Cap.3
Meu coração quase sai pela boca naquele momento de tanto nervosismo. Instantaneamente fiquei vermelho e baixei a cabeça.
- Porquê está dizendo isso ?
- Porquê é o que eu estou vendo - falou, abrindo o refrigerante que havia pedido - bem, eu não devia tomar Coca Cola... Mas que se lasque a dieta, uma vez não vai me fazer inchar - acabei rindo da doidice que ele demonstrava. Minha vontade era de abraca-lo e dizer o quanto eu gostava dele e do que ele fazia - você deve estar me achando um louco, né ?
- Um pouco... Pelo menos, bem mais louco do que eu imaginava.
- E o que você imaginava que eu fosse ?
- Não sei dizer... Alguém fechado... Sei lá, a gente nunca entende como são as pessoas famosas - ele riu
- Sabe que eu nunca gostei de ser famoso ? É só um pretexto para ocorrerem diversas restrições. Não se pode mais sair pra shopping direito, porquê vem diversas pessoas e não te deixam curtir o passeio. Qualquer saída de casa é motivo para boatos rolarem pelos sites de fofoca. Preferia a época em que eu era livre... Podia ir ao cinema sem ser reconhecido...
- Mas e o dinheiro que você ganha ?
- Eh, tem essa parte muito boa - falou, olhando pro teto.
- Tem gente que se mataria pra ganhar o que você ganha - dizia eu, lembrando da vida pobre que levavamos.
- Você não leva uma vida boa, não é ? - acabei sorrindo, para não chorar.
- Não. Trabalho muito, ganho pouco, e tenho que ajudar a sustentar meus pais com esse pouco. Larguei a escola... Sinceramente, não vejo um futuro melhor pra mimsilêncio chato se formou entre nós, mas logo foi desfeito.
- Vai melhorar ! Meu pai sempre dizia isso quando eu ouvia um não no começo da minha carreira. Parece que ele estava certo - disse ele, terminando o prato, enquanto eu ainda estava pela metade - sabia que você é o único fã comportado que eu já vi ? A maioria dos fãs chegam querendo arrancar minha cabeça - riu.
- É que... Tô envergonhado de estar perto de você...
- Envergonhado porquê ?
- Sei lá... Só tô - disse, começando a corar de novo.
- Você é um fofo, sabia ? - se aproximou rapidamente de mim, e eu pude sentir seu cheiro. Dessa vê não controlei meu impulso, e dei um forte abraço nele. Sempre sonhei em fazer aquilo, e pela primeira vez consegui.
- Eeee kkkk enfim se soltou - falou, me apertando ainda mais.
- Eu sempre sonhei em fazer isso - disse, entre sorrisos e suspiros.
- Sabe que eu nunca recebi um abraço tão gostoso de um fã assim ? Dá vontade de ficar agarrado a você por horas - estava começando a ter certeza de algo que muitas pessoas já desconfiavam.
- Você... Essa conversa... Você é gay ? - ele riu
- Já me fizeram essa pergunta diversas vezes. Meu empresário diz que eu não devo falar sobre isso e... Mesmo eu não te conhecendo bem... Sinto que posso confiar em voce - me apertou ainda mais - sim... Eu gosto de homens - falou rindo.
- Sério ? - falei, incrédulo.
- Humrum. Disfarço bem ?
- Mais ou menos - ele riu...
- Gostei muito de você sabia ?- acabei rindo ao ouvir isso - você não quer ir ao meu show ? Te dou passes VIPs pra ficar no meu camarote e no meu camarim.
- Mas... E sua equipe ?
- Eles sabem o que eu sou... - pensei...
- É melhor não... Nem roupa descente eu tenho pra ir - se fosse pra ir pra pista, eu ia. Mas já imaginou, chegar no camarote dele, cheio de pessoas importantes e eu lá, mal vestido...
- Isso não é desculpa Lucas... Eu consigo roupa pra você em dois minutos, no tamanho e gostos certos do seu - ri
- Desculpa mas eu não posso aceitar...
- Aceita vai... Eu quero você lá ! - pensei por alguns segundos. Meu, estava falando do cantor que eu mais gostava... Porquê não ? Porquê eu tinha que ficar em casa ? Eu tinha toda a oportunidade de ir ! Eu tinha que ir...
- Tá falando Sério ?
- Tô. E ai, vai ? - acabei aceitando.
- Vou...
TEMPO DEPOIS
Obviamente continuei a trabalhar leve, sorridente e mais simpático. Aquele encontro com ele foi algo mágico, inesperado e muito bom... Precisava daquilo... Precisava daquela boa energia para continuar minha caminhada. Mal eu cheguei em casa minha mãe chegou, dizendo que haviam entregado cinco sacolas endereçadas a mim.
- O nome do remetente é Joaquim... Lopes - ela olhou, não entendendo - quem é ele Lucas ?
- Um amigo meu, mamãe - falei, me antecipando a um bombardeio de perguntas.
Quando cheguei no quarto, confesso que fiquei maravilhado com tudo o que tinha ali. Diversas roupas de marcas, calças jeans, moletons, alguns sapatos, acessórios. Ele tinha feito muito mais que o combinado.
- Joaquim ! - acabei sorrindo comigo mesmo mais uma vez. Incrédulo que tudo aquilo estivesse realmente acontecendo.
TEMPO DEPOIS
Estava vestido com os presentes que ele havia me dado. Confesso, havia ficado bem bonito em mim, mas ainda estava extremamente envergonhado por ser algo doado por alguém. Logo recebi uma ligação.
- Saia sem alarde - ouvi sua voz no telefone.
- Quem é ? Como assim ?
- Sou eu, Joaquim ! Tô falando pra descer sem alarde, e logo. Não quero ser reconhecido aqui - olhei pra baixo e vi um carro grande. Não havia ninguém em casa. Escrevi dois bilhetes. Deixei um na sala e um no meu quarto. Era difícil não me encontrarem. Sai de casa e logo percebi diversos olhares em minha direção. Sabia que haveria falatório. Mas era a minha vida, não a dos outros.
- E não é que ele ficou bonito mesmo ! - de repente toda aquela vergonha voltou.
- Obrigado.
- Olha, eu não posso falar muito agora pra manter a voz. Mas depois do show a gente pode conversar bastante. Prometo !
TEMPO DEPOIS
O show foi a mesma magia de sempre, já esperada. Apareceu descendo por uma corda no palco. E como sempre alegrou o público com diversas músicas. Dentro do seu camarote, todos se perguntavam. Quem seria eu para estar numa cadeira vip do camarote do cantor. Foi uma sensação única poder ve-lo cantar de perto. Sorri, me emocionei, chorei, mas assisti o show até o final. Terminou lá pelas 3hrs da manhã.
- Você foi bem - falei, assim que o vi.
- Você acha ?
- Acho... Melhor do que eu imaginava.
- E Que dessa vez eu estava pensando em uma pessoa, pra cantar ! - falou, me beijando em seguida.
Continua
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