Tinha acabado de acordar cedo como sempre fazia. Na verdade toda a família sempre levantava muito cedo. Papai ia para o trabalho, era Professor da rede pública, por volta das 06:30 h da manhã... Mamãe, eu e Ana Amélia aproveitávamos a carona para ir ao pequeno comércio onde a fabricação e as vendas diárias de doces caseiros eram realizadas.
Todos os dias, de segunda a sábado, nós três e mais cinco funcionários marcávamos presença na loja de doces e na recém adquirida lanchonete onde uma farta variedade de guloseimas de fabricação própria eram colocadas a disposição de nossa fiel clientela e todo santo dia por volta das 08:15 h um ainda sonolento Jeff chegava por lá...
_ Bom dia D. Amélia... Aninha... E de repente ele sentou na sua cadeira cativa e não falou comigo.
Como tava atendendo outras quatro pessoas recém chegadas ao local, não me importei muito com seu esquecimento proposital em não falar comigo.
Anotei os pedidos, e fui pra detrás do balcão. Ele como sempre fazia, abriu a mochila e dela tirou seu caderno e um dos livros que sempre levava pra Faculdade...
_ Ô Matheus, bem que tu podia me ajudar com essa questão aqui de cálculo - E fez uma pausa antes de prosseguir - Já que não me ajudou ontem naquele verdadeiro diluvio que cai na Cidade.
_ Eu sabia que esse teu mau humor era por causa disso. Só ajudo se me der bom dia... Eu só funciono se me dão bom dia, boa tarde e boa noite...
_ Você vai me negar ajuda novamente? Belo amigo esse que arranjei pro resto da vida.
Me fiz de morto e surdo e toquei com meu serviço. Servi a mesa dos clientes e aproveitei pra atender mais três que estavam no balcão. Em seguida nosso entregador saiu com várias encomendas que já haviam sido embaladas por mamãe e Ana Amélia e finalmente após coçar a cabeça e me segurar elo braço quando passei por ele, Jeff disse:
_ Você venceu Matheus... Bom dia cara... Agora você pode me ajudar por favor nesse maldito cálculo?
Pedi pra outra menina dá conta do recado enquanto eu ia ajudar meu amigo... Sempre o achei uma cara sensacional...
_ Deixa ver o que tá te fazendo chorar... Sentei, mostrei onde ele tava errado e fui orientando até que ele conseguiu fazer não só o cálculo em questão, mas todos os outros quatro.
_ Você já tinha feito, né? Perguntou ele.
_ Desde ontem quando cheguei em casa. respondi já me levantando.
_ E que horas tu saiu daquela parada? Fui pela contra mão e não tinha sinal de ônibus de jeito nenhum. Tu deve ter chegado em casa perto das 23:00 h, foi não?
_ Errou... Cheguei em casa por volta das 21:30 h.
_ Aprendeu a voar, é Matheus?
_ Que nada, cara. Olha só... Não posso falar nada aqui. Vim de carona... Fica frio que depois te conto tudo, beleza?
_ Você é louco, cara? carona? E se tivesse...
_ Fala baixo, Jeff. Mamãe nem sonha que vim de carona pra casa. Depois te conto tudo, prometo.
Enquanto ele ficou lá sentado resolvendo outras coisas até ir pra casa por volta das onze da manhã e tratei de fazer meu serviço que geralmente acumulava enquanto lhe dava atenção.
Papai sempre passava por volta do meio-dia e voltávamos pra casa. Quando ele saía de novo pro outro Colégio, dessa vez particular, onde dava aulas até as 17:30 h, eu e Ana Amélia íamos de carona para nossas aulas de língua estrangeira e computação e minha querida irmã para o cursinho... Mamãe voltava pro nosso pequeno e cheio comércio e quando ele passava de volta pegava toda a família e me deixava na Faculdade.
Nos dois primeiros dias nem sinal do meu novo amigo Rodrigo Santiago. Na verdade não teria como ter notícias dele já que vivíamos em mundos diferente, Mundo Acadêmico diferentes, e foi com surpresa e uma certa satisfação quando o vi entrar na biblioteca da Faculdade...
