---Antes....
O que mais me intrigou foi a última mensagem de um número desconhecido,
“Tanto tempo ao seu lado e por tanto tempo te amando em segredo, queria poder te abraçar como ele faz, te beijar como ele faz, um dia talvez terei coragem de te fazer feliz”
Eu não sabia se enfartava agora ou se deixava para depois de saber quem era. Imediatamente mandei um:
“Como é? Primeiro, quem é você. Segundo não sei do que você tá falando. ”
Em segundos ela foi respondida da seguinte maneira:
“Estive o tempo todo mais perto do que você imagina meu amor e sabe do que eu estou falando. Mas ele não vai te tirar de mim, eu não vou deixar, prefiro morrer de amor e te levar junto do que te ver nos braços de outro”.
Meu Pequeno Peixe – Parte III
Prontamente desconfiei de alguma brincadeira idiota do Yago, mas logo desconsiderei além de ter o número dele sabia que não fazia sentido nenhum ser ele o autor das mensagens, ele teve variadas chances de ter algo comigo, já dormiu na mesma cama que eu. Enfim resolvi deixar para lá, apenas eu e o Rafael sabíamos disso e qualquer um que viesse a citar o fato para mim, automaticamente estaria se revelando. Acabei não indo no treino solo e fui para casa mais cedo desviando a rota para não passar em frente à casa dele é claro, aproveitei para passar em uma loja de variedades e comprei um trequinho de colocar joias (até hoje não sei o nome exato daquilo) como presente de aniversário pra Lorena.
A noite ocorreu sem nada que merece ser contado, com exceção de um “Boa noite meu anjo” enviado pelo número misterioso. Apenas ignorei e fui dormir.
Dia seguinte...
Acordei com uma preguiça de viver enorme, de forma que eu apenas coloquei o blusão do uniforme por cima do pijama, escovei meus dentes e fui para o colégio. Entrei na sala como sempre não olhando para ninguém, apenas caminhei por meu lugar no modo “piloto automático”. Até que escuto um “PSIU, OW DELÍCIA”. Reconheceria essa voz em qualquer lugar hahaha já virei falando:
-SUA VADIA! POR QUE NÃO ME FALOU QUE JÁ TINHA VOLTADO???- Disse sorrindo e indo abraçar minha amiga.
-Vadia é a senhora sua madrasta, me respeita seu broxa! - Disse Natália apertando ainda mais o abraço.
Natalia era a minha confidente, contava com ela para tudo, éramos amigos há quase 14 anos e nos tratávamos como irmãos. Longos cabelos castanhos, pele branca, olhos negros, mais ou menos 1.60m que se juntam com uma personalidade extravagante ou no português claro, ela era aquela amiga bem porra louca hahaha. Natalia tinha recentemente voltado de um intercâmbio no exterior com o seu irmão gêmeo Pietro, cabelos castanhos, olhos negros, praticamente a mesma estatura do Rafael, corpo atlético e uma personalidade totalmente oposta à da Natalia e diferente desta com ele nunca tive grande intimidade, mas sim uma relação de amigos distantes.
-Ando precisando tanto de você Nati, tá meio tensa a situação.- Disse olhando pra ela.
-iiih sai com essa urucubaca pra lá, melhora essa cara parece até que tá apaixonado, eu hein.- Disse Nati chacoalhando os braços.
-Talvez.- Disse.
-MENTIRA QUE PESCARAM O MEU TUBARÃO! - Gritou Nati, escandalosa como sempre.
-FALA BAIXO RAPARIGA.- Disse arrastando ela para fora da sala que já lançavam os olhares sobre nós para saber mais da conversa.
-Ain desculpa migo é que eu fiquei surpresa poxa, tu nunca se apaixonou por ninguém, mas quem é a felizarda? Eu conheço? Gente não to acreditando.
-Depois da aula eu te conto, vamos entrar que o professor tá vindo.- Disse puxando ela.
-O que? Tá maluco? Não vai me deixar curiosa até o final da escola, vamos gazear essa. – Disse Nati indignada.
-Minha filha eu sei que você só vem pra escola pra arrumar macho, mas eu não, preciso passar nas matérias pra poder competir. – Disse cortando sua ideia.
-Aff continua estúpido!
-E continuo te amando hahaha!
-Falso!
-Cachorra!
