CORAÇÃO DE TITÂNIO - 5

Um conto erótico de Leon
Categoria:
Contém 2402 palavras
Data: 07/09/2015 11:37:28
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

CORAÇÃO DE TITÂNIO - 5

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De qualquer forma, sentindo-me disposto ou não, o restaurante foi aberto. Tudo foi organizado.

Mesmo me sentindo péssimo com a reação de Xavier depois de nosso beijo tive de sorrir a todos e agir como se nada tivesse acontecido. Afinal, era responsabilidade minha tudo que acontecia ou deixava de acontecer naquele restaurante.

Por dentro eu estava com uma vontade louca de soltar um uivo de mágoa. Fora a primeira vez que fui rejeitado, ainda por cima de uma maneira tão estranha e por alguém tão desejado por mim.

Ninguém notou que eu estava estranho. Se notaram, foram educados o suficiente de não perguntar nem comentar.

-Leon. -numa determinada hora, perto de fecharmos, Aline me chamou num canto.

Fiquei até surpreso. Ela me evitou depois do nosso pequeno acidente.

-Alguma coisa errada? -questionei a ela.

-Só queria me desculpar por colocar você em maus lençóis com o Xavier. -as bochechas dela coraram.

-Desculpar? Não há por que se desculpar! Você não teve culpa de nada. -ela levantou os olhos ao sentir meu toque no seu ombro. -E você não me colocou em maus lençóis com ninguém.

-Não? -ela limpou a garganta. -Nossa! Que coisa!

Seus olhos se franziram.

-Tem certeza de que não te causei problemas? Posso falar com o Xavier e dizer que tudo não passou de um mau entendido.

-É sério! -sorri a ela. -Sem estresse.

-Que bom! -ela sorriu. -Achei que ele tivesse ficado com muito ciúme.

-Ciúmes? -meu sorriso vacilou.

-É! Xavier.

E então sumiu. A surpresa pareceu uma bola de ferro batendo descontrolada no meu peito. Quase perdi o sustento das pernas.

-Por que Xavier teria ciúmes de mim? -consegui ofegar.

-Vocês não são namorados?

Empalideci. Tive certeza! Senti o sangue deixar de circular nas minhas artérias, fazendo-me quase desmaiar.

-De onde tirou isso, Aline? -minha intenção era exclamar, gritar de horror, mas só consegui uma balbuciada fraca e gaguejada. Eu estava prestes a perder a consciência.

-Foi o que eu pensei.

-Aline... você deve ter...

-Leon, vi o jeito que você olhou pra ele e o jeito que ele olhou pra você. -sua voz estava branda, calma. -Sou mais observadora que a maioria. Xavier nunca daria um emprego de tanta confiança pra alguém que ele não sentisse algo forte.

Não estava exatamente aliviado por estar tão exposto a ela. Não estava desconfortável também por aquilo que disse. Suas palavras sobre o olhar de Xavier e seus sentimentos sobre mim ecoavam em minha mente.

Minha confiança ficara abalada depois da suporta rejeição de Xavier. Recobrar aquela confiança, mesmo que minimamente, foi ótimo.

Olhei pros dois lados, me certificando de que estávamos sozinhos e não éramos vigiados.

-Gostaria de que você guardasse esse segredo, por mim. -sussurrei a ela. -Não é bem por esse lado, mas é uma longa história.

Ela sorriu.

-Não se preocupe! Guardo o segredo do meu irmão faz cinco anos. Posso guardar o seu segredo misterioso, também.

Tive de lhe sorrir, também.

Parecendo incrível ou não, senti que estava mais leve depois disso.

O meu primeiro dia de trabalho teve fim. E que dia!

Minhas roupas ficaram pelo caminho do quarto, quando cheguei no apartamento. Me joguei na cama e tapei-me com o cabertor. Mesmo com a cabeça tumultuada, peguei no sono em poucos minutos. Nem lembro o que sonhei, se é que sonhei.

O barulho irritante e insistente do despertador me acordou. Eu vestia apenas uma cueca.

Bocejei.

Tomei um banho rápido e logo estava no restaurante antes do horário. Ainda assim já havia cozinheiros ali ajeitando suas tarefas para não tumultuar a cozinha na hora do almoço.

