Um Amor Improvável (Episódio 04)

Um conto erótico de leopinheiro
Categoria: Homossexual
Contém 5519 palavras
Data: 31/07/2015 01:30:04

-> (Imagine Dragons - It's Time. https://youtu.be/sENM2wA_FTg)

Na mesa, dois copos vazios. No rosto, olhares perdidos. Fiz o sinal para o garçom pedindo mais uma dose. Ele veio com a garrafa de whisky e começou a me servir, quando ia parar fiz um sinal com a mão para que ele colocasse mais, ele então continuou a derramar aquela bebida em meu copo. Já estava em mais da metade do copo quando falei para ele parar, ele fez uma piada que simplesmente não escutei, não porque não queria, mas porque meus ouvidos zumbiam, eu não conseguia escutar nada que acontecia ao redor. O garçom fez um sinal perguntando a Vinicius se queria que enchesse também o seu copo, ele disse que não, então o garçom foi embora. Peguei meu copo e o levei até perto da boca, o cheiro do whisky me fez voltar um pouco a realidade, então olhei para Vinicius, nossos olhos se encontraram, mas eu não aguentei, desviei o olhar e tomei um bom gole daquele whisky, com a esperança que aquela bebida levasse a realidade pra bem longe de mim, não estava querendo confrontar aquela realidade naquele momento.

O silêncio já estava começando a ser um martírio. Eu não conseguia falar nada, Vinicius me encarava como esperando alguma reação vinda de mim, mas eu como sempre estava imóvel. Quando recebi aquele beijo eu simplesmente fiquei sem ar, meu coração parou, acho que meu corpo desligou por alguns momentos. Eu mais uma vez não sabia o que fazer e simplesmente saí andando, parei no quiosque mais próximo, sentei em uma mesa e pedi uma dose de whisky. Vinicius veio logo em seguida e também bebeu uma dose.

Mas será possível que sempre vou agir assim com ele? Eu vou ficar sempre quieto? Sem saber o que fazer? Não! Eu preciso encarar o meu sobrinho, preciso entender o que está se passando, preciso compreender sua mente, não vou abandoná-lo dessa vez. Peguei meu copo, respirei fundo e virei tudo de uma vez. Aquela bebida desceu rasgando minha garganta, mas era exatamente o incentivo que eu precisava pra falar alguma coisa.

- Guto: Então... (fiz mais uma careta por causa do whisky, enquanto Vinicius olhou com atenção para mim)

- Vini: Então...

Fiquei olhando para o rosto dele por alguns segundos. Olhei em seus olhos, olhei para cada sarda que explodia em seu rosto branco e delicado, olhei para o contorno daquela boca vermelha, olhei novamente em seus olhos.

- Guto: Não sei exatamente o que falar... mas dessa vez... estou aqui... não vou ignorar o que aconteceu... (Vinicius deu um pequeno sorriso, apoio suas mãos na mesa e se levantou)

- Vini: Vêm tio, vamos embora, depois falamos sobre isso. (De repente, uma raiva me dominou e falei firme com ele)

- G: SENTA AÍ! (Vinicius se assustou e me lançou um olhar sério) SENTA NESSA CADEIRA! (Ele foi se sentando vagarosamente. Quando ele se sentou, eu respirei fundo e continuei) Eu escutei seu choro, seus gritos, suas mágoas exatamente por eu ter abandonado você, por não ter feito nada naquela época... aí agora que eu estou aqui... aberto a um diálogo, você simplesmente quer ir embora? Conversar depois?

- V: Mas é que tio...

- G: É que tio nada! Nós vamos conversar, aqui e agora. (Eu baixei meu tom de voz e falei) Quando uma pessoa acorda, no meio da madrugada, e vê uma criança de 11 anos chupando seu pau... eu aposto que qualquer pessoa normal iria surtar... exatamente como eu fiz... aposto inclusive, que muitos não teriam ideia de como agir depois... infelizmente eu fui uma dessas pessoas, eu fiz tudo errado, agi errado, continuei agindo errado, confesso que fiz a merda... mas agora... quando um jovem de 18 anos, te dá um beijo na boca, na praia, as vistas de todo mundo, ou seja, todo mundo poderia ver... aaaah, nessa situação eu sei como agir, aqui eu sei o que fazer... (Vinicius me lançou um olhar provocativo)

- V: Aah, sabe é?

- G: Sim, eu sei... e agora, o senhor vai me falar direitinho o que tá acontecendo... você não é mais uma criança... então ninguém vai fugir da situação... (Vinicius ficou um pouco irritado com minha atitude)

- V: É, porque foi a criança que fugiu da primeira vez...

