Bom, obrigado pelas leituras e a quem comentou e deu nota. Desculpem me pela demora, fiquei sem ispiração... hahaha sem muita enrolação, aí vai.
Acordo com Bruno com aquela cara de safado me chamando para jantar.
Olhei em meu relógio de bolso (sim, de bolso! odeio relógio de pulso, me incomoda!) e me assustei com a hora, pois deviamos levantar as 16:00 para ficar sentados até essa hora, questionei ccom Pedro e Bruno:
Eu: Porra cara, olha a hora, o cabo vai xingar de eu ter levantado só agora!
Pedro: Relaxa cara, hoje é o cabo Denis, esqueceu??? ele é de boa!!!
Bruno: É... kkkkkkk ele até disse que se pá ele vai deixar a gente mexer no celular mais tarde...
Eu: Ufa, gelei agora aqui... hahahaa
Me levantei, coloquei meu coturno (apesar de ser proibido tirar, todo mundo sempre dava um jeito, o meu por exemplo era de zíper, portanto era muito mais facil quando eu fosse o colocar) ajeitei minha farda, coloquei meu cinto suspensório que estava pendurado na cabeceira da beliche, abri meu porta carregador e conferi a quantidade de munições que havia nele apertando as para baixo e fui para a cozinha.
Confesso que nem sempre a comida de lá era boa, mas neste dia, o Oficial de dia que estava de serviço era um dos tenentes mais gente boa que eu conheci lá, ele era de Pernambuco. (não vou colocar o nome dele aqui para não ficar fácil de nos localizar...) Portanto, toda vez que ele estava de serviço, mandava caprichar na nossa comida, as vezes até mandava a comida que era destinada somente aos oficiais para nós, alegando que estavamos em situação de risco, longe do quartel e de casa e que devia nos dar valor para que não dessemos alteração no serviço.
Peguei um prato, coloquei um pouco de arroz, feijão, carne cozida e salada, e digamos de passagem que estavam muito bons, comi e voltei a esperar dar as 18:00 para que finalmente voltassemos ao serviço para cumprirmos mais um quarto de hora romo a liberdade... hahaha frase que sempre diziamos, mas nunca era liberdade de verdade, pois no dia depois do serviço, ainda cumpríamos expediente até as 17:00, antes de podermos voltar para casa...
Enfim, chega a tal das seis horas da tarde, pegamos o nosso querido FAL 7,62 e fomos rumo ao caixão de areia a fim de dar os golpes de segurança no fuzil, e desengatilhar antes de colocar o carregador com as munições... medidas de segurança para não ocorrer acidentes com munição, uma vez que usamos muniç~so e armamento real, e quaquer incidente podia ser fatal, mesmo assim, se não fosse fatal, teriamos de dar muuuitas explicações sobre o ocorrido e escutar mais de mil vezes que um de nossos companheiros podia se ferir, ou até a nós mesmos...
O quarto de hora ia se arrastando, mais uma vez. E eu já estava ficando cansado de ficar lá sem assunto na guarita do Pedro e aviso ele que iria subir para ver o andamento do serviço do Bruno (que nada, iria eu lá bater um papo com ele e adimirar aquele pedaço de mal caminho... hahahah)
Chego lá na guarita de cima e vejo o Bruno passar a mão no rosto, que mesmo ele estando de costas, percebi que ele estava limpando lágrimas de seu rosto. Chego perto dele todo apreensivo achando que poderia estar acontecendo algum tipo de anomalia no serviço, ou que ele poderia estar passando mal, e ele começa a falar, meio que com a voz embargada pelo choro:
Bruno: Sabia que nao iria conseguir ficar longe de mim mesmo... kkk tenho esse mal - disse ele olhando para os lados e para baixo, como se viesse algo a sua mente de quele não gostou nenhum pouco de se lembrar...
Eu: mano, nem adianta falar que não está acontecendo nada, por que eu sei que está... é por causa da sua namorada ne? - ele negou com a cabeça, então continuei - não? então por que? fala aí, gostaris de poder te ajudar. -Disse mudando minha expressão, querendo passar confiança e levo minha mão até seu queixo, levanto sua cabeça e passo a mão em seu ombro, dizendo - Não fica assim cara, por mais que seja dificil. não vale a pena passar por isso sozinho.
Bruno: nossa mano, valeu mesmo, eu acho que preciso desabafar mesmo...
