Como Não Me Apaixonar ep. 04

Um conto erótico de John
Categoria: Homossexual
Contém 2099 palavras
Data: 08/07/2015 02:23:27
Última revisão: 22/10/2017 17:37:07

E ae galera, eu fiquei muito feliz por estarem gostando, e agora cada vez mais motivado a escrever, curti os comentários e agradeço a cada um pelo incentivo. Hoje meu dia foi meio corrido e não consegui postar a tempo, agora para que vocês possam acompanhar com mais segurança pretendo postar, no mínimo, um capitulo por dia, por volta das 22h, e nos dias que eu estiver mais livre eu posto dois.

4  Fechar os Olhos e Sentir

Eu estava sozinho no meio de uma escuridão infinita, gritava por ajuda, mas não havia outro ser vivo além de mim por perto, me abaixei e comecei a chorar, eu me sentia mal, desolado e perdido, preso em um turbilhão de pensamentos e angustias, via cenas ruins do meu passado, das quais lutava todos os dias para esquecer. De repente sinto um toque em minha mão, olho para cima e vejo Nicholas, ele estava lindo e com um sorriso acolhedor, segurou minha mão e me levantou.

– Não chora mais, estou aqui para te salvar. – dizia ele enquanto se aproximava me abraçando.

– Não me deixa, nunca – implorei, ainda com lagrimas descendo.

O abraço era perfeito, e apesar de eu ser maior que ele eu me sentia seguro, como se o mal e toda a escuridão não pudessem mais me atingir.

Abro os olhos bem devagar, minha cabeça doía um pouco, reparei que estava em casa. Foi um sonho. Fiquei deitado alguns minutos relembrando o sonho e imaginando o quão impossível era aquilo. Poxa ele era hétero e todas as características físicas, jeito de ser e voz condiziam com isso, não detectava um detalhe qualquer, uma brecha ou deslize dele que comprovasse que ele era gay, por um lado isso era bom, se houvesse algo que me confirmasse que ele é gay eu me perderia em sentimentos que poderiam não ser correspondidos, e eu sofreria mais uma vez. Melhor esquecer essa bobeira e seguir minha vida.

A semana começou tranquila. Eu comecei as aulas na autoescola no período da manhã, as aulas de violão eu já fazia há um tempo no período da tarde e a noite aproveitava entre ler, jogar uns jogos no PC e ver televisão. Apesar de parecer uma rotina dos sonhos para muitos, para mim era entediante. Eu estava acostumado com a correria do dia-a-dia, eu vivi os dois últimos anos saindo de casa cedo e voltando tarde, cursos, escola, aulas, minha cabeça era ocupada 100%. Apesar que não fazia tudo isso para ser mais inteligente, fazia para esquecer as dores do passado.

Apesar de todos gostarem de mim e eu ser amigo de muita gente, eu me sentia sozinho na maior parte do tempo. No último ano eu me afastei da vida de festas e baladas, me isolei de muita gente e foquei 200% nos estudos, a recompensa veio, fui aprovado no vestibular, mas também vieram as consequências da minha atitude, acabei perdendo muitas amizades, meu melhor amigo me substituiu, e minha vida se tornou mais caseira e solitária. Mas ficava feliz quando pensava naqueles que, apesar de tudo, permaneceram sendo meus amigos.

Minha vida amorosa também não foi um mar de rosas. Para falar a verdade sempre foi um desastre. Eu dei meu primeiro beijo aos 14 anos, achava que ele gostava de mim, mas tive o azar de o primeiro cara na minha vida ser, na verdade, um cafajeste.

Depois, aos 15, comecei a me envolver com um garoto de 19 anos, mais experiente, porém minha inocência o fez cansar e terminou comigo por mensagem mesmo. Tempos depois perdi minha virgindade com um grande amigo na época, estávamos bêbados depois de uma festa junina e acabamos dormindo juntos, foi maravilhoso, mas depois de muitas brigas ele foi embora da cidade me odiando.

A saga seguiu por um ótimo amor que duraram 2 anos e muitas brigas. Apesar de eu ser ativo e na cama ser de um jeito, no pessoal e no dia-a-dia eu era mais submisso. Ele era o dobro do meu tamanho, e apesar de gostar muito dele eu sofri demais ao seu lado. Ele aprontava todas e eu tinha que aceitar, depois de sofrer agressões e passar muita coisa, eu atingi meu limite e disse tudo que estava entalado. Só lembro-me de acordar no chão da casa dele, ele me bateu tanto que acabei desmaiando. Depois que acordei com muita dor, vi que a casa estava vazia, peguei minhas coisas e sai de lá chorando, por sorte nunca mais vi ele.