- G: Não muda de assunto Vini, por quê você me beijou?

- V: Tio, eu achava que você era inteligente...

- G: Para de enrolar... você gosta de mim? (a pergunta foi como um soco no Vini, ele ficou sério na hora)

- V: Eu...

- G: Você...

Vinicius de repente começou a ficar tímido, ele corava a cada olhar que lançava em minha direção. Ele gaguejava um pouco, não conseguia formar a frase direito. Percebi que suas mãos também tremiam um pouco, ele se mexia o tempo todo na cadeira.

- Guto: Você não vai me responder?

- Vini: Eu... tio... eu... (ele gaguejou mais um pouco até que falou) sim tio... eu amo você... (olhei fixamente para ele durante um tempo, mas enfim consegui falar alguma coisa)

- G: Por que você acha que gosta de mim? (Vini me olhou um tanto quanto incrédulo)

- V: Por que eu acho que amo você?

- G: Sim, o que te faz ter tanta certeza que gosta de mim?

- V: Que tipo de pergunta é essa? Eu... eu não sei explicar isso... eu simplesmente sei... eu sei que amo você... é o que eu sinto... (mais uma vez fiquei em silêncio analisando a situação)

- G: Mas... estamos a tanto tempo sem nos falar, sem termos contato... como você pode gostar de mim? (Vinicius começava a ficar cada vez mais inquieto)

- V: Eu sei lá! Eu amo você e ponto. Eu sempre senti isso.

- G: Sempre sentiu isso?

- V: Sim tio, desde sempre... desde que eu me lembro... eu sempre amei você...

- G: Você era uma criança Vinicius, crianças não entendem dessas coisas... você sentia era uma... uma... uma admiração por mim... (Vinicius se remexia na cadeira)

- V: Admiração? Realmente... era uma admiração tão grande que meti a boca no seu pau... (fiz um sinal para ele falar baixo)

- G: Fala baixo caramba! Vinicius, crianças não têm esses sentimentos... você estava confuso...

- V: CONFUSO?!

- G: Claro, essa é a única explicação...

- V: Tio, me escuta! Presta atenção! Naquela época, eu já amava você sim, era um amor puro... eu queria estar o tempo todo com você, queria você comigo... eu... eu sabia o que sentia... eu sabia que aquilo era amor... o que aconteceu aquela noite foi... foi... uma circunstância... eu tive curiosidade... eu realmente não sabia direito o que estava fazendo... mas o que eu sentia e ainda sinto... isso eu tinha e tenho certeza... é amor...

Vinicius falava com certeza, com emoção. As palavras saíam como música de sua boca. Meu sobrinho realmente estava apaixonado por mim, mas eu simplesmente não sabia o que fazer. Eu nunca vi o meu sobrinho desse jeito, afinal ele é meu sobrinho, ele é família. Outra coisa, a última vez que tinha visto meu sobrinho ele era uma criança, eu jamais o veria dessa forma. O que falar pra ele? Como resolver essa situação?

Coloquei minhas mãos sobre a mesa e pedi para que Vinicius colocasse suas mãos sobre as minhas. Segurei em suas mão, olhei em seus olhos, dei um sorriso e falei.

- Guto: Vini... deixa disso... isso é... isso é amor de criança... isso passa... (Vinicius arregalou os olhos e continuou olhando pra mim) Você têm muito ainda o que descobrir, conhecer da vida, você pode nem ter certeza se você é... se você é...

- Vini: Gay? É isso que você quer falar?

- G: Justamente... você pode nem saber isso ainda... você ainda é muito jovem... (Vinicius tirou suas mãos de cima das minhas)

- V: Eu não to acreditando que você tá falando isso...

- G: Mas Vini... é verdade... você ainda é muito jovem... tudo pode mudar... (Vinicius se levantou com raiva)

- V: PARA DE ME TRATAR COMO CRIANÇA!

- G: Vini, eu não estou falando que você é criança...

- V: Para! Por favor para! Logo você falar isso...

- G: Logo eu? Vini, não confunda as coisas, eu sei que você acha que me ama... mas não deixe essa sua admiração confundir sua mente...

- V: MEU DEUS! Admiração é o que eu menos tenho por você no momento! Eu disse logo você falar isso... porque logo você, que brigou com todos pra ser quem você é... não ficou se enganando e nem enganando a ninguém... logo você vir falar que eu não tenho certeza de mim? (fiquei sem palavras na hora, completamente mudo, minha garganta secou)

- G: Vini, não confunda as coisas... eu... eu tomei essa decisão depois de um bom tempo... quando tive completa certeza... (Vini me interrompeu)

- V: Completa certeza?! Tio, qual é o seu problema? Isso não é uma escolha! Não têm resposta certa! Eu sei quem eu sou desde sempre, sempre soube que era gay, da mesma forma que sempre soube que te amava... eu tio... eu não tenho medo... muito diferente de você...