Ele tinha mais ou menos 1.73 m de altura, era bem forte, tinha o cabelo preto de corte baixo, era moreno, e sorriu assim que me viu. seu rosto parecia irradiar luz própria e devia ser gente boa porque as outras cinco pessoas que estavam com ele olharam pra mim automaticamente quando ele falou alguma coisa pra ela e veio em minha direção vestindo uma calça de brim branca com camiseta polo na cor verde oliva. seus tênis eram pretos e nas costas uma mochila de cor preta...
_ Por todos os deuses do Olimpo... É você mesmo, Matheus? Ele realmente tava feliz em me ver. seu riso era aberto e palpável seu entusiasmo em me ver...
Levantei e estendi minha mão... Ele ignorou a coitada e me deu uma abraço de urso enquanto me levantava rapidamente do chão...
_ Sou eu mesmo Rodrigo Santiago. Tudo bem, cara?
_ Agora esta... Tava louco pra te ver, só que tava sem tempo... Olha o que você esqueceu dentro do meu carro...
E tirou da mochila um estojo que era meu mesmo contendo meu material de desenho que nem tinha dado falta, ainda...
_ Puta que pariu, meu... Quando olhei pra ele seu sorriso tava maior... Isso ia fazer uma falta desgraçada na próxima aula...
_ Então não esqueça que agora sou seu salvador da pátria. O que tem feito de novo, rapaz?
_ Trabalhado e estudado... O normal, né? E você?
_ Estudado muito. Minha turma e eu teremos que preparar uma aula sobre a Industria farmacêutica nos prós e contras, em se tratando de medicamentos eficientes ou não na cura de determinadas doenças.
_ Deve ser fascinante isso Rodrigo. Eu tava aqui justamente revisando uns cálculos que fiz hoje lá no trabalho num tempinho livre que tive. Quando fechei a boca o Jeff grita lá da porta pra terror geral dos que estavam na biblioteca...
_ Ei Matheus, tu vem ou não cara? Já vai começar, porra...
_ Viu só, os fãs me esperam... Legal ver você Rodrigo Santiago.
_ Como assim legal ver você e sair desse jeito? Não senhor. Te espero na parada por volta das 21:00 h, beleza?
_ Minha aula só termina às 21: 40 h. Infelizmente não dá...
_ Ei cara não vai dar certo isso de não dá... Vou estar lá nem que seja meia noite, beleza? Quero te ver de novo... Será que eu posso?
_ Tudo bem Rodrigo. Assim que tiver uma chance corro pra parada... Agora já vou.
Ele do nada me abraçou e saiu correndo em direção a sua turma que também já chamava por ele. Assim que entrei na sala...
_ Jeff, tu tá doido? Gritar na biblioteca daquele jeito, cara? E ele já rindo...
_ Odeio silêncio, cara. Ali tava tudo muito quieto. Foi legal, não foi? Rimos juntos por um certo tempo até que a professora mais filha da puta entrou em sala...
_ Boa noite senhoras e senhores. E o martírio começou...
O tempo não passava e no intervalo aproveitei que alguns amigos afastaram e falei pro Jeff...
_ Pronto pra ouvir uma história meio louca?
_ Cara, essas são as melhores. Manda...
_ Você já sabe que naquele dia da chuva fui pra casa de carona. Aí os dias passaram e nada demais aconteceu com nenhum de nós. Só que faz um certo tempo, e isso eu já contei pra você, que eu tô meio angustiado. Tô meio perdido, sabe? Cara, tava fazendo uns cálculos lá em casa e com precisão de quase 70 % de chance favorável eu descobri que sou Gay.
_ O que? Tu ta falando sério, Matheus? E como vai ser quando o Sr. Jacinto e a D. Amélia souberem disso? Cara, a Aninha vai pirar...
_ Tô com medo Jeff. Eles terão que tocar em frente assim como eu, cara. O que vai mudar? Eu só prefiro, se é que eu prefira, ficar com outro garoto... Eu tô tão maluco com isso que já pensei milhões de vezes sobre ser expulso de casa, apanhar deles, ser banido da terra... Eu não posso sofrer por eles, entende? E eu? Quem vai ser por mim numa hora dessa?
_ E como tu descobriu isso, Matheus?
_ Sei lá. No dia a dia... Em qualquer lugar, cara. Na praia, no futebol com a turma, aqui mesmo na Faculdade... Eu só vejo os caras, entende? Eu não sinto atração nenhuma por nenhuma das meninas... E isso é terrível.
