Depois que ele me comer, vou fazer questão de esfregar na cara dele quem é o adolescentizinho. E depois vou despachá-lo igual se joga fora um copo descartável! – ele resmungava para si mesmo, e não deu uma palavra no caminho de volta.
- Nossa, porque você está com essa cara? Hum, já sei! Levou um fora né? – disse o Duda, engolido sua água enquanto se sentava na cadeira da cozinha.
- Isso é o de menos. Ele me chamou de adolescente, criança... Como se eu não soubesse o que é a vida e o seu lado bom e ruim. Este cara é um idiota! Você acredita que ele me conhece desde quando eu era pequeno? Poxa... Fiquei tão triste quando ele disse que tinha namorada.
- Gente, é pior do que eu pensava. O cara falou pra você que tinha namorada, e ainda por cima, te deu um fora da forma mais educada possível!
- Educada? Você está defendendo aquele babaca, Eduardo? Pensei que fosse o meu amigo.
- E sou. Rafael, você precisa entender, que não é todo rostinho bonito que vai se encantar e se interessar por você. O cara é comprometido e a diferença de idade entre vocês dois é grande. Ele foi sincero!
- Da mesma forma que o Leonardo foi comigo, quando me disse que não curtia homens, e na primeira oportunidade, me levou pra cama e me iludiu, como se eu fosse um qualquer. O Marcos não me engana! Tá escrito na testa dele que ele curte também. Você acha que eu não vi, quando eu tirei minha roupa e ele ficou olhando para minha bunda? A única diferença entre mim e esse bando de caras babacas, é que eu expresso os meus desejos, as minhas vontades... Mas ele que me aguarde! Ele ainda vai vim atrás de mim, pode apostar.
- O que você vai fazer? Acho melhor não tentar nada. Sua tia é imperdoável quando descobre as coisas.
- Dane-se!
- Quando descobre o quê? – Leo entrou na cozinha, pegando ambos de surpresa.
- Que susto! – ficou louco? – berrou o Rafa.
- Do que estavam conversando? Aliás, o que vocês dois estão tramando?
- Nada! Rafa, eu vou pro meu quarto acessar a internet, depois aparece por lá, antes de você dormir. – Eduardo saiu rapidamente dali. Rafael odiava quando ele fazia aquilo, o obrigando a ficar sozinho com o primo.
- Lembre-se que estou de olho em cada passo teu. Meu tio deu ordens expressas para que eu tome conta de você e do seu amigo. – ele abriu a geladeira e pegou uma fruta.
- Eu não preciso de baba! E nem se atreva a encher a minha paciência, senão eu conto pra todo mundo... – antes que ele concluísse a frase, Leo segurou em seu braço, chegando bem perto dele. – Me solta!
- Olha pra mim. Diz que você não sente falta do priminho aqui... Quando eu pegava você de jeito, se derretia todo em meus braços.
- Nunca mais terei o desprazer de repetir aquelas cenas. Aqueles foram os piores momentos da minha vida e eu já esqueci há muito tempo! – Rafael olhou dentro dos olhos dele, com a voz firme.
- Você está mentindo! Quando encosto em você, fica trêmulo! Você é louco por mim e sempre será! Assuma pra si mesmo. A gente podia dá uma fugidinha pro seu quarto e faze rum sexo bem gostoso. Olha como o meu pau ta latejando... – ele levou a mão do Rafael até a sua cueca, e este não conseguiu resistir.
Rafael ainda sentia algo por ele, e era visível! Por mais decepcionado que estivesse, tinha que admitir pra si mesmo, que o seu primo ainda causava algo dentro dele. Leonardo chegou mais perto, e roçou sua barba no rosto dele, até forçá-lo a abrir a boca e introduzir a sua língua quente e ávida. Rafael até tentou se esquivar, mas o primo era muito mais forte e o prendeu em seus braços... Leonardo invadiu a boca dele, devorando-a completamente, e desceu com a língua até o seu pescoço, causando arrepios nele. Apesar da diferença de idade, e de corpos também, eles tinham uma sintonia quando se uniam, e o tesão ficava a flor da pele.
- Para... Me solta... – Rafael sussurrava sem forças e incapaz de resistir. Por mais que quisesse, ele não conseguia controlar o próprio corpo.
- Eu sei que você quer. Não resista apenas curta o momento. Deixa eu penetrar você,por favor! Eu preciso!
Aos poucos, Rafael foi colando o cérebro no lugar, e a sua razão explodiu com força total, como um vulcão que acabara de expelir lava.
- Me solta! É pra isso que você me quer né? Eu sirvo pra descarregar as suas necessidades sexuais, enquanto aquela vadia magricela está viajando. Eu estou com tanto ódio de mim, por ter deixado este beijo acontecer... Que raiva! Você nunca vai tocar no meu corpo. Nunca mais! Vai bater punheta pensando na sua namoradinha, talvez resolva o seu problema!
- Não é nada disso, cara! Eu tava curtindo o momento legal que rolou entre a gente. Você também estava gostando... Esquece a Suélen um pouco, e pensa na gente.
- Hum? Não existe “a gente”, “nem nós”, nem nada! Aquele fase de idiota iludido já passou. Se concentra no seu namoro, porque eu já estou em outra, seu imbecil! – ele virou as costas e saiu dali, mas o Leonardo foi atrás.
- Que outra? Quem é a pessoa? Se não me falar, contarei pro seu pai que você veio pra cá, para se envolver com os homens da região.
- Ótimo! Quer o meu telefone pra ligar pra ele? – eles ficaram em silêncio. – Acho bom você me deixar em paz! – ele seguiu para o quarto.
Ao entrar, se jogou na cama e chorou muito. Ele ainda era um adolescente frágil e apaixonado, e não sabia lidar com os seus sentimentos. O garoto de 14 anos veio à tona, em lembranças tristes e desagradáveis. No dia em que ele revelaria pra toda a família que era gay, e que era apaixonado pelo Leo, achando que ele estaria ao seu lado para segurar a barra... Eis que o Leonardo surge no jantar com uma garota cujo nome é Suélen, e diz a todos que ela era sua namorada! Aquilo foi como uma facada no peito do Rafael, depois de todos os encontros escondidos que tiveram juntos, das transas, das trocas de carinho, do cuidado... Sim, ele achou que o primo fosse assumir para toda a família o relacionamento dos dois e que juntos enfrentariam todos. Mas não foi o que aconteceu, e ele saiu da mesa arrasado e com o coração partido. Depois daquele dia, sua relação com o primo nunca mais foi a mesma, e o próprio Leonardo deixava claro para ele, que o que rolou entre os dois foi aventura e “experiências sexuais”.
- Amigo. Posso entrar? Você está bem?
- Eu quero ficar sozinho. Amanhã a gente conversa. – ele se afundou nos travesseiros.
- Tudo bem. Se precisar, estou aqui. – Duda voltou para o seu quarto, um pouco preocupado. Ele não devia tê-lo deixado sozinho com o Leo, pensou ele.
*****
Ele ouviu alguém bater na porta.
- Eu disse que amanhã conversamos Duda! Eu quero ficar sozinho...
- Sou eu, o Marcos. Posso falar com você um instante?
Rafael ficou surpreso com a ida dele ao seu quarto. Sua curiosidade falou mais alto e ele secou as lágrimas rapidamente e levantou-se para abrir a porta.
- Oi. Eu vim te pedir desculpas pela forma que falei contigo hoje de manhã.
CONTINUA...