- Escuta aqui! Vamos parar? Já chega! Ou vocês vão se ver comigo. Está é uma viagem para nos divertimos e não pra causar picuinhas. A próxima gracinha de vocês e eu conto para os meus irmãos! – disse ela séria e furiosa.
Ela parou na casa do Eduardo e buzinou. O jovem rapaz que usava um par de óculos fundo de garrafa, surgiu, acenando para o amigo.
- Por um minuto eu pensei que você não iria. – Rafael o abraçou.
- Farei o sacrifício por você. – ele riu. – Bom dia pessoal! Tudo bem com vocês? – ele se virou e cumprimentou o resto.
- Bom dia querido. Bom, agora, pé na estrada e rumo à diversão.
Pelo visto a Beatriz era a única que estava muito empolgada com a viagem. Por um minuto, Rafael tentou imaginar o que poderia haver de interessante numa fazenda. Nenhuma opção lhe ocorreu na memória, apenas o tédio e a decepção de está fazendo a viagem por uma obrigação e não por prazer.
Leonardo ia no banco da frente, totalmente inerte ao seu fone de ouvido. Ele usava bermuda larga, uma camiseta e boné para trás, o que deixava os seus traços perfeitos em exibição. Ele tinha 23 anos, ou seja, era sete anos mais velho do que o primo Rafael, mas a sua tração por ele era muito grande. Tinha um tesão incontrolável na bunda dele, por ser tão redonda e roliça. Rafael por sua vez, tinha vontade de matá-lo, pelo simples fato do Leonardo querer se meter na vida dele e tentar controlá-lo. Mas algo era inegável: ambos possuíam um desejo mútuo, que só aumentava a cada briga.
Duda não parava de conversar com o amigo. Eles compartilhavam segredos, fofocas e muitas aventuras juntos.
- Aff! Depois de quatro horas, finalmente chegamos. Eu pensava que este lugar ficava no fim do mundo. – reclamou Eduardo.
- Mas aqui é o fim do mundo. Eu só espero que o Wi Fi funcione neste lugar, pois eu não fico sem internet nem por um decreto. – disse o Rafa.
- Querem parar de frescura, e me ajudar a tirar as malas do carro? – berrou o Leo, que suava mais do que tudo. Era verão e o calor estava insuportável. – Quer saber?... – ele tirou a camiseta, exibindo seu belo corpo. Duda quase enfartou, e o Rafael fez pouco caso.
Enquanto isso, a Beatriz era recebida pelo caseiro e sua esposa. Eles eram contratados pelo pai do Rafa, para tomarem conta do local, assim como dos animais. De repente, uma cena fez com que o Rafael ficasse completamente hipnotizado.
- Olha só que casa linda o seu pai tem! Estou encantando com este lugar. – o Eduardo olhava tudo ao seu redor, boquiaberto, mas o Rafael observava mesmo, era um homem forte, com a pele bronzeada do sol, e com olhos vibrantes. Era uma beleza exótica e excitante, que o deixou extasiado. O homem estava atento as ordens que lhe eram impostas por sua tia.
- Duda, eu acho que vou adorar este lugar. Meu Deus, que homem! – disse ele, ainda perplexo pela virilidade do rapaz.
Percebendo o olhar do primo para o tal homem, Leonardo fez questão de jogar uma mala nos braços dele, para que ele acordasse do transe. Na verdade, ele estava sentindo ciúmes.
- Ai! Seu idiota! – ele reclamou do gesto.
-É para você me ajudar e não ficar olhando para os outros.
- Tá incomodado? Acha que só você é o gostosão? Taí a prova de que existem homens tão lindos e perfeitos e muito melhor do que você.
- Está se referindo aquele caipira ali? Com cara de jeca tatu? – Hã, sou mais eu! – Leonardo ergueu o peito.
- A tia de vocês vai perceber que estão discutindo por causa de um homem. Você ficou louco Rafa? Esqueceu que a sua família não sabe que você é gay? – Duda sussurrou ao pé do ouvido dele.
- Vamos Eduardo. Vamos entrar e tomar uma água. Certas pessoas poluem o ambiente. – disse ele, lançando um olhar fulminante para o primo. Já na cozinha, Rafael não parava de comentar do rapaz.
- Amigoo! Você viu aquele cara lá fora? Que homem delicioso. Eu nunca imaginava que encontraria um Deus daquele perdido neste lugar. Tô passado. Eu quero ele...
- Quer parar com esse fogo? Você nem sabe se o cara é gay. E mesmo que fosse, a sua tia é muito observadora e ela vai ficar de olho em você. Vê se não vai me aprontar nada, pelo amor de Deus.
- Ai Duda, relaxa! Eu já estou pensando numa forma de puxar assunto com ele. Já sei! Vou pedir pra que ele me ensine a andar a cavalo. – ele estava derretido pelo rapaz. Nunca havia ficado daquele jeito por homem nenhum.
- Eu sei qual é a sua intenção... Quer que o homem fique se esfregando em você, e claro, irá se fazer de bobinho. Dirá que tem medo de cair, para que ele segure a sua mão... Ah, Rafael! Menos, por favor. Você está no cio?
- Você é um estraga prazeres!
- Posso saber sobre o que tanto vocês fofocam?- eles foram interrompidos pelo Leonardo.
- Não é da sua conta! – bradou o Rafa.
- A tia Beatriz está chamando os dois lá na sala. Ah, e eu estou de olho em você, só pra te deixar avisado.
- Vai pro inferno! Foda-se você! – ele se retirou junto com o amigo.
*******
- Meninos, estes aqui são o Sr. Antônio e a sua esposa Josefa. E este aqui é o filho deles, o Marcos.
O rapaz lançou um sorriso largo, e o Rafael prontamente devolveu com outro.
- Tia, eu já conheço o tio Antônio e a tia Josefa. Parece que a senhora esquece que eu vinha pra cá na infância, e que passava as minhas férias aqui.
- É verdade querido, eu esqueço. Mas você chegou a conhecer o Marcos?
- Na verdade não. O nosso filho morava em Minas Gerais. Ele foi pra casa da tia terminar os estudos e só agora voltou pra cá. – disse o Seu Antônio.
Bem que o Rafael não se recordava dele. Nunca tinha o visto na fazenda.
- Bom, agora, se quiserem tomar um banho. A Josefa vai mostrar o quarto do Eduardo. Rafael já tem o quarto dele, assim como o Leonardo... E do mais, divirtam-se. Juízo e nada de dar trabalho ouviu Rafael?
- Eu acho melhor vocês me colocarem na cruz e arremessarem pedras. Poxa! Porque acham que eu sempre tenho algo de ruim pra fazer? Se eu vim pra cá, ao menos tenho direito a paz. – ele saiu chateado, e o Eduardo foi atrás.
******
- Eu estou cansado dessa implicância. Será que nem neste fim de mundo, eu fico em paz? Droga!
- Não fica assim amigo. Vem, vamos lá fora aproveitar o sol maravilhoso. Aqui deve ter algum rio, cachoeiras...
- Tem sim. Boa ideia! Espera só eu pegar uma sunga.
- Ok! Enquanto isso, vou na cozinha beber uma água. O calor está demais. – disse o Duda.
Ficando sozinho em seu quarto, Rafael tirou a bermuda, ficando pelado e procurando em sua mala que ainda ao havia sido arrumada no armário, uma sunga para tomar banho de rio.
- Eu juro que coloquei sunga nessa droga! – ele falava sozinho, até ser surpreendido pelo Leonardo. Que observa ele pela greta da porta.
- Nossa, que saudades dessa bunda. Quer me provocar desse jeito?
CONTINUA...