Fiz tudo como mandava o figurino. Vesti-me, vigiei, sorri, perguntei, ajudei, ajeitei, resolvi!

Aline estava sempre sorrindo quando olhava-a. Quando notava que eu olhava, ela alargava o sorriso e piscava um olho pra mim. Eu ria.

Xavier não havia aparecido, nem dado sinal de vida. Eu ficava um pouco incomodado com isso, mas não deixava isso externar. Também não devia!

Quando meu turno estava quase acabando, vi alguém entrar pelas portas do restaurante. Eu merecia um Oscar por não ter ofegado de pavor ao ver Érica ali, me lançando um olhar chamejante de raiva.

Ela empurrou, não exatamente delicada, um garçom sorridente que fora atendê-la. Parou a alguns metros de mim, em posição de ataque.

-Leon! -ela rosnou.

-Érica. -fiquei surpreso da minha voz estar firme, fria. Mas deveria tratá-la com educação. -O que deseja?

-Eu sabia que você estaria aqui! Seu traidor, mentiroso!

Algumas pessoas pararam de comer para ver aquela mulher feia e louca.

-Você não quer fazer uma cena, não é? -murmurei, como se eu falasse com um animal furioso acuado.

-O caralho que não! Merda!

Algumas mulheres taparam com as mãos os ouvidos de seus filhos menores.

Suspirei. Peguei o celular em mãos e disquei o número desejado. Eu não iria ficar ali, vendo aquela louca estragar a única coisa boa que eu tinha feito por mim mesmo.

-Pra quem você tá ligando? -ela exigiu saber.

-Pra polícia. -disse, com frieza. -Como sei que você não vai sair por bem, vou fazer você sair por mal!

Os olhos dela se arregalaram e ela deu um passo pra trás. Deus! Ela ficava mais feia quando assustada! Nariz enorme, olhos de peixe morto. Isso tudo adornando uma face muita feia.

-Não precisa fazer isso! -ela sussurrou. -Só vim conversar!

-Vá embora! Está espantando os clientes e humilhando a si mesma, de novo.

Fiz uma pausa pras palavras causarem mais efeito.

-Se não notou, não temos nada pra conversar!

Sorri internamente quando ela rapidamente saiu, com seu olhar pingando a humilhação, lágrimas, mas principalmente ódio.

Ainda não havia acabado. Érica ainda iria voltar!

...

Mais tarde naquele dia, ao sair do restaurante, fiz umas voltas de carro pra ter certeza que nem Érica nem minha mãe estavam me seguindo. O inferno que as deixaria saberem onde eu estava!

Dias se passaram e meu trabalho no restaurante só ficava mais complicado. Quatro dias pra ser mais específico.

Depois do mini-confronto com Érica, não vi nem um sinal de minha mãe ou da própria Érica. Talvez estivessem tramando algo. Meu pai mandou-me mensagens, explicando que a bruxa estava muito em cima dele e por isso não ia visitar-me por hora.

Liguei, numa ocasião de descanso, para Homero perguntando como estava, como o Daniel estava. Conversamos como velhos amigos, irmãos de verdade. Adorava ter um irmão! Fiquei jantar na casa dele, no sábado. Ele garantiu que eu não me arrependeria do jantar que o Daniel prepararia.

No restaurante todos, sem exceção, gostavam de mim. Via na educação e respeito com que eu era tratado! Tratava todos assim, também.

Nem um sinal de Xavier. Nem uma ligação, apenas bilhetes deixados com Aline para mim. Ela sorria sem jeito e os entregava pra mim.

"Pague a conta de telefone."

"Cancele a internet. O Wi-Fi está péssimo! Assine com outra empresa! Uma que seja boa!"

"Olívia está doente, contrate, temporariamente, outra cozinheira (o). Fique de olho nela (e)!"

"Você provavelmente viu que as lâmpadas de fora estão queimadas. Algumas de dentro do restaurante também. Contrate um eletricista!"

Esses eram alguns dos milhões de bilhetes. Resolvi todos! Sem exceção! Ele não atendia minhas ligações quando eu as fazia. Tinha que me virar sozinho.

A única coisa que não deu tão certo foi o problema no espaço destinado às crianças no jardim do restaurante. O balanço estava meio torto e, quando pedi pro pedreiro ajeitar, ele fez mau feito. Uma guria que foi andar, caiu. Sorte que não se feriu.