Meu coração estava tão dilacerado e destruído pelas magoas que me fechei para balanço no quesito amor. Foquei em mim, aprendi a me amar, renovei meu guarda-roupa, passei a me cuidar, valorizar o que havia de melhor em mim. Marcos, meu melhor amigo na época me ajudou muito em tudo isso. Por mais incrível que pareça isso me fez muito bem, não houve uma mudança de patinho feio a cisne, mas ao analisar a mim mesmo, vi que eu era bom demais para aqueles trastes que passaram em minha vida, após esse choque de realidade mudei meus hábitos, e o mundo passou a olhar diferente para mim, e o melhor: eu me via diferente, um diferente bom.

Era sexta-feira à noite, o pessoal da minha sala havia animado de ir à Rua da Lama novamente, mas eu não estava muito animado, estava reservando energias para o próximo final de semana, pois era meu aniversário, após muita insistência resolvi ir. Como eu decidi de ultima hora, acabei sendo o ultimo a chegar. Eu vestia uma camisa de abotoar branca de manga comprida, uma bermuda azul marinho dobrada até o joelho e um mocassim da mesma cor da bermuda. Confesso que estava um pouco mais elegante do que a ocasião pedia, mas eu estava muito bonito. Os encontrei na mesa, reparei que havia mais gente que na ultima vez, cumprimentei a todos e me sentei, começamos a beber, minutos depois aparece Nicholas que estava no banheiro, ele veio e me cumprimentou e sentou-se no lado oposto a mim na mesa novamente.

– Sou mais pedirmos uma rodada de tequila para animar a noite hein? – Falei já chamando o garçom.

– John você não toma jeito cara, seu fígado deve estar destruído, você bebe muito. – falou Pedro rindo. Confesso, eu bebo muito, mas sempre fui assim – hoje nem vou beber, estou tomando remédio. – completou.

– Ah poxa, vai me abandonar? Tudo bem, mas tirando realmente quem não bebe, nós vamos tomar essa rodada. – falei animado, até que o garçom chegou, contei quantos iam beber. – Por favor, 7 doses de tequila, prata.

– Aproveita e poderia trazer essa porção de batata frita com cheddar e bacon, por favor. – falou Pedro – já que não posso beber não vou ficar só no suco. – disse ele rindo.

– Ok já providenciar. – disse o garçom indo adentrando o bar.

Nicholas olhava pra mim com uma cara de que não queria beber muito, mas depois relaxou. Todos nós bebemos e conversamos por horas, a noite estava muito boa até que deu a hora do pessoal ir embora. Eu estava já meio tonto, mas não queria que minha noite já terminasse, e chamei o pessoal pra irmos pra boate, mas eles já estavam cansados, Pedro disse que queria, mas como não poderia beber ai não teria tanta graça. Eles já iam entrando nos taxis a caminho de casa, eu percebi que já não estava muito em condições, mas resolvi ir sozinho mesmo, me despedi de todos e fui caminhando na direção da boate, a mesma que fomos à semana passada.

Após andar umas três quadras, sinto alguém puxar meu braço, olhei assustado achando que era um assalto, mas me assustei mais ainda ao ver que era Nicholas.

– Cara que susto, o que esta fazendo aqui? Eu pensei que havia ido para casa – Falei em um tom de surpresa olhando para ele.

– Fiquei preocupado de você sair andando bêbado e sozinho então vim atrás de você, te chamei algumas vezes, mas pelo visto já nem ouve mais – Disse ele em um tom de preocupação, mas descontraído.

– Ah cara ninguém quis continuar a noite, se fosse antigamente eu teria ido embora, mas hoje em dia eu não deixo de fazer nada só porque os outros não querem – Falei meio chateado.

– Ok, mas essa sua teoria vale para uma ida ao cinema ou à praia, não a sair bêbado sozinho pela madrugada para uma boate – disse ele.

– É talvez eu esteja fazendo merda, me desculpa não acerto uma mesmo. – falei me sentando no meio fio da rua.

– Talvez? – disse ele rindo e já me puxando para ficar em pé novamente – venha, vamos lá pra casa é aqui perto, lembra? La você descansa, deixa passar o álcool e amanhã vai para casa.

– Poxa e a boate? – eu já estava muito ruim, mas a vontade de curtir sempre é maior.

