Cap.1
Ele era o garoto mais popular. Eu apenas mais um. Ele tinha muitos amigos. Eu apenas um. Ele vivia sorrindo. Eu em meu mundo triste. Ele era feliz. Eu era infeliz. Ele era inalcançável. Eu um reles mortal. Porquê comecei falando dele e não de mim ? Porquê ele não saía da minha cabeça tinha uns dois anos. Ele era o que me movia a um bom tempo. Foi a válvula de escape para os meus problemas. Talvez por isso eu aceite o modo estranho como ele me trata, que apesar de não ser nada romântico, é extremamente sedutor e só me faz querer mais. Quem sou eu ? Meu nome é Tiago Núñez. Descendo de Bolivianos, por isso o sobrenome nada brasileiro. Como disse, sou um garoto como qualquer outro. Bem branco, cabelos castanhos lisos, olhos castanhos, estatura média, comparada a dele, e um corpo de magro para forte. Esse sou eu, um garoto extremamente diferente dos outros. Não só pelo fato de ser gay, mas por ser apaixonado por um garoto com tendências nada convencionais. Quem é ele ? Marcelo Abranches. Um garoto lindo. Sua aparência e algo que parece ter sido desenhada por horas, de tão perfeita que é. Ele também é branco, mas tem olhos bem azuis, um cabelo loiro bem liso e desfiado, comparado ao de japoneses. Um olhar enigmático, ameaçador, quase mortal. Alto, com músculos espalhados por todo o corpo. Segue um estilo meio hard rock, mas não totalmente. Tem alguns piercings, mas não é um louco que se droga. Apenas usa por gostar, e eu confesso que fica lindo nele. " Ah, lá vem mais uma história clichê de um garoto mal que se apaixona por um bonzinho e eles vivem uma paixão ardente e fofa " . Quem me dera se fosse assim. Logo entenderão o porquê... Digamos que Marcelo tem um modo de amar extremamente estranho, mas muito sedutor.
ALGUM TEMPO ANTES
Nos conhecemos no teste de admissão para o Colégio aonde estudo no momento. Apesar dele ser particular, para entrar no mesmo precisa comprovar que você e comprometido com o estudo, passando por exames antes de entrar. Lá fui eu, para a fila, rezando para ser aprovado. Minha família estava... Está uma zona até hoje e uma forma de ajudar a esquecer seria tendo o pretexto de estudar muito. E lá fui eu para a Sala aonde a prova seria aplicada. Diversas pessoas já estavam ali, mas ele foi a pessoa que mais me chamou atenção. Com seu olhar concentrado, nada aberto. Cada movimento, ele era extremamente charmoso. No ápice da descoberta da minha sexualidade, eu passei a ter certeza do que gostava quando o vi pela primeira. Procurei me concentrar para fazer uma boa prova. Logo a mesma foi iniciada. Uma hora de prova, e eu continuava lá, respondendo as questões de Matemática. As mesmas envolviam assuntos que existiam macetes muito práticos, e me ajudaram bastante com o tempo. Quando de repente escuto algo bater no pé da cadeira. Quando vou ver, percebo que há uma caneta jogada no chão. A pego, quando de repente uma mão é esticada na minha frente. Ergo meu olhar levemente e percebo que o garoto bonito era o dono daquele objeto. Meu nervosismo explode, por ter sido notado por ele.
TEMPO DEPOIS
Ao final do teste, fui ao banheiro. Procurei um mais vazio, afinal detestava tumulto, ainda mais de meninos, sempre uma babaquice atrás da outra. Fiz o que tinha que fazer, e fui lavar a mão.
- EI ! - a princípio não Achei que fosse comigo, mas quando vi que ele chegou ao meu lado e começou a falar, percebi que era realmente comigo - você esqueceu isso - falou, me entregando as chaves de casa.
- Meu Deus ! Como isso foi cair do meu bolso ?
- Com certeza descuido ! - guardei novamente as chaves da minha casa e terminei de lavar as Mãos. Carregava um ar destruidor, como se ele fosse arrasar sempre com todos ao seu redor, de alguma forma.
- A prova estava fácil, pra você ?
- Estava... - falou, de um modo meio rude. Estranhei, afinal mal nos conhecíamos e ele não estava me tratando do modo mais cordial possível.
- Pra mim mais ou menos. Me enrolei mais com Matemática.
- Sério ? Achei que tivesse sido porquê você não tirava os olhos de mim -arregalei os olhos ao ouvir isso.
- O que ?
