Eu: Não sei se estou pronto para falar da minha vida com você!
Ele: Confia em mim!
Eu o olhei sériamente... - Bem, ela morreu e pouco depois vim morar aqui na Austrália, larguei tudo no Brasil!
Ele: Nossa e como foi?
Me mexi mudando de posição demonstrando todo o desconforto que realmente possuía com aquela história. - Atiraram nela!
Ele cresceu os olhos. - Mas porque?
Eu: Você não conhece o Brasil, é um País muito violento, as pessoas te roubam, assaltam e muitas vezes acaba mal.
Ele baixou a cabeça.
Eu: O que foi?
Ele: Não sei. Me conta como aconteceu?
Eu: Outra hora eu conto, já falei demais por hoje sobre um assunto que procuro evitar.
Ele me olhou. - Entendo!
Passamos mais um tempo alí, depois fomos para casa, ele ficou um pouco estranho com tudo que falei...
Os dias se passaram e estava acordando em um dos piores dias para mim, 10 de janeiro.
Olhei meu cel e vi mensagens dele, por um segundo tinha até esquecido ser seu aniversário...
Abri o aplicativo e estava escrito: Por favor, passa aqui na minha casa? Não estou bem, como sempre fico nesse dia e com certeza vão fazer festa!
Pô, aquele garoto não tinha amigos não? Ah é... Estão com certeza planejando a tal festa também.
Respondi: Fica em frente a sua casa novamente!
Tomei banho, me arrumei, comi alguma coisa e fui...
Chegando lá avistei ele igual a outra vez que saímos.
Ele estava diferente, seu rosto estava sério e triste, veio andando normalmente sem pulos e alegrias.
Eu: Onde vamos?
Ele: Não sei. Não queria ir para um lugar público com muita gente, queria me isolar!
Nunca o havia visto assim, senti pena. - Vou te levar no meu AP.
Ele: Obrigado.
Ele sentou na moto, agarrou minha cintura e fomos...
Chegando lá, descemos, ele não falava absolutamente nada, não sorria, não pulava... Era estranho vê-lo assim.
Eu: Vem.
Subimos até meu AP, abri a porta e ele entrou, de repente desabou a chorar, as lágrimas desciam com facilidade e ele chegava a soluçar...
Eu: O que foi?
Ele não me respondia.
Eu: Você está me deixando preocupado.
Ele: Eu não sei, sinto uma tristeza enorme!
Eu: Você me falou outro dia que não queria me contar certas coisas para não me assustar! Aconteceu alguma coisa nesse dia Maxxie? Alguém te fez alguma coisa?
Ele: Não. - Sentou no sofá chorando muito.
Eu: Tem certeza? Me fala! Pode confiar em mim.
Eu estava completamente assustado, aquele garoto pode muito bem ter passado por um abuso, estupro, ser agredido por alguém da família, qualquer coisa! Eu já estava pensando em mil coisas...
Ele: É verdade, não aconteceu nada! Eu não sei o que acontece, mas sinto uma tristeza enorme, não consigo entender o porque! Todas as vezes eu tenho que atuar alegria e felicidade nas festas que minha familia e meus amigos fazem...
Eu: Eu não entendo! Você está me escondendo algo!
Ele: Não eu juro. - Limpou o rosto molhado. - Olha, eu vou contar algumas coisas que acontecem comigo, você pode não acreditar mas é verdade.
Suspirou. - Todo aniversário meu fico assim, não entendo o porque, mas sinto uma tristeza muito grande, é como se algo muito ruim houvesse acontecido! - Ele passou a mão no rosto. - Lembra que eu falei que sou estranho?
Eu falei desconfiando daquilo tudo. - Sim.
Ele: Vou te contar coisas que jamais contei a ninguém, só minha mãe e meu pai sabem. - Beixou a cabeça. - Uma delas é sobre Wave... Eu menti.
Eu: Como assim?
Ele: Desde criança eu cantarolava essa música em outra língua, minha mãe me fala que não conseguia compreender de onde eu havia aprendido, até o nome e o cantor eu sabia sem nunca ter ouvido. Cresci sabendo palavras em português também e sabendo muita coisa da cultura brasileira, até que eu pedi a minha mãe para me colocar em um curso de português e aprendi mais coisas ainda, mas algo me assombrou... Muitas coisas eu já sabia sem nunca ter vivido ou ido lá!
Eu não falei nada, só ouvia atentamente, aquele garoto era louco.
Ele: Eu sempre fui espontâneo assim como você disse, desde criança e sempre tive minha personalidade formada, amo a natureza, amo rock e meu lema sempre foi: A vida é curta, então aproveite o hoje pois o amanhã pode ser tarde demais. - Outra coisa em comum com ela.
Mas isso tudo é desde muito novo e minha mãe sempre falou que eu era precoce demais, sabia de coisas que as crianças da minha idade não sabiam, fazia coisas que as crianças da minha idade não entendiam.
Eu: Você está mesmo inventando isso tudo ao invés de me contar a verdade?
Ele: Eu não estou inventando nada, por favor, deixa eu terminar?