– Semana que vem no seu aniversário você irá.

Ele me apoiou e fomos andando em direção a sua casa, que daquele ponto ficava a umas 10 quadras de distância. No trajeto conversávamos coisas aleatórias, como era a casa e a família dele, e como era a minha família, os gostos para comida e música. Ele morava com a mãe, era filho único, o pai morava no interior do estado, para musica ele gostava de rock e índie, como eu gosto de tudo um pouco então não houve conflito de gostos musicais.

Chegamos à portaria e ele pediu para que eu fizesse silêncio, pois pelo horário, 02h00min da manhã, sua mãe estaria dormindo. Subimos e entramos no apartamento, tudo era aconchegante, um típico dois quartos classe média, com uma decoração mais caseira, mas que combinou muito bem. Ele me levou ate a cozinha, nós tomamos água, depois seguimos um pequeno corredor até seu quarto. O quarto dele era bem organizado havia uma cama de solteiro encostada na parede com uma janela, um guarda roupa embutido em outra parede, e uma escrivaninha e varias prateleiras na outra parede, havia vários troféus e alguns livros nas prateleiras e em cima da cama um violão.

– Quarto bonito – Falei enquanto me sentava na cama. – realmente depois de ver esses troféus agora acredito que você gosta de espertes. – ria em quanto analisava o quarto.

– Ah valeu, mas podia ter acreditado em mim antes, sei que não pareço forte como você, mas eu disse que era. – disse ele rindo.

– Relaxa que agora eu acredito, mas e esse violão ai, não sabia que tocava – indaguei.

– Há muitas coisas que você não sabe – disse ele olhando em meus olhos.

– Toca alguma coisa pra mim, quero ver se você é bom.

Ele pegou o violão, olhou para mim uns segundos e começou a tocar. Fiquei estático já nos primeiros acordes, ele tocara “Janta” de Marcelo Camelo com Malu Magalhães. Não sou muito de ter músicas favoritas, mas se me perguntam eu digo essa como principal. Eu já tentei muito aprender a tocá-la, mas nunca consegui, e ele tocava com perfeição.

Via sua serenidade ao dedilhar, ele cantava suave, olhando para mim de uma forma que somada aos acordes intensos transformou aquele ambiente num misto de emoções cujo único resultado foi criar uma conexão entre nós dois. A bebida já fez efeito há muito tempo, e ela só me fez ver o quando eu estava afim dele. Já não dava mais pra negar a mim mesmo. Droga! Estou gostando de novo. Mas agora é tarde, aquele olhar, aquela voz, tudo me convidava a criar um sentimento por ele. Como não me apaixonar?

Ao tocar os últimos acordes da música ele olhou pra mim. Ao perceber que eu estava perdido em meus pensamentos e com uma feição de preocupação, para não dizer medo, ele interrompe o meu silêncio.

– O que houve, está tudo bem? – disse ele preocupado.

– Não é nada, é que essa música é uma das minhas favoritas, e ainda to meio bêbado então a soma disso resulta em uma explosão de emoções – falei me recompondo e dando um sorriso para ele.

– Sabia que acertaria na escolha da música.

Ele estava sentado na ponta da cama perto da cabeceira, eu deitei com a cabeça perto dele, ele me olhava e eu sorri. O álcool chegou ao nível máximo, o cansaço tomou conta do meu corpo, meus olhos já estavam fechando de sono quando olhei para ele uma ultima vez.

– Posso te contar um segredo? – falei sussurrando.

– Sempre. – disse ele se aproximando do meu rosto.

– Eu acho que gosto de você, mais que um amigo – disse com minha voz já sumindo e fechei os olhos.

Apaguei, mas ao fundo ouvi uma voz dizendo “Eu também gosto de você, mais do que imagina”.

- Continua -

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Comentários

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Este finalzinho foi tudo de bom! Putz, parabens.

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Ta maravilhoso es o final esplêndido 😍😍😍😍😍 vc escreve muito bem cara, sério nota um milhão, se é muito top e vc é macumbeiro só pode,em metade do conto ta minha vida 😂😂😂😂😂👌, parabéns mano continue

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Muito bom, já está na lista dos meus favoritos. A sua forma de relatar é muito boa. Parabéns.

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Perfeito esperando próximo 😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍

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O próximo por favor rs! Cara ta perfeito gosto do jeitinho do Nicholas ele é um fofo, bjo lindo até o próximo 😘

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