E lá começou ele, contar tudo, vomitar sua história de amor confusa com a Luana (Esse era o nome da namorada dele que eu ainda não havia citado) e como começaram as brigas, por causa de um amigo antigo (que ele havia conhecido em seu 1° dia de aula no ensino médio), e como ele descobriu que era dele que ele gostava, e não dela como ele havia tentado mentir para si mesmo durante quase um ano de namoro. Foi aí que ele começa a se afastar um pouco dela e começar a sair mais com Raul, e realmente ver que estava apaixonado por ele. começaram a trocar mensagens em seu celular, e ainda me mostrou algumas delas e um dia, seus pais iria sair, marcou para ver um filme que ha tempos tinha lançado e que até então, não havia dado tempo dos dois assistirem, e assim foi. marcaram as oito na casa dele e quando deu dez para as oito, lá estava ele na porta de casa, com uma pizza e uma sacola de refrigerante na mão. ele abriu para ele entrar, e entusiasmados, foram logo para dentro do quarto de Bruno cada um com um pedaço de pizza na mão e com um copo de coca na outra, esquecendo de trancar a porta... O filme começou e como só havia uma cama de solteiro no quarto, os dois sentaram juntos, encostados na cabeceira da cama. e como estava frio, os dois cobriram os pés com o mesmo edredom, e aos poucos, a medida que iam se relaxando, o corpo dos dois se aproximava mais, o pé deles que já estavam se tocando, ficou um por cima do outro, e os braços, que cansados de se auto sustentarem em cima da barriga já estavam colados, lado a lado no pequeno vão que se formava entre os dois. Logo, suas mãos também ficaram lado a lado e começaram a se tocar e a se acariciar... os olhos dos dois, que antes estavam colados na tela da televisão, agora estavam se cruzando naquele quarto escuro, onde somente a luz que a tv emitia atravessava o rosto dos dois e destacavam ainda mais sensualmente as curvas dos sorrisos e expressões, que ele não havia percebido por completo, mas o que ele sentia por Raul, aquele rapaz magricela de 1,70, pele morena clara e olhos castanhos esverdeados era recíproco. O beijo foi inevitável. Os dois estavam se sentindo estranhos por ser a primeira vez que se envolviam com uma pessoa do mesmo sexo, mas eles nãotinham medo, estavam se entregando a paixão de escola deles, de um amigo, apesar de tudo que eles estavam sentindo, de toda a confusão que estava na cabeça deles, a confiança que um sentia pelo outro acalmava todo o nervosismo. sensação total de entrega e de cumplicidade. que os dois não queriam que acabasse nunca mas que estava com os segundos contados. no mesmo tempo que um parou de beijar o outro, riram e entrelaçaram suas mãos, e Bruno apertou bem forte a de Raul, e deram mais um beijo, agora, com a outra mão atras da cabeça um do outro, a sincronia dos dois era maravilhosa, ja que até os medos e desejos mais profundo dois dois eram iguais, que foi interrompido por um grito:
Luana: Peraí o que é que esta acontecendo aqui!?!?!? - Os dois pararam de se beijar, desentrelaçaram as mãos e ficaram sem resposta, e ela continuou - É, eu to sendo traída pelo meu namorado. E COM UM HOMEM AINDA POR CIMA!!! Eu deveria saber, tava estranho todos aqueles encontros desmarcados e você chegar atrasado em todos compromissos que marcavamso, e sempre a mesma coisa. Raul isso, Raul aquilo... eu não acredito que fui tão troxa assim...
Nisso Bruno se levantou e tentou se explicar com Luana com medo de ter sua sexualidade recem descoberta e ainda com receio de ter toda uma exposição, de um cara que frequentava uma igreja, de ser um soldado, dizendo que não havia acontecido nada de mais, e que Raul não significava nada na vida dele, e que havia acontecido um erro que nem ele entendia.
Raul escutando essas palavras, apenas levantou e saiu. Bruno pensou que era apenas para ele terminar de conversar com Luana com mais calma, e depois conversariam, mas não. Raul apenas enviou uma mensagem para ele no celular que dizia:
"Então eu não significo nada na sua vida? ok. que bom. não que vai te interessar ou fazer alguma diferença em sua vida, estou me mudando, nem tente me procurar, achei que seria desta vez que eu me relacionaria, que desta vez eu teria um amigo, um amor que realmente se importasse comigo, mas não. tchau."
Ele o bloqueou em todas as redes sociais, mudou de numero e não foi mais visto na cidade. Bruno terminou com Luana e agora estava lá, decepcionado, com o coração partido por ter dito aquelas palavras tentando se explicar com ela e ter partido o coração do seu unico e melhor amigo e recem descoberto amor.
Eu: Puxa cara, nunca imaginei que era isso que estava acontecendo com você... (unica coisa que eu conseguir falar no momento...)
