“O verdadeiro amor não tem final feliz, porque o amor verdadeiro nunca acaba.”
◄--- Ariel---◄
Com um olhar ficamos amigos, com um sorriso o amor nasceu, em oração pedimos a Cristo, com pouco tempo Ele nos respondeu. Com muito amor nos casaremos, e com fé em Deus felizes seremos.
Poderia estar sonhando acordado, mas era realidade o que eu estava vendo ali na minha frente. O Aroldo estava olhando pra mim e havia tirado os aparelhos que estavam nele.
-amor. [corri ate ele e o abracei devagar]. – que bom , que bom que acordou. Obrigado meu deus.
Chorei muito abraçado a ele. Era um sonho se tornando realidade.
Aroldo- oi amor. Sentiu minha falta.
Ele falava baixinho pois ainda estava fraco. Ele sorria pra mim e naquele momentos foi como se o mundo voltasse a ter as cores. Era como se o meu coração voltasse a bater com vida. Coisa que não acontecia quando ele ficou nesse hospital.
-estava morrendo de saudades de você meu colosso. [passei meus dedos na sua bochecha]. –nunca mais me de um susto desses.
Aroldo- pode deixar.
A felicidade não cabia no meu peito. Era algo surreal ver ele ali sorrindo, conversando comigo, me completando.
-eu te amo. [beijei sua testa e lhe dei um selinho]. –muito.
Aroldo- também te amo amor. [vi ele tentar se mexer e então o sorriso sumiu dando lugar a surpresa e ao desespero]. –não sinto os meus pés. Amor, o que aconteceu.
Foi então que ele puxou o cobertor e então viu que parte das suas pernas foram amputadas. Ele entrou em desespero e começou a chorar muito. Tremia de pavor e o choque de realidade que estava vivendo foi o estopim para ele começar a gritar.
-amor calma. Vai ficar tudo bem.
Tentei pegar nas mãos dele mas ele a tirou com forca.
Aroldo- COMO FICAR BEM? EU PERDI PARTE DAS PERNAS ARIEL, EU VOU VIVER EM UMA CADEIRA DE RODAS. PORRAAA.
Corri chamar os médicos e o pai dele aproveitou e entrou junto. Eu fiquei do lado de fora do quarto só ouvindo o choro forte dele, os xingamentos dele. O pai tentava de alguma forma acalmar ele, mas era impossível.
Aroldo- vou ficar aleijado para o resto da vida. Vou morrer em uma cadeira de rodas porra. Será que isso e difícil de entender.
Ele reclamava do outro lado da sala e eu ficava cada vez mais arrasado pelas coisas que ele dizia, comecei a chorar baixinho vendo o sofrimento dele, e eu não poderia fazer nada.
Medico- você teve sorte de não ter morrido Aroldo. Foi um milagre.
Aroldo- PREFERIA TER MORRIDO A SOFRER ASSIM.
Ouvindo aquilo dele eu comecei a deslizar pela parede chorando. Fiquei sentado com a cabeça entre os joelhos. Se ele tivesse morrido eu morreria junto. Se eu perdesse ele, seria uma parte de mim que iria embora. Perderia o meu amor, minha felicidade, a minha paz. Se ele tivesse morrido eu perderia a minha vida.
Octavio- não seja imaturo filho, todos aqui estamos felizes por você estar vivo. Agradeça a deus só ter perdido um pedaço das pernas.
Agradeça a deus por não ter tido nada mais grave. Não seja imaturo e infantil. Como acha que eu ficaria se você partisse? Como acha que o Aroldo ficaria? Acha que eu não sei que vocês estão juntos? Acha que ele ficaria como Aroldo sabendo que você morreu?
O pai dele saiu da sala em passos firmes. Era evidente que ele estava com raiva. Quando me viu no chão ele colocou suas mãos no meu ombro e me ajudou a levantar. Me abraçou forte e chorou ali comigo.
Octavio- menino idiota. Cabeça dura.
-calma. Ele vai ficar calmo e vai ver as besteiras que disse.
Octavio- será que ele não entende que se ele morresse o meu mundo acabaria. Eu já perdi a minha esposa e isso me matou por dentro. Não poderia perder o meu filho.
-ele só esta atordoado com tudo o que aconteceu Octavio. Jaja ele fica calmo.
O pai dele foi comer alguma coisa na cantina e eu depois de ficar mais calmo entrei no quarto. Ele estava acordado olhando a paisagem pela janela.