Entramos na sala eu cumprimentei o Pietro e fui para o meu lugar, Yago comentou algo sobre ele estar namorando Julia, mas nem muita atenção. As aulas por incrível que pareça passaram rapidamente e na saída Natalia disse para o seu irmão que iria comigo para minha casa para botar o papo em dia. Ele apenas concordou se despedindo de sua irmã com um beijo no rosto e me deu um abraço, estranhei na hora ele nunca tinha me dado um abraço, mas enfim começamos a caminhar e fui contando para ela os fatos ocorridos desde o começo, como conheci ele, o beijo que ele me deu, a cena da fuga hahaha.
-MEU DEUS! MEU TUBARÃO É GOLFINHO! - Disse Natalia histérica para variar, fazendo uma adaptação do famoso “esse pitbull é lessie”.
-AH NATALIA VAI TE CATAR PORRA, EU AQUI ME ABRINDO COM VOCÊ E VOCÊ VEM COM ZOAÇÃO?!- Disse meio puto já.
-Calma Joaquim kkkkk eu só estou processando a informação ainda, por mim tudo bem, não tem problema nenhum você ser gay e..
-EU NÃO SOU GAY.- Disse interrompendo.
-Okay, temos um problema de auto aceitação aqui.
-Não é auto aceitação, eu simplesmente não sou Nati, não sinto atração por homens, nunca fiquei com homem nenhum além dele.
-Mas sente por ele e pelo o que você me contou sinto lhe informar mais isso é bem mais do que atração amigo.- Disse minha amiga.
-Sei lá eu to pirando.
-Eu só acho que você não deveria ficar dando esperanças pra essa Lorena, pelo menos até você ter certeza que não ama ele, o que cá entre nós eu já tenho certeza que ama.- Disse Nati
-Esse é meu medo, realmente estar amando ele e...
JOAQUIM ESPERA! Escutamos um grito relativamente distante e um frio percorreu todo a minha espinha.
-Amigo tem um garoto te chamando.- Disse Nati
-Mantenha a postura, ignore e continue andando.- Disse já deixando transparecer o meu nervosismo rapidamente percebido por Natalia.
-Nem fudendo! Quero conhecer seu boy.- Disse ela virando e me fazendo esperar ele chegar.
-Puta que pariu eu te odeio garota. – Disse me odiando por não ter lembrado de desviar o caminho.
-Não seja ridículo e não saia correndo novamente, deixa que eu resolvo pra você. –Disse Natalia confiante.
Ele continuou correndo em nossa direção e ao nos alcançar estava ofegante e um pouco suado, ele era mais lindo ainda sob a luz do sol.
-Estava voltando da academia e te vi com a sua...?- Disse ele com sorriso que já alegrava só de olhar.
-Amiga! Me chamo Natalia, amiga dele há bastante tempo, embora eu ache que formaríamos um ótimo casal...- Disse Natalia que continuou a tagarelar tentando provocar uma reação ciumenta por parte do Rafael.
Eu apenas observava, estava ainda estático pelo sorriso daquele homem, que depois da resposta da minha amiga se fechou na hora rsrs.
-Abriu uma pizzaria nova na cidade, queria saber se você não tá afim de ir lá hoje à noite.- Disse Rafael interrompendo Natalia e falando diretamente comigo, sim era notável que ele estava com ciúmes e eu estava achando isso o máximo.
-Hoje à noite? Acho que não vai dar, tenho um compromisso mais tarde com a Nati.- Disse, obviamente tentando fugir.
-Temos? Não me lembro, mas estou desmarcando agora, pode ir com ele.- Disse Natalia com aquele sorriso de víbora filha da puta que eu já conhecia há muitos anos, eu ia matar ela depois dessa, sem dúvidas eu ia.
-Então vou te buscar em casa hoje às 19hrs pequeno.- Disse Rafael dando um beijo na bochecha da Nati e me dando um abraço.
Ele virou e foi embora para a casa dele e assim que estava a uma distância considerável e olhei para ela e antes que eu tivesse a chance de reclamar ela já disse histérica:
-MEU DEUS JOAQUIM, QUE RUIVINHO É ESSE? QUANDO VOCÊ DESCREVEU ELE EU PENSEI QUE ERA EXAGERO DE APAIXONADO.
-SUA VACA, Era para ter dito que ia sair comigo cacete.- Disse bravo.
-Sabe o que vai acontecer agora né? - Completei, dando um gole na minha garrafa d’água.