- G: Medo?

- V: Eu não tenho medo da vida tio... eu não tenho medo de viver... não tenho medo de amar... não tenho medo de ser feliz... agora realmente, onde eu estava com a cabeça? Por que eu imaginei que me declarar pra você poderia mudar alguma coisa? E eu fantasiando esse momento na minha cabeça durante anos... anos... eu fantasiei me declarando pra você, falando que sempre te amei... imaginei você dizendo o mesmo pra mim, falando que estava apenas esperando o momento certo, falando pra mim que não importava que éramos tio e sobrinho, que iriamos lutar por esse amor juntos... mas como isso poderia acontecer?! Se nem saber se você ama o Thiago você sabe... (fiquei completamente sem respostas na hora) Eu sei que isso era uma fantasia, nada disso poderia acontecer, afinal eu não sabia se você sentia alguma coisa por mim... não ter um relacionamento com você eu até esperava, mas agora essa atitude sua comigo... (Vincius olhou para o lado, respirou fundo, olhou novamente para mim e disse) é... eu tô vendo que você não mudou em nada... você continua fugindo... continua sendo um covarde...

Vinicius foi saindo do quiosque e indo em direção a rua. Me levantei rapidamente e fui atrás dele, o garçom logo veio gritando, lembrei que não tinha pagado a conta. Vinicius olhou para mim e continuou indo em direção a rua. Perguntei aflito ao garçom quanto tinha dado a conta, ele começou a falar os valores de cada bebida, foi fazendo conta. Peguei minha carteira, tirei uma nota de 50 e uma de 20 reais, perguntei se aquilo pagava, ele respondeu que provavelmente sim, coloquei o dinheiro em sua mão e saí correndo.

Quando olhei novamente na direção de Vinicius, vi que um táxi tinha acabado de parar, ele estava abrindo a porta e entrando. Corri na maior velocidade que podia e consegui alcançar o táxi antes de ele partir. Bati na janela e ele abriu um pouco.

- Guto: Vinicius, o que você pretende fazer? (Vinicius me olhou com raiva de dentro do táxi e falou)

- Vini: Uma coisa você falou certo hoje... aqui não têm mais criança... eu me viro... vamos embora taxista...

O táxi partiu e eu fiquei olhando, incrédulo, ele se distanciar. Não estava entendendo a dimensão de toda aquela conversa, achava tudo exagerado. Meu sobrinho agia exatamente como uma criança, ou será que eu estava entendendo tudo errado? Meu Deus do Céu, onde será que ele vai? Ele não conhece o Rio direito... Eu não sei se ele têm dinheiro... Eu não sei nem o número do celular dele... O que eu vou fazer?!

-> Um Amor Improvável (Tegan and Sara - Closer. https://youtu.be/9e9NSMY8QiQ)

Eu abri a porta desesperado, entrei como um furacão procurando Vinicius por todos os lados, fiz até parecer que meu pequeno conjugado era uma enorme cobertura. Thiago estava sentado no sofá, ele olhava assustado pra mim e não disse uma palavra. Dei um soco na parede e comecei a chorar, encostei minhas costas na parede e fui escorregando até sentar no chão. Em poucos minutos senti um calor ao meu redor, Thiago me abraçava e começou a fazer um carinho em meus cabelos, como mágica fui me acalmando aos poucos.

Thiago então me ajudou a levantar e me levou até o sofá. Sentamos no sofá e ele continuou me abraçando e me fazendo carinho. Minha respiração aos poucos ia ficando normal, eu já conseguia pensar com um pouco mais de clareza. Ele continuou fazendo carinho por um tempo, até que perguntou.

- Thiago: E então... posso saber o que aconteceu? (eu comecei a ficar nervoso de novo, não sabia se devia contar para Thiago o que realmente tinha acontecido, ele foi tentando me acalmar de novo) Calma... calma... não precisa me falar nada então...

- Guto: Não é isso... é que... a conversa não foi muito como imaginei que poderia ser...

- T: Pelo visto vocês discutiram... foi sério? (olhei para o rosto de Thiago e respondi)

- G: Eu... eu não sei... (na hora eu dei uma risada sem graça)

- T: Que foi? Por que você riu?

