Naquela noite eu recebi uma ligação do meu pai que me disse que havia conhecido uma mulher muito interessante que lhe chamou a atenção e o mesmo havia a chamado para sair, fiquei muito feliz por ele, enfim ele estava se dando o luxo de refazer sua vida e claro que eu falei que queria conhecer essa mulher pessoalmente e ficou resolvido que da próxima vez que eu fosse no Rio de Janeiro eu iria conhecê-la. Contei para ele tudo o que acontecia em minha vida aqui no Recife e ele só desejou que eu não sofresse e que eu fosse forte para tudo.
Dois dias se passaram e o Emanuel ainda não havia saído do hospital, na escola eu fazia de tudo para ficar perto dos meus amigos e tentar esquecer um pouco dos problemas, o Arthur até foi na minha casa com o Nathan para me fazer companhia e até que os dois me fizeram bem, o Arthur não parava de pegar no pé do Nathan e sempre fazendo de tudo para deixar o coitado constrangido.
Durante os dias que Emanuel estava no hospital eu fui lá para visitá-lo e sempre passava um tempo com ele, toda vez ele sempre dava um jeito de me enrolar quando eu perguntava como ele estava, sempre dizendo “eu já estou super melhor”, mas eu sabia que ele não estava nada bem, eu apenas sofria em silêncio.
Já faziam 15 dias e o mesmo ainda estava no hospital, ele havia piorado e a internação definitiva foi a melhor opção, as vezes ele esquecia das coisas, as vezes esquecia quem éramos, já não tinha mais cabelos, estava magro e com um semblante muito sofrido, não aguentava mais vê-lo naquela situação, sabia eu que o seu fim já estava bem próximo, ele estava sofrendo muito e sempre que eu o via ele sempre estava forte e feliz, nunca deixava uma lagrima de tristeza escapar de seus olhos, sempre carismático e de boa com todo mundo, nesse meio tempo de idas ao hospital eu já havia conhecido seus pais e me relacionado com todos eles até porque o Emanuel contou para todos que estava gostando de mim e seus pais não puderam fazer nada a não ser conversar um pouco com a gente e me aceitar, embora eu tenha visto que eles não ficaram nada felizes, mas o que importava ali era o ultimo pouco que felicidade que o Manu poderia ter.
Um dia cheguei ao hospital, eu estava acompanhado do Nathan, que mesmo não conhecendo tão bem o Manu quis me acompanhar, quando entramos no quarto encontramos ele sozinho, ele nos olhou, cumprimentou o Nathan e eu lhe dei um beijo...
Eu: onde esta a sua mãe?
E: Ela saiu a pouco, deve estar no corredor chorando escondida, sabe Diego, quando eu era criança eu pensava que eu iria chegar aos 100 anos, hoje eu sei que não vou chegar aos 20, quando eu morrer, eu sei que vou deixar muito gente triste, assim como você também vai ficar triste e eu não quero isso.
(Nathan só ouvia atentamente nossa conversa, sentado no sofá, eu sentei ao seu lado na cama e ele se sentou também)
Eu: Manu, o que é a morte para você?
(ele deu um pequeno sorriso)
E: Não sei, não acredito mais em Deus, nem em anjos ou demônios, nem em céu ou inferno, já deixei de acreditar nisso a muito tempo, talvez quando a gente morra, se transforme numa estrela, ta aí, eu quero ser uma estrela, sempre que todos que me amam sentirem saudades é só olhar para cima que eu vou brilhar para quem me procura.
(eu já estava chorando, olhando em seus olhos)
E: eu não quero morrer, mas os médicos já disseram que eu não vou sobreviver por muito tempo, meus últimos dias serão aqui no hospital, desde que eu descobri essa doença, eu sempre pensei que eu iria morrer sozinho e desprezado e de certa forma eu preferiria que fosse assim, mas eu sei que tem muito gente, inclusive você, que vai sofrer e ficar com saudade de mim...
Eu: o que é saudade? Manu o que é esse sentimento que faz a gente sentir tanta dor?
E: uma vez eu ouvi uma menininha de 11 anos falando aqui no hospital com um médico, a mesma disse para ele “saudade é o amor que fica”, essa frase nunca saiu da minha cabeça, o amor trás a saudade, e sei que todos que me amam vão ficar com saudade e se realmente eu me tornar uma estrela, eu vou brilhar para todos os que me procurarem para matar a saudade.
(eu o abrasei e ele me envolveu com seus braços)
Eu: eu não quero ficar sem você!
E: e eu nunca vou te deixar cara, estarei sempre por perto.
