Cap.5
Eu geralmente não costumava precisar de despertador pra acordar, pois quase nunca perdia a hora. Só lembro de ser acordado quase aos tapas naquela manhã.
- Lucas porra ! Acorda que já estamos atrasados.
- Ã ? Que horas são ?
- 7h45.
- O QUÊ ?
MINUTOS DEPOIS
- Ai Jesus, e agora o que faremos ?
- Vamos de carro !
- Você sabe dirigir ?
- Sei - saímos correndo.
- Espera, eu tô sem roupa e sem material.
- Affs - de repente ele correu para o seu guarda roupa.
- Pega o meu uniforme e usa.
- Mas tem o seu nome nele, não o meu.
- O guarda nunca olha isso. Usa logo vai !
- Tá bom !
TEMPO DEPOIS
Chegamos na escola as pressas, como era previsível de se acontecer. Por pouco não ficamos do lado de fora. Quando entramos na sala, a professora já havia chegado.
- Podemos entrar ?
- Sim, entrem - entramos em silêncio. Sentei como sempre fazia ao lado de Gustavo.
- Porquê chegou atrasado ?
- Perdi a hora - enquanto pegava no meu caderno, ele olhou pro lado e viu Ghilherme tão ofegante quanto eu.
- Chegou com ele foi ?
- Foi. Estava na casa dele.
- Porquê ?
- Fui resolver um problemas - comecei a escrever o assunto, quando de repente ele puxa a camisa.
- Você tá usando a camisa dele ! Você dormiu lá foi ? - não respondi, pois com certeza ele tiraria conclusões precipitadas se eu dissesse que sim - não vai responder é ? Então quer dizer que você está se aproximando do novato dos seus sonhos - arregalei os olhos e dei um tapa na nuca dele.
- Cala a boca porra ! Se alguém escutar isso vai pensar besteira !
- Algum problema garotos ? - a professora se pronunciou.
- Não professora, nenhum !
TEMPOS DEPOIS
Cheguei na sala do Conselho e imediatamente quando entrei tranquei a porta. Estava tenso. Muito tenso com tudo o que tinha acontecido a noite. Me sentei na cadeira. Comecei a folhear alguns papéis, mas não estava conseguindo me concentrar. Minha mente estava muito embaralhada, eu não entendia o porquê. A cada segundo me lembrava do toque, e daquele beijo inesperado. E ao mesmo tempo que sentia uma sensação de raiva e negação, sentia uma sensação nova, bem parecida com aquelas que sentia quando conhecia uma nova menina.
- Eu não acredito que isso está acontecendo ! - ajeitei a gola da camisa, e imediatamente senti aquele cheiro - essa roupa tem o cheiro do perfume dele ! - estava extremamente confuso. Na verdade só queria ficar quieto, sem ter que olhar pra ninguém naquela hora. Continuei a olhar alguns papéis, e de repente Achei um papel rosa. Cheio de corações, parecia um bilhete.
" Que tal sair comigo hoje ? Se sim, ligue pra mim. Com amor, Natália "
MINUTOS DEPOIS
- LUCAAASSS ! - lá vinha Natália como sempre sorridente, pra me abraçar.
- Oi ! Ta tudo bem ?
- Tudo ótimo ! - de repente ela me beijou. Me veio na cabeça na mesma hora o momento em que Ghilherme me beijou na noite anterior. Porquê diabos isso tá acontecendo comigo ?
- Tem certeza ? Você está com uma cara tão estranha !
- Certeza absoluta, tá tudo bem comigo - eu sabia que não estava. Durante a tarde, eu e ela andando pra cima e pra baixo. Ela me fazia experimentar roupas, visitamos muitas lojas, até que paramos pra comer. Ela ficou me olhando por alguns segundos - o que foi ?
- Você tá muito estranho ! Parece que algo ruim aconteceu.
- Impressão sua, nada de ruim aconteceu comigo.
