Capítulo Quarenta e Dois (03xentra – ordenou Tomás com a voz baixa, mas séria.
- Dan! – gritou Bruno quando eu ia entrar. Meu coração disparou. Me virei para ver ele – Amanhã eu prometo ser melhor na cama... – disse e sorriu pra mim, piscando o olho direito.
Meu coração congelou...
Não podia ser verdade. Bruno tinha desmanchado todo o muro que eu tinha criado para impedir que as pessoas soubessem sobre minha verdadeira opção sexual, inclusive o muro que me separava de Tomás. Nesse momento o muro intransponível que eu havia feito estava se deteriorando e tornando-se poeira sobre os meus pés. Estávamos nas seguintes posições: eu – próximo a porta, virado para Tomás que estava a minha esquerda; Tomás – estava ao meu lado, mas não me olhava, somente a Bruno; Bruno – sobre a moto na rua.
O problema era que a “informação” parecia não ter abalado Tomás, pelo menos uma coisa boa estava acontecendo.
- Não esquece viu?! – disse Bruno para mim, ignorando o fato de Tomás estar ali – Vou fazer você o cara mais sortudo do mundo... – apesar de serem palavras românticas, ele fazia soar como se quisesse transar comigo por três dias seguidos. Tomás, nada.
- Bruno! – foi o que eu pude dizer e o som parecia confirmar que o que ele dissera era verdade. Me odiei por isso – Acho melhor você ir embora...
- Só por que você me pediu – ele se ajeitou na moto, pôs o capacete e falou – Boa noite... – pausa – Meu amor... – ligou a moto e partiuTom... – tentei.
- Entra. Já tá tarde – ele disse secamente.
Eu só consegui obedecer. Passei pela porta e andei pela sala. O clima estava tenso e eu estava sentindo o momento em que ele pediria informações. Ouvi a porta se fechar e ser trancada. Logo depois senti seus olhos me penetrando pelas costas. Estava com um aperto horrível no peito.
- A janta tá no forno... – ele disse – Vai comer...
- Você já...
- Já.
Aquele diálogo estava me matando de agonia. Andei em direção a cozinha e ele me seguiu. Peguei meu prato no forno e me sentei pra comer enquanto ele lavava a louça. Enquanto comia pensei em como ele deveria estar ao saber que seu melhor amigo é gay. Ele acabara de saber e já se comportara de maneira seca. Isso me doía muito, saber que ele iria me repreender quando soubesse da verdade. Depois de um tempo eu me peguei sentindo outra angustia. Eu estava sendo um hóspede terrível. Só sabia comer e dormir, se bem que ele não me dava outras opções. Eu tinha que fazer algo, tinha me acomodado.
Acabei de comer e ele estava secando as louças, de costas pra mim. Me levantei e fui até a pia, passando pelas suas costas. Coloquei o prato na pia e abrir a torneira. Quando peguei na bucha, ouvi.
- Não precisa, eu vou lavar já já – ele disse.
- Não, eu faço. Me sinto estanho se não fazer isso.
Sua voz estava um pouco mais grossa, insensível. A minha estava tímida e envergonhada. Parecíamos pessoas sem intimidade alguma naquele momento. Não demorou a lavar o prato e ele enxugar tudo. Subi as escadas e tomei um banho rápido. Quando cheguei no quarto ele já estava na cama. Estava deitado, mas com as costas apoiadas na cabeceira. O cobertor cobria-o até a cintura e, daí pra cima, estava descoberto e sem camiseta. Seus braços estavam cruzados sobre o tórax, salientando seus músculos do peitoral e sua visão estava baixa, soando como pensativo. Ele deveria estar pensando no que Bruno dissera.
Andei em direção a cômoda e sequei mais os meus cabelos. Passei as mãos sobre eles e baguncei um pouco. Quando me virei para ver Tomás, ele estava na posição mais sexy que eu já vira ele fazer. Estava do mesmo jeito, coberto até a cintura, sem camisa e com as costas apoiadas na cabeceira da cama. Mas tinha algo a mais, excitante. Seus braços não estavam dobrados sobre o tórax, estavam atrás da cabeça e seus olhos me olhavam de uma maneira diferente. Pela posição dos braços, os bíceps e os outros músculos braçais estavam delineados e rígidos, fortes e grandes. Suas axilas estavam depiladas e era possível ver uma mancha esverdeada dos cabelos que estavam nascendo. Quase tive uma overdose do prazer naquele momento. Seus olhos me observavam analiticamente, o que me envergonhou até a alma, até a última gota de sangue das minhas veias.
