Cap.2
Fazia pouco mais de 2 anos que estávamos fazendo a faculdade. Como sempre, tudo continuava a mesma. Eu estudando e babando por um homem. Ele namorando as garotas que em nada somavam a sua vida. Assim continuava levando a vida.
- Acorda Caiô ! - dizia ele, batendo mais uma vez na porta apenas de cueca - temos que ir pra facul.
- Prefiro não ir hoje
- Ih, mas porquê ?
- Porquê não - disse, virando pra parede.
- Tá tudo bem ?
- Tá sim - dizia eu, tentando fazer com que ele saísse do quarto.
- Sério ?
- Humrum, só... Não quero ir.
- Tá bom então !
As vezes fazia isso. Preferia ficar em casa do que ver ele ser enganado mais uma vez por uma mulher e não poder fazer nada. Eu não podia me meter em suas relações, sendo apenas seu amigo. Não me metia, mesmo apaixonado por ele. Queria manter a amizade, então preferia ficar afastado de suas relações. Assim não sofria, e não perdia a amizade.
"Mais uma vez chegava em casa e mais encontrava ele aos prantos.
- Ih, o que foi que houve Bruno ?
- De novo Mano. Eu não sei o que eu tenho de errado. Acho que as mulheres não gostam de mim - já havia visto aquela cena diversas vezes. Ele se apaixonava e depois sofria.
- Porquê choras desse jeito ? Ela não merece você ! Não fique assim, ela é apenas mais uma. Tudo isso vai passar e logo você estará feliz de novo. Deve parar de se entregar tanto as mulheres maninho.
- Eu não consigo. Me apaixono muito fácil. Que ódio de mim mesmo ! - dizia ele, me abraçando em busca de consolo "
Nossa relação, como já mencionei, sempre foi extremamente afetiva. Eu e ele sempre fomos muito amigos, irmãos de alma. Decidimos morar juntos, fazer o mesmo curso. Partilhavamos a mesma rotina. Chegavamos a ser tão amigos que não havia problema em lavarmos a roupa um do outro. Geralmente homens n fazem isso com outros, mas entre nós as barreiras existiam apenas em coisas em que não podiam deixar de existir. Assim continuavamos levando a vida de amigos. Apenas amigos.
Aquele dia em casa eu decidi me soltar na cozinha e assim cozinhei. Separei ovos, trigo, açúcar e alguns outros ingredientes e começei a fazer um delicioso bolo de chocolate. Quando estava terminando de botar no forno, alguém entra pela porta da sala fazendo o maior barulho.
- O que é isso ? - quando me aproximei da porta, percebi que era o outro morador que entrou derrubando tudo - Bruno, o que houve ?
- Eu... Eu afoguei as mágoas, foi isso ! - de longe senti o cheiro. Ele havia bebido.
- Você está bêbado !
- Mas claro. Tinha que beber pra... Esquecer !
- Do que está falando ? - dizia, tentando fazer ele levantar.
- Daquela vagabunda ! Eu... Eu peguei ela beijando o Marcelo ! Ela me traiu, como todas as outras ! - então ele havia descoberto. Não fiquei literalmente feliz. Apenas animado, pois enfim a justiça havia sido feita.
- Como descobriu isso ?
- Peguei... Eles dois no flagra, lá no estacionamento ! Homem não choraaa - dizia, gritando como toda pessoa bêbada.
- EI, você quer fazer com que o zelador venha aqui ?
- Eu quero dormir ! Apenas isso. Eu... Eu... Tô triste... Tão triste - falava meio enrolado, tropeçava nas coisas. Pelo fato dele ser enorme, foi meio difícil. Mas trouxe ele até o banheiro, e o joguei debaixo do chuveiro. Tirei seus pertences e joguei um monte de água fria nele.
- Só você pra aprontar uma dessas viu.
- Eu não quero tomar banho ! Não quero !- dizia, me jogando água.
- Você não tem querer ! Não mandei beber até cair por causa de uma mulher. Agora vai ficar aí.
- Deixa eu sair Caiô.
- Não ! E trata de tirar logo essa roupa pra eu por na máquina.