-Claro que sei, ele vai ir mais gato do que está agora te buscar na sua casa, vocês vão comer um montão de pizza e depois ele vai comer você. – Disse nati, cuspi toda a água que estava na minha boca.
-Garota você só pode ter caindo do berço quando era pequena, não tem explicação pra tamanha loucura em uma pessoa só. –Disse já não contrariando muito.
Chegamos na minha casa onde Natalia me contou as palhaçadas que vivenciou em seu intercâmbio, tanta merda que não convém expor aqui, disse que tinha encontrado vários garotos e ficado com todos eles –É puta mesmo– pensei. Disse que tinha ficado impressionada com a conduta do seu gêmeo, Pietro, que não tinha nem sequer conversado com uma garota, disse que tinha notado ele pensativo demais. Prolongamos o papo por mais um tempo e faltava cerca de uma hora para o Rafael chegar e ela então se prontificou a escolher a minha roupa e me deixar “mais gostoso do que já sou”. Era uma noite até que bonita, estava relativamente quente, porém o vento constante acabava por deixar o clima agradável. Natalia escolheu um short de sarja preta acima do joelho, uma camiseta branca lisa e uma camisa jeans por cima, completando com um sapato camurça e cinto.
-Eu não sei onde eu estava com a cabeça pra mesmo tendo aberto seu guarda-roupas um milhão de vezes nem sequer ter desconfiado da sua sexualidade. Porra só tem roupa foda aqui, hétero não se veste bem desse jeito.- Disse Natalia querendo descontrair.
-Nati, eu sei que você consegue tratar isso na maior naturalidade do mundo, mas eu não querida. Então por favor pega leve.- Disse sério.
-Hey Joca. Meu amor, não há absolutamente nada de errado nisso, não há nada de errado em amar alguém, então por favor, tenta, ele me pareceu ser um bom garoto e você está nitidamente gostando dele. Apenas tente se permitir, caso não gostar vai poder seguir sua vida tendo a certeza do que sente. –Disse Natalia me dando um abraço e um beijo na testa.
-Agora vai, que ele já está lá em baixo, vou estar te esperando aqui.- Disse nati olhando da janela, sim ela ia ficar lá, já era de casa várias vezes dormia lá comigo.
-E Tubarãozinho, você está um gato rsrs.- Completou.
Desci as escadas como se estivesse descendo para ir à igreja casar de tão nervoso que estava, avisei meu pai que me olhou de cima a baixo e soltou um “Huuum tá bonito assim pra quem heim? ” Em tom de brincadeira. Abri a porta e já pude enxergar o sorriso dele iluminando a noite. Rafael estava vestindo uma camiseta polo azul escura e uma bermuda bege assim que abri o portão ele veio em minha direção como quem ia me beijar, imediatamente desviei e disse:
-Aqui não.
-Desculpa pequeno é que você tá tão perfeitinho, não resisti haha. -Disse Rafael me olhando e caminhando ao meu lado em quanto íamos em direção a pizzaria que eu não fazia a menor ideia de onde ficava. Depois de um tempo caminhando:
-Você não precisa ficar tão quieto assim tá? Eu não mordo e gosto de conversar. -Disse rafa querendo quebrar o gelo.
-Desculpa, é que eu ainda estou meio desconfortável em estar tendoencontro com um homem, não estou mais conseguindo te enxergar como um amigo e por isso acho que está tão difícil.- Disse desabafando.
-Não me enxerga como amigo, então me enxerga como o que? - Perguntou.
-Não sei. - Desconversei.
-Fala o que sente sem medo pelo menos uma vez na vida Joaquim. - Disse rafa com uma voz já cansada das minhas evasivas.
-Aff tá legal, não te enxergo como um amigo, olho pra você e vejo o cara por quem estou me apaixonando. -Disse disposto a jogar as cartas na mesa.
Ele parou me prensou contra o muro pelo qual estávamos caminhando ao lado, me olhou e ali eu senti que seus olhos fitavam a minha alma e então ele disse quase que sussurrando:
-Diz mais uma vez que tá apaixonado por mim.
Olhei pra sua boca e lembrei de quão macia era, senti o seu toque me colocando contra o muro, estava encurralado e queria estar, seus braços me envolvendo era o meu ponto de paz e voltei mais uma vez para os seus olhos e disse:
-Eu estou completamente apaixonado por você e nunca tive tanta certeza como tenho agora.
