YOUTH BASS - Capítulo 01

Um conto erótico de Edy S Brazil
Categoria: Homossexual
Contém 4078 palavras
Data: 01/07/2015 12:35:44

Depois do inverno o verão sempre foi a minha segunda estação preferida do ano, não por causa do calor – aliás, nunca curti praias – mas pelo livre acesso de belos exemplares publicamente a mostra. As garotas do meu bairro usavam mini shorts e biquínis até mesmo para ir à panificadora, isso era como um natal antecipado para os héteros do pedaço, mas meu gosto era outro e eu sabia exatamente o que era bom, os rapazes nessa época andavam pelas ruas mais a vontade que de costume para o meu deleite – infelizmente não 100% a vontade.

Naquele tempo sair do armário ainda representava riscos graves como ser expulso de casa ou, na pior das hipóteses virar mais um item a ser reciclado por pequenos grupinhos de adoração ao ódio que julgava todas as diferenças indignas de seu espaço em sociedade. Por sorte eu não tinha o menor jeito de gay afeminado e gostava de jogar bola como todos os outros garotos de minha idade – era o atestado de hétero perfeito caso eu não tivesse uma melhor amiga tão boa em saber de tudo. Karen era como uma irmã e se tinha uma qualidade que ela definitivamente tinha para dar e vender era sua fidelidade perpetua, independente de se brigássemos em qualquer momento, por qualquer razão, meus segredos com ela estavam mais seguros do que se eu os trancasse em um cofre-forte!

Karen jamais me deixou sozinho em nada que fosse. Amigas assim mesmo em 1995 eram raras e eu tinha muita sorte por tê-la morando há apenas uma parede de distancia de minha casa – meus pais viviam jogando indiretas achando que tínhamos algo mais que uma imensa amizade, mas era normal pensarem dessa forma quando Karen e eu passamos praticamente o dia todo juntos.

Divertida, sincera, corajosa, forte, ousada e fiel – essa era primeira dona do meu coração, mas acabou não sendo a única há uma semana antes das férias do colégio. Era uma segunda muito abafada quando duas longas batidas na porta interromperam o discurso da senhorita Phelman, seu olhar era a mais engraçada expressão de incredulidade ao saber que o garoto que acabara de entrar era um novato, mesmo a uma semana das férias.

– Muito bem, como você se chama? – havia amargura no tom de voz da professora.

– Lucas, bom, esse é meu nome apesar de todos me chamarem sempre de Lucky!

Primeiras impressões sobre o novato: Por que alguém trocaria de colégio faltando tão pouco para o fim do ano letivo? Cabelos negros, pele quase translucida, magro, alto, olhos verdes faiscantes = absolutamente divino. Sem contar que seu nome suou como música em meus ouvidos com aquela voz tão linda!

Naturalmente eu não fui o único a ter suas próprias impressões a respeito do novato, mas ao contrário de muitas oferecidas da minha turma tive que me conter, ao menos até estar sozinho com Karen na arquibancada do ginásio durante o intervalo.

– Eu te conheço Stev, aquele Lucky gatinho balançou suas estruturas de falso hétero meu amigo! – engasguei com minha própria respiração quando ela disse aquilo sorrindo feito uma boba, raramente me chamava de Steven e se chamasse era porque estava puta comigo – Qual é irmão? A pesar da sexualidade vocês meninos... São todos uns tontos quando estão amando.

– Como assim Karen, eu nem conheço esse garoto.

– Mas pela forma que você não desgrudou os olhos dele, acho que está doidinho para conhecer e... Se quiser te dou um empurrãozinho nisso!

– Ótimo daí sim eu despenco morro abaixo. Ficou doida mulher?

– Você ainda não me viu doida, homem!

– Palhaça, mas que história é essa de que eu não desgrudei os olhos dele? Todo mundo... Percebeu?

– Aqueles tapados? Never, mas você sabe que me sexto sentido é foda e eu sempre saco tudo!

