- Eu fiquei sabendo e na sexta e voltei o mais rápido que eu pude. - diz tão doce como se estive falando para uma criança assustada.
- Me desculpa, Otávio, eu... - As palavras de somem, só o choro continua.
Conheci o Otávio pouco tempo após minha volta para o Brasil. Viramos uma espécie de amigos com benefícios. Ele é loiro, tem a minha altura, mais ou menos o mesmo físico, tem os olhos azuis e seu rosto é como de um bebê.
- Do que você está me pedindo desculpa? Vamos subir, lá em cima você me conta tudo. - disse e me deu um beijo no topo da cabeça.
Deixo ele me guiar, enquanto choro o percurso todo, sem me importa com as pessoas. Entramos e vamos logo para o quarto e nos sentamos na casa, de frente um para o outro.
Me encontro mais calmo e consigo contar a história, ou melhor, o pouco que eu sei dela.
De acordo com o laudo médico, ela estava alcoolizada e perdeu o controle do carro. O estranho é que a Clara quase não bebi, e muito menos durante a semana.
Contei tudo e também sobre a reunião da manha, sobre ter que me mudar e consequentemente sobre o Nicolay. O Otávio escutou tudo em silêncio e quando eu terminei, ele continuou em silêncio.
- Fala alguma coisa.
- Eu não sei...- sua expressão parecia incerta. - E muito hollywoodiano, não acha? E, porque todo o mistério com o vídeo da sua irmã. E a tal carta, você leu?
Então me dou conta de que não li, tiro ela do bolso interno no paletó e fico olhando pra ela. Parece uma carta qual quer, um envelope branco sem nada escrito, a não ser "Para Miguel", em uma linda caligrafia que reconheci ser da Clara imediatamente.
- Abra. - diz Otávio.
Olho mais para a carta, não sei se quero saber o que está escrito.
- Acho que vou guarda-la. - digo finalmente.
Otávio concorda com a cabeça e nós caímos no silêncio. Deito na cama e puxo o Otávio comigo. Agora reparo em como ele está bonito, bem ele sempre está. Veste uma calça jeans destroyed, all star preto clássico, blusa do Nirvana e uma jaqueta de couro preta. Seu cabelo está rebeldemente arrumado e a barba loira pra fazer me dá um puta tesão.
- E o Rafael? - pergunto, afim de espantar a minha ereção crescente.
Então, ele mergulha em um monólogo das tragédias de sua vida. O Rafael é o melhor amigo do Otávio, é a história clássica. São amigos desde a infância e Otávio o ama desde que descobriu o que é masturbação.(rs) Nunca teve coragem de contar sobre os seus sentimentos, mas também nunca se afastou. E como um mais um é dois, ele está sempre sofrendo pelos romances do Rafael. O que me irrita, não por ter ciúmes. Gosto do Otávio de forma diferente, ele é um grande amigo e quero vê-lo feliz.
- Quero que você seja feliz, você sabe? - pergunto.
- Já sei onde você quer chegar. É complicado, ás vezes eu acho que ele sente o mesmo, mas... - falou até sua voz sumir.
De repente ele se levantou da cama em um pulo e começou a tirar a jaqueta.
- O que está fazendo? - perguntei com um olhar inocente.
O sorriso que ele me deu, foi como se disse: "Você sabe bem o que estou fazendo.". Bom, eu não queria forçar, mas já que ele está se oferecendo.
Levanto lentamente da cama e começo a tirar sua blusa. Faço tudo lentamente, a expectativa aumenta o prazer, baby.
Ele mordisca o lábio inferior e olha nos meus olhos, puxo ele pelo cós da calça. Seguro seu rosto entre minhas mãos e percebo sua respiração falhando. Me aproximo lentamente mantendo contato visual, o que me lembra do Nicolay. Estranho, mas descarto o pensamento.
Fico com rosto a centímetros do dele,sentindo sua respiração. Dou-lhe um beijo forte, firme, um beijo faminto. Olho nos seus olhos que parecem perdidos.
- Você realmente não quer conversar? - falo ainda com seu rosto entre minhas mãos.
Ele fingi pensar um pouco, percebo que ele está apenas tentando fugir do assunto.
- Acho que devemos transar. - diz com um tom sedutor.
Ele leva a mão ao meu rosto, passa o indicador sobre meus lábios e vai descendo a mão lentamente. Desce até o meu pescoço, roçando os dedos bem suavemente, meu pau se contorce dentro da calça. Percebendo minha reação, ele vai direto ao ponto e agarra meu membro com firmeza.
Um gemido escapa pelos meus lábios e ele dá um sorriso vitorioso.
- Sabe, ás vezes eu acho que você só quer usar meu corpo. - falo com pesar fingido.
Ela dá um gargalhada.
- Quem em sã consciência não ia querer isso? - diz ele com ar de piadista.
Continuo olhando para ele, afim de intimida-lo. Quero que ele fale, contei minhas aflições. Quero apenas retribuir.
- Olha, não tem nada. É o mesmo de sempre, você sabe. - acrescenta.
- Ás vezes sinto como se estivesse me aproveitando. - confesso.
Ele gargalha mais uma vez.
- Sério? Lembre-se de que eu te procuro e não ao contrário. Somos amigos com benefícios, é esse o termo que você usa, não é?
- Sim. Mas...
- Sem mais. Se você não quer, apenas conversamos. Pode ser? - diz ele.
- Tudo bem. Mas, você vai ter que ouvir a minha opinião.
Mais uma vez, fico feliz em ver que vocês gostaram. Gostaria de saber qual é o personagem favorito de vocês, até agora. :)