Caminhei em direção a cama (do outro lado, é claro) e ainda sentia que ele me seguia com os olhos. Me deitei de costas pra ele para não ver sua cara e ficar ainda mais vermelho, se é que isso era possível. Mas teria um momento que eu tinha que olhá-lo. Tentei fazer esse momento demorar o máximo que pude e ainda sentia seus olhos em mim. Ou era minha imaginação, não sei. Então resolvi me mexer. Me sentei na cama com os pés sobre ela, cobri minhas coxas (estava de cueca boxer e acho que ele também estava) com a coberta que não era a mesma da dele e fiquei olhando para a parede de frente pra cama. E ele ainda me olhava.
Senti meu rosto esquentando, nossa que vergonha que eu estava dele. E ele na mesma posição: com os braços sobre a cabeça. Puxei minhas pernas para perto de mim, dobrando meus joelhos e trazendo-os para perto da minha face. Resolvi enrolar mais um pouco e fiz uma coisa que eu nunca tinha feito na frente dele: rezei baixinho. Isso faria eu ganhar tempo. Passados alguns minutos naquela posição e de olhos fechados (três minutos acho), passei a mão sobre minhas pernas e abracei minhas coxas. O silêncio estava me consumindo. Ainda não havia olhado na cara dele.
- Adam? ... – ele disse roucamente de novo.
- Oi – disse eu com o queixo sobre o joelho. Minha voz saiu falha como se eu estivesse cansado de tanto dormir.
- Você tem algo para me contar? – ele me perguntou. Mas era óbvio que aquilo não era uma pergunta. Aquilo era uma ordem de explicação!
- Sim... – disse eu no mesmo tom do “oi”.
- Então... – ele disse – Pode falar se quiserEu não sei o que dizer... – disse eu com os olhos enchendo de lágrimas. Eu não queria admitir aquilo na frente do Tom. Não queria dizer que...
- Só fale o que você acha que deve me falarOlha... – tentei falar algo convincente – Aquilo que o Bruno falou... Era mentira – nossa, não fui nada convincente – Somos amigos. Ele falou aquilo pra me provocar, não ligue pro que ele fala. Acontece que ele só sabe brincar desse jeito – ótimo, acho que dessa vez fui mais convincente.
- Olha pra mim Dan... – ele me pediu.
Eu fechei os olhos e as lágrimas estavam transbordando em meus cílios. Me virei pra ele e vi ele naquela posição me observando de uma maneira tão fofa. Eu estava me controlando para não pular em seus braços e apertá-los o quanto pudesse. Senti uma vontade enorme de pular, mas me contive, pensando nas consequências.
- Sim – disse a eleMais silêncio.
- Você não precisa se explicar comigo Dan – ele falou, mas falou tão fofo. Eu estava com muita vontade de tocar aquela boca, nem que fosse com a ponta dos dedos, eu queria senti-la em mim. Eu queria sentir Tomás em mim. Eu iria, sim, eu iria beijá-lo naquele momento, nem que me arrependesse mais tarde, eu tinha que fazer aquilo, não estava mais me aguentando.
- Eu sei... – disse eu e estava pronto para beijá-lo, seria agora, mas antes ele me disse.
- Só mais uma coisa... – será que ele iria deixar eu beijá-lo? Não sei, só sei que eu iria me arriscar – Você é gay... não é?
- ...
Continua...
Ufa!
Agora deixem-me lembrá-los as nossas opções:
a) A Chris vai ser desmascarada e deixará o Tom
b) Adam vai criar coragem e beijar o Tomás
c) Irão descobrir a verdade sobre o mistério da regeneração de Adam
d) Tomás vai agarrar Dan a força, não resistindo mais ao seu charme (opição improvável kkk)
e) Eu vou revelar minha verdadeira identidade na vida real (também opição improvável)
f) Todas as opiçôes acima
g) nenhuma das anteriores
Que tal se eu por mais algumas ein?
h) Adam vai descobrir que Tomás não é quem ele pensa que é
i) Chris vai morrer
j) Adam vai ser baleado
Ah, não vou por todas as opções não kkk
Bam, caso não tenham percebido, o nosso Adam vai passar por muitos sufocos a partir do último capítulo. Não me odeiem por isso.
Até a próxima. Um abraço!