A voz do Coração - Parte 20

Um conto erótico de Alê12
Categoria: Homossexual
Contém 1195 palavras
Data: 06/07/2015 19:51:59

E agora? A grande mentira viera à tona! O que seria dos dois? O que a Julia iria fazer depois de tê-los flagrados? Ela estragaria com a festa da Luíza e iria expor o marido para todos da festa, causando vexame e desastre na vida de todos ali presentes?

- Não pode ser... Eu não estou acreditando no que estou vendo... – a voz dela tremia, assim como todo o seu corpo. A expressão de espanto se misturava com raiva e decepção. As lágrimas já caíam em grande quantidade.

- Julia, deixa eu explicar. – Paulo tentou se aproximar.

- Não encosta em mim. – ela gritou. Você é sujo! Cretino! Meu Deus, que forma mais cruel de me humilhar, de acabar comigo. Então era verdade aquela mensagem no celular... Então é ele o tal Gustavo...

Ela saiu correndo jardim a fora, direto para o portão principal.

- Eu vou atrás dela. – disse o Paulo, deixando o Gustavo de braços cruzados e sob o olhar condenatório da Amanda.

- Espera Julia! Vamos conversar. Aquela cena não foi nada... – antes que ele concluísse, foi surpreendido por uma tapa no rosto, dado por ela.

- Por quê? Porque fez isso comigo?... Um homem? Você me traiu outro homem? – ela repetia a mesma frase várias vezes, como se não quisesse acreditar ou perplexa demais com a situação. – Enquanto eu amava você, cuidava do seu bem estar, da nossa casa, você estava saindo com outro homem... Que dor!

- Julia... – ele se aproximou mais uma vez.

- Não encosta em mim! Seu verme!Porcooooo... – Você vai arder no fogo do inferno, vai sofrer todos os dias por este pecado terrível.

- Não diga isso. – Paulo se assustou com a expressão dela.

- Seu destino será a dor, o sofrimento... Primeiro por ter me traído da forma mais cruel, e segundo, por cometer um pecado tão brutal. – ela suspirou e entrou no carro. Mas antes, deixou o último recado.

-Não se dê o trabalho de voltar pra casa e pegar as suas coisas. Amanhã mesmo, elas estarão na casa da sua mãe. Quando todos souberem o que você fez... – ela não conteve o choro e desabou. – Eu não merecia isso. Você esmagou o meu coração.

Ele apenas observou o carro partir. Agora o seu mundo havia desabado de vez. Sua cabeça fervilhava e ele mal conseguia raciocinar. Pensava em tudo ao mesmo tempo: no Gustavo, na Julia, na família, no trabalho, na vida... Resolveu pegar um táxi e ir atrás dela.

*******

- Eu só não te repudio aqui neste exato momento, porque estamos na festa da nossa filha. – Amanda falava quase gritando com ele. – Como você foi capaz de fazer isso? Não sabia dos riscos que corria? E se fosse a própria Luíza que tivesse visto o pai beijando outro cara? Gustavo, eu sempre te dou razão em tudo, mas desta vez você foi longe demais.

- Amanda, ninguém tem culpa! Você e essa tal Julia resolveram ser Deus por um dia? É isso?... Eu e o Paulo nos amamos; nada vai mudar em relação a isso. E mais cedo ou mais tarde, todos irão ficar sabendo. E quer saber? Foi bom que isso tenha mesmo acontecido, pois eu cansei de fingir! Cansei de ficar sofrendo e abrindo mão da minha própria felicidade, por causa dos outros. Foda-se o mundo! Foda-se as pessoas que são preconceituosas e incapazes de compreender um amor verdadeiro. Eu cansei! – ela gritou.

- Fala baixo. Você tem razão, mas a nossa filha é apenas uma adolescente. Ela precisa ser preparada para esta novidade. Não é assim tão fácil como você pensa. Estamos falando meu caro, de mudanças na estrutura familiar da nossa casa.