A pior coisa que aconteceu aquele dia foi quando ela se foi. Eu havia tido uma conclusão aquela tarde. Não sentia absolutamente nada pela Natália. Já desconfiava disso a um bom tempo, mas hoje confirmei. Ela é uma ótima amiga... Mas não consegue encantar meu coração. Isso é um problema !
HORAS DEPOIS
Tive que ir aquela noite de ônibus até a casa dele, afinal a minha moto havia ficado lá por conta do atraso que aconteceu de manhã. Novamente cheguei no portão da casa. Quando olhei pra dentro, me lembrei da noite anterior e risos vieram na minha casa. Percebi uma movimentação ligeiramente anormal ali e decidi que se aparecesse, com certeza não conseguiria mais sair dali aquela noite. Resolvi ligar pro Ghilherme. A música que tocava no seu telefone aquele dia era Angel- Massive Atack. Tão sombrio... Mas por algum motivo ele não atendeu. Até que de repente sinto alguém atrás de mim.
- Parado, é um assalto ! - tremi até o pé naquela hora. Me virei, e logo percebi que não se passava de uma brincadeira.
- GHILHERME SEU LOUCO ! QUER ME MATAR DO CORAÇÃO ! - comecei a bater nele.
- Tá bom, desculpa, foi sem querer, desculpa.
- Olhay como eu tô ! Tremendo !
- Desculpa, foi só uma brincadeira - ele começou a rir da minha cara.
- Não tem graça !
- Tem sim, foi muito engraçado kkkk o que fazes aqui ?
- Vim buscar a minha moto, não posso deixar ela aí.
- Tá bom, vamos pegar...
- Não. Tem que ser com calma, parece que tá cheio de gente ai, e eu não quero que me vejam.
- Porquê não ?
- Porquê se não seu pai não vai me deixar ir embora !
- Tá ! Vou abrir devagar e você corre lá aonde deixou.
- Tá bom !
Assim que ele abriu, corri pro mesmo ponto aonde havia deixado a moto. Mas assim que cheguei lá, encontrei o pai dele de novo.
- Ah, Lucas ! Essa moto é sua ?
- É sim, Seu Paulo - agora eu não saiu hoje daqui.
- É bem bonita ! - falou, bebendo uma taça de algo que parecia ser vinho - ah, não quer conhecer a minha esposa ?
- Acho melhor não senhor, preciso chegar logo em casa.
MINUTOS DEPOIS
- Ah, então você é o Lucas
- Sim, sou eu - olhei pro Ghilherme com vontade de fulmina-lo com o olhar por ele estar me fazendo passar por aquilo
- Meu marido falou bastante de você. Estamos muito felizes por Ghilherme estar com uma pessoa distinta - corei ao imaginar novamente que a família dele toda pensava que eu o namorava. O que faria pra sair dali naquele momento ?
- Que bom senhora !
- Tão educado. De boa família. Você devia te-lo nos apresentado antes Ghilherme. Esse sim é um bom garoto.
MINUTOS DEPOIS
Não preciso nem dizer que estava extremamente envergonhado e nervoso aquela noite. Recebi muitos elogios, tudo por causa daquela farsa. Conheci tios, primos. A notícia se espalhava pela família dele. Ghilherme estava namorando um garoto ! A vergonha foi tanta que decidi me retirar por alguns minutos.
- Anda Lucas, sai logo daí.
- Não. Já não tenho mais coragem de ver sua família.
- Porquê ? Eles te elogiaram bastante.
- Porquê não ! Quero ir embora ! - falei, saindo do banheiro.
- Quer tentar escapar pela portas dos fundos ?
- Quero. Afinal já não aguento mais. Sua família toda agora pensa que namoramos. Aonde isso vai parar ? Eu não devia ter aceitado esse pedido.
- Calma, Olha só, toma essa água aqui e... - ele vinha trazendo um copo de água, quando por algum motivo tropeçou. O copo caiu, mas eu o segurei, e ele não foi pro chão. Quando viu que não tinha caído, abriu os olhos. Tremi. Nossos rostos estavam colados. Imediatamente corei. Porquê estou tão nervoso ?
Continua
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