Ele sorriu e me beijou e seu beijo, como sempre, leve; doce; extremamente protetor, não conseguia pensar em mais nada além de nós dois, nem mesmo o fato de estarmos no meio da rua me preocupava, nada importava além de mim, dele, de nós. Continuamos o caminho rumo à pizzaria e desta vez fiz questão de segurar a sua mão, caminhávamos como dois namorados e ele carregava um sorriso no rosto e um brilho nos olhos que denunciava a euforia da sua alma naquele momento. Ao chegarmos, o romance deu lugar ao comportamento bobo de dois garotos adolescentes competindo sobre quem comia mais pizza e o resultado foi o saldo de quase uma pizza inteira para cada um, de fato nós não éramos normais. Conversamos sobre diversas coisas, sobre o que gostávamos, músicas, comidas preferidas enfim, fazia um tempinho que não me divertia assim. Terminamos de comer e ele fez questão de pagar a conta sozinho, o que me deixou extremamente puto, odeio quando fazem isso me sinto explorando a pessoa. Mas a minha birra acabou em questão de minutos depois que ele disse que ia tirar “o meu bico” na base do beijo, e de fato, cumpriu. Quando estávamos chegando perto de casa eu quase que por instinto larguei sua mão e olhei para ele com medo dele ficar chateado ao algo do tipo, ele apenas me olhou e disse:
-Tudo bem, é natural que você não queria expor tudo isso na frente da sua família e eu respeito você, mas não vai poder ser assim pra sempre pequeno, hora ou outra eles vão ter que saber.
Aquilo gelou a minha espinha, não fazia a mínima ideia de qual seria a reação do meu pai e irmão ao saberem que eu estava me relacionando com um homem. Apenas agradeci a compreensão e o passeio, passei pelo portão de casa e disse:
-Dorme bem coloral, teve vejo logo.
-Adorei o apelido novo haha, te vejo no treino meu pequeno.- Se despediu ele.
Fui direto para o meu quarto e ao fechar a porta do mesmo não pude conter o sorriso que ia de orelha a orelha que se formava em meu rosto.
-Ah meu Deus, ferrou, ele tá gamado mesmo.- Disse Natalia com a mão na boca.
-Foi.... Perfeito, a pizza tava perfeita, o papo foi perfeito, ele é perfeito.- Disse
E então Natalia começou a tagarelar sobre como estava feliz por mim, que ele parecia ser uma pessoa muito boa e eu fui concordando até que sinto meu celular vibrar.
“Parece que você está mesmo disposto a ficar com ele, as vezes penso que agora é tarde para revelar o meu amor, mas não consigo nem pensar em desistir de você. Por favor eu não aguento mais te ver nos braços de outro, você é meu, só meu. E nem ele nem ninguém vai ter você para sempre além de mim”
Dizia a mensagem recém-chegada do mesmo maldito número desconhecido de antes. Imediatamente fechei a cara, o que foi percebido rapidamente pela Nati.
-O que foi que acabou de ler garoto? Passou de felicidade eterna pra cara de velório.- Disse ela lendo a mensagem.
Expliquei pra ela que esse número estava mandando mensagens desde que tive meu primeiro contato com o Rafael, mas que não fazia ideia de quem era e claro acabei falando o número pra ela e perguntei se conhecia. Natalia imediatamente disse que não, porém notei que uma voz um tanto pensativa, não parecia que ela estava falando necessariamente a verdade.
Continua....
Continuam achando que é o Yago? Façam suas apostas, capítulo que vem o leitor vai descobrir quem é. E o que acharam do primeiro encontro no casal haha? Gostaram da Natalia?
Aos Comentários:
Irish, Tadinha da Lorena hahaha, Será que é ele mesmo?
Roliv, Estou adorando brincar com a curiosidade de vocês hahahaha.
Ru/Ruanito, Aposto que você deve ter gostado mais da Natalia haha.
Rafadavid, obrigado pela força querido!
Prireis822, Também acho e acredito que ele não vai continuar fazendo isso, veremos nos próximos capítulos haha. Mais uma vez o Yago sendo o carrasco, estou começando a ficar com dó haha. Bjos!
Beulfort, Bem vindo querido! Fico feliz por saber que está curtindo. O que achou desse conto?
Até a próxima parte queridos(as)!!!