Abri os olhos lentamente e quando meu Danilo Medina acordou naquela manhã fria, eu o olhava já há pelo menos dez minutos. Ele estava tão lindo e sereno no seu descanso que não ousei nem me mexer na cama para que ele não despertasse.
_ Oi, disse ele já abrindo um lindo sorriso assim que me fitou pela primeira vez naquele dia.
_ Oi meu amor... Foi tudo o que disse enquanto voltava a apoiar a cabeça na minha mão e lhe devolvia o meu melhor sorriso de bom dia.
_ Você me olhava, né mesmo? E sua mão ainda morna por estar debaixo das cobertas me tocou o rosto.
_ Desculpe meu garoto, eu tentei não olhar mais me foi impossível. Você dormiu bem?
_ Eu acho que apaguei completamente... Há tempos que não conseguia dormir tão bem, sabia?
_ Então sinta-se bem vindo a nossa cama sempre que você quiser...
_ Que horas são, Karl? Acho que tô meio zonzo ainda... Acho que o vinho e a energia que foi gasta por nós enquanto fazíamos ...
_ Amor? É essa a palavra que você quer usar para o que nós fizemos ontem? Se for não se envergonhe dela porque você esta certo... Fizemos amor por um longo tempo e teria feito por mais ainda.
_ Pois é... Fiquei esgotado.
_ São exatamente 07:15 h da manhã, meu querido.
_ Tenho etão que deixa-lo novamente, Karl.
_ Por favor não dessa vez. Eu preparei um café delicioso pra gente e vou trazer aqui pra que...
_ Não dá... Dito isso ele levantou e começou a se vestir apressadamente sem dar ouvidos aos meus argumentos para que ficasse.
_ Dr. Karl von Dorff... Em quarenta minutos no máximo haverá uma apresentação de um trabalho sobre a História da Grécia e sou o responsável pela equipe que faço parte... E sua querida mãe Lucia de Almada von Dorff fará parte da banca examinadora.
Ele então saiu e me deixou literalmente sem ação. Ele sempre conseguia me deixar sem ação... Eu podia ser o mais forte fisicamente, o mais alto, o dominador na cama... Só que Danilo Medina tinha sempre a última palavra e me deixava na mão.
Tomei o café sozinho e quase não comi nada. Não valia a pena comer... Eu voltei pra cama e me senti muito sozinho... E meu pensamento ao se formar em minha mente revelou o que eu já sabia... Estava literalmente de quatro pra esse garoto que mesmo sem saber ou se importar se me magoava ou machucava tinha tomado conta não só do meu coração, mas da minha vida toda.
O trabalho no Escritório me absorvia completamente e fui levando o resto do dia até esperar esse garoto me dar algum sinal de vida... Por Deus como eu tava adorando tudo isso.
...
Faltava apenas quinze minutos quando cheguei na Faculdade. Os amigos da equipe quase me arrancaram a pele por conta do meu atraso...
_ Não tô tão atrasado assim, Jaqueline.
_ Tá certo Danilo, só que estávamos quase surtando com a sua demora. Tudo preparado. Olha que a Lucia não vai deixar passar nada...Ô mulher chata.
_ Poxa Jaque, parece que você não gosta dela mesmo, né?
_ Quer saber mesmo Danilo? Não e nem pergunta o motivo, nem mesmo eu sei... O sangue não esquenta quando a vejo, sabe?
_ Eu sempre simpatizei com ela... E olha que apesar do nível que ela chegou na área em que atua daria até razão pra ela ser assim... Só que acho ela tão pé no chão. Desculpa Jaque, adoro essa mulher.
No horário marcado fomos chamados para subir no tablado montado no final da sala e demos uma aula que na minha opinião de um simples Mestrando foi simplesmente espetacular. Diferente das demais Equipe que focaram em um único ponto da história Grega, fizemos um resumão sobre a história, sobre a educação, sobre as artes, sobre personagens, sobre mitologia, arquitetura e nosso ponto alto... Discursamos sobre o pensamento grego e a grande herança passada para todo o Ocidente quando da conquista Romana.
Por volta do meio-dia quando a banca examinadora deu o resultado comemoramos o primeiro lugar por ter como resultado a liberação da prova final do Semestre.
_ Você fica até o final do mês ou antecipa sua viagem e volta pro Ceará pre rever todos que lá ficaram? Apesar de achar essa pergunta desnecessária né amigo? Você deve estar morrendo de saudade da família, amigos, quem sabe de alguma namorada...
Eu apenas a olhei meio sem graça e disse em resposta...
_ Você acaba de me dar um grande motivo pra pensar se volto ou fico... E quanto a namorada, Jaqueline, não rola porque sou gay.
Simplesmente hilária a cara da garota após a minha revelação. Os amigos que já sabiam há um certo tempo gargalharam e eu apenas fechei sua boca tocando seu queixo e saí pra falar com a Professora Sonia que estava me chamando.
_ Danilo Medina, um trabalho consistente e uma apresentação apesar de igual primou pela diferença ao abordar vários aspectos da História Grega. Já soube que você planejou tudo e dividiu o trabalho para que seus amigos de Equipe tivessem voz e vez na feitura do trabalho... Os líderes delegam tarefas como você bem sabe e no seu caso, eles também sabem partilhar os louros da fama. Parabéns, garoto.
_ D. Lucia devo lhe agradecer e dizer que ouvir tudo isso da Senhora é um grande incentivo para que continue na minha caminhada e quem sabe possa chegar próximo do modelo que sempre vi em você desde que li lá na Universidade Federal em Fortaleza um trabalho seu intitulado A História da História.
