Cap.3
De primeira, ri. Não acreditei que ele havia feito esse pedido.
- O Que ? - eu precisava ouvir de novo, só pra ter certeza.
- Seja meu namorado ! - ele havia feito isso realmente. E eu não estava sonhando. Era vida real. Era verdade !
- Não tô acreditando que você está pedindo isso - me levantei. Meu coração estava acelerado, minhas mãos tremiam e agora eu não sabia se era de raiva ou de nervosismo.
- Espera, você ainda não entendeu o pedido.
- Óbvio que eu entendi ! - falei indo até a porta - mas eu não sou gay ! Não sou ! Não vou ser seu namorado porquê não sou gay ! - falei, batendo a porta. De cara a minha mente só pensava em uma coisa. Como ele havia tido corgem de pedir algo assim ? Nós nem nos conhecemos. Eu nem sei o seu nome ! Além do mais, eu não sou gay. Não namoraria um garoto de forma alguma. Que diabos deu na mente dele pra me pedir algo assim ?
MINUTOS DEPOIS
O baque daquele pedido foi tão grande que eu passei o dia todo pensando naquilo. Não estava conseguindo me concentrar.
- Lucas, você fez o relatório das finanças ? - um outro amigo meu, Michel, entrava pela porta.
- Tô terminando...
- Ainda ? Você tá fazendo isso desde a hora que chegou !
- Não deu pra terminar, tá bom ? Além disso o diretor não vai arrancar meu couro por causa de um relatório !
- Essa é a atitude de um presidente ? - olhei de canto de olho pra ele.
- O presidente sou eu ou é você ?
HORAS DEPOIS
Sai do colégio a noite. Como já tinha 18 anos, tinha carteira de motorista para motos. Minha família havia me dado uma, e assim eu podia andar por aí sem depender de ônibus. Era o que fazia aquela noite. As ruas da minha cidade são bem movimentadas, e apesar de estarem cheias de pessoas bonitas, eu não conseguia de forma alguma parar de pensar naquele pedido constrangedor e inesperado.
"- Seja meu namorado !"
Essa frase se repetiu muitas e muitas vezes na minha mente. E não parou de se repetir mesmo quando eu cheguei em casa. Os sonhos, tudo se misturava na minha mente. Eu não conseguia parar de pensar naquilo de forma alguma.
"- Espera, você ainda não entendeu o pedido !"
Será se há algo por trás que ele não havia me dito e nem eu havia pensado ? O que eu devo fazer ? Não dá, eu preciso conversar com ele e tirar isso a limpo ou não ficarei em paz de forma alguma.
- EI, Lucas, aonde você vai a essa hora ?
- Visitar um amigo - olhei a ficha digital, ao qual só os diretores e nós do Conselho temos acesso, e lá dizia o endereço da sua casa. Seria esse o endereço que iria procura-lo. Tinha que falar com ele. Tinha que saber o motivo desse pedido ou não teria paz de forma alguma.
MINUTOS DEPOIS
Parei em frente a casa que o endereço indicava. Era um bairro nobre. Uma casa linda. Logo deu pra perceber que sua família tinha muitas posses. Olhei para o enorme portão. Por dentro logo consegui vê-lo. Vestido com uma camisa regata e um short, parecia lavar um carro. Não tinha outra forma, tinha que chama-lo e ir direto ao ponto. Mas acabou que nem precisou. Em poucos segundos ele focou seu olhar no portão e percebeu que havia alguém ali. Logo veio ver. Não tinha mas volta, eu teria que encara-lo. Querendo ou não.
- Ah, é você ! - abriu o portão e logo não houve barreira entre nós - o que fazes aqui ?
- Bem... Vim porque... Queria ouvir mais uma vez só pra ter certeza que você não me pediu aquilo - ele riu.
- Mas eu falei realmente o que você está pensando. Seja meu namorado, garoto que eu não sei o nome.
- Eu ? Mas nós nem nos conhecemos. Eu não sei nem seu nome. Eu não sou gay. Porquê eu ? - perguntei, de cabeça baixa. Mais uma vez ele riu.
- Você não deixou eu terminar de falar. Mas aqui não é lugar pra conversarmos. Traga sua moto e conversaremos.
- E porque não podemos falar aqui fora - realmente estava com medo de ficar sozinho com ele.
- Porquê tem gente na rua ! Entra logo vai ! - falou, puxando meu braço.
- Tá, eu entro !
Não teve jeito, entrei. Logo ele fechou o portão e ficamos a sós naquele enorme casarão.
- Pode falar. Seja breve pois quero voltar antes da meia noite pra casa.
- Creio que isso não será possível. Já passam da meia noite.
- Não mude de assunto - mais uma vez ele riu.
- Eu não sou gay ! Não quero que você seja meu namorado de verdade - virei o rosto. Minha mente estava prestes a pifar. Uma hora ele faz um pedido, depois desmente. Estou confuso ! - é simples, quero que finja ser meu namorado.
- Eu ?
- É. Deixa eu explicar. Meu pai quer me juntar com a herdeira de um grande amigo dele, quer que eu me case. Eu não quero me casar com ela, ela é horripilante. Mas pra ele Isso não interessa, ele quer é se aproximar do pai dela.
- Mas o que eu tenho a ver com essa história, e com esse pedido ?
- Meu pai só mudaria de ideia se eu apresentasse alguém como namorado, porquê minha família faria pressão pra ele mudar de idéia.
- Mas... Eu sou homem. Eles vão estranhar !
- Minha família é mente aberta, não importa qual o sexo.
- Mas se você não e gay, porquê escolheu um homem ao invés de uma garota ?
- Caso não tenha percebido, me mudei a pouco tempo pra essa cidade. A única pessoa que eu conheço é você, então é minha única alternativa. Por favor, eu faço o que você quiser, mas finja ser meu namorado !
- Não ! É muito estranho - falei, me arrepiando - peça a outra pessoa.
- Não conheço mais ninguém. Te imploro, dou a você o que quiser ! Mas me faça esse favor - parei pra pensar por alguns segundos. Isso era estranho demais pra mim. Estava extremamente tentado a não aceitar. Finjir namoro com um homem ? Porquê eu ? Porquê eu ? - e então ? - quando ia responder o portão se abre e um farol alto de carro é visto. De repente ele pega na minha mão e beija meu rosto.
- O Que você está fazendo ? - falei. Minha primeira reação foi afasta-lo, mas ele era mais forte e me abraçou, não me deixando sair dali - me solta ! Que nojo ! - foi mais estranho ainda quando ele me beijou na boca. Foi só um selinho, mas o suficiente para meu sangue subir - seu merda ! - o problema é que eu não conseguia sair. E depois de um tempo parei de esboçar reação.
- O que faz aqui fora Ghilherme ? - a voz do homem pode ser ouvida - quem é esse garoto ? - quando ele parou de me beijar comecei a estapea-lo, mas de nada adiantou, ele não me soltou.
- É o meu namorado papai ! Não pode me casar com aquele jaburu. Eu o amo !
Continua
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