Acordei em uma sala super branca e iluminada. Parecia uma sala de cirurgia daquelas de filme, só que bem menor. Por instantes pensei que fosse uma espécie de sonho, foi então que lembrei como vim parar alí. O sanduíche. A volta. Ele.
Cleber? - Falei percebendo que ele estava sentado do meu lado segurando um bisturi, como que esperando que eu acordasse, foi então que tentei me mexer e vi que estava completamente imobilizado.
E ai belo adormecido. - Falou ele rindo.
SOCORROOOOOOOOOOO - Gritei alto.
Cala a boca, filho da puta. - Falou ele segurando minha boca com força - Ninguém vai te ouvir, essa sala é a prova de som. Pensa que é o primeiro viadinho que eu resolvo torturar? Não, aqui está tudo preparado. Esta vendo isso? - Falou mostrando o misturi bem próximo da minha cara. - Isso aqui da pra retalhar você todo se der outro grito. Olha como corta fácil? - Falou enquanto enfiava com a maior facilidade o bisturi na minha carne, fazendo um profundo talho na minha bochecha.
Aiiiiiiiii. Puta que pariu. Para com isso. - Gemi baixindo. - Por favor. paraaaa. - Implorei chorando.
Eu tento facilitar as coisas para você. Mas o que ganho? Só ingratidão. Seu vermezinho. - Continuou ele se levantando. - VocÊ me deu um baita susto. Pensei que ia denunciar nossa pequena aventura rural à polícia e me fazer correr o risco de descobrirem minhas atividades secretas.
Que atividades? Você mata gente? Não pode ser. - Ele era uma péssima pessoa, mas não acreditei que era um assassino.
Olha ao redor, seu estúpido. Tem tudo aqui. Sala a prova de som. Instrumentos de corte de todo tipo. Toneis de ácido que permitem derreter corpos sem deixar vestígios. Mas eu não mato gente, mato viado. Viado não é gente. Eu fodo, fodo muito e depois eu mato.
Não pode ser. - Chorei, aqueles podiam ser meus últimos momentos.
Pode sim, viadinho. O que acha que falta ? Coragem? Acha que não tenho coragem? Acha que não vou te cortar até você sumir da face da terra? - Falou enfiando o bisturi no meu braço, fazendo correr farto o sangue.
Aiiiiii . - Gritei alto e ele enfiou um pano na minha boca, gritos realmente irritavam o filho da puta. Pude acompanhar apenas com os olhos aterrorizados ele fazer um corte no meu outro braço e então afundar o bisturi todo na minha coxa.
Aquilo não podia estar acontecendo, era um pesadelo muito grande. Como eu fui virar alvo de um maluco como aquele. Como pude me envolver com um completo psicopata. Um alerta para não se envolver em sexo casual com quem sequer se conhece. Mas aquele alerta era tarde demais para mim, minha hora havia chegado. Senti minha vida correr junto com o sangue e o sorriso sádido daquele maluco ao me ver desfalecer.
Ahnrí. Oh amor. Eu te amo. Eu estou descobrindo esse amor e queria tanto viver ele. Porque isso teve que acontecer. Não, não posso morrer assim. Não posso me deixar vencer.
O que vocÊ esta tentando dizer? Viadinho morto. - Indagou ele puxando o pano da minha boca, querendo curtir meus momentos finais.
Não posso morrer. Não posso morrer de jeito nenhu. - Balbuciei.
Porque? - Indagou ele rindo divertidamente.
Porque ainda tem uma resposta que eu preciso ouvir. Tem um sim que uma pessoa vai me dar.
Ela vai poder dar sim para a tua sepultura. - Falou ele pegando meu braço e cortando profudnamente no pulso. O sangue jorrou forte e desfaleci quase totalmente. Senti a vida toda indo embora e então um tiro. Apaguei de vez.