Nesse momento o Alison (enfermeiro), entrou no quarto e anunciou que o Manu precisava fazer alguns exames, nos despedimos com um beijo, cumprimentei o enfermeiro e fui embora com o Nathan ao meu lado, eu gostava de estar com o Nathan, pois o mesmo sempre acabava me distraindo, o garoto nunca tinha tido relação com ninguém e sempre ficava me perguntando sobre essas coisas de amor, primeiro beijo, sexo e etc. Sempre levávamos uma conversa tranquila e de certa forma ele me fazia esquecer os problemas com suas perguntas, por isso eu gostava de ter ele por perto, embora ele fosse um garoto cheio de frescuras e um pouco autoritário as vezes, e muito certinho, mas eu gostava de conversar com ele.
Saímos do hospital e fomos para o shopping mais próximo eu queria um sorvete e ele também, já no shopping, sentados numa mesa e com nossos sorvetes eu estava em silêncio, olhando para o nada e pensando mais uma vez na vida quando o meu celular começou a tocar com um número desconhecido...
Eu: odeio esses números desconhecidos... Alô!
I: Diego?
(senti um chute no meu coração)
Eu: achei que você já tinha me esquecido Iago.
(o Nathan olhou para mim com o rosto de surpresa quando ouviu o nome “Iago”)
I: eu tentei te esquecer, eu tento, mas não consigo, preciso conversar com você!
Eu: então fale...
I: sério que você vai me escutar?
Eu: sim, pode falar.
I: prefiro falar pessoalmente...
Eu: como assim pessoalmente, isso vai demorar muito para acontecer...
I: pra falar a verdade não, a faculdade entrou em greve e... eu estou no Recife.
Eu: como assim você esta aqui no Recife?
(o Nathan abriu a boca surpreso e falou em voz quase inaudível “o Iago esta aqui?” eu confirmei com a cabeça)
I: cheguei hoje, já estou instalado no hotel em Boa Viagem! Estou no hotel *********
Eu: Não fica muito longe do apartamento da minha mãe não.
I: bom, o local onde você esta morando eu não sei, só sabia que era em Boa Vigem. Então, podemos nos encontrar.
Eu: pode ser, hoje não estou com paciência, pode ser amanhã a tarde?
I: vou passar uma semana aqui, pode ser sim, preciso mesmo falar com você.
Eu: realmente eu não esperava que você viesse aqui, mas, já que esta, fica melhor ainda para a gente conversar, já esta mais do que na hora que eu ouvir sua versão da história e... fiquei surpreso que você tenha vindo aqui, realmente eu não esperava por isso.
I: eu precisava vir, e comigo aqui, você não poderia desligar na minha cara.
Eu: esta bem, amanha quando eu sair da escola eu te ligo e marco um lugar para a gente se encontrar lá em Boa Viagem mesmo.
I: esta bem, vou sair aqui, vou terminar de me instalar no quarto e vou dar uma volta pela praia.
Eu: então até mais...
(não esperei mais nenhuma palavra e desliguei mais uma vez na sua cara)
N: como assim o Iago esta aqui no Recife?
Eu: eu não sei, só sei que ele diz que esta aqui, vou marcar com ele amanha e vamos ver o que ele tem para me contar.
N: eu nunca passei por nada disso, então tudo o que posso fazer é te desejar sorte, nunca nem beijei ninguém, então não posso te dar conselho algum.
Eu: obrigado, mas eu vou ver o que faço, isso tudo ta ficando cada vez pior, o Iago não podia ter escolhido uma hora melhor para aparecer.
N: cara, eu tenho que ir, já esta dando minha hora.
Eu: esta bem, eu vou com você, já esta na hora de ir para casa mesmo.
Saímos do shopping e rumamos para o ponto de ônibus mais próximo, o ônibus do Nathan passou primeiro uns 10 minuto depois o meu passou e rumei para casa, chagando no prédio eu peguei o Guilherme na casa da vizinha e fomos para nosso apartamento...
G: Diego, você pode fazer pastel para a gente?
(ele pediu com uma cara tão meiga que não deu para dizer não, apesar de toda a minha exaustão)
Eu: faço sim, de quais sabores você quer?
G: queijo e presunto!
Eu: esta bem.
Peguei todos os ingredientes na geladeira, logo após peguei o óleo, panela e comecei a preparar os pastéis, pedi para o Guilherme machucar o queijo e o presunto e misturar e colocar um pouquinho de orégano, ele fez sem reclamar e para minha surpresa, fez bem feito.
G: já esta me dando fome.
Eu: pera ai?