_ Cara tu é um cara realmente bonito, porra... Vai ser uma pancada na cara de muita gente essa história...
_ Eu não sou o que sou pra agredir ninguém não, Jeff... Qual a minha culpa nisso tudo?
_ Ei garoto, calma. Sou e vou continuar a ser teu amigo, beleza? Você não tem culpa por ser o que é, assim como você não poderá culpar os outros caso haja alguma negação, entende? É tudo muito novo e assustador. Só falei isso porque acho que vai ser uma barra muito grande e se ajudar de algum modo, eu gostaria muito de enfrentar tudo isso do teu lado, beleza?
_ Você não vai fazer nenhuma gracinha?
_ Cara um dia posso até fazer todas as gracinhas que puder... Só que eu acho que acabamos de entrar na vida adulta... Quer dizer, você entrou e me levou junto. Amigos?
_ Pra sempre, Jefferson Carvalho Neto. Adoro você, cara... Muito.
Ele me abraçou e pouco tempo depois voltamos pra sala para nossa última aula daquela noite.
...
Nunca pensei que meu mundo fosse cruzar com o daquele garoto que meses antes havia visto na calourada da UFC. Ele era tímido e ao mesmo tempo sociável. Seus cabelos pretos encaracolados me chamaram a atenção desde o momento em que eu peguei aquela tesoura e os cortei bem rente como mandava o figurino. Mesmo debaixo de quilos de tintas, era possível ver ali um garoto bonito, bem criado, educado e que de nada reclamava. Terminei meu serviço e tive que me afastar dele para que outros calouros fossem zoados por nós, os veteranos.
Meses passaram sem que voltasse a vê-lo. Eu fazia o Curso de Farmácia e numa bela noite chuvosa tive que deixar uma amiga de minha irmã Roberta Santiago no Campus porque ela ia dormir na casa de uma outra pessoa. Claro que fiquei puto da minha vida. O motorista da família já tinha ido pra casa a tempos e papai não deixou minha irmã ir no carro dela por causa da chuva... Sobrou pra mim. Ela era até legal. Conversamos bastante no trajeto e assim que fiz o retorno na Avenida em frente ao Campus da Universidade eu o parado embaixo de um minúscula árvore praticamente todo ensopado.
Ele só tava diferente por conta do cabelo. Tinha crescido um pouco mais já que estava enrolando de novo. Tava de jeans azul, camiseta branca, uma enorme mochila nas costas, os tênis estavam molhados com certeza e iria mofar ali até que um ônibus aparecesse. Pensei no perigo dele ali sozinho e não pensei duas vezes, parei o carro em frente a ele e desci o vidro da porta do carona. Quando o chamei com um aceno seu sorriso parece iluminar a noite de repente. Coração acelerou na medida do meu interesse e após um curto diálogo, o convenci a ir comigo. Dois dias depois de tê-lo conhecido, confesso que o mantive em meu pensamento por todo o tempo, só que tinha vários compromissos de estudo e resolvi que assim que tivesse um tempinho livre iria procurá-lo com certeza.
Quando o vi sentado numa das cadeiras da biblioteca, o coração não só acelerou como quis pular fora da boca, do peito, de mim... Ele tava lindo com aquela luz natural de fim de tarde em volta dele. Vestia uma calça preta, uma blusa quadriculada, tênis pretos, a mochila repousava na cadeira ao lado e assim que levantou a cabeça procurei colocar no rosto o melhor dos sorrisos... Quis gritar seu nome, correr até ele e muitas utras coisas mais... Só que minha turma merecia minha atenção e após um breve comentário me afastei e fui em sua direção...
Novo diálogo e a promessa de vê-lo logo mais ao final das aulas.
Cheguei na parada faltando ainda uma meia hora para voltar a vê-lo. O tempo não passava, pelo menos o meu relógio dizia que não adiantava olhá-lo de dois em dois minutos, ele ia passar no tempo dele... Aí meus amigos a surpresa foi minha...
_ Faz tempo que tu tá aí, Rodrigo?
Suas mãos estavam dentro do bolso da calça e seu sorriso já estava no rosto. seus olhos pareciam rir também...