- G: Ri porque um dos motivos dessa briga foi justamente essa frase: "eu não sei" (Thiago me olhou confuso) Tá... eu tenho que te contar... preciso de ajuda... (Thiago se ajeitou no sofá) Bem... começamos a conversar tranquilamente, ele fazendo perguntas sobre mim, sobre nós, falando que tinha gostado de você... estava feliz por estarmos tendo um diálogo depois de tanto tempo... aí conversa vai, conversa vem... ele... ele falou para mim que era gay... (Thiago arregalou os olhos surpreso)

- T: Uau!! Gay?! Ele?!

- G: Pois é... (Thiago ficou um pouco pensativo)

- T: É... definitivamente meu gaydar não funciona mais. Eu nem imaginei uma coisa dessas! (dei um tapa na perna do Thiago)

- G: Eu tô falando sério! Sem brincadeiras... (ele pediu desculpas rindo) então... aí que começou a confusão...

- T: Confusão?! Mas ele falou isso para a melhor pessoa que ele poderia ter falado, o tio GAY dele... como isso acabou em confusão? (fiquei um pouco envergonhado, mas precisava continuar modificando um pouco a história real)

- G: Então... eu lembrei de como foi difícil pra mim na época, todos os problemas com a família, tudo o que aconteceu... e... eu acho... que meio que desencorajei ele... (Thiago fez uma cara de surpresa)

- T: Desencorajou? Como assim, amor?

- G: Eu... eu perguntei se ele tinha certeza disso... disse que ele era muito novo e que tinha muitas coisas para conhecer ainda... que tudo poderia mudar... que as vezes nos impressionamos com alguma coisa e depois percebemos que não era nada daquilo... (Thiago foi fazendo uma cara de reprovação) que as vezes... as vezes... (fiquei olhando para Thiago) eu tratei ele como uma criança né? (Thiago fez que sim com a cabeça)

- T: Amor, eu preciso ser sincero... o que me incomoda mais não é você ter tratado ele como uma criança... sabe, eu até entendo você não desejar que seu sobrinho seja gay, realmente, não é uma vida fácil, conviver com preconceitos, discriminações, essas coisas... mas... logo você... (pensei em quais eram as chances de duas pessoas me falaram essas mesmas palavras, no mesmo dia) que lutou tanto pra ser quem você é, que lutou tanto pra ser respeitado por quem você é... meio que... meio que você não respeitou o seu sobrinho... duvidando do que ele sente sobre si próprio... é a vida dele sabe...

Olhei para Thiago e fiquei sério. Ainda achava toda a atitude do Vinicius exagerada, mas agora começava a entender algumas coisas, entendi principalmente que, eu mais uma vez abandonei meu sobrinho. Mais uma vez eu não o apoiei, não o ajudei, não o aconselhei quando deveria. Eu mais uma vez escolhi o caminho mais fácil, eu fugi. Fugi da responsabilidade.

Olhei meu celular e vi que eram 20:30. Eu não fazia ideia de onde ele poderia estar ou fazendo. Eu não sabia nem o número do celular dele. Eu precisava falar com ele, precisava pedir desculpas, tinha que pedir pra ele voltar pra casa.

- Thiago: E cadê ele? (Thiago perguntou me fazendo lembrar que estávamos conversando)

- Guto: Ele saiu bravo comigo, entrou em um táxi e foi embora...

- T: Embora pra onde?

- G: Não faço ideia... (Thiago ficou surpreso)

- T: Já ligou pra ele?

- G: Eu não sei o número do celular dele... (Thiago fez um movimento negativo com a cabeça)

- T: E tá esperando o que pra ligar pra sua mãe ou pra sua irmã pedindo?

- G: E falar o quê? Que ele sumiu?!

- T: Sei lá... Fala que ele foi no cinema e você esqueceu de pegar o número dele... (Olhei para Thiago e tive que concordar, até que era uma boa ideia).

-> (FEIST - The Bad In Each Other. https://youtu.be/mV8BrMDtOjY)

"Como eu pude ser tão estúpido?! Por que eu achei que depois de todos esses anos alguma coisa teria mudado? Ele continua fugindo... Sempre tenta pegar o caminho mais fácil... Como ele pode não acreditar nos meus sentimentos?! SÃO MEU SENTIMENTOS CARAMBA!! QUEM ESTÁ SENTINDO SOU EU!! Não acredito... e perguntar se eu tenho certeza que sou gay... é, porque têm como escolher... caramba... me tratando como uma criança... ele não me vê há anos porque ele não quis... e ainda acha que sou uma criança... EU NÃO SOU MAIS UMA CRIANÇA!!!"

- Taxista: Você até agora não me disse para onde eu devo te levar... (falou o taxista interrompendo meus pensamentos)

- Vini: Eu... eu não sei...

- T: Não sabe?! (o taxista foi indo para o acostamento e parou o carro, virou para trás e me olhou) Aconteceu alguma coisa? (fiquei um pouco assustado)

- V: Eu... eu só precisava sair de lá...