Bruno: Pois é cara, muito menos eu - Aos prantos - e agora eu não tenho mais nada em que me apoiar. Nossa, não devia estar falando isso com você. você não precisa me escutar, não quero te incomodar - disse ele tentando secar as lagrimas, mas era inútil, pq mais lágrimas saiam e molhava o pedaço de rosto recem enxugado - vai lá, vai, na guarita do Pedro ver como ele tá, não quero que ele te dedure para o cabo e acabe sendo punido por minha causa...
Eu: nada disso, vou te ajudar.
Bruno: Não, é sério, vai lá.
Eu: Cara, até parece que vc vai ficar aqui em cima sozinho, abalado desse jeito, no escuro e ainda por cima com um fuzil com 20 muniçoes. não mesmo, vamos conversar. quero te ajudar!!!
Bruno: não precisa, sinceramente. to melhor já, só de desabafar já tirou um enorme peso das minhas costas. Valeu mesmo!!!
Eu: Ok, mas a gente vai continuar essa conversa. não vai ficar assim!
Bruno: Ok cara. Valeu mesmo. ha tempos que precisava de uma migo assim como vc tá sendo, que não importa o que o outro ta passando, você tá aqui para me levantar, quanto tudo me faz cair. obrigado!!! - disse ele chegando proximo a guarita, entrando e fazendo sinal com a mão para que eu o seguisse. eu entrando na guarita, ele me deu um abraço, bem limitado por conta dos fuzis que estavam pendurados em nossos ombros com a bandoleira (Especie de tira de nylon usada para apoiar o peso do fuzil e facilitar ficar as duas horas com ele no posto), mas bem sincero, como uma criança que abraça a mãe depois daquele tombo em que ela achava que ninguem estaria ali para ajudar, mas quando olha para o lado vê que a mãe está ali para a ajudar na situação, e muito agradecida, como se devesse a ela seu bem estar, desse aquele abraço apertado, que não dá vontade nunca de soltar, e assim fizemos, retribuindo o abraço, coloquei minhas mãos em suas costas e o puxei pra mim, retribuindo também com minha cabeça deitada na nuca dele, que ele já havia colocado a cabeça dele na minha nuca desde o primeiro momento do abraço. e ficamos assim, por uns 30 segundos, senti que ele realmente estava bem. e só por ter essa certeza, me ausentei da guarita dele em direção a do Pedro.
Cheguei lá, constatei que nada havia acontecido de errado, e fiquei os quarenta minutos restantes do quarto de hora jogando conversa fora, com a cabeça no mundo da lua, pensando no que eu havia acabado de escutar e apenas concordando com o que ele dizia. Prestei atenção mesmo na conversa, quando ele tocou no assunto "Harry Potter", descobri que ele era fã tbm, e que não era poser... hahaha a maioria dos que eu conheço é, falamos um pouco e logo escutamos os golpes de segurança dos fuzis dos tres que iriam entrar em nossos lugares, esperamos e em menos de um minuto os dois já estavam a menos de tre metros da guarita, então subimos para a sede da guarda e logo me ocupei em correr para o banheiro, pois estava apertado e precisava tirar agua do joelho... kkkkkkkkk
Vi que Bruno estava chegando e se direcionou a cozinha, quando saí do banheiro, ele já havia deitado, virado as costas para o lado que eu estava dormindo e deu com a mão quando eu o chamei, dizendo que iria dormir e que depois nos falavamos...
Entendi o lado dele, ele havia acabado de se revelar gay a uma pessoa que ele mal conhecia, exposto todos os medos e fragilidades dele e estava com vergonha. em certo ponto eu gotei dele não querer conversa, eu mesmo não saberia o que falar a ele, então decidi que seria melhor mesmo dormirmos para dar tempo de digerir tudo aquilo.
Confesso que me frustrei um pouco, mesmo sabendo que nada aconteceria no quartel do que eu sempre havia sonhado, uma esperança eu alimentava de que algo realmente podia acontecer. Mas com o que ele havia acabado de falar, eu seria um ombro amigo, que estaria ali apenas para consolar a mente dele, pois no físico, ele estaria "de boa" quanto a um relacionamento, até mesmo uma simples transa casual.
Já havia me conformado quando peguei no sono. como eu sempre digo, "A vida tem dessas coisas"
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Bom, é isso galera, confesso a vocês que eu não iria escrever o conto dessa maneira, que iria acontecer tudo diferente disso, mas uma coisa levou a outra e saiu assim... espero que gostem e fiquem ansiosos pela proxima parte... comente, digam o que acharam! abçs. quem desejar conversar mais, ou qualquer outra coisa, me manda um email... gatojrcdc@gmail.com responderei a todos com muito prazer!