Não sei por que aquilo estava acontecendo, com Xavier me evitando! Achava impossível ser ainda por causa do nosso beijo. Seja qual motivo que fosse, ele não teve a decência de me falar que aquilo o incomodava de qualquer forma.

Deus! Eu trabalhava pra ele! Até parecia que não sabia o quão isso prejudicaria o sistema do restaurante!

Mas não era com o restaurante que eu me preocupava. Era com ele! Xavier era minha única preocupação!

Um dia inteiro sorrindo e me sentindo péssimo por dentro. Aline era a única que sabia minimamente, do pouco que observava. Não me sentia bem em comentar tais coisas com ela. Aceitava seu olhar de compaixão e só!

Saí do restaurante às onze, deixando alguns garçons do turno da noite encarregados de fechar e limpar tudo mais tarde.

Um alívio me invadiu quando troquei de roupa, deixei o restaurante e dirigi pro apartamento. Lá me aguardavam alguns litros de alcoól.

Eu estava definhando! Estava enlouquecendo!

Xavier era o culpado da minha insônia, minha falta de apetite, minha falta de vontade!

Ele! Ele e seus olhos coloridos vinham todos os minutos me assombrar!

Estacionei o carro na garagem e subi o elevador até meu andar. Joguei as chaves em cima do móvel e fui em direção à cozinha.

Uma taça de vinho pra abrir a sessão "afogar as mágoas". Sentei-me atirado no sofá e liguei a televisão. Um filme de romance chato passava ali. Estava pronto pra mudar de canal quando a campanhia tocou.

Suspirei ao pensar que a vizinha desperada do 334 estava ali pra fingir precisar de açúcar apenas pra dar em cima de mim, de novo.

Olhei pelo olho mágico e não havia ninguém. Franzi a testa.

Ao me sentar de novo no sofá a campainha tocou novamente. O som irritante me tirando a paciência.

Leventei bufando de raiva e destranquei a porta, escancarando-a. Estava pronto pra gritar com a pessoa ao ver olhos coloridos me encarando, nebulosos e dissimulados.

-Xavier. -sussurrei, agarrando a porta.

Ele estava escorado no batente, fitando-me tão profundamente que sentia como se ele pudesse ler minha mente, analisar minha alma. Talvez ele pudesse!

-Surpresa. -ele sussurrou, de volta, rouco e incrivelmente sexy.

Cabelos revoltos caindo sobre seus olhos coloridos, deixando-o excitante, misterioso. Um calção jeans velho, tênis que não fabricavam mais e camiseta desbotada eram suas vestimentas. Quase se igualavam a minha vestimenta.

-Não vai me convidar pra entrar? -ele sorriu, de leve.

-Ah, claro. Entra!

Ele não desviou os olhos do meu um segundo sequer. Passou por mim e deixou seu cheiro ali, provocando-me, brincando comigo. Tive vontade de bater no peito, rosnar e puxá-lo para minha cama pelos cabelos, da maneira mais primitiva possível.

Seu olhar passou por todos os cômodos visíveis e então para o sofá.

-Posso?

-Sinta-se à vontade!

Estranho ou não, ele sentou-se no lugar que eu acabara de deixar. Ele já não me encarava mais. Olhava intensamente a televisão que ainda passava o filme de romance.

Pigareei.

-Quer beber algo? -indaguei.

O sorriso travesso dele me deixou desconcertado. Fiz força pra não deixar-me cair nos feitiços dele.

-Qualquer coisa que você tiver. Até mesmo água! -disse, por fim

Acenti e fui até a cozinha. Sentia, mesmo sem virar para ver, o olhar dele sobre mim.

Servi o vinho em uma taça igual a minha. Certifiquei-me que era um vinho bom, antes de servir.

Ao aceitar a taça ele roçou seus dedos levemente nos meus. Esse simples contato com ele foi o suficiente pra me fazer suspirar.

-Obrigado. -disse.

Ficou alguns segundos encarando-me com a testa franzida.

-Leon, está me deixando nervoso. Senta!

Quase sorri. Sentei a uma distância dele, encarando-o.

-Está se perguntando o que vim fazer aqui?

