O Acompanhante - Parte XVIII
Acordei por volta das dez horas da manhã por causa do zumbido do meu celular. Era uma chamada da sargento Alice. Atendi ainda sonolento. Ela disse que estava precisando de mim com urgência. Eu deveria me encontrar consigo em algum lugar onde pudéssemos conversar sem sermos incomodados. Falei que estava hospedado num motel na cidade de Paulista, vizinha a Recife e Olinda. Ela pediu-me o endereço. Disse que chegaria em menos de uma hora.
Demorou mais do que eu esperava. Quando chegou, estava pálida. Quase não conseguiu sair do carro. Tive que carregá-la nos braços, pela escadinha que ligava a garagem ao quarto. Tinha a blusa ensopada de sangue. Sentei-a na cama ao lado de Danuza, que não havia acordado ainda. Livrei-a da blusa com cuidado para não machucá-la. Retirei as ataduras do seu ferimento e percebi que os pontos estavam todos rompidos. Era preciso ligar para a doutora Helena Mara. Contei-lhe rapidamente os últimos acontecimentos e pedi para que ela viesse até onde estávamos. Ela estava na clínica, mas disse que sairia imediatamente em socorro da sargento. Pediu que eu usasse um lençol limpo para estancar o sangramento, enquanto ela não chegasse. Fiz o que pediu.
A sargento, no entanto, estava agoniada para falar comigo. Disse que precisou torturar o policial que invadiu meu apartamento para descobrir que a capitã havia decretado o assassinato da ex-esposa do bicheiro. Como a loira Márcia era a testemunha mais importante do envolvimento da capitã com o esquema do jogo do bicho, era preciso pô-la a salvo. A sargento não estava em condições, portanto eu deveria fazer esse trabalho. Mesmo debilitada, explicou-me o plano: estava programada uma fuga em massa do presídio feminino do Bom Pastor naquela noite. A evasão seria logo descoberta, a tempo dos policiais capturarem as fugitivas. Todas voltariam para o presídio, menos Márcia. Diriam que ela resistiu à prisão e conseguiu pegar a arma de um dos seus captores. Na troca de tiros, ela teria sido abatida. Ou seja, a fuga apenas encobriria o verdadeiro objetivo da capitã: eliminar a ex-esposa do bicheiro e recuperar a cópia da agenda. A policial corrupta acreditava que o documento estava ainda em posse da loira, e esta o teria em mãos quando fosse fugir.
Danuza acordou quando conversávamos. Apavorou-se quando viu a policial sangrando. Deitou a sargento e ajudou-me a estancar o sangramento. Desse modo, ouviu quando combinávamos libertar a detenta. Ficou apreensiva por mim. Eu também estava com medo. Não me achava capaz da incumbência dada pela policial. Ela explicou que provavelmente a fuga se daria pela ala norte do presídio feminino. Também deveria ser realizada à noite. Se eu me escondesse bem, e tivesse um binóculo noturno, poderia me dar bem no resgate da loira Márcia. A sargente Alice recomendou que eu levasse seu revólver, que estava no porta-luvas. E que eu não hesitasse em atirar em qualquer um dos policiais que estivesse lá para levar as fugitivas de volta à colônia. Eram todos corruptos. Ela livraria minha barra depois.
Deixei Danuza cuidando da sargento e saí para comprar um binóculo noturno. Eu nem sabia onde se vendia essas coisas. Liguei para o meu escritório e Roxane atendeu. Encarreguei-a de comprar o apetrecho. Eu iria até o presídio feminino Bom Pastor para sondar o terreno. Quando fui pegar a arma no carro da policial, notei manchas de sangue no banco de trás e no da frente. Um buraco feito a bala também estava visível no assento ao lado do motorista. Deduzi que a sargento havia entrado em luta corporal com o policial que invadiu meu apartamento. Eu não havia perguntado ainda que fim ele tinha levado. Guardei a arma na cintura, sob a camisa, peguei meu carro estacionado ao lado e rumei para o presídio.
Quando cheguei lá, a primeira coisa que percebi foi um matagal bem próximo à saída norte do presídio. Havia sofás velhos, carcaças de fogões e geladeiras mistrurados com lixo de todo tipo. Era um terreno baldio que o povo aproveitava para jogar tralhas. Parei o carro e desci dele. Fiz que estava examinando os pneus e olhei discretamente em direção à guarita de vigilância. Havia um guarda lá. Apesar da distância, notei que olhava para mim. Talvez curioso do que eu fazia por ali. Abri o capô e fingi estar analisando o motor. Olhei várias vezes em direção ao vigia e ele continuava ligado em mim. Atravessei a rua, deixando o carro com o capô e portas abertas, e rumei para o presídio. O portão alto e imponente, formado por chapas metálicas, estava fechado. Apertei um botão no interfone e uma voz masculina perguntou o que eu queria. Disse que meu carro havia pifado e eu precisava de um telefone para chamar um mecânico. Respondeu-me que eu não poderia entrar no presídio, pois não era dia de visitas. Perguntei se ele não podia ligar. Eu pagaria por isso. Ele esteve um tempo calado, depois pediu que eu aguardasse um pouco. Afirmou que entendia um pouco de mecânica e ia ver se podia me ajudar.