- T: Aquele cara lá...

- V: Que têm? (fui ficando um pouco incomodado com a conversa)

- T: Vocês brigaram ou algo do tipo? Tiveram um desentendimento?

- V: Nós... bem... (o taxista colocou a mão no meu joelho, automaticamente meu corpo tremeu assustado com aquele toque. O taxista percebeu e rapidamente tirou a mão)

- T: Desculpa, desculpa, eu não queria te assustar, não foi minha intensão... só queria saber se posso te ajudar de alguma forma... (olhei sério pra ele, tentando analisar se ele estava sendo sincero ou não)

- V: Bem... ele é meu tio... nós tivemos uma discussão... (o taxista fez uma expressão de surpresa)

- T: Seu tio? (agora era minha vez de fazer uma expressão de surpresa com a pergunta do taxista)

- V: Sim... algum problema?

- T: Não, não... não é nada.. eu pensei que vocês fossem namor.... é... eu... me desculpe... (fiquei corado na hora, entendi o que ele iria dizer) é que vocês não eram parecidos... você tão branquinho, ele mais moreno...

- V: Ele é irmão da minha mãe... minha mãe também é mais morena... puxei muito os traços do meu pai, ele é branquelo... (por quê eu estava dando tantos detalhes para o taxista?)

- T: Mas fica calmo então... família no final, sempre se acerta... (ele me lançou um sorriso) mas agora eu preciso saber onde que eu levo você...

- V: Eu não quero voltar pra casa agora... preciso esquecer essa discussão... me leve pra um lugar onde tenham vários bares... preciso beber um pouco...

O taxista olhou mais uma vez para mim, me analisou durante alguns segundos, os olhares dele me incomodavam um pouco, mas fiquei fingindo que não percebia. Ele então se virou, olhou para frente e ligou o carro. Olhei no retrovisor e vi uma parte do seu rosto, ele tinha um sorrisinho no canto da sua boca.

- Taxista: Fica tranquilo... sei exatamente onde te levar...

O taxista então continuou sua viagem, fiquei um pouco preocupado mas tentei relaxar, peguei meu celular e vi que não tinha nenhuma ligação, nem mensagens, coloquei ele de volta no bolso e fiquei olhando a rota que o taxista trassava. Fiquei pensando onde ele me levaria, atravessamos Copacabana inteiro, ele foi entrando em Ipanema, vi um pouco da praia, ele logo entrou em uma rua e seguiu, apontou para o lado e falou que ali era o metrô caso eu precisasse, fez um contorno no quarteirão e de repente vi vários bares lotados, a rua cheia de gente e ele parou.

- Taxista: Pronto, bares pra você poder beber e esquecer dos problemas... (dei uma risadinha e confirmei. Paguei a corrida e antes de sair do táxi perguntei a ele)

- Vini: Só me fala uma coisa?

- T: O quê?

- V: Onde é que eu estou? (perguntei todo envergonhado)

- T: Você está na Rua Farme de Amoedo... (olhei ao redor e vi que a rua era animada)

- V: Brigado... é que não sou daqui...

- T: Eu sei... (olhei curioso)

- V: Sabe?

- T: Sim... se você fosse daqui, quando estávamos conversando e você disse que queria beber um pouco, você provavelmente já iria me falar um lugar para eu te levar... como você não é daqui, falou pra eu te levar em algum lugar pra beber...

- V: Parando pra pensar... é verdade. Obrigado hein...

Fechei a porta do táxi e comecei a olhar a rua onde estava, estava tudo muito cheio, muitas pessoas nas ruas bebendo e conversando, os bares cheios, restaurantes também. Comecei então a olhar os bares para ver onde eu ficaria. Beach Sucos, Galitos, Go Wok, Tô Nem Aí, Bar do Beto... Tinham mais outras opções, mas achei o Tô Nem Aí mais cheio, decidi por ficar ali mesmo. A rua em frente ao bar estava lotada, o deck que tinha no bar também, fui entrando e dei muita sorte, tinha uma mesa vazia, uma mesa alta, daquelas típicas de bar. Me aproximei e fiquei ao lado, um garçom passava e perguntei se tinha alguém ali, ele mal olhou para mim e falou que eu podia sentar, saiu andando atendendo outras mesas. Olhei ele se afastando, olhei pra mesa e resolvi sentar então.

