Eles tomaram banho rápido, e na volta, Rafael foi na garupa do cavalo, segurando firme na cintura do Marcos. Sua bunda ainda doía muito, mas por dentro, ele estava satisfeito.
De longe, na varanda da grande casa, o Leonardo pôde avistar os dois se aproximando. Ele demonstrou insatisfação e uma tristeza por dentro, ao ver o Rafael montando naquele cavalo e segurando na cintura do Marcos. Não queria acreditar no que via, mas era verdade.
- Aquele é o Rafael? – Duda o assustou vindo do fundo da casa.
- Sim. É o seu amiguinho querido, que mais cedo ou mais tarde, vai quebrar a cara por ser tão imaturo.
- Do que você está falando? Está com ciúmes porque ele está agarrado ao cowboy? – Duda fez pouco caso da irritação dele, pois sabia o que o Leo havia aprontado com o amigo.
- Não estou com ciúmes. Aliás, eu nem deveria ter falado isso pra você. As coisas acontecem sem a gente fazer o menor esforço. – ele se retirou e o Duda esperou o amigo se aproximar.
- Por onde você esteve? Sua tia ta uma fera com você. Ela não gostou nadinha de você ter saído da mesa daquela maneira. E se prepara porque ela já ligou para o seu pai.
- Ah, que bom! Quer saber o que eu penso? Tô nem aí! Dane-se a minha tia, o meu pai, o Leo e quem quiser. A minha manhã foi agradável e nada nem ninguém vai tirar a minha alegria. – disse ele, olhando pro Marcos e piscando os olhos.
- Eu vou levar o cavalo pra baía. A gente se vê depois. Tchau Duda!
- Tchau. Vem cá, que cara é essa? O que você aprontou com ele?
- Eduardo, nem te conto! Nós dois... A gente transou num riacho bem longe daqui. Foi simplesmente fantástico! Perfeito! – ele falava com brilho nos olhos e cheio de entusiasmo, enquanto o amigo o observava meio confuso.
- Rafael, você não acha que se precipitou? Não faz nem uma semana que conheceu este cara. Tudo bem que ele é um gato, e qualquer pessoa ia querer dá pra ele, mas precisamos conhecer melhor as pessoas, antes de sair transando por aí.
- Duda! - ele mostrou-se chateado. Pelo amor de Deus! O Marcos trabalha aqui há muito tempo, os pais dele trabalham para o meu pai desde quando eu era criança... O Marcos é maravilhoso. E eu disse a você que iria conseguir fisgá-lo. Tá aí a prova. E eu percebi quando o outro estava observando a gente chegar.
- Se está falando do seu primo Leo, ele não só observou, como também teve uma atitude estranha e saiu dizendo umas coisas...
- Deixa... A fila anda, e ele perdeu. Na época que eu quis, ele me desprezou, e agora que eu não quero, vem se fazer de ciumento? Ah, faça-me um favor! Eu vou entrar e comer alguma coisa, porque estou morrendo de fome.
- Vai lá. Eu vou andar um pouco, conhecer melhor o lugar. Daqui a pouco gente se fala. Qualquer coisa, estou no celular.
- Beijo amigo. Até daqui a pouco. – ele entrou e foi direto para cozinha, onde uma senhora fazia o almoço.
- Oi dona Maria, sobrou alguma coisa do café da manhã? – ele estava morrendo de fome, afinal, saiu da mesa, abrupto e mal engoliu um suco.
- Claro meu filho. Eu guardei um pedaço de bolo de milho pra você e tem também suco de laranja na geladeira.
- Ué? Vai tomar café a esta hora Rafael?
Sua tia lhe deu um baita susto e ele quase derrubava a jarra com suco.
- Pensei que onde você estava, era tão bom quanto de reunir à mesa com sua família... Guarda esta jarra. E não vai comer bolo algum. Você vai esperar até a hora do almoço. Isso é pra você aprender a não me deixar falando sozinha e a não sair da mesa daquele jeito.
Ele faltou cuspir fogo. Seu ódio fervilhou por dentro e ele acabou explodindo.
- Hummm... Então a senhora chama aquilo de reunião de família? Onde todos sentam para falar mal de mim, para perseguir os meus passos, para me controlar... Eu sou a pauta do café, do almoço, da janta, de tudo! Estou de saco cheio! E quer saber mais? Eu vou tomar café sim, porque esta casa é minha, esta droga de dinheiro que mantêm este lugar é meu, e ninguém manda em mim. E se a senhora quiser, ainda empresto o meu celular pra que ligue para o meu pai, dizendo que eu sou um monstro. Agora, fui. Vou comer no meu quarto, e nem vem atrás de mim, porque eu vou fechar a porta e não pretendo sair de lá por tão cedo.
Rafael explodiu de vez e ela ficou sem ação. Ele desabafou, pois não tinha medo de nada e de ninguém. Já discutiu com o pai, porque não com a tia? Ainda mais quando ele se achava no seu direito.
No corredor que dava para os quartos da casa, ele se deparou com o Leonardo. Eles se olhavam, mas o Leo estava com ódio nos olhos e fez questão de demonstrar, enquanto o Rafael o esnobou e mostrou superação, ainda mais depois de tudo que aconteceu entre ele e o Marcos...
- Já ta pegando o empregado da casa? Bem que me falaram o quão depravado você era. Ainda bem que eu estava certo em não arriscar...
- Hã? Quem você pensa que é pra me dá lição de moral? Tá com ciúmes? Pois vai ficar ainda mais, porque eu e o Marcos estamos ficando... E hoje foi um dia perfeito. Nossa, ele tem uma pegada... Ele acabou comigo.
- Eu tenho nojo de você. Não passa de um viadinho promíscuo como aqueles de beira de esquina. Eu espero que ele abuse de você e depois te jogue fora igual um copo descartável.
Rafael no fundo sentiu aquelas palavras esfaquear seu peito. Ele não podia negar que o Leo mexia com sua estrutura.
- Você nunca namorou ninguém, justamente por ser quem você é. E ainda bem que fiz a escolha certa.
- Vai se fuder, seu idiota! Imbecil! Interesseiro.
- Isso. Vamos! Agride mais... Você desce num nível tão baixo, que as vezes eu me pergunto se você realmente é filho do meu tio.
Ao ouvir aquilo, Rafael partiu pra cima dele, mas levou um soco no rosto que o fez desabar.
CONTINUA...