- Não Amanda. Nada vai mudar. Porque eu sempre honrarei o meu papel de bom pai. Mas estou casando de mentir e fingir. Da mesma forma que dói nas pessoas, dói em mim também. Eu sou um ser humano... Poxa, eu tenho o direito de amar. – ele chorou.

- Calma. Tudo vai ficar bem. Não vamos estragar a festa da nossa filhota. Ela está tão feliz... Muda essa cara. Por ela e por mim também. – Amanda segurou na mão dele, e o acompanhou até o banheiro, para que o Gustavo lavasse o rosto. Em seguida, eles voltaram para festa, mas a sua cabeça estava voltada para o Paulo. Ele queria estar do lado dele neste momento tão difícil e complicado, mas não podia abandonar a festa da sua filha.

******

- Julia, abra a porta. – ele batia forte na porta principal da casa. Paulo conseguiu acompanhá-la na tentativa de mais uma vez conversarem. Sem obter respostas, ele se lembrou que a chave da porta dos fundos estava em seu bolso. Abriu-a cuidadosamente e subiu até o quarto. A Julia estava pegando todas as roupas dele e pondo numa mala.

- Vamos conversar meu amor.

- Como você entrou aqui? Saia daqui! SAIIIIII! Eu não quero te ver nunca mais. – ela se virou para encará-lo,e com o olhar cheio de ódio, pegou o porta retrato de vidro, que continha uma foto de ambos, e arremessou sobre ele.Paulo precisou se proteger com o braço. – Saia daqui. Você não é digno de entrar nesta casa. Seu monstro!

- Calma Julia. Porra! Vamos conversar. – ele gritou.

- Não me mande ter calma e não grita comigo. – ela se descontrolou e pegou todos os objetos do ambiente, para arremessar sobre ele, e acertou um em sua testa.

- Você está louca? Não dá pra conversar contigo, nesse estado de loucura.

- Acabou! Não existe mais casamento, não existe mais nós dois... Eu to com tanto nojo de você. Sai desta casa, sai da minha vida. Some daqui. – Julia não parava de chorar.

A situação era mesmo critica. Dali em diante, as coisas só iriam piorar em todos os sentidos.

Paulo não teve alternativa, a não ser, pegar a sua mala e sair de casa. Até que a poeira baixasse, ele iria para casa da sua mãe.

- Oi mãe? Boa noite! – disse ele adentrando na sala.

- A Julia nos contou o que aconteceu. Diz pra sua mãe que é mentira. Diz! – como assim? A família dele já sabia de tudo? A Julia não perdeu tempo mesmo. Não o deixou se explicar, nem mesmo para a família.

- Fala mano. Você deu pra viado? É isso? – o irmão dele o encarava, como se conseguisse o crucificar com os próprios olhos.

- Me respeite! Eu sou o seu irmão mais velho. Qual é hein? Eu vim até aqui, porque estou passando um momento difícil, e a minha única família me trata com hostilidade? – ele bateu os braços.

- Não foi isso que eu perguntei a você, Paulo! – gritou a mãe dele. – Vamos! Responda a minha pergunta. Você está de caso com um homem? Você traiu a sua própria esposa com outro rapaz? Fala! – ela gritou novamente.

Paulo baixou a cabeça, e as lágrimas foram inevitáveis. Seu choro vinha da alma e dilacerava tudo por dentro. Não dava mais pra fugir. Ia ter que enfrentar a família... Ele respirou fundo, e com os olhos cheios de lágrimas, desabafou.

- Sim. Eu me relaciono com outro homem. Na verdade, ele é o meu amante!

A mãe dele arregalou os olhos e levou a mão ao coração. Seu espanto e perplexidade, assim como o do irmão dele, o fez desmoronar.

CONTINUA...

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Comentários

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Maravilhoso. Agora é esperar para ver se o amor dos dois vai conseguir vencer essas dificuldades.

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