- Você e muito chato sabia ?
- Só não te respondo como deveria porquê está bêbado e não sabe o que fala - tirou a camisa e ficou com o corpo a mostra. Coloquei sobre a pia. Logo ele tirou a calça, e ficou apenas de cueca.
- Deixa eu sair daqui Caio.
- Termina logo, e trata de tirar essa cueca ! - enquanto eu estava espremendo a água que ficou na roupa, de repente sou puxado. De alguma forma ele se levantou e me puxou pra dentro do chuveiro - Bruno ! Não ! - logo estava todo molhado.
- Tira de mim a cueca ! - obviamente ao escutar isso dele meu coração acelerou. Ele nunca diria aquilo sóbrio. Ouvir sua voz pedindo pra tirar sua cueca me excitou na hora.
- Você está bêbado ! - falei, saindo dos seus braços - não sabe o que diz ! - peguei uma toalha e começei a me enxugar, fingindo que o que ele havia me dito não me afetou - e trata de terminar logo esse banho senão a água vai vir cara - sai do banheiro com o coração na mão depois do que ele fez. Obviamente estava extremamente nervoso depois de ouvir sua voz pedir pra tirar a cueca. Parecia um sonho. Um sonho erótico !
MINUTOS DEPOIS
Voltei com uma toalha, já sem a camisa pois ela estava toda molhada. Ele estava em pé, pelado, se escorando no box do banheiro. Agora triste. Parecia que uma parte do efeito havia passado e ele estava relembrando o que passou. Lágrimas escorreram do seu rosto.
- Aqui está - falei, entregando uma toalha a ele. Já havia visto ele pelado outras vezes, mas era sempre bom poder olhar mais uma vez como o seu corpo veio ao mundo. Ele se enxugou, e lentamente foi até a cama do quarto. Se deitou, e ficou olhando pro teto - toma ! - entreguei uma xícara do famoso café de bêbado pra ele. Calado, deu uma golada e fez aquela cara feia.
- Não acredito que ela fez aquilo Mano. Eu acreditava tanto nela, eu...
- Já não te digo mais nada Bruno. Você nunca escuta, parece que gosta de ser pisado ! - disse, olhando para o seu cabelo molhado.
- Você tem razão sabia ? Porquê não escuto Você. Fico me metendo com essas mulheres que nada querem de mim a não ser o corpo e dinheiro. Porquê não aparece alguém assim... Assim como você. Que está sempre aqui. Que não me trai. Que é bom amigo. Que é inteligente e interessante - olhei pra ele cheio de vontade de dar um beijo nele, mas sem coragem. Ouvi seus elogios alegremente.
- Você já está falando besteiras - disse, sem graça e ao mesmo tempo triste, por não poder mostrar pra ele o quanto seria bom namorar comigo. Puxei a toalha e ia levar pra colocar novamente no varal, quando ele segurou meu braço.
- Fica aqui ! - estava difícil manter o controle. Cada vez mais eu queria tê-lo, mas pensava muito na nossa amizade e o quanto ele confiava em mim.
- Já volto.
- Não, fica ! Não vai embora, fica aqui !
- Olha, Bruno. Depois de você ter se separado acho que quer ficar sozinho...
- Não, quero que fique aqui - baixei o olhar e... Acabei acatando o pedido dele. Joguei a toalha num canto e me virei novamente pra ele. Ele se mexeu, abriu um espaço na cama - Deita aqui ! - acabei deitando, meio receoso. Sentia que algo diferente aconteceria aquele dia - porquê todas não são como você ein ? Porquê as mulheres que gostam de mim são todas fúteis e interesseiras ? - não conseguia abrir a boca. Ao mesmo tempo que eu queria dizer que era único, ficava com medo de sua reação - você é o melhor amigo que eu tenho ! - de repente, sua mão tocou o meu rosto e meus cabelos. Meu coração acelerou. Eu já não sabia se ele estava consciente do que estava falando ou fazendo, mas sabia que não devia ficar ali pois acabaria me aproveitando do momento.
- Eu preciso sair daqui ! - não deu nem tempo de levantar. De uma vez, ele grudou nossos lábios.
Continua
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