Felizmente ter qualquer tipo de conversa com ela era como uma terapia de alto-astral constante, Karen buscava me fazer sorrir a todo custo ainda que de repente ganhasse um forte concorrente de peso a minha atenção – éramos os únicos em todo o colégio a ficar naquele ginásio durante os intervalos, nossa companhia nunca necessitou de apoio – éramos uma dupla e tanto desde a terceira série!

– Certo, mas eu não quero que você me entregue de bandejas para o primeiro estranho sedutoramente divino que apareça, o ano está acabando e... Nem vamos vê-lo nas férias provavelmente.

– Disso você tem razão, mas eu acho que seria melhor você pelo menos puxar algum assunto com ele.

– Que tipo de assunto?

– Não faço ideia, mas você com toda a certeza notou que ele usava muitas peças de roupas pretas, pode ser que ele curta rock!

– Ótimo. Karen, aí sim fodeu porque nós nunca gostamos de qualquer banda de rock.

– Nós é muita gente querido, eu estou fora do triangulo amoroso. Você sabe que só tenho olhos para o meu Adam!

– Eu sei, mas você nunca teve coragem de ir tentar a sorte com ele, viu só, falar dos outros é fácil!

– Engraçadinho você sabe perfeitamente que eu não posso porque ele já tá com aquela patricinha ridícula da Nicole Belle de Almeida.

– Pois é. Assim nós sabemos que você se livrou de uma boa porque isso sim é sinônimo de muito mau gosto!

Quando o sinal tocou nosso arsenal de risadas histéricas havia praticamente zerado, mas mesmo assim percebi que ter dito algumas coisas sobre o Adam em sua presença não foi uma boa ideia. Essa era a vida que tínhamos que lidar contornando com um mínimo de insanidades contidas para não enlouquecermos – Karen amava um garoto sem a menor chance de ser correspondida e eu, eu era o gay em pele de hétero atraído pelo novato da turma e isso poderia me custar um preço muito caro caso essa história não morresse logo de início.

Voltamos para a classe aparentemente bem, o que não significava que estivéssemos assim por dentro também. Bastou uma das matérias que eu mais gostava ficar completamente embaralhada na minha cabeça para me dar conta do quanto minha melhor amiga tinha razão. Eu olhava para o novato a duas carteiras a frente da minha mesmo sem querer e minha atenção sumia, ele parecia se tornar o único rosto nítido em meio a muitos desfocados ao seu redor – Lucas provavelmente não fazia ideia sequer de qual era meu nome, mas por um único segundo ele se virou e nossos olhares se encontraram como em um sonho ou uma daquelas cenas de cinema clichê – virei o rosto bastante envergonhado e eu raramente conseguia sentir vergonha de algo!

Karen me lançou seu mais óbvio olhar de “não dê bobeira” e eu queria que um buraco se abrisse de baixo dos meus pés. Se estava assim naquele momento poderia ser ainda pior se tivéssemos algum contato tipo falar, mesmo que fosse só um “Oi” pelos corredores no começo das manhãs.

– Professor! – ergui meu braço o mais alto que pude para chamar a atenção do tutor de classe – Posso ir ao banheiro rápido?

– Tudo bem Steven, sem problemas.

Deixei que aquela água fria da torneira da pia escorresse das minhas mãos até o rosto vermelho como um pimentão. Meu reflexo no espelho aparentava ser uma mistura de medo com incerteza. Merda, se me vissem naquele estado iriam começar a suspeitar e provavelmente acabariam chegando a cogitar minha sexualidade e isso mesmo que não passasse de boatos me prejudicaria muito!

– Você ficou com medo de que eu te mordesse na sala por perceber que estava me olhando? – aquela voz que vinha da porta do banheiro, eu só a ouvi uma única vez, mas sabia perfeitamente de quem se tratava – Que cara é essa? Sou tão feio assim?

– O que? – droga, minha voz parecia um sussurro.

– Ora Stev, não precisa fazer esse teatrinho todo para esconder aquilo que eu já sei!

Okey, nunca me senti tão assustado em toda a minha vida, era impossível que ele soubesse de algo e ainda menos provável que me chamasse exatamente como a Karen fazia, ela nunca me entregaria e se fizesse isso teria que ter sido louca o bastante para falar em frente a todos enquanto eu deixava a sala – impossível.

