqui é Marina. Marina, Wiliam.

Eles beijaram o rosto e ela comentou: você deve ser o único dos amigos do Tiago que eu ainda não conhecia.

Ficou meio subentendido que eu havia dito a ela que ele era meu amigo. Ele deve ter percebido isso e no fim do abraço seus olhos pareciam grudados em mim. Ao mesmo tempo em que me senti meio confiado demais, afinal chamar de amigo alguém com quem voce so falou duas vezes na vida era uma exagero daqueles; por outro lado, eu gostei de ela ter dito aquilo, gostei que ele soubesse. Era estranho, eu nao sentia que ele pudesse me repreender por qualquer coisa que eu dissesse ou fizesse, ao contrario de alguns amigos que nao gostavam nem que tocassem neles, como talvez eu também não gostava que tocassem em mim.

- A gente tava querendo saber se você sabe do numero de algum taxista, nem sinal de celular estamos conseguindo pra ver na internet - Marina quem explicou.

- Vocês já vão?

- Já sim, eu já estou caindo de sono.

- E você, Tiago?

- Eu to bem ainda, mas vou com ela.

- É que um amigo meu vai embora daqui a pouco, se vocês morarem no caminho ele dá carona com certeza. Táxi bandeira dois é foda...

- Acho difícil ser caminho dele a casa de nós dois, ela mora na norte, eu na leste. Não fica no caminho de ninguém.

- Ele mora na zona norte também, ele pode levar você, e, Tiago, se tu quiser, vai ter uma galera dormindo aqui hoje, é só ficar. Vocês dois podem ficar a vontade pra dormir aí.

Eu me sentia no meio de um jogo muito bem jogado por ele, amigos com carona que só poderiam levar a Marina, eu dormir aqui. Claro, claro, havia uma chance gigantesca de ele só estar querendo ser camarada, de estar se esforçando para que agora sim surgisse uma amizade entre nós. Parecia que sempre quiséramos isso, nos cumprimentando esse tempo todo, mas havia uma timidez, uma falta de assunto ideal, uma falta de amigos em comum. O pessoal do narguilé deitava no chão e pelas suas feições pareciam estar vendo dragões no céu em vez de estrelas. Voltei a olhar pro Wilian e ele virou a garrafa de Smirnoff olhando para mim. Sinceramente, mesmo nao havendo em nós nenhum sinal de feminilidade, eu torcia para que ele tambem passasse por essa situação confusa e ambígua de nao ser gay mas sentir um... Qual é a palavra? Droga, nunca soube nomear as coisas.

- Que que voce acha, amor? - Marina me perguntou. - Você sabe que eu não posso dormir aqui, mas se você quiser ficar eu vou nessa carona numa boa.

E essa era a hora x. Se fosse tudo armado por ele, esse plano todo que me deixaria na sua casa, agora eu podia dizer nao, eu podia pegar essa carona tambem e dormir na casa da Marina, eu podia preferir um taxi, eu podia encontrar outra pessoa naquela festa que fosse pra zona leste, eu podia inventar um milhão de razoes de explicar meu "não" e em todas elas dariam para ele entender que eu não estava a fim de me aproximar mais, como amigo que fosse, que era o que mais claramente Wiliam parecia trabalhar para que acontecesse. Mas dizer "sim" só significava sim. Tudo, sim, ser amigo, estar entendendo o que ele estava tentando fazer, concordar com tudo. Ele me olhava, eu o olhava.

- Sim, por mim tudo bem.

Alguém soltou fumaça de narguilé para cima e ela parecia vermelha.

Conversei com esse amigo do Wiliam, ele levaria mais gente para casa, não só a Marina, era um cara bacana e os acompanhei ate lá fora, me despedindo dela com um beijo que não era tão ardente, com o tempo essas coisas acontecem menos, cada vez menos. Wiliam apareceu do nada assim que o carro partiu, trazia dois copos de cerveja e me deu um.

- Já que voce vai dormir aqui, pode beber agora, né?

Depois que disse aquele primeiro "sim" para ele, já nem sabia como pronunciar a outra palavra. Peguei o copo, tomei metade num gole só e voltamos para dentro. Ja nao era Red Hot e eu nem ligava pro que quer que estivesse tocando, falava com ele sobre de onde conhecia tal pessoa quando ela passava pela gente, ele na maioria das vezes nao conhecia, mais da metade daquelas pessoas não foi ele quem convidou. Eu falei "Que bom, se não eu não estaria aqui" ele nao entendeu por causa da musica, o peguei pelo ombro e repeti no seu ouvido, ele disse que então eu tava certo, tambem segurando no meu ombro para falar no meu ouvido. Escandalosamente próximos nossos corpos um do outro, para dois rapazes. Ele nao afastou, continuou ali comigo para continuar conversando "Por que a gente nunca se falou, cara? Sério mesmo, eu achava você um cara muito massa. Inteligente e tal."

Eu tinha cara de gênio, o que so servia para decepcionar as pessoas porque na verdade eu nao era um.

- Valeu pelo achava. - respondi para ele, suas costas numa parede, meu corpo na sua frente, quando eu me aproximava mais para falar no seu ouvido parecia que íamos nos espremer naquele pequeno espaço.