Aroldo- minha vida esta acabada.
-não diga isso.
Aroldo- e como acha que eu vou andar daqui pra frente Ariel? [ele me olhou e estava com os olhos vermelhos]. –acha que eu vou conseguir fazer tudo que fazia antes? Pois esta errado.
-você que esta errado. Existem próteses seu idiota. Você voltar a andar normalmente. Você pode voltar a fazer tudo que fazia antes. A sua vida não vai mudar em nada.
Aroldo- eu não quero usar próteses. Prefiro ficar aqui.
Ele disse isso e voltou a olhar a janela.
-não seja infantil Aroldo. Pensa nas besteiras que você esta dizendo.
Aroldo- besteira é você achar que vai ser tudo normal, as pessoas vão olhar diferente pra mim, vou ser um estranho pra essa sociedade. Eu sendo gay já é motivo delas olharem torto. Imagina um gay aleijado. Não moramos em um pais de primeiro mundo porra, isso aqui é o Brasil.
-idai. Eu vou estar com você pra sempre, não importa o que os outros digam, viva a sua vida e eles que vão a merda.
Aroldo- a gente... como acha que será daqui pra frente Ariel? Eu vou lhe dar trabalho, vou ocupar seu tempo, vou ser uma pedra no seu sapato. [ele começou a chorar olhando pra mim]. –não quero continuar agindo como se nada aconteceu. Seria melhor se...
-se o que? Diz Aroldo. Grita para o mundo. Estufa o peito e grita.
Já estava com raiva das coisas que ele estava dizendo. E ele não seria capaz de dizer o que eu estava imaginando.
Aroldo- SERIA MELHOR DAR UM TEMPO. EU E VOCE CADA UM PARA UM LADO, SEGUIR SUA VIDA. PORRA ARIEL. EU VOU FICAR NA CADEIRA DE RODAS, VOCE VAI TER QUE ME LEVAR PARA TODOS OS LUGARES. SEREI UM PESO NA SUA VIDA MERDA.
-você não será um peso na minha vida amor. Você é a minha vida. Será que não enxerga isso, esta tão cego de medo do que as pessoas possam pensar que não vê o quanto te amo e o quanto não me importo com isso. Eu quero estar do seu lado para sempre.
Aroldo- vai embora por favor. Me deixa aqui sozinho.
-é isso que quer mesmo? Ficar aqui sozinho? Pois bem.
Sai do quarto e deixei ele la. Ele estava sendo infantil e idiota com aquela mentalidade dele.
Fui embora chorando. Chorando por raiva do Aroldo. Ele não poderia terminar por besteira.
Será que ele sente o mesmo amor que eu sinto por ele? Pelo visto não
◄---Aroldo---◄
Ficar em uma cadeira de rodas para o resto da vida, ficar olhando as pessoas com olhares estranhos, falando coisas por minhas costas. Isso será um inferno, seria um inferno.
Disse coisas horríveis ao Aroldo, coisas que não queria dizer. Estava nervoso, assustado, com medo do mundo. Agora me arrependo das coisas que falei. Mas já era tarde demais.
Fiquei olhando a paisagem pela janela que nem liguei quando ouvi alguém abrindo a porta do quarto e entrando.
-já disse que queria ficar sozinho. Será que isso é pedir demais porra.
Quando me virei tive o misto susto e surpresa.
Elias- pois é, o negrinho viveu. Devo admitir que você é forte em.
-o que quer em? Ver a desgraca que aquele acidente me causou? Pois ai esta, estou sem as pernas.
Tirei o cobertor e mostrei a ele que ficou sorrindo enquanto olhava.
Elias- pois é ne, que trágico. Mas não é isso não. Só vim aqui fazer você escolher a coisa certa para a sua vida e para as pessoas ao seu redor.
-como assim?
Elias- Aroldo... meu querido Aroldo. Acha mesmo que você vai ter uma vida normal? Acha mesmo que você não será uma pedra no sapato do seu pai? Seus amigos e do Ariel? Meu velho você será um cara que Dara trabalho a todos agora. Em algum momento eles vão cansar de ficar lhe ajudando e você terá que se virar sozinho.
-e onde quer chegar seu desgraçado?
Elias- deixe o Ariel viver a sua vida, longe de você. Você vai atrapalhar ele em vários momentos da vida. Se você acha que em nenhum momento vai ocorrer brigar, discussões ou algo do tipo esta muito enganado. Cara olhe para você, vai ficar sendo um inútil ai na cadeira de rodas. E se usar prótese? Vai mudar em que? Em nada porra. Você vai continuar dando trabalho.
