Cap.11
- Porquê você fica lembrando dele ein ?
- Porquê não vou ficar com alguém que não gosta de mim.
- Quem disse que eu não gosto de você ?
- Diz na minha cara que se o Suzuki se declarasse a você agora, você ficaria aqui ! - ele ficou calado, olhando para minha camisa.
- Eu não sei o que está acontecendo, tá bom ? Eu... De repente me deu uma vontade enorme de ficar com você. De te beijar - fiquei olhando atentamente seus gestos. Ele parecia estar falando a verdade.
- Não faça isso comigo Ken. Eu não quero me iludir.
- Não estou te iludindo. Estou falando a verdade - falou, acariciando meu rosto - deixa eu dormir aqui hoje ? Vai comigo amanhã ?- algo me dizia que ele me via apenas como uma distração. Sabia que isso era errado, e dentro de mim havia uma buzina enorme dizendo "Tenha cuidado !" . Quem disse que meu coração escutou ?
- OK Ken, mas... - ele não esperou nem eu terminar a frase e voltou a me beijar, só que dessa vez parecia mais voraz. Meu corpo amoleceu com esse beijo. Lentamente ele tirou meu moletom - o quê você quer ein ?
- Me deitar aqui - falou, deitando sobre o meu peito.
- Ken... - nem parecia ele
- Estou tão carente Saki. Você sabe o que é perder alguém querido da família - mais uma vez ele voltou a chorar.
- Não
- É muito ruim e doloroso. Te deixa sem chão, sem direção. Espero que isso não aconteça com você - ele deslizava os dedos pelo meu corpo descoberto, parecia que o descobrindo - seu coração está batendo forte.
- Sério ?
- Sim - de repente ele subiu em cima de mim.
- Saki ?
- O que ?
- Você gosta de mim ? - arregalei os olhos e imediatamente fiquei nervoso.
- Eu... - de repente ele aproximou seu rosto, bem próximo ao meu. Cada gesto dele e eu ficava ainda mais nervoso.
- Não minta pra mim ! - meu coração ficava submisso aquela voz e aquele corpo.
- Gosto ! - ele sorriu.
- Gosta quando eu faço isso ? - perguntou, beijando meu rosto.
- Para com isso, você vai me...
- Excitar ? - ele sorriu - porquê você me deixa assim ein ?
- Assim como ?
- Estranho. Carente. Louco pra te ter. O que é que você tem, filho de Takeshi - eu não acreditava em uma palavra que ele dizia. Logo ele saiu de cima de mim, e deitou novamente sobre o meu peito.
- Você deixa ?
- O que ?
- Eu dormir abraçado a você ?
- Deixo - novamente ele se deitou sobre mim, e me abraçou.
- Saki ?
- O quê ?
- Você me dá uma paz tão grande. Não se afaste de mim. Por favor ! - falou, entrelaçando nossas mãos.
NARRADO POR SUZUKI
Aos poucos fomos nos separando daquele abraço gostoso e carinhoso. Ele limpou os olhos novamente e ameaçou sorrir, mas estava muito triste.
- Você quer sorvete ?
- Sorvete ?
- É. Ao menos serviria para você se alegrar um pouco.
- Tem razão - deixei ele ir andando, na frente. Assim que ele passou, levantei as mãos pro céu e em pensamento agradeci a Deus pela grande ajuda e aproximação que estava acontecendo entre nós.
TEMPO DEPOIS
- Qual você gosta ? - perguntei, enquanto via as freezers de sorvete que existiam na cozinha. Sim, era gratuito para os alunos.
- Chocolate, Morango, geralmente faço uma mistura enorme - via o quanto ele estava triste. Estava com raiva de mim mesmo, pois não sabia como animá-lo.
- Ei, comecei a ler aquele livro que você me deu.
- Sério ?
- Sim. Sinistro os alienígenas invadindo o mundo.
- Não é ? Aquele livro sempre me fascina quando o leio - meu palpite de como alegra-lo foi perfeito. Colocamos duas bolas de sorvete e logo fechamos a freezer - sabia que já teve um filme americano que foi inspirado nele.
- Sim, eu até vi no cinema. Só não lembro o nome... - fui apenas o seguindo. Para onde ele fosse, eu ia junto.
- Só acho que não foram tão fieis ao livro assim, mas foi bem legal - saímos para o jardim. Estava bem gelado, mas dava pra aguentar. A Lua estava linda, bem cheia e brilhante. Sentamos no Jardim. Não tinha ninguém por perto - ei ?
- O quê ?
- Você já se apaixonou por alguém ? - eu estou apaixonado por você bobão.
- Já.
- Porque será que quando a gente se apaixona, criamos tanta expectativa ? - e você vem perguntar pra mim ?
- Não sei. Deve ser o coração querendo que você se apaixone ainda mais. Deve ser o combustível do coração, a paixão - ele sorriu. Que bom ! Consegui faze-lo sorrir.
- O meu está despedaçado - falou, deslizando seu dedo pelo gramado.
- Own, porque ? - ele suspirou e olhou pro céu.
- Uma pessoa que eu considero demais me decepcionou. Não posso culpa-la, não posso obrigar ninguém a gostar de mim - então ele estava realmente apaixonado por outra pessoa. Aquilo me entristeceu. Aquela vontade de ficar sozinho novamente me fez levantar - ei, porque se levantou ?
- Me lembrei que tenho uma coisa pra fazer.
- Não, não vá embora - ele se levantou com tanta rapidez que seu sorvete caiu no chão. De repente ele segurou minha mão - por favor, não me deixe sozinho agora. Não hoje ! - sua voz doce e dolorosa me fez voltar. Minha mão gelada esquentou com o seu toque - porquê você sempre foge quando eu falo algo envolvendo amor ? - fiquei de cabeca baixa, não conseguia responder - você é muito estranho sabia - só então notei que nossas mãos continuavam dadas - mas sua estranheza é fofa - agora ele me fez sorrir. Larguei sua mão, e acredito que meu rosto deva ter corado naquele momento.
- Quer um pouco do meu sorvete ? - perguntei, voltando para o local aonde estava sentado - o seu caiu no chão.
- Arigatou ! - falou, pegando o copo da minha mão e deslizando seus dedos na minha mão de novo. Eu estava extremamente nervoso, envergonhado e feliz por dentro. Milhões de coisas passavam pela minha cabeça. Eu sentia algo entre nos. Era estranho, mas eu sentia - Gosta da Lua Suzuki-San ?
- Acho ela linda - falei, pegando novamente o sorvete das suas mãos.
- Dizem que a Lua pode mudar tudo aqui na Terra.
- Será verdade ? - fiquei olhando para o céu, quando lentamente desviei meu olhar para ele. Percebi que o canto de sua boca estava sujo. Involuntariamente meu dedo se aproximou de seu rosto e eu limpei o canto. Ele se assustou.
- O que houve ?
- Está sujo - falei, passando meu dedo na manga da minha camisa.
- Ai que vergonha - ele ficou ligeiramente vermelho. Mesmo envergonhado ele continuava lindo !
- Não se preocupe, isso acontece - ficamos nos olhando por alguns segundos, sem falar nada.
- Você é um garoto lindo Suzuki.
- Você também.
- E fica fofo envergonhado - ele me deixou ainda mais envergonhado - adoraria ser seu melhor amigo - só isso ?
- Tudo bem - juro a vocês que foi sem querer. Ele veio beijar meu rosto e sem querer eu virei.
Continua
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