Não respondi pra sua pergunta retórica.

-Pois eu também estou.

-Como sabia que eu morava aqui? Aliás, como entrou?

Ele não vacilou, nem hesitou. Continuou firme.

-Vim seguindo você esses dias. Foi fácil entrar no prédio! O portão eletrônico demora um pouco pra fechar. Para saber detalhes simplesmente fiz uma leve investigação e soube número do seu apartamento.

-Por quê? -alterei levemente a voz. -Por quê, Xavier?

Ele não falou nada. Seus olhos coloridos estavam mais nebulosos que o normal. Deixou a taça intacta na mesinha. Ele parecia querer distância daquele vinho.

-Está brincando comigo?

Silêncio.

-O que aquele beijo significou pra você? O que isso tudo significa pra você?

Ele abriu a boca pra responder, mas não disse nada. Continuou em silêncio, deixando-me à beira de um ataque de fúria.

-Por que está aqui? -sussurrei.

-Por que está aqui?! -explodi em gritos.

Levantei-me, avançando pra cima dele. Estava à centímetros dele, rugindo feito um leão, pronto pra perder a pouca sanidade que me restava. Minhas mãos apertaram os seus braços e o sacodiram.

-Hein?! Me responde!

Ele não estava com medo de mim. Estava um pouco assustado e surpreso, talvez. Eu era mais forte que ele, sabia disso. Poderia facilmente fazer o que quisesse com ele. Mas ele não deixava um suspiro escapar de sua boca. Estava selada.

-Me responde, porra! O que quer de mim!? O que você quer de mim, Xavier!?

-Leon...

Um sorriso se abriu em seu rosto. Olhos brilhando.

-Você. -ele sussurrou. -Eu quero você.

Soltei-o devagar, vendo o quão vermelho seus braços ficaram com meus apertos. Senti o seu toque doce e delicado no meu rosto. Automaticamente a tensão e a raiva deixaram meu corpo como se nunca estivessem ali. Fechei os olhos e me inclinei mais em busca de mais daquele carinho.

-Eu quero você! -sua voz estava desesperada.

Abri os olhos para encará-lo. Os olhos coloridos dele estavam prestes a me engolir. Suas mãos deslizaram para longe de mim e ele fechou seus olhos. Afastou-se todo de mim.

Odeie aqueles centímetros nos separando.

-Diga que me quer também, Leon! Por favor! -ele implorou, me deixando surpreso. -Não posso ser o único a estar desmoronando por causa do que sinto! Diga pra mim, por favor!

O puxei lentamente pro meu colo, deixando-o completamente encaixado em mim. Seu corpo parecia ter sido moldado junto ao meu!

Sua respiração falhou ao estar todo em contato comigo. Ele abriu levemente os olhos e eles estavam tão necessitados, vulneráveis que eu soube que ele pertencia a mim. Faria qualquer coisa por ele.

-Eu preciso de você. -murmurei. -Mais do que preciso do ar pra respirar!

Meus lábios se aproximaram dos seus e então eu o beijei. Iria amá-lo aquela noite e marcá-lo como meu... Xavier era meu! Eu não tinha dúvidas, pois também era dele.

...

*Oi! Voltei! Kkk.

Mais um capítulo pra vocês. A única coisa que peço é que tenham paciência, pois alguns capítulos demorarão mais que um dia pra sair. Juro que não sumirei, o.k.?

Quero agradecer a todos que tiram alguns minutinhos pra comentar o quanto gostam do conto e da história. Vocês me incentivam pra caralho com seus elogios e comentários! Tipo... Muito mesmo! Obrigado!!!*

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Comentários

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Nossa Senhora isso sim é que é pegada meu amor 💓!!!! 👏👏👏👏

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Seu conto é perfeito... euentro aqui todos os dias pra ver se jjá tem um novo capítulo, até duas vezes por dia as vezes é fico maravilhado com seu conto.

Parabéns, e escreve o mais rápido possível pf rsrs

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Ta lindo dms cada capítulo, continue,não nos abandone ein ♥

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Lindo conto

Acompanhei coração de vidro e agora de titânio kkkk tinha vc no whats mas perdi meus contatos pois fui assaltado

Esse conto tá muito lindo continua logo

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