- Eu amei a nossa noite, Lucas. Foi a melhor noite da minha vida. Eu não estava tão bêbado assim. Sei que fiz porque também queria, há anos.
- Como?
- Depois dessa noite eu tive certeza e tenho tentado fugir disso, mas não dá mais! Eu preciso de você – ele se aproximou enquanto me olhava fundo nos olhos – Preciso de você do meu lado. Por favor, me perdoa?
- Você está muito nervoso, acho melhor você se acalmar e...
- Eu te amo, porra! Você ainda não entendeu? Te amo como homem, caralho. Fica comigo?
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- Alex, você acha que eu sou o quê?
- Como assim?
- Como assim? Você só pode estar brincando comigo. Depois dessa humilhação toda, do quanto me fez chorar, agora vem com esse papinho de que me ama? Está sendo ridículo.
Fui saindo de perto dele porque sentia raiva. Sim, raiva.
- Você precisa acreditar em mim.
- Não. Eu preciso é ficar longe de você. Preciso vender minha parte do restaurante e não ter que ver você todos os dias.
- Não fala assim comigo. Eu fico me sentindo a pior pessoa do mundo.
- Objetivo alcançado com sucesso então. Vai embora, Alex. Volta pra sua linda noiva, continuem sendo o casal perfeito que eu tenho mais o que fazer.
- Você vai ignorar o que eu sinto, Lucas? Vai fingir que não aconteceu nada aqui?
- Eu tô lutando pra esquecer o que de fato aconteceu. Eu vou conseguir. Agora vai embora.
O olhar dele nesse momento foi de cortar o coração, mas isso não era problema meu. Voltei pro quarto, comi, pensei, chorei, vi séries, mas sua imagem não saía da minha cabeça. Desisti de lutar contra isso. Resolvi fazer melhor. Ligar
pra quem poderia me ajudar nessa situação, ainda que indiretamente.
- Alô, Rafael?
- Oi, quem fala?
- Lucas, do restaurante. Lembra de mim?
- Impossível esquecer. Tudo bem?
- Tudo. Eu queria conversar com você pessoalmente. Estava pensando melhor e...
- Claro. Vamos marcar! Hoje a noite?
- Sim, eu posso. Onde a gente se encontra?
- Faço questão de te buscar em casa, Lucas. As 21 te pego então.
- Vou aguardar, obrigado. Abraço.
- Beijo.
Pronto. Solução arranjada. Ia me distrair e pensar em outras coisas. Aliás, era hora de pensar em outra vida, longe do Alex, longe do que me estressava.
Vesti uma roupa social, apesar de detestar esse estilo. Sempre fui mais despojado, mais colorido, mais extrovertido.
Mas achei que a ocasião valeria a pena, afinal Rafael é um homem distinto, de outro nível, seria um bom investimento.
E já havia percebido seu interesse em mim, iria jogar com isso a meu favor, mesmo sem tirar o Alex da cabeça.
21:00 – nada dele
21:15 – eu no sofá ainda esperando
21:30 – enfim, ele chegou!
Abri a porta e ele me olhou da cabeça aos pés.
- Nossa, você tá diferente.
- Tô feio, Rafa? Se você esperar eu troco de roupa e...
- Claro que não. Você é lindo, relaxa. Desculpa o atraso, peguei um trânsito pesado no caminho.
- Tudo bem. Onde vamos?
- Gosta de comida japonesa?
- Claro.
Seguimos em seu carro e ele bastante carinhoso no caminho. Cuidadoso com as palavras, evitou falar sobre a compra da minha parte no restaurante e fomos conversando amenidades, nos conhecendo e eu me encantando.
- Chegamos. Pode escolher a mesa.
Nos sentamos e continuamos o papo. O lugar estava relativamente vazio e era lindo. Como nos sentamos em uma mesa mais afastada, ficamos conversando de forma tranquila.
- Então, Lucas, a que devo a honra desse jantar?
- Poderia dizer que só queria te encontrar mesmo?
- Até deve dizer, mas seria melhor em outro lugar, mais tranquilo.
- Brincadeira, Rafa. Liberdade é uma merda, né?! Já tô até piadista.
- Isso que me encanta em você, essa leveza. Até te estranhei de social hoje.
- Eu detesto me vestir assim.
- E por que vestiu?
- Ah, Rafa. Queria impressionar alguém, sabe?
- Sorte dessa pessoa.
Nossos pedidos chegaram e, depois longa conversa, olhei em volta e vi Maíra sozinha na mesa. Primeiro, agradeci pelo fato do Alex não estar com ela. Trocamos olhares e tive a impressão de que ela não me viu.
- Rafa, você me dá licença pra cumprimentar a Maíra.
- Claro, eu te acompanho.
Seguimos até a mesa dela e, apesar de sua expressão desanimada, continuei andando em sua direção. Ela se levantou e ficamos frente a frente.
- Maíra, que coincidência.
- Péssima.
- O quê?
- Péssima coincidência, Lucas.
- Como assim?
- Vai bancar o cínico? Quer que eu grite pra esse restaurante o tipo de pessoa que você é?
- Eu não tô te entendendo.
- Vou te fazer entender, ladrão de homem.
Se o escândalo já não estava suficiente, meu rosto queimou com o tapa do lado direito, fazendo as atenções se voltarem para mim.
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Gente, peço desculpas pela demora dessa vez... O que vocês estão achando? Gosto muito dos comentários. Forte abraço e até breve!