– O gato comeu sua língua Stev? Não precisa me olhar como se eu fosse te esfaquear.

– Como você... Você?

– Lucas, mas me chamam de Lucky e eu gosto! – pelo menos ele conseguia sorrir e era um sorriso incrível – Relaxa, eu quis conhecer o colégio no intervalo e acabei passando perto das arquibancadas do ginásio, ouvi você falando de mim com a sua amiga ou o contrário disso.

– Tudo bem, então... Você viu que ela é louca, se contar isso a alguém ela vai descobrir onde você mora e... É... Bom... Sabe?

– Gostei de você, não conto nada para ninguém, mas só com uma condição.

– Qual?

– Me espere depois que acabarem as aulas, eu gostaria de ter um papo contigo!

– Você gosta de rock? É membro de alguma gangue? É bom de briga? Sabe jogar bola?

– Sim, não, sim e não, mas o que isso tem haver Stev?

– An... Nada, tudo bem. Depois das aulas a gente se fala. Lucas?

– Ótimo, mas eu sei que você decorou meu nome e gostei de ouvir uma voz agradável pronuncia-lo!

Esperei até o horário da próxima aula para sair daquele banheiro, felizmente meu rosto estava melhor, Karen não me entregou, o que era óbvio e, por alguma razão o novato também não diria que eu estava a fim dele caso eu o encontrasse depois da última aula. Na sala minha melhor amiga tentava me fazer jogar bilhetes em sua direção para saciar sua fome de novidades – algo bem arriscado e desnecessário aquela altura do campeonato – a aula se estendeu mais do que o suportável, a curiosidade já afetava minha capacidade de assimilar algumas informações extras, embora ficar olhando para Lucas como um idiota também produzisse esse mesmo resultado. O sinal tocou e pela primeira vez me senti o garoto mais feliz do mundo por isso!

– Okey Stev, chega de suspense. – Karen e sua curiosidade, infelizmente no momento errado.

– Vou te atualizar sobre tudo, mas agora não dá, tô atrasado!

– Ai meu deus... Depois que você pediu para ir ao banheiro o Lucas também arranjou uma desculpa furada para sair da sala... Então... Hum... Se é o que eu imagino vai nessa garoto!

– Eu tô nervoso demais Karen e com esse calor dos infernos...

– Vai dar tudo certo e se não der inventa algo do tipo “minha melhor amiga é louca e vai descobrir onde você mora”!

– Bom, já adiantei essa parte, mas te explico tudo mais tarde. Vai jantar lá em casa hoje!

– Vou mesmo, sua mãe cozinha muito bem!

Antes de me deixar sozinho no corredor já deserto Karen quase me esmagou com seu abraço de ursa mãe, quase vi estrelas. Meu coração batia num ritmo diferente do comum a cada passo, Lucas me esperava em alguma parte do colégio, mas nós não combinamos o local exato – não foi muito difícil me tocar de que certamente esse local era o ginásio, foi lá que ele escutou a minha conversa com a Karen.

Segui devagar pelos corredores a caminho do óbvio ponto de encontro, a cada passo eu conseguia ficar ainda mais nervoso. Minha mente era um monte de imagens sobre possíveis situações não muito boas para mim, mas eu não iria dar a volta e correr o risco dele sair dizendo por aí que eu sentia, enfim... Tampouco passaria o restante de minha última semana de aulas e as férias inteiras me perguntando o que teria sido!

O sol começava a se pôr e eu já estava lá de um lado para o outro, ele marcou comigo para depois das aulas e não estava ali. Tão rápido quanto possível o nervosismo havia dado lugar à sensação de que era exatamente isso o que ele queria, me fazer de palhaço para poder rir da minha cara depois. 10 minutos, 20, 30, 50 minutos e nada. Escureceu e logo o guarda trancaria os portões do colégio e se eu ficasse provavelmente isso não seria bem visto por ninguém, apenas vândalos e saqueadores ficavam em locais públicos trancados em determinados horários da noite.

