Tem aqueles dias em que antes de levantar da cama você já sabe que vai dar tudo errado.
Eu acordei nesse dia já um pouco assustado, com o alarme tocando. O que já era muito estranho, já que o Léo sempre me acorda antes mesmo do alarme tocar quando ele tá de saída pro trabalho. Me acorda dizendo que tá indo embora e que deixou o café pronto, assim que saí da cama vi que não tinha nada pronto. Tentei deixar isso de lado e fui me aprontar. Não bastava sair de barriga vazia, prestes ao sair de casa vi que o Lion tinha vomitado perto do sofá, teria que passar na casa da mamãe pra pedir à minha irmã que o levasse no veterinário.
Cheguei no trabalho entrando até com o pé direito pra ver se a coisa amenizava pro meu lado, sem esquecer que eu tava culpando o Léo por tudo isso, se não fosse ele sair sem me acordar estaria tudo numa boa, ao menos era o que eu pensava. Eu continuava puto com ele e nem trocamos mensagem durante um bom tempo quando do nada meu telefone toca e era ele. Podia muito bem ter feito birra e não ter atendido, se fosse ele no meu lugar teria feito isso, mas atendi e ele foi logo falando:
- Matheus, tá no trabalho?
Pelo tom da voz dele o coração já apertou.
- Tô. O que foi?
- Vem aqui. Rápido!!
- Mas o que aconteceu?
- Bati num carro.
Ele mal terminou e eu já tava correndo, tive que pegar o carro da empresa mesmo. Cheguei onde ele havia me falado e logo o vi sentado na calçada, tinha umas duas moças perto dele.
- Léo.
Chamei e ele veio me dar um abraço enquanto eu tentava entender o que tava acontecendo. Consegui ver dois policiais conversando com um cara.
- Eu bati no carro dele, não foi por querer.
- Eu sei que não, acalma.
Pelo que entendi as duas moças estavam tentando deixar ele mais calma depois do acidente e eu tava indo conversar com elas pois o Léo ainda tava ainda assustado quando o cara que antes conversava com os policiais chegou perto da gente gritando.
- Quem vai pagar a frente do meu Civic? De quem é o carro?
- O carro é meu. – já disse estufando o peito para aquele nojento.
- E tu deixa qualquer um dirigir?
- Ele é meu parceiro e usa o carro pro que quiser.
- Eu quero saber...
- Olha, senhor. Me desculpe mas eu cheguei agora e antes de ficar perdendo tempo aqui contigo eu vou me informar sobre o que houve aqui e depois a gente conversa.
Ele ainda tentou me segurar o braço mas uma das moças segurou ele e fui conversar com os policiais que me contaram tudo. Por conta da má sinalização da rua, o Léo não sabia que depois do próximo cruzamento a faixa se tornava mão única então pra tentar voltar pro caminho dele fez um retorno “ilegal”, ele até teria sucesso se não fosse o nojento, também infrator, ultrapassar o carro atrás do Léo e os dois colidirem. Sei que na perícia eles já tavam falando que o Léo era culpado pela posição dos carros. Por mais que ele falasse o tempo que ia arcar com as despesas, o nojento tratou ele com a maior ignorância, isso era o que o pessoal me contava. Acabou que eu dei meu número pro outro envolvido no acidente pra que depois a gente acertasse, e levei o Léo pra casa. Infelizmente tive de voltar pro trabalho e ele ficou no apê.
Quando voltei à noite ele tava dormindo, ainda tive que passar pra pegar o Lion. Depois de me banhar fui aprontar janta pra mim e o Léo acordou, ele nem veio falar comigo, a gente meio que brigou no caminho pra casa. Ele ia caindo no golpe do cara, que exigia uma quantia em dinheiro pro reparo do carro sem mesmo ter passado numa oficina. Disse que eu ia resolver isso e que só ia pagar quando ele me mandasse uma cópia do recibo. A gente discutiu por ele ser muito “besta” nessas horas, não pensa. E ele acaba se auto machucando por isso.
Enquanto eu terminava a comida ele ainda continuava no quarto mesmo acordado, acabou que eu perdi a fome e fui pra sala ver TV. Não demorou muito e ele surgiu na cozinha xeretando tudo e logo fez um prato pra ele e veio se aquietar do meu lado do sofá e passei meu braço por trás dele.
- Desculpa. – disse ele.
- Seu chato. – beijei-o na cabeça e esperei ele terminar de comer pra irmos dormir.
A gente não fica brigado por muito tempo, é natural a gente se falar do nada e se entender sem muitas palavras. Em situações normais ele é o cabeça de nós, sempre tá certo, sempre me guiando. Mas basta uma situaçãozinha de estresse pra ele se perder e ficar apavorado/nervoso e eu tenho de tomar as rédeas. Aos trancos a barrancos a gente vai se entendendoEntão, já faz um tempinho deste a última vez não?
Resolvi voltar por aqui. Não terei dias certo pra postar, pois promessas não tô podendo cumprir agora. Mas fico muito feliz por depois de meses, ainda ver que muitos continuam lendo as histórias. As visualizações nunca zeram em nenhum dia, isso me deixa bastante feliz. Triste ao mesmo tempo por não poder comparecer mais vezes por aqui. Espero que entendam e aproveitem o que posto e virei a postar. Beijos e boa noite.