Comecei a olhar todo o movimento do bar, achei o lugar muito legal, várias TVs espalhadas pelo ambiente, musica legal tocando, muita gente bonita, vários gays se beijando... CARAMBA! Era verdade, eu não tinha reparado antes, mas como tinha gays no bar. Olhei para a rua e comecei a perceber que tinham muitos gays por ali e nos outros estabelecimentos ao redor. Peguei meu celular e coloquei: Tô nem Aí Ipanema no Google. A primeira coisa que apareceu foi:

[Chopes e comida casual em bar e restaurante aconchegante, com luz baixa, deck, futebol nas TVs e público LGBT.]

O taxista me trouxe para um lugar LGBT! Fiquei pensando se estava dando tanto na pinta assim. Comecei a rir sozinho, então comecei a me sentir um pouco mais calmo. Pedi um chopp e fiquei olhando as pessoas. Senti uma coisa vibrar no meu bolso, peguei meu celular e vi que meu tio estava me ligando. Tinha lembrado de pegar com minha mãe o número dele antes de viajar, então aparecia em letras garrafais no meu celular: GUTO CHAMANDO.

Coloquei o celular sobre a mesa e fiquei vendo ele chamar até parar. Dei um gole no chopp, e mais uma vez o celular começou a chamar. Mais uma vez fiquei olhando até parar. Mais uma vibrada e vi que ele tinha mandando um WhatsApp.

[- Guto: Vini, por favor, atende o celular, estou preocupado, onde você está?]

Em seguida mais uma chamada, bebi mais um gole do chopp e fiquei olhando o celular chamar até parar. Fiquei olhando o celular e nada de uma nova ligação, pensei que finalmente ele teria entendido o recado. Dei um sorriso e mandei pra dentro mais um gole do chopp, quando terminei o gole o celular começou a vibrar, mais uma chamada. Fiquei irritado, virei a tulipa de chopp e pedi mais um, e fiquei olhando a chamada, ignorando mais uma vez.

O tempo foi passando, eu já estava na sexta tulipa de chopp, já estava me sentindo alegre, afinal eu não tinha o costume de beber, e além dos chopes eu já havia bebido uma dose de whisky. Olhei no celular e já tinham 47 ligações perdidas, e mais incrível que o número de ligações perdidas era que eu ainda tinha bateria. Então aconteceu. A quadragésima oitava ligação começou, olhei para o celular e pensei que aquilo já estava chato, resolvi então atender o celular. Quando fiz o movimento para pegar o celular tomei um susto, uma mão tinha sido muito mais rápida que a minha e tinha pegado meu celular antes de mim. Olhei assustado e nervoso para o lado.

- ?: Que saco! Ignora logo esse chato (O carinha fez o movimento de rejeitar a chamada. Olhava incrédulo para aquela situação. Um estranho simplesmente pegou meu celular na cara de pau)

Ficamos nos encarando durante algum tempo, eu de boca aberta com aquela audácia, ele com um sorriso lindo e safado no rosto.

- Vini: Você tá maluco?! Como você pega meu celular assim?! (falei bravo com ele, ele ria enquanto me devolvia o celular)

- ?: Desculpa, eu não queria assustar você, mas é que estou a um tempão reparando em você... (eu fiquei corado na hora) hahaha, desculpa, eu não estava reparando em você... você... entendeu? eu tava reparando em você aqui bebendo sozinho... esse celular tocando o tempo todo e você nunca atendia... isso que eu tava reparando... deu pra entender? (ele começou a rir, eu acabei rindo também)

- V: Acho que sim... acho que eu entendi...

Agora que eu estava mais calmo eu reparei nele. E... NOSSA! QUE GATO! Fiquei até com as pernas bambas, se eu não estivesse sentado, com certeza passaria vergonha. Ficamos trocando uns sorrisos, quando comecei a achar que aquele menino me era familiar, olhei mais um pouco e o sentimento aumentava, um sentimento de que ele me lembrava alguém.

- ?: Mais uma vez desculpa, eu não queria te assustar mesmo, nem quero te incomodar, tá?! Se você quiser ficar sozinho eu saio agora...

- V: Não é isso... tá tudo bem, foi só um susto mesmo... afinal, quem é que sai pegando os celulares de desconhecidos sem ser ladrão? (nós dois rimos)

- ?: Nisso você está certo! (ele deu uma gargalhada) Mas então, a curiosidade me mata... quem era esse Guto que ligou umas quarenta vezes para você essa noite.

Meu sorriso deu uma pequena sumida do rosto, mas preferi mentir pra ele do que contar o que realmente estava acontecendo.

- Vini: É um ex-namorado meu... (falei meio sem confiança)

- ?: Ex-namorado? Você aparenta ser tão novo pra já ter ex-namorados...

- V: Eu não tenho ex-namoradoS, eu tenho ex-namoradO. Só tive esse namoro mesmo... eu tenho 18 anos...