- Vai fingir que não sabe do que estou falando ? - perguntou, pela primeira vez olhando nos meus olhos. Corei, ao olhar nos seus e ver um brilho estranho.
- Não estava olhando pra você ! - disse, de cabeça baixa. Ele riu.
- Você acha que me engana, garoto ? - de repente ele segurou o meu queixo, e se aproximou do meu rosto por alguns segundos. Foi estranhíssimo - seu bobão. Você não me engana - ele era extremamente sedutor. Saiu andando e me deixou lá, com o coração na boca.
- EI, qual é o seu nome ?
- Um dia você vai saber ! - rude ? Sim... Mas incrivelmente seduzente.
TEMPOS ATUAIS
Desde então Marcelo não sai da minha cabeça. Não preciso nem dizer que sim, começamos a estudar juntos. E logo no primeiro dia, eu soube seu nome. Estávamos na mesma sala. Durante o primeiro dia, não falamos um com outro. Já sem esperança de ser notado, na hora da saída, percebo que um papel foi deixado na minha cadeira. Quando abro, a surpresa.
" Hoje é o dia de você saber que meu nome é Marcelo !"
De cara soube quem havia deixado aquilo. Ele só veio falar realmente comigo depois de alguns dias, quando a professora formou duplas, e por acaso nós fomos juntados em uma dupla.
- A ligação dos carbonos é essa ! - dizia, tirando o lápis da minha mão - aonde está com a cabeça ?
- Desculpa, é que tem algo me tirando a atenção - dizia, desnorteado.
- Se quiser eu vou embora - de certa forma ele parecia mais inteligente que eu. Não conseguia esconder nada dele, parecia ler a minha mente. Inclusive ele foi a primeira pessoa a qual contei os encontros e desencontros ao qual minha vida passa.
FLASHBACK
Ele tentava me ensinar uma parte das matérias que eu não havia entendido.
- Mas que coisa, já falei mil vezes que não é assim ! Aonde está a sua cabeça ? - respirava fundo. Sabia porque não estava conseguindo entender aquilo.
- Desculpa, não dá ! - falei, fechando o caderno repentinamente.
- Aconteceu alguma coisa ! Anda, conta, o que houve ?
- O clima está horrível na minha casa, este é o problema !
- O que houve ? - um dos poucos momentos que eu via ele preocupado comigo era quando via que existia um problema grave.
- Minha mãe morreu a uns quatro meses. O clima na minha casa nunca se recuperou, foi por isso que eu decidi me candidatar uma vaga aqui. Pra ficar longe de lá. Meu pai está Muito mal esses dias, mas vai melhorar - dizia eu, deixando uma lágrima escapar. Ele não deixou ela cumprir seu curso, deslizando o dedo em meu rosto, limpando-a.
- Não quero ver você chorar. Isso não é próprio seu !
FIM DO FLASHBACK
Era também um dos poucos momentos em que ele ficava perto de mim. Normalmente eu o observava de longe, tinha que ficar o procurando, afinal ele sempre reclamava quando eu não ia atrás dele, mas nunca vinha atrás de mim. Havia se candidatado ao Show de Talentos, como cantor. E vencido o mesmo. Desde então vivia rodeado de meninas e meninos, a maioria falsos, e pouco ligava para aquele que mais o admirava. Estava cada vez mais bonito, e sedutor. Só achava extremamente estranho seu jeito de amar.
- Oi - lá estava ele, quase que por um milagre sozinho na biblioteca.
- Porquê você não veio me ver esses dias ?
- Simplesmente porquê existe um batalhão ao seu redor, não percebeu ?
- Isso não e motivo, quando se gosta de alguém, tem que sempre estar atrás dele.
- Eu nunca disse que gosto de você !
- Não precisa dizer - dizia, me puxando pra bem próximo do seu rosto - eu sei que gosta - mais uma vez ele juntava os nossos lábios. Vasculhava cada canto da minha boca com a sua língua, e arrancava os Freegells que eu colocava na boca.
- EI, esse era o meu último.
- Não reclama, eu sei que você gosta ! - seu jeito de amar era muito estranho. Ele era autoritário. Não havia reciprocidade. Ele mandava, eu obedecia. Eu amava, ele aturava. Ele me beijava sempre que quisesse, eu nunca o beijava. Ele nunca dizia que me amava, eu passei a dizer sempre. Ele parecia gostar de me seduzir com gestos e me deixar louco. Fazia isso sempre, me deixando com o coração na mão. Essa era a nossa relação.
Continua
E aí ?? Gostaram ?? Comentem e votem por favor. Beijos