Pouco depois, o portão abriu para o lado, ruidosamente. Apareceu um cara franzino, uniformizado de guarda. Olhei para a guarita, lá no alto do muro do presídio. O vigia continuava lá e não tirava os olhos de mim, rifle em punho. O cara franzino me cumprimentou e perguntou qual era a bronca, olhando para o meu carro estacionado do outro lado da rua. Eu disse que ele estancara de repente. Atravessamos a estrada deserta e fomos até lá. Eu havia propositadamente desconectado um dos fios do motor. Ele deu uma olhada e esteve mexendo lá. Percebi que era um leigo, pois parecia nem saber o que procurava. Claro que não percebeu o fio solto. Aí, apontou para uma peça aleatória e disse que eu teria que comprá-la. Ele a trocaria pela "módica" quantia de cinquenta reais, além de tomar conta do meu carro até que eu voltasse. Eu disse que era mais simples ele telefonar do seu celular ou do telefone do presídio para uma oficina. Eu lhe daria o número. Desse modo, eu evitaria esperar que um táxi passasse por ali, além de pagar a corrida. Coçou a cabeça e depois me cobrou 100 paus para dar esse telefonema. Não estava com celular. Deixaria, por esse preço, que eu telefonasse do presídio.
Refleti por um momento. Minha intenção era induzi-lo a entrar no meu carro e rendê-lo com a arma que eu tinha guardada no porta-luvas, desacordá-lo com um golpe desta e depois afastar-me dali com ele dentro do carro. Mas o guarda lá no alto do muro estava muito ligado na gente e poderia me causar problemas. Então, mudei de plano. Ofereci 200 reais para que ele também ajeitasse para mim a mulher mais bonita e gostosa do presídio. Eu queria dar uma foda com ela. Ele olhou para mim, desconfiado. Eu disse que estava separado já havia algum tempo e estava doido para meter. Ele pediu que eu mostrasse o dinheiro. Eu havia passado por um caixa eletrônico antes de chegar ali, pois imaginei que fosse precisar de dinheiro para gastar na fuga de Márcia. Tirei do bolso três notas de cem e disse que seria todo dele se eu escolhesse a tal mulher. Olhou em direção ao guarda, com a grana na mão, e fez sinal para ele dando a entender que rachariam aquele dinheiro. O sujeito lá em cima, na guarita, acenou com o dedo polegar erguido, concordando.
Pouco depois, já dentro do presídio, ele cochichava ao meu ouvido que ninguém deveria saber daquilo. Iria dizer pros companheiros que eu era primo dele em visita. Concordei, com um sorriso na cara. Meu plano de emergência estava dando certo. Andamos pelos corredores do presídio, cujas celas estavam vazias, até chegarmos ao pátio onde as detentas recreavam. Pediu-me para escolher uma delas. Ele trataria de convencê-la a trepar comigo. Procurei ao largo até encontrar Márcia encolhida num canto, fumando. Apontei discretamente e disse que a havia escolhido. Ele elogiou a minha escolha. Mas alertou que ela não iria topar. Era mulher de um grandão da máfia do jogo do bicho e não iria se prestar a trepar com um estranho. Respondi que, se ele conseguisse, eu aumentava a grana. Os olhos deles brilharam de cobiça. Foi até onde Márcia estava e cochichou ao ouvido dela, apontando sem nenhuma sutileza para mim. A princípio, ela não me reconheceu. Balançou a cabeça negativamente. Mostrou-se indignada. Quando olhou novamente em minha direção, levantei a camisa mostrando as ataduras que cobriam meu ferimento a faca. Imediatamente, ela me reconheceu. Pisquei-lhe um olho sugerindo que ela fingisse pouco interesse, mas topasse. Ficou uns minutos conversando com o sujeito franzino. Depois, ele voltou para onde eu estava. Disse baixinho que ela topava, mas queria uma grana, também. Passamos algum tempo negociando, até que aceitei pagar também a ela. Mas só entregaria o dinheiro à loira depois da foda. Com isso, eu evitaria que ele surrupiasse o dinheiro que disse ter acordado com a loira, já que eu que pagaria diretamente a ela. Ainda quis argumentar, mas eu estava irredutível. Concordou, finalmente.
Levou-me até uma sala desocupada do presídio, onde havia dois sofás grandes. Pediu-me ajuda para juntar os móveis, tornando-os uma cama larga. Pegou sua parte da grana e pediu que eu esperasse. Ia dar um jeito de trazê-la até ali sem que os companheiros percebessem. Concordei com um aceno de cabeça. Vinte minutos depois, Márcia se atirava em meus braços. Estava feliz por eu ter ido visitá-la. Mas queria entender o porquê de tanto mistério. Fiz com que se sentasse e contei o plano da capitã de eliminá-la como queima de arquivo. Ela gelou. Depois ficou amedrontada, quase chorando. Expliquei o plano da sargento de tirá-la dali em troca de testemunhar contra o bicheiro e a militar. Ela topou na hora, contanto que, até o julgamento, eu a mantivesse longe do Brasil. Prometi escondê-la em algum país da América Latina. Atirou-se novamente em meus braços e me beijou com gosto. Jogou-me nos sofás, quase me machucando. Por pouco não sangro o ferimento de novo. Arrancou-me as calças junto com a cueca numa urgência que me perguntei se ela gostava mesmo de mim ou se estava só carente de rola. Eu disse que estávamos perdendo um tempo precioso, pois deveríamos traçar um plano de fuga. Ela pareceu nem me ouvir, abocanhando meu pau. Chupou-me com gula, apalpando-me os bagos. Depois posicionou-se sobre mim, enterrando-se no meu cacete duro. Eu quis dizer alguma coisa e ela calou-me com um beijo. Mordeu-me os lábios, a orelha, o pescoço e saiu descendo tórax abaixo. Quando engoliu novamente minha glande, sua boca estava quentíssima. Depois, jogou-se no encosto do sofá e pediu para eu vir por trás.
Fim da Décima Oitava Parte