_ Não. Na verdade acabei de chegar. Vamos?
Andamos pela primeira vez lado a lado e assim que ele bateu a porta do lado do carona eu abri a minha pra poder entrar. O trânsito de final de aula na Avenida tava complicado. Finalmente entrei e o olhei direto... Tava louco pra vê-lo de perto novamente.
_ Sabe onde você tava nos últimos dias, Matheus Pimentel? E tratei de dar partida no carro enquanto ele respondia...
_ Estudando e trabalhando numa rotina desgraçada de boa... E sorriu por conta do que dissera. Acompanhei sua risada e disse:
_ Comigo esse tempo todo. Não parei de pensar em você e seu dia a dia... Onde vai, com quem fala, seu rosto, teu jeito...
_ Rodrigo, eu...
_ Não diz nada por favor, Matheus. Talvez eu esteja cometendo um dos maiores erros da minha vida ao te falar tudo isso... Só que precisava fazê-lo, entende? Eu tô com a mão gelada aqui... Pena não estar chovendo, caso contrário usaria o frio como desculpas... Quero te fazer uma pergunta e tenho medo de fazer e da tua resposta... Só que sempre fui um garoto decidido e desde que houvesse meu interesse eu jurei pra mim mesmo que iria até o fim...
_ E o que você quer me perguntar, amigo?
_ O que eu tô sentindo... Sou só eu... Ou você também pensou em mim pelo menos um pouquinho?
_ Senti e sinto algo muito bom quando vejo você, cara. Agora responde com sinceridade... O que você quer de mim, Rodrigo Santiago?^
_ Tudo, cara. Eu quero tudo o que puder ter de você... Minha mão direita pousou em sua coxa esquerda e quando a palma de sua mão tocou no dorso da minha ela tava totalmente fria...
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ALVORADA, o meu sincero agradecimento pelo teu carinho. O melhor da vida começa novamente... Que esta seja uma outra jornada bem legal. Beijo no coração.
ESPERANÇA meu Talismã lindo, obrigado pelas boas vindas... São recíprocas. Grande beijo e obrigado por tudo.
PEQUERRUCHA minha querida, obrigado pela alegria e suas palavras. O bom mesmo é vê-la mais uma vez na estrada... Um beijo nesse coração.
A&M minha querida. Tava louco pra voltar.Obrigado pelas palavras que sempre me incentivam cada vez mais. Um beijo no coração.
CHELE minha querida assim não vale... Fico deveras emocionado com tudo isso. Minha única pretensão é tê-los por perto e seguir em frente. Que bom que a nova trama já caiu no teu gosto. Obrigado por tudo e fica com meu beijo.
DUDDA minha querida confesso que adoro música antiga e vou procuras nos baus que tenho em casa um repertório bem legal pra divulgar. Obrigado pelo carinho minha miga e que bom que o Matheus de certa forma já te encantou... Um grande beijo no coração. Volta sempre que puder, beleza?
NINHA M minha querida amiga... Que bom o seu carinho nesse novo começo. Via de mão dupla é nossa vida. Damos e recebemos de volta... Simples, né? Obrigado pelo carinho de sempre e não esqueça que me deves uma explicação sobre o LISONJEIO falado por você no outro conto. Beijos nas cariocas mais lindas...
ROSE VITAL minha querida e eterna Mama... Muitas são as perguntas que terei que responder ao longo do conto. Vc como sempre me deixando bem a vontade, né? Acho que vou te surpreender quando as coisas começarem a complicar... Beijão grande pra preencher esse coração gigantesco que sei que tens.
GUIIINHOOO meu querido amigo... Que bom vê-lo junto a mim novamente nesse estrada. Tô com saudade de vc, garoto. Grande abraço.
DIGOS2 meu querido amigo... Assim não vale. Sem palavras pra dizer algo a vc em retribuição a tanta demonstração de carinho, admiração e amizade. Te mando um abraço bem apertado e o meu sincero agradecimento.
AOS DEMAIS QUERIDOS E QUERIDAS QUE AINDA NÃO VIERAM SE JUNTAR A NÓS NESSA NOVA JORNADA O MEU AGRADECIMENTO COM A CERTEZA DE FICAR IMENSAMENTE FELIZ QUANDO OS VER POR AQUI... NANDO MOTA.