Karen era a única que me recebeu como se eu houvesse acabado de ganhar um Oscar assim que cheguei em casa. Infelizmente eu venci a categoria de melhor papel de trouxa, mas era reconfortante pelo menos dar aos meus pais e ao chato do meu irmão mais velho a falsa certeza de que minha amiga e eu estávamos alguns passos mais íntimos que o recomendável. O jantar só não foi um tédio insuportável graças a minha suposta namorada/cumplice que segurou as pontas sem deixar que os demais percebessem meu real estado de espirito.

Após o quase constrangedor momento farsa em família me ofereci para acompanhar Karen até sua casa, embora isso não fosse realmente necessário por morarmos a uma parede de distancia. O céu estava estrelado e a noite parecia perfeita para casais felizes, ou seja, para o restante do mundo com exceção de dois azarados no amor – hora de esclarecer os fatos!

– Eu aguentei horas para saber de tudo Stev, mas pelo jeito as coisas mudaram muito do colégio ao jantar. O que houve?

– Acho que esse novato é um babaca que não tem medo da minha melhor amiga ser louca de pedra.

– Como assim? Traduz isso, mas desde o começo porque se esse novato gato te fez alguma coisa, bom... Ele vai passar a ter medo de mim!

Eu não costumava ser tão melancólico ao descrever meu resumo perfeito de dia merda para a Karen, mas aquele garoto mexeu comigo de uma forma totalmente imprevisível – era como se realmente fizesse algum sentido estar gostando de alguém que eu conheci em um só dia, ou melhor, alguém que apareceu do nada e que balançou meus sentidos sem uma única justificativa de seu por que! Karen me deixou expressar tudo o que sentia naquele instante e isso só mostrava o quanto eu não tinha sorte alguma por ter ao meu lado a pessoa certa, mas que não me atraia em nada na cama – se bem que isso também não significaria porra alguma já que eu ainda era virgem.

– Que cretino e eu querendo dar um empurrãozinho nesse love...

– Não importa mais, só vai ser uma merda se ele sair contando pro colégio inteiro que eu... Você sabe.

– Nem pensar, foi ele que não cumpriu com a condição dele mesmo.

– Sim, mas... Ele acabou de chegar e só faltam quatro dias para as férias, ele não teria nada a perder, em compensação eu sairia ferrado até no S de Stev.

– Sou sua amiga/irmã para os bons e maus momentos, amanhã meu querido... Hum... Esse idiota não perde por esperar!

– Karen o que você pensa em fazer?

– Defender meu maninho de coração com a arma mais poderosa que uma garota tem ao seu alcance, não costuma ser parte do meu baú de ossos empoeirados, mas...

– A melhor defesa é o ataque. – falamos juntos, aquele havia se tornado nosso grito de guerra real.

– Que bom que sou seu amigo porque sinceramente você arrasa na revange!

– Sempre! Agora vê se descansa um pouco e esquece esse idiota porque amanhã nós vamos evitar que ele se crie as nossas custas!

Tentei seguir o conselho da Karen ao máximo, mas nenhuma posição parecia me fazer pegar no sono. O rosto de Lucas e aquele maldito belo sorriso estavam impregnados na minha mente como chiclete grudado no cabelo – meia-noite e meia eu olhava o céu pela janela como um estupido apaixonado – instantes depois a porta do quarto rangeu denunciando a inconveniente presença de um intruso em meu calabouço.

– Steven, precisamos conversar. – disse meu irmão em um tom firme e baixo cada vez mais próximo de mim – Sei que tem alguma coisa de errado com você.

– Bryan que bom que você sabe, pode ir agora. Eu estou sem sono e você tem esse efeito sonífero que no momento eu dispenso.

– Sem ironia irmão, é sério.

– Tá bem. – me virei para encara-lo com uma cara de tédio digna de outro Oscar caso não fosse verdadeira – O que você quer?

– Nossos pais engoliram direitinho esse seu suposto namoro com a sua amiga doidinha, mas... Eu tenho certeza de que isso é uma farsa.

– Sério? Se formos a jure por isso acho que tenho direito a um advogado pelo menos.

– Sem drama Steven, eu não vim aqui te condenar ou te apedrejar por nada, só quero entender o que você tem!