-sai do quarto Elias ou eu chamo a segurança.
Elias- eu vou embora sim, mas antes quero que saiba que enquanto você ficou aqui mofando, o Ariel deixou de comer direito por sua culpa, ele quase deu anemia por sua culpa. Você esta sendo um peso na vida dele. Deixe ele viver a sua vida sem você para atrapalhar. Pense nisso pois de agora em diante é isso que vai acontecer.
Ele foi ate a porta e a abril, mas antes voltou a olhar pra mim.
Elias- na próxima vez eu não erro, ou largue o Ariel ou eu mesmo volto e mato você e ele. Seu imprestável. Seu aleijado.
Ele fechou a porta dando risada. Eu chorei muito naquele dia. Por algum motivo ele poderia estar falando a verdade. Eu era um peso na vida de todos agora.
Não queria terminar com o Ariel, mas também não queria fazer ele sofrer ou deixar ele sem curtir sua vida ao lado de um cara que só o atrapalhava.
A enfermeira trouxe alguns remédios e eu consegui dormir durante varias horas.
↕--2 dias depois--↕
Já estava decidido no que fazer. Fiquei horas sem dormir, horas chorando pensando no futuro, horas sabendo que eu iria sofrer muito com a escolha que vou fazer, mas seria melhor para nos dois. Pelo menos era isso que eu acha que seria o melhor.
“preciso falar com você Ariel”
Mandei uma mensagem pra ele. Fazia dois dias que ele não veio ao hospital me ver. E eu já teria tomado a minha decisão.
Ele entrou naquele quarto usando as roupas que eu vi no dia de seu aniversario. Ele estava lindo. Meu coração a cada segundo ficava mais pequeno.
Ariel- oi amor.
Ele veio e me beijou. Naquele momento foi como se o mundo parasse.
Say something – A great big world
Diga algo, estou desistindo de você
Eu serei o único, se você me quiser
Em qualquer lugar, eu teria te seguido
Diga algo, eu estou desistindo de você
E eu, estou me sentindo tão pequeno
Foi muito pra minha cabeça
Eu não sei absolutamente nada
-preciso lhe dizer algo Ariel. E esta doendo muito o meu peito.
Ariel- diga amor. Estou aqui pra lhe ouvir.
E eu, vou tropeçar e cair
Eu ainda estou aprendendo a amar
Apenas começando a rastejar
Diga algo, estou desistindo de você
Me desculpe por não conseguir te ter
Em qualquer lugar, eu teria te seguido
Diga algo, eu estou desistindo de você
-não da mais. Eu quero terminar o nosso namoro.
Ariel- como é? Serio isso? [os olhos deles já estavam cheios de água]. –diz que é brincadeira.
-não...não é. Eu... Não da mais...chega disso.
E eu vou engolir meu orgulho
Você é a única, que eu amo
E eu estou dizendo adeus
Ambos chorávamos muito. Ele não conseguia conter a tristeza e o choro. Doía muito em mim ver ele assim. Meu peito ficava sem ar e meu coração gritava para não fazer aquilo. Mas era necessário. Eu não conseguiria viver sabendo que não seria completamente feliz. Ele merecia pessoa melhor.
Ariel- é isso mesmo que quer? [ele disse secando as lagrimas e ficando serio]. –saiba que quando eu passar por aquela porta, não terá mais volta.
Diga algo, eu estou desistindo de você
Me desculpe por não conseguir te ter
Em qualquer lugar, eu teria te seguido
-sim... eu...me...[não conseguia dizer nada a não ser chorar e chorar].
Ariel- pois bem. Adeus Aroldo, adeus colosso.
Ele saiu pela porta e não olhou para traz. E eu fiquei chorando muito. Queria morrer, acho que só assim eu acabaria com a dor que foi ter que terminar. A dor de saber que nunca mais sentiria o beijo dele, o sorriso dele. Nunca mais iria ver aqueles olhos que tanto eu amava.
Perdi o Ariel. O meu amor. O meu Taz.
Diga algo, eu estou desistindo de você
Diga alguma coisaContinua-----
espero que estejam gostando deste pequeno rumo que a historia tomou. agradeçam ao Elias kkk. ate a próxima galera. tenha um ótimo fim de semana.