Cap.3
Sorri, sem entender direito o porquê ele tinha feito aquilo.
- Ah... - fiquei até surpreso - obrigadosorriso estranho se formou em meu rosto. Eu estava envergonhado - aqui está o meu ! - falei, entregando a ele um papel.
- Quando você volta ao Brasil ?
- Daqui a três dias. Normalmente não passamos esse tempo nos destinos, mas como deixei de receber uma folga pra cumprir esse vôo, pedi a companhia pra estender minha estadia na França por mais um tempinho - ele riu.
- Ouvir um pouco de francês kkk
- EI tio, quando a gente vai se ver de novo ? - sorri.
- Ah garotinho fofo... Eu não sei...
- A gente podia sair né ? - perguntou ele, olhando nos meus olhos.
- Claro. A gente marca - ele sorriu.
- Ok. Então, Tchau.
- Tchauzinho - dei a volta como fiz no Galeão. E mais uma vez senti uma vontade enorme de olha-lo. Mas, logo tratei de espalhar aqueles pensamentos. Ele tem filho, ele tem cara de francês, deve ser casado com alguma francesa qualquer. Não vale a pena pensar. Pensei até em jogar o telefone fora... Mas aí acabou sumindo a minha coragem. Guardei o papel no bolso, como uma possível recordação do meu primeiro vôo até a Europa.
MINUTOS DEPOIS
Estava literalmente quebrado. Depois de mais de 11 horas pra lá e pra cá, servindo bandejas, sorrindo e sendo gentil com todos, estava cansado. Mas valia a pena. Era o meu sonho se tornando realidade. Quando coloquei o corpo sobre a cama, sob o frio parisiense, acabei dormindo rapidamente.
"- Você está aí ? - erguia o meu olhar e via um homem entrar no quarto. De início não conseguia ver seu rosto pela claridade, mas assim que ele saiu debaixo das lâmpadas, o vi.
- Daniel... O que faz aqui ?
- Vim dormir com meu marido !
- O que ? Do que está falando ?
- Ué... Vai continuar se fazendo de difícil só porquê eu deixei a toalha na cama ? - eu não entendia nada que ele falava. Era como se eu não estivesse ali..."
Acordei ligeiramente ofegante. E com raiva, porquê era um bom sonho. Viro meu olhar, e vejo meu celular tocar.
- Alô ?
- Quer visitar a Torre Eiffel comigo ? - logo reconheci aquela voz... Ela estava no meu sonho agora pouco.
- Mas agora ?
- É. A gente almoça e depois vai lá, tira umas fotos. Vai ser legal vai !
- Ué, não vou incomodar ? - perguntei, prevendo que existiria uma família ali com ele.
- Óbvio que não. Só estamos eu e meu filho aqui na França. É bom ter uma companhia, mesmo que tão inesperada - rimos...
- Tudo bem... Se é assim...
- Anda, venha ! Vai ser ótimo te ver. Fora que Felipe disse que queria te ver - ri.
- Eu vou !
- OK, te pego ao meio dia.
- Tudo bem !
Aquilo definitivamente não era normal. Eu estava extremamente atraído por aquele homem ainda ligeiramente desconhecido. Estava atraído por ele.
MINUTOS DEPOIS
- Olha só, não e que você veio mesmo ! - falou, sorrindo ao ver eu descer a escadaria do hotel.
- Eu disse que iria - sabia que haveria falatório, afinal todos os comissários estavam no mesmo lugar. Mas... Que falassem. Ele é apenas meu amigo mesmo !
- Oi tio !
- Oi lindinho. Como foi o dia até agora ?
- Chato ! - falou, fazendo bico de braços cruzados.
- Porquê ?
- Papai me acordou muito cedo.
- Oh meu Deus, por Que ?
- É exagero dele. Eu o acordei a pouco tempo. É porque ele gosta de dormir mesmo - ri
- Combina comigo. A diferença é que eu não posso mais dormir direito por causa do trabalho. Não tenho hora pra dormir - ele riu.
MINUTOS DEPOIS
Logo quando descemos do carro, pude vê-la pela primeira vez. Lá estava, forte e imponente, e principalmente, linda ! A Torre Eiffel dispensa comentários. Uma das maravilhas construídas pelo homem.
- É lindo né ?
- É ! Lindo ! - comecei a registrar algumas fotos da Torre e sua potência, quando sem querer acabo trocando a câmera e tirando uma foto de nós dois. O problema é que a foto ficou boa. Nós dois sorriamos, mesmo involuntariamente. A foto ficou lindíssima. Pensei em apaga-la imediatamente por contê-lo... Mas... Acabei sendo tomado pela razão. O que uma foto pode fazer com nós dois ? E ainda sem ser compartilhada ?
MINUTOS DEPOIS
Estava adorando realmente, o fato de estar ali perto. Enquanto sentado naquele jardim, pude enfim conhece-lo de verdade. No ar, só conheci seu lado medroso. Mas como seria seu lado humano ? E sua vida ? O que esse homem significava pra mim ?
- Você e casado ? - perguntei de uma vez só, vendo Felipe brincar com a grama.
- Ah... Não... Ele é meu filho adotivo. Alguém desumano jogou ele na frente da minha casa e... Eu acolhi. Sou pai dele de papel passado. - sorri. Meu medo de pensar que poderia me meter na relação de alguém tinha acabado ali. E você ?
- Eu... Me diz, quem quer um comissário que trabalha bastante ? Ninguém...
- Mentira... - ele não completou a frase. A dúvida ficou no ar, mas eu não perguntei.
- E você trabalha onde ?
- Sou gerente de uma grande loja em São Paulo - ri
- Que bom - ficamos olhando um para o outro, quando de repente ele me roubou um beijo.
Continua
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