- ?: Tinha certeza que você era novo, têm uma carinha de bebê... (ele falou e riu, enquanto eu fiquei um pouco emburrado por ter sido chamado de novo mais uma vez naquele dia. Ele percebendo que fiquei chateado, logo foi se retratando) Ei... não me entenda errado... não falei isso querendo te chamar de criança... é que você têm uma aparência muito delicada ainda... (olhei pra ele e dei um sorriso, que foi logo retribuído. Foi aí que percebi quem ele me lembrava)

- V: Caramba! (ele olhou assustado)

- ?: Que foi?

- V: Agora que percebi o quanto você se parece com o Liam...

- V+?: PAYNE... (falamos o ultimo nome juntos. Olhamos um para o outro e rimos)

- ?: Eu sei, eu sei... desde que o One Direction surgiu que eu escuto isso... já me acostumei...

- V: Mas é incrível a semelhança... sério...

- ?: O que eu posso dizer... eu pareço mesmo com ele... (ele deu um sorriso amarelo) mas... você falava do seu namorado...

- V: Verdade! E é EX-namorado...

- ?: EX-namorado, desculpa...

- V: Nós terminamos faz pouco tempo, não estava mais dando certo, pelo menos não pra mim... ele não aceitou muito bem, aí fica me ligando o tempo todo...

- ?: Nossa, mas que grude hein... (Nós rimos) Bem... não quero mais te atrapalhar, vou voltar para junto dos meus amigos... (ele apontou para os amigos dele)

- V: Ah... ok... tudo bem...

Sorrimos mais uma vez um para o outro e ele foi indo em direção ao grupo dele. Eu não sei o que deu em mim, mas queria muito continuar conversando com ele, então, eu o chamei.

- Vini: EI! VOCÊ! (Gritei e ele parou, olhou para mim e deu um sorriso, foi voltando devagar)

- ?: Oi, aconteceu alguma coisa?

- V: Eu... eu... ("anda, chama ele pra sentar, fala que você gostou do papo e queria conversar mais, coragem Vinicius, coragem, convida ele pra sentar!!") eu esqueci de perguntar o seu nome... (ele deu um sorriso satisfeito)

- ?: Verdade, como eu também não sei o seu... (dei um sorriso envergonhado)

- V: Me chamo Vinicius...

- ?: Meu nome é Otávio. (ele então estendeu a mão para mim, eu segurei sua mão e nos cumprimentamos)

- V: Prazer...

- Otávio: O prazer é meu...

Otávio ficou segurando minha mão e olhando pra mim, eu também fiquei olhando para ele. Ficamos ali, segurando as mãos um do outro e lançando sorrisos. Alguns segundos se passaram e nada acontecia. Eu não sei se ele esperava um convite meu, eu não sei se eu estava esperando ele se convidar, eu não sei o que deveria acontecer, a questão era que nada acontecia. Otávio então foi soltando lentamente a minha mão.

- Otávio: Então... prazer...

Ele foi saindo de costas, olhando pra mim, como se na esperança de que algo ainda pudesse acontecer, mas nada aconteceu, eu fiquei travado. Fui observando ele se distanciar e chegar até os amigos dele. Pedi mais um chopp e de repente me senti triste. Triste porque aquele dia estava fadado a nada dar certo, primeiro a declaração furada com meu tio e agora, quando apareceu um carinha legal, não tive coragem de deixar nada acontecer.

Olhei para onde Otávio estava com os amigos e nossos olhares se encontraram. Seus amigos estavam conversando com ele, mas ele olhava na minha direção. Senti um certo arrepio na hora, aqueles olhar era penetrante. Não desviei o olhar em nenhum momento, não tive coragem de falar o que devia, mas esperava que o olhar pudesse ser entendido. Então, eu vi Otávio pedir licença aos seus amigos e entrar novamente no bar, ele veio andando confiante na minha direção, parar ao meu lado e dizer.

- Otávio: Então, lembra daquele papo de que eu não estava reparando em você?

- Vini: Sim...

- O: Tudo caô! (eu deu uma risada) Bem... você... não quer... sei lá... dar uma volta comigo?

Olhei atentamente para aquele rosto lindo que estava ali na minha frente, aquele sorriso começava a me desmontar. Comecei a sorrir, peguei meu celular e ele olhou com atenção, digitei a minha senha desbloqueando o aparelho. Ele ficou curioso com o que ia fazer. Eu então apertei o botão e dei o comando para desligar o aparelho. Sorri pra ele.

- Vini: Agora ninguém mais vai me incomodar... (ele sorriu) Eu vou adorar dar uma volta com você...