– Se essa conversa não terminar logo eu vou ter vontade de pular essa janela.

– Por que você parece estar sempre escondendo algo de nós? – pela primeira vez na noite meu irmão foi capaz de fazer uma pergunta que me deixou se ataque – Ninguém nessa casa está contra você, eu não te entendo mano.

Claro que não. Só não estavam contra mim porque eu satisfazia seus interesses em viver uma mentira, em não ser eu mesmo. Talvez se eu tivesse coragem de aproveitar algum almoço de domingo em família para dizer “Eu sou gay e é assim que me sinto completo” eles seriam os primeiros a me condenar. Eu sabia disso, meus pais sabiam disso e Bryan também – ninguém queria um gay na família e eu passaria a ser a desonra dela caso me assumisse!

– Eu gosto da Karen e sou irônico por natureza, não estou escondendo nada, esse é meu jeito mano. – menti.

– Juro que queria acreditar, mas saiba que além de ser seu irmão posso ser seu amigo se precisar Steven!

– E se eu fosse... – não tive coragem de concluir minha pergunta, aquilo já estava ridículo – Esquece, hora de dormir, você finalmente me deu sono mano, boa noite!

– Entendi, mesmo que você “fosse” gay ainda assim nunca deixaria de ser o meu maninho, eu só mataria todos os seus namorados. Boa noite!

Assim que Bryan me deixou sozinho meu coração parecia querer explodir, ele provavelmente estava suspeitando e por mais que eu quisesse acreditar em suas boas intensões, uma coisa seria falar e outra bem diferente agir – esse era meu maior medo, perder minha família por ser diferente!

NO DIA SEGUINTE...

Encontrei com Karen no portão do colégio, sua cara estava péssima e eu não tive o menor animo de perguntar até que chegássemos ao nosso local de privacidade máxima, as arquibancadas do ginásio. Ainda faltavam dez minutos para a primeira aula do dia e eu já estava com aquela sensação de que teríamos muito tempo pela frente.

– Pensei que hoje seria um dia bom para a gente, mas pela sua cara...

– Se você soubesse o que eu descobri assim que cheguei mais cedo, aposto que iria ficar ainda pior. – para Karen responder daquele jeito só podia estar acontecendo alguma coisa muito grave e isso sim me preocupava.

– Tá legal, o que está acontecendo?

– Meu plano não vai mais funcionar e se esse babaca quiser te ferrar não temos mais como evitar Stev, estamos fodidos.

– Eu tô fodido, mas como assim?

– Ele te deu um bolo ontem, não foi?

– Sim, mas o que isso tem haver?

– Tem haver que agora ele é oficialmente namorado daquela insuportável da Nicole, ela chutou a bunda do meu Adam pelo novato e... Bem... Minha arma secreta já não tem o menor efeito diante disso.

Fodido, sim e muito, mas somente uma amiga como a minha quase irmão de coração e alma para se preocupar comigo ao invés de olhar para o fato de que por fim seu caminho para conquistar Adam estava livre. Lucas era um filho da puta, mas não um, qualquer, ele deu um longo passo a frente que eu jamais poderia ter esperado e para vencer Karen no seu próprio jogo tinha que ser mestre!

– De qualquer forma amiga agora você pode ter seu príncipe azul sem a bruxa má para te oferecer uma maça envenenada.

– Que horror, eu detesto essas frescuras de contos de fadas.

– Eu sei, mas pelo menos nos contos de fadas sempre existem finais felizes!

– Eu adoraria ser uma filha da puta e pular nos braços do Adam agora mesmo, mas você é um irmão pra mim e eu não aceito que te ferrem desse jeito maninho.

– Eu não sei o que esse babaca pretende Karen, mas acho que se ele quisesse me entregar já teria feito, certo?

– Pode ser, mas nesse caso também pode ser garantido que ele te chantageie.

– Hoje no intervalo eu vou ter um papo com ele e vamos saber o que é que esse novato filho de uma mãe pretende comigo.

– Nós vamos encontrar uma saída disso Stev, ou fugimos juntos para qualquer lugar do mundo onde os gays não sejam considerados anomalias ou aberrações satânicas para a sociedade.