Fiquei calado e ele continuou. - Quando te conheci senti uma paz enorme, eu não sei explicar sabe? Era como se finalmente algo, alguma coisa que não sei o quê se encaixasse!
Eu: Vai dizer que se apaixonou por mim?
Ele: Não sei! Olha, nunca na minha vida gostei de ninguém desse jeito, nem homem nem mulher... Não me interessava nunca por ninguém, eu sei que é estranho, como tudo que te contei, mas é verdade! Se sinto algo por você, sinto sim, mas ainda não sei o quê, só sei que me sinto bem com você como nunca me senti com ninguém.
Eu: Espero que seja como amigo porque não sou gay Max, e mesmo se fosse bissexual, você tem metade da minha idade, é jovem demais, preciso de alguém maduro, que me apóie em tudo, já sofri demais com essa coisa de amor!
Ele: Por favor, me deixa ficar aqui hoje, não quero voltar, atuar em uma festa fingindo estar feliz...
Eu: Pode ficar sim.
Ele: Obrigado.
Estava perto da hora do almoço, fui a cozinha e ele me seguiu...
Eu: Não preparei nada, vou pedir fora.
Ele: Pede comida japonesa, eu amo...
Eu: É a que você mais gosta. - Falei impaciente.
Ele: Como você sabe?
Eu: Era a comida preferida dela também!
Ele: Qual era o nome dela?
Eu: Camila.
Ele fez uma cara estranha...
Eu: Algum problema?
Ele: Eu não entendo!
Eu: O quê?
Ele: Deixa pra lá.
Liguei e fiz o pedido...
Ele: Eu posso tomar banho?
Eu: Claro!
Eu o mostrei onde ficava o banheiro e ele entrou, com uns 5 minutos já havia tomado e me chamou, estava de toalha...
Eu: Vou te emprestar uma roupa minha.
Peguei uma cueca nova, um short e uma camisa, ele virou e eu quase caio para trás...
Eu: Que tatoo é essa em sua nuca?
Ele: Eu fiz, desde criança que tenho vontade de fazer.
Ele tinha uma tatuagem na nuca com o símbulo do infinito, em um lado tinha a palavra forever, do outro young.
Ele: Porquê?
Eu tirei minha camisa e virei de costas e no mesmo local havia a mesma tatuagem, completamente igual.
Ele: Wow que legal, você também tem!
Eu estava espantado. - Porque você fez?
Ele: Ah, sempre tive vontade, sempre tive esta ideia, creio que ser jovem de espirito e de alma é o que importa... Posso estar velhinho mas sempre vou amar rock, ler um bom livro, cantar, me divertir, curtir a natureza, assistir um bom filme e uma boa série, como um jovem. E a música me encanta, é meu hino.
Eu sentei.
Ele: O que foi?
Eu não respondi nada.
Ele se aproximou e pude ver uma marca redonda no seu peito esquerdo, ela era pequena, como um buraco de bala.
Eu: O que é isso?
Ele: Um sinal de nascença.
Eu: Vai se vestir que eu vou te contar a história da minha tatuagem.
Ele entrou no benheiro e voltou...
Ele: E então?
Se sentou do meu lado.
Eu: Ela tinha essa mesma tatoo na nuca, eu e ela fizemos juntos e ela falava exatamente a mesma coisa que você quando perguntavam, era tipo um pácto nosso, uma coisa só nossa.
Ele: Que estranho eu ter a ideia e essa coisa comigo de fazer o mesmo!
Eu: É sim.
Ele: Você tem uma foto dela?
Eu: Sim.
Peguei um album e fui mostrar a ele.
Ele: Ela era mesmo linda!
Eu: Sim.
A Camila era morena, corpo violão, cabelo preto na cintura e olhos castanhos.
Ele: Você sempre disse que me pareço com ela, não vejo isso!
Eu: Parece estranho, mas você parece sim com ela, sua essência, seu jeito, sua forma de ser! Até seu jeito de olhar.
Eu toquei em sua mão e pude ver que ele ficou pálido de repente...
Eu: Você está bem?
Ele: Não consigo entender, me sinto um pouco estranho.
Tocaram na porta e fui atender, a comida havia chegado, e paguei.
Entrei...
A gente comia e eu o olhava curioso.
Eu: Como seus familiares vão ficar você não indo?
Ele: Mandei uma mensagem avisando que iria passar o dia na casa de um novo amigo, depois falo com eles.
Eu: Você tem irmãos?
Ele: Não. Sou filho único.
Eu: Está completando 19?
Ele: Não, 18. Sabe, tem mais coisas que quero te contar, mas não hoje.
Eu: Ok.
A noite chegou, ele estava realmente triste e não quis sair para qualquer lugar.
Ele: Vou dormir um pouco.
Eu: Pode ir, vou assistir aqui.
Ele foi ao meu quarto e o vi deitando na cama...
Passaram-se umas 2 horas e ele acordou com um grito.
Eu corri para o quarto. - O que há?
Ele: Um pesadelo, tenho ele desde criança, não entendo o porque! Era uma das coisas que queria te contar também. - Falou assustado.
Eu: Fala.
Ele: Vou te contar.
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Espero que estejam gostando gente.
Obrigado pelos comment's.
Beijokas 💋💋