- O quê? Como assim? - ele perguntou.

- Você pôs no passado, achava.

Ele riu - É modo de dizer. Ainda acho. E você por que não puxou assunto também?

- Tu era muito novo, eu não me misturo com criancinha - Falei brincando, ele era só dois anos menor, mas já estava na minha altura, o que não queria dizer muita coisa, já que eu parecia ter desistido de crescer na metade do caminho. A música aumentou. Mesmo pressionado contra a parede nas suas costas, ele veio pra frente, se seu corpo se aproximou mais do meu como se assim eu o ouvisse melhor, seu peito contra o meu, em contato.

- Agora eu cresci. - se afastou outra vez, bebeu mais um gole, sorrindo da brincadeira.

Algumas garotas apareciam as vezes pra puxar uma conversa com ele. Putas, na maioria. Mas William as dispensava, sempre de um jeito tao educado e natural que nem parecia que as estava dispensando mesmo, mas eu percebia. Ele sabia que eu nao conhecia mais ninguém ali, a minha cerveja acabou depois de um gole nervoso. Ele me deixava assustado com o que podia acontecer, ou ansioso. Fazia academia, não no mesmo lugar que eu, mas fazia ainda hoje. Seus braços eram grossos porém não no excesso que fazia com que fossem as partes de seu corpo que mais se destacavam, que esse posto ficava com o seu sorriso. Droga, minha amiga tinha razão, ele tinha um sorriso bonito, seus pequenos olhos ficavam ainda menores quando ele sorria, o cabelo cortado a maquina os ombros com seu trapézio. Tiago me trouxe mais, agora em lata. E bebia mais uma também e veio perguntando que curso eu fazia. Letras, e ele? Engenharia. Falávamos sobre professores, sobre as turmas, sobre a época do colégio. Em nenhum momento falamos sobre mulheres. Nem Marina, nem as garotas daquela festa que em algum momento ele ja deve ter pegado, com certeza pela maneira que elas o olhavam a distancia, disponíveis para uma segunda dose. Nem falamos daquela minha amiga la atras que foi o motivo de nos conhecermos. E no único momento que o papel ficou mais erótico foi quando ele disse "Voce tem cara de que nunca fica com a cama vazia" mas era uma frase fora do contexto, porque falávamos sobre coisas muito loucas, uma comedia em cartaz talvez, não lembro bem mais o que levou a essa frase que foi quando comecei a ligar meu senso de memoria, porque a partir dali a conversa ficava importante. Não parava de beber mais e mais cerveja e agora sim ja meio bêbado respondi: "Tu fala como se tivesse jeito pra padre." ele não tinha. Tinha jeito de bom de cama, de fodedor. E uma bunda que me incendiava, mas eu nao olhava para ela a menos que tivesse certeza absoluta que ele nao estava olhando. Nao era como uma bunda de mulher, nao era do tamanho da bunda da Marina, mas tambem nao era questão de tamanho, era questão de ser a bunda dele, a bunda proibida de se olhar e de se tocar e de se ter. Ele nao era afeminado, eu nao era afeminado, como isso aconteceria? Bebia bebia e ja pensava em como seria o sexo com ele? Havia algo de muito diferente em Wiliam e que me derrubava. Não queria ver o geral, não queria pensar no que implicava estar interessado nele, gêneros, rótulos, definições.

Falei que queria dormir quando ja havia vinte e cinco pessoas na fila do banheiro: cinco da manhã. Ele falou para eu segui-lo, nossas línguas ja nao obedeciam e falávamos engraçado. Pensávamos engraçado. Seu quarto era o único que estava trancado a chave, ele disse que eu podia ficar ali, tirou uma copia do chaveiro e me deu. Deitei na cama de casal e mergulhei no seu travesseiro, no seu cheiro, aspirei. Bêbado, louco, inconsequente. Nem percebi que ele ainda estava na porta e me viu. Dormi.

Mais ou menos acordei (so abri os olhos mas ainda com sono demais para pensar em levantar) quando ele abriu a porta outra vez e ja era dia pela luz na janela, manhã cedo, e ele murmurou "ate que enfim foi todo mundo embora" tirando o tênis na hora e subindo de joelho na cama, e tirou a camisa "O resto da casa tá uma bagunça" meio que se justificando por deitar ali do meu lado, no outro travesseiro e eu fechei os olhos outra vez, sabendo que nao foi sua intenção quando ele, algum tempo depois, já mergulhado no seu sono, se virou na cama e seu braço veio sobre minhas costas. Mas ainda era tanto, tanto, tanto sono que nem liguei para o braço ali e voltei a fechar meus olhosContinua...

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Comentários

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Que conto excelente. Tá em falta ultimamente...

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Own... Depois de muito tempo sem vir aqui na CDC (meses, falta de tempo) Eu me deparo com um título super-atraente, e a história, aí a história mais atraente ainda, você escreve muito bem, continue (Logo ??! Please ), História Super *-*

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Muito bom. O negócio parece que vai começar a pegar fogo.

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Espertinho esse William. Nao dá ponto sem nó. Tá ótimo, Jader. Quando eles se pegarem que seja algo hard rsrs.

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