– Se não houver outro jeito nós fazemos nossas malas e pulamos nossas janelas de madrugada!

A poucos dias de uma nova chance de vida eu estava arriscado a perder tudo o que já tinha, mas uma coisa eu jamais perderia, a amizade e lealdade de Karen – eu podia ser gay até minha última gota de sangue, mas isso nunca me faria trocar a verdadeira amizade por qualquer amor que surgisse pelo caminho. Independente do que acontecesse estaríamos juntos nos bons e maus momentos e era isso o que realmente importava!

Apoiados um no outro seguimos pelos corredores tentando afastar o medo de que aquele novato tentasse nos separar de algum modo, mas ao chegarmos na sala e com o mais novo casalzinho junto eu tive nojo por não conseguir parar de pensar nele desde que o vi pela primeira vez.

– Karen fofa eu sei que você daria tudo por um segundo da atenção do meu ex, como você já deve saber ele já não serve mais para mim, pode ficar se quiser, é todo seu!

– Não caia na provocação dessa vadia. – sussurrei no ouvido da minha amiga, mas foi em vão.

– Então é assim que você diz amar alguém sua cobra... Vou te ensinar uma coisinha agora mesmo!

Nicole era fútil, mimada e perversa quando queria, mas mexeu com a garota errada. Karen já estava uma pilha com minha possível armadilha feita por Lucas e não engoliu a provocação. A patricinha parecia uma boneca de pano nas mãos da minha amiga que grudou em seus longos cabelos louros, cheia de raiva – Lucas e eu tentamos separa-las, mas foi inútil. O sinal tocou e a sala começava a ser preenchida de garotas e garotos apostando pesado na vitória da minha maninha – no fundo eu estava adorando ver aquela garota insuportável recebendo o que merecia!

– O que está acontecendo aqui? – gritou uma voz autoritária da porta, Karen largou os cabelos de Nicole no exato instante, mas já era tarde. O professor de educação física estava furioso – Vocês duas vem comigo, os demais sigam para o ginásio e me aguardem civilizados.

– Mas professor, foi a Nicole que começou. – afirmei em defesa de minha amiga.

– Não importa as duas vão comigo para a diretoria e se alguém mais se intrometer que nos acompanhe.

Em meio à algazarra dos demais alunos de minha turma, Lucas e eu éramos os únicos quietos no ginásio, eu mal conseguia olha-lo sem querer seguir o exemplo e lhe dar o que ele merecia ali mesmo.

– Stev posso falar com você?

– Meu nome é Steven, só minha melhor amiga tem o direito de me chamar de Stev.

– Tudo bem, mas eu posso falar contigo em um canto mais reservado?

Enquanto Nicole provavelmente se fazia de santa na diretoria, eu provei a mim mesmo o quanto a presença de Lucas podia me deixar completamente tonto. Nos afastamos dos outros e sentamos próximo ao vestiário masculino – eu só queria entender qual era a intenção daquele babaca, porque se ele estava com aquela garota insuportável sabendo o quão baixa ela era, boa coisa ele também não poderia ser.

– Sei que você deve estar muito puto comigo por ontem, mas eu não pretendia te fazer de trouxa.

– Que santo. – comecei a bater palmas diante de seu belo rosto de modelo – Então de repente você ainda começa a namorar uma cobra venenosa e sem intensão, né?

– Eu compliquei as coisas pra você, só quero que saiba que não vou destruir a sua vida.

– Claro você já está fazendo isso e nesse exato instante.

– Me perdoa?

– Você é louco? Eu juro que não estou te entendendo, qual é o sentido disso? Arrependimento?

– Um pouco, mas não por completo porque gostei de saber que você se interessou por mim!

– Certo você toma algum tipo de medicamento controlado Lucas?

– Você acreditaria em mim se eu te dissesse que também me interessei por você?

CONTINUA...

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Comentários

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Eu estou emocionado aqui cara, sério mesmo. Esse foi o primeiro conto em semanas que eu li sem revirar os olhos vendo aqueles horrendos erros de português. Posta logo o próximo, já ganhou um fã

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