-> (The Killers - Mr. Brightside. https://youtu.be/gGdGFtwCNBE)

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Olá genteeeee. Num falei que iria voltar rapidinho. E aí? O que acharam desse episódio. Será que Vini já vai começar a esquecer o tio dele, um sentimento que ele guardou por tantos anos? E o que Guto vai fazer em relação a tudo isso? Eu tô empolgadíssimo com essa história, tô doido pra fazer várias reviravoltas!!!

Então, esse final de semana eu irei viajar, então não devo postar nada, dependendo da hora que voltar no domingo, eu acho que dá pra postar algo no próprio domingo ou na segunda. Se não der tempo, com certeza terça teremos novo episódio.

Sempre lembrando que eu amo os comentários, então comentem. Me xinguem ou me elogiem, mas COMEEEENTEEEEMM!!! hehehehe

E aqueles que quiserem falar mais diretamente comigo, é só mandar e-mail para leoleoleopinheiro@outlook.com

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- Kevina: Bom é ter você comentando novamente. Sempre adorei seus comentários. Feliz que você tb está acompanhando a minha série. Beijãão

- Danny Fioranzza: Paaaaaaaraaaaa!! Você vai me deixar mal-acostumado assim!! hehehehehe. São muitos elogios!! Tô muito feliz de saber que você tá gostando da história. Brigadão. Beijooo

- esperança: Tô de volta e bem animado!! Quem bom que você está gostando. Um beijo.

- Rom C.: Ai ai... não aguento essas pessoas que ficam com raivinha e trocam de user.... BRINCADEIRA!!! VOCÊ PODE TUDOOOO!!! Que bom que você tá gostando!! Publicar um livro? Uuuuiii! Quem dera!! Eu li o seu e-mail, vou te responder já já. Beijao amigo!!

- Martines: Que bom que você tá gostando. Eu tenho que te falar, fiquei VICIADO no seu último conto, to fazendo uma maratona gigante!! Obrigado pelo comentário!! Beijo

- Geomateus: AAAAAHHHH!! Tava sentindo falta do seu comentário já!! Brigadão querido, beijo!

- CarolSilva: Mil perdões porque eu simplesmente esqueci de te responder no último episódio. Que bom que você está gostando da história. Agora fique tranquila, eu jamais vou deixar vocês na mão, sem saber o final da história, escreverei até o fim, não abandono meus amigos leitores. As vezes a gente se enrola e o tempo pra escrever some, mas tudo se acerta... hehehehe UM BEIJÃOOOO!!

- Salvatore: Que bom que você tá gostando!! Já tá shipando casais? hehehehe. Vamos ver se você vai mudar de ideia pelo caminho, ou se vai continuar com essa torcida até o final? Se você leu a minha outra série deve ter percebido que gosto de ser surpreendente. kkkkkk Beijaooooo

- KingShuggar: Gzuiiiss, que bom que você gostou!!! =P Beijooooo

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Comentários

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Segunda dança foi simplesmente maravilhoso, eu estou comentando isso aqui porque eu não sabia se lá você leria. De qualquer forma, eu termenei de ler a história ontem, dormi com um angústia no peito, porque senti necessidade de te agradecer pelo maravilhoso conto e dizer o quão bom escritor você é. Apesar de eu ter ficado um pouco chateado de Marcos não ter ficado com Caio, eu entendi seu ponto de vista e o respeito(mentalmente, eu reescrevi a história). Tudo que me resta é esperar que você faça algo nesse mesmo estilo, eu ainda não li esse novo conto porque como vi faculdade e tudo mais, é um tema que acaba não me atraindo, mas vou dar uma chance pela confiança que tenho em você, mais uma vez agradeço

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tb queria a segunda temporada de segunda dança, espero que vc faça. esse seu novo conto está ótimo.não demora muito para postar

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The killers <3, muito bom seu conto, espero quê o Thiago sofra nessa história, aguardando.

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Esse Guto é mais criança do que o Vini, peguei raiva dele agora. O que ele precisa é de uma bela surra de pau mole pra sarar essa descaração.

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Ah muito obrigado, seu conto ta demais, o meu é so um passa tempo, tenho muito o que aprender! Coitado do Guto, sei que ele fez merda, mas não merece tanto, e seu sobrinho não deveria se apaixonar por outro...

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Que papo é esse de Otavio Doutor? Agora fiquei sem saber com quem eu quero que o Viny fique, acho que eu vou ficar com ele!

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Espero que o Vini se entenda com o Otávio, mas não levo muita fé de que isso "vingue". O fato de Guto não estar tão envolvido com Tiago deixa margem para uma possível reviravolta nessa história mal resolvida. Incesto é algo complicado...

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