_ Que bom saber que já tinha um seguidor. Agora eu é quem devo agradecer primeiro por sua gentileza e depois por ser vista como um modelo.
Ela falou sobre muitas outras coisas e quando já ia me despedir ela recebeu uma ligação e após se voltar novamente pra mim, disse:
_ Que tal te levar pra almoçar na minha casa? E devo lhe dizer que não aceito Não como resposta... Vamos?
E foi a partir desse almoço que minha vida começou a mudar. Os von Dorff eram simplesmente maravilhosos. O pai de Karl, Franz e os irmão Edsel e Olaf eram a simplicidade em pessoa aliada a uma excelente educação e faziam de tudo pra me deixar bem a vontade em suas companhias. As futuras cunhadas Gina e Mila logo me aceitaram como parte da família e fizera com que Karl e Eu ficássemos vermelhos por conta de tantas perguntas que ainda nem havíamos nos feito...
Os quinze dias de aulas que ainda restavam passaram rapidamente e numa amena tarde de domingo enquanto Karl tomava banho em meu apartamento, atendi uma ligação de minha mãe:
_ Como vai meu filhote? Era quase visível o riso de minha mãe pela linha telefônica.
_ Mãe, que surpresa boa... Ah, D. Gilda que saudade de você, viu?!!!
_ E por que não ligou com mais frequência? Sua avó reclama por conta disso. Ela diz que você já esqueceu dela.
_ Diz pra ela mãe que logo logo estarei de volta. Já estou de férias. Por conta de um trabalho me livrei da prova final do Semestre...
_ E por que ainda não apareceu em casa, rapazinho?
_ Por que só encontrei passagem para o final do mês, precisamente na próxima semana.
Todo o desenrolar de minha conversa estava sendo ouvida por Karl que já terminara o banho e estava deitado no sofá da sala só de cueca preta me olhando cheio de perguntas no olhar.
Assim que terminei de falar com mamãe uns vinte minutos depois ele disse:
_ Você vai pra casa? Foi isso que eu ouvi, amor?
Eu não soube o que falar no início e por fim disse:
_ O Semestre acabou, Karl. Tenho que voltar pra casa. Eu sinto saudade dos meus...
_ Danilo, eu já tinha feito planos pra nós, amor. E só agora você me diz que vai voltar pra casa e que eu que espere... É isso?
Deus do céu, a cara de decepção dele foi algo muito triste de se ver. Eu jamais poderia imaginar que ele ficaria assim por conta de algo tão simples, minha volta pra casa por um curto período de tempo... Que ele tivesse apaixonado por mim e tivesse me feito apaixonar por ele era o lado bom da coisa... Que ele ia ficar mal e por conta disso eu ia me odiar por fazê-lo sofrer, era outra coisa. Eu não planejei me apaixonar e me envolver tanto com um cara desde que saí de casa e enfrentei o mundo.
_ Amor, me deixa então falar de uma maneira que faça cm que você me entenda...
Sentei ao lado dele e comecei a explicar a o porquê de minha volta pra casa e não o seguir seu plano como ele queria. Ele me ouviu e quando terminei, sua voz estava imparcial...
_ Eu pensei que éramos um só. Faz tempo que digo a você, que... Não sei mais ficar longe e agora, Danilo Medina... Agora, você praticamente joga na minha cara que vai se afastar de mim e que eu se quiser que me vire. Isso é ruim porque eu não sei me virar se você não tiver por perto. Eu conto as horas pra poder te ver, não importa onde... Eu trabalho com sua foto em cima da minha mesa porque quero você lá a meu lado o dia todo... Agora você entende a minha decepção? Você sabe o que é amar alguém e querer ela sempre com você, cara? Se não sabe ainda, espelha em mim, eu sou o seu modelo...
_ Não há necessidade desse drama todo, Karl. Eu não vou sumir da sua vida, eu só vou em casa ver como todos estão e volto...
_ E vai sumir da minha vida por alguns dias... E devo lhe dizer que vai ser insuportável... Entendeu, agora?
_ Eu não vou sumir da sua vida e tenho certeza que um mês passa rápido demais...
Esse foi meu erro... Dizer o tempo em que ficaria fora...
_ Um mês? Isso é alguma brincadeira?
Ele não ficou para ouvir minhas respostas... saiu e quando retornou à sala estava vestido. Eu apenas o olhei e quando levantei para poder falar ou mesmo despedir dele...
_ Você tá certo, eu tenho que começar a desacostumar de nós... Boa viagem, Danilo Medina.
A porta bateu com força e quatro dias depois, estávamos dentro de um avião com destino a Fortaleza.
Só depois eu vi que ele tinha razão... Ficar um mês sem tê-lo por perto iria ser tremendamente difícil.
Era muito bom amar e ser amado...
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Meu querido Povo do Lado Esquerdo meu agradecimento por todo o carinho e que cada um tenha a certeza de que haveremos de nos falar muito em breve. O meu boa noite e meu abraço a todos. Nando Mota.
P.S. Ontem fiz aniversário sim. Estou portanto um ano mais velho e confesso que esse último ano foi o ano em que conquistei mais amigos do que em qualquer outro período de minha vida... Estou bem, amando e em paz. Ser feliz é necessário e possível. Danilo e Karl irão mostrar como, sigam lendo daí que seguirei escrevendo daqui. beijos.