Eu abri o guarda-comida e peguei dois pães francês, peguei um pouco do recheio dos pastéis e coloquei dentro dos dois pães, coloquei os sanduiches num prato e coloquei no micro-ondas por 35 segundos, quando ficou pronto eu mandei ele esperar esfriar um pouco e depois comer com a coca cola que tinha na geladeira, ele comeu tudo e parou de reclamar.
Eu: vamos terminar de fazer os pastéis?
G: ta bom!
Recheamos todos os pastéis e levamos para o fogo, meia hora depois já estavam todos assados, eram pequenos, daquelas massas pequenas que compramos no mercado, peguei alguns, coloquei num prato e fomos para a sala assistir um filme com os pasteis, pipoca e coca cola e passamos o resto da tarde assim, assistindo filme e comendo besteira, enquanto assistíamos ao filme, sem perceber eu comecei a pensar mais uma vez no Iago e nessa novidade de ele estar aqui no Recife, fiquei brincando com o cabelo do Guilherme que estava com a cabeça no meu colo e assistia ao filme atentamente, fiquei pensando em como seria esse encontro com o Iago, o que eu iria fazer, estava em dúvida se foi bom mesmo ter aceito conversar com ele.
...
A: Você não devia ter aceito conversar com ele não, esse cretino não é digno de pena!
(estava mais uma vez ouvindo os conselhos do Arthur no intervalo da escola)
N: eu acho que você deveria escutar, até porque eu quero saber, por que raio de motivos ele ficou com o melhor amigo, sabendo que você iria para a casa dele?
Eu: mas esse é o problema, eu também quero saber, só que eu não tenho coragem de olhar para ele, eu sou um covarde. Naquele dia eu iria chegar na casa dele uma hora mais tarde, só que tive minha aula de piano cancelada e fui mais cedo e peguei ele naquela situação com o “amigo”.
A: você faz aulas de piano?
Eu: desde que vim para cá eu nunca mais pratiquei, mas acho que vou procurar um professor para retomar as aulas.
N: legal, acho tão elegante quem toca piano.
Eu: é justamente por isso que eu quis aprender, acho muito bonito.
A: sabe tocar alguma música.
Eu: pouca coisa de Chopin, não sou muito prático, mas sei tocar “imagine” e cantar também.
A: legal, mas voltando ao assunto, eu acho que você deveria dar uma voadora quando olhar para a cara desse desgraçado, eu pessoalmente não perdoaria nunca, independente de qual seja os motivos dele.
N: eu ainda acho que você deve ser racional e escutar ele.
Eu: vocês só estão me deixando mais confuso.
A: é essa anta que só dá ideias porcarias, garoto do contra.
N: pelo o que eu sei, quem esta sendo do contra aqui é você!
A: claro! Eu sou do contra o Iago se sair bem nessa história!
N: e eu sou contra suas ideias agressiva.
Eu: vocês me enlouquecem!
...
Depois da escola e de muito ter conversado com o Nathan e o Arthur eu decidi que iria ouvir tudo o que Iago tinha para me contar, mas com certeza eu não teria como perdoa-lo, tendo em vista que esse é o propósito dele, conseguir meu perdão e eu não sei se estou pronto para isso...
Estava lá sentado olhando o mar, perto de um quiosque que usei como ponto de referencia para ele me encontrar, eu estava distraído olhando o mar e sentindo a brisa batendo contra o meu corpo quando ouço aquela voz familiar do meu lado...
I: realmente fiquei surpreso quando você disse que aceitava falar comigo.
(ele se sentou ao meu lado olhando para o mar, nesse meio tempo que passamos separados ele mudou um pouco, fez luzes no cabelo, estava mais bonito e estava com um brinco na orelha direita, ele olhou para mim e sorriu, estava usando aparelho)
I: você esta bonito, esse tempo te fez bem...
Eu: pode falar, estou escutando.
I: Diego, eu só fiquei com o Ricardo naquele dia por que ele estava me chantageando.
Eu: como assim chantageando? Conta direito essa história.
...
Pessoas lindas do meu coração, gostaria de pedir os comentários de todos, como eu vejo que o conto tem muita visualização e poucos comentários, eu gostaria de saber a opinião do pessoal que lê e não comenta, para aqueles que comentam, meu mais sincero agradecimento e para aqueles que não comentam tbm agradeço por ler meu conto, eu só gostaria de saber mais opiniões sobre o que estão achando. As vezes da até desanimo de escrever por conta disso, da falta de comentários e sei que é chato ficar pedindo comentários mas quando eu vejo que é necessário eu coloco minha cara a tapa e peço. Dependendo dos comentários eu posto mais rápido ou demoro o dobro do tempo para postar o próximo capitulo. Obrigado pela atenção, BJS.
gatinhoo2gatinho02@hotmail.com