Acordei mais uma vez em uma sala de hospital. tomei um susto enorme e quase soltei um grito, mas havia alguma coisa na minha boca que me impediu de gritar. Olhei nervosamente ao redor como que esperando ver o Cléber e então vejo minha mãe e o Ahnrí. Ela está dormindo, mas ele completamente acordado. A felicidade nos seus olhos é indescritível.
Não acredito. - Falei baixinho.
No que,.? - Respondeu ele levantando e vindo até mim.
Que sobrevivi àquilo.
Você é guerreiro. - Falou ele chorando. - Não vai ser derrubado assim.
Foi por você. - Falei com dificuldades porque o aparelho na minha boca dificultava a fala.
Por mim? Sério?
Sim, eu precisava ouvir sua resposta por isso não me permiti morrer.
Então nada no mundo me deixa mais feliz que te deixar esperando. E já posso dar a resposta. Eu precisava falar pra minha mãe antes, em respeito ao que fiz ela sofrer. Mas ela entendeu e minha resposta é sim. SIM, SIM E SIM, te darei sim todos os dias da minha vida.
As lágrimas brotaram nos meus olhos e nessa hora minha mãe acordou também. Mal olhei pra ela porque os medicamentos me fizeram cair no sono novamente.
Em alguns dias sai do hospital. Precisei de uma transfusão de sangue e de muito apoio psicológico depois. Eu fui salvo graças ao David, ele me seguiu até em casa e viu quando um carro me jogou desmaiado no banco de trás e partiu rápido. Ele reconheceu o carro do Cléber e chamou a polícia, além de avisar a todo mundo. Aquela sala esquisita ficava em uma casa da família do Cléber que não era usava e com alguma investigação a polícia chegou até lá. Quando cercaram a casa e anunciaram ao Cléber para ele se render, ele deu um tiro na própria boca, foi o tiro que ouvi.
Ele realmente não era assassino, nunca tinha matado ninguém lá, mas a sala era realmente planejada para isso. Ele apenas torturava garotos gays e depois dava uma grana para calarem a boca. Nunca saberemos porque exatamente ele quis realmente matar apenas a mim.
Meu tempo de loucuras passou, comecei aquele namoro com o Ahnrí e foi uma revolução na minha vida. Nos casamos anos mais tardes e a Nat foi madrinha dos dois. Minha mãe nunca voltou ao normal comigo, mas mantemos a convivência cordial, ela pediu desculpas por ter dado crédito ao Cléber ao inves de mim mas o passado não da pra ser apagado.
A Mari e a esposa adotaram uma nova criança quando o Ahnrí passou a morar comigo. Eu pensava em criar um também mas após ver o trabalho que elas tiveram, desisti por enquanto. quem sabe um dia.
E essa é minha história, acho que a principal mensagem dela é que não importa a vida que levamos ou o quanto doidos somos, a felicidade sempre nos dará uma chance. Sempre haverão oportunidades de encontrarmos o amor verdadeiro e a verdadeira felicidade. É só não perder a fé na vida e em sim mesmo.
Felicidades a todos.
Gente, não há nenhuma palavra que eu possa usar que sirva de desculpa pelo atraso para terminar essa história. A verdade é que me envolvi em diversos projetos, assumi funções de grandes responsabilidade em relação ao trabalho que me fizeram nao ficar sem tempo mas ficar sem inspiração por uns tempos também. Mas esse conto nunca me saía da cabeça. Eu retomei a escrita várias vezes mas desde que tinha passado seis meses, decidi só voltar aqui com ele pronto, concluído. E aí está, não abreviei nada, esse era o exato tamanho que ele deveria ter. Agradecendo aos que cobraram a conclusão nos comentários e também nos emails que respondi, vocês me fizerem lembrar sempre que valia a pena queimar as pestanas para concluir essa história. Detesto deixar coisas inacabadas, tenho outras histórias em esboço mas prometi a mim mesmo agorá só voltar a postar quando tiver uma história toda concluída. Agradeço demais a atenção e a paciência de todos. Um abraço do eterno amigo.
Kahzim.