Bom, se tem uma coisa que eu não tenho é paciência para uma pessoa que está começando! Isso eu re-al-men-te não tenho e eu estava decido a mostrar isso para L. Otávio e aquelas amigos paspalhos da faculdade quando me levantei no domingo de manhã e pude vê-los da sacada falando mal de mim.
Natália (mãe de L.) e Gustavo (meu pai) não estavam em casa e então aproveitaram para se sentir os donos do pedaço, colocaram música alta (de pior qualidade) e estavam lá um monte de piranha em busca de homem e um monte de moleque se sentindo homens para estas piranhas.
Tomei um banho rápido, me vesti com algumas roupas pra ficar em casa e desci as escadas. Tiago (otário ao extremo) estava com uma loira ridícula no sofá na maior putaria, putaria esta que ele fez questão de interromper para anunciar de forma desrespeitosa a minha chegada.
- Olha o mendinguinho! Ontem mesmo vivia na rua e hoje aqui com filho do Sr. Gustavo - Disse ele rindo.
- Para você ver como as pessoas normais evoluem não é Tiago? Infelizmente a humanidade não pôde repetir o feito contigo né? Ontem mesmo era um otário e hoje, vejam só, é um o-tá-rio! - Saí rindo mas não antes de ouvir uma ameaça.
- Olha o jeito que você fala comigo seu moleque! - Ele disse irado se levantando.
- Senão o que? Vai levantar o dedo para mim, dentro da minha própria residência?
Ele recuou, então eu voltei e me sentei no piano. Uns vinte minutos atrás eu havia ligado pra Thales vir até em casa, ele ficou de pegar um taxi e não demorou dois minutos depois de eu me sentar no piano e a governanta estava com ele alí.
- Sara, você poderia tomar providências para que o som seja regulado para volumes descentes? - Eu disse gentilmente.
- Eu estava esperando uma ordem dessas desde mais cedo Sr. - Ela disse sorrindo e em instantes ou vaias dos palhaços lá fora e o som com volume muito mais baixo.
Thales se sentou no sofá, Tiago estava com a loira ridícula no outro mas não estavam mais se agarrando. Comecei a tocar uma versão a capela de Chandelier da Sia enquanto cantava.
Thales sorria feito um garoto que ganhara um doce e em alguns instantes a sala estava cheia de gente, a grande maioria eram os idiotas da faculdade e alguns dos funcionários da casa. Fiquei acanhado de me ouvirem assim, mas continuei e recebi alguns aplausos.
- Não sabia que você cantava tão bem Gui! - Thales disse me abraçando por trás. O olhar ciumento de L. Otávio era impagável.
- Estou inspirado. - Sorri e o levei escadas acima.
Naquele momento não houve sexo e nem nada, eu não estava namorando Thales e nem tínhamos essa intenção mas falei muito sobre minha vida e sobre os ocorridos nos últimos anos e etc.
No fim acho que estávamos instaurando ali uma amizade colorida, e eu tinha certeza que teríamos muitas travessuras ainda.
Falei sobre o pequeno romance que tive com L. Otávio mas deixei claro que fora interrompido e ele se divertiu com a situação e disse que quando tivesse perto de mim não ia deixar espaço para o Otávio chegar perto hahaha.
Mas claro que não passou de brincadeira, eu estava confuso sobre o que sentia por Otávio! Em determinados momentos o queria longe de mim, mas em outros a vontade de agarrá-lo e abraçá-lo e nunca mais soltar era demais! Eu o queria mas para tê-lo eu teria que mostrar a ele o quanto eu era diferente daquele mundo em que ele vive, onde a preocupação era em viver um dia após o outro.
Eu queria construir um futuro, não depender tanto de Gustavo, que embora tenha mostrado seu arrependimento e o interesse de que eu tomasse conta das coisas, não me representava muito bem.
Eu queria abrir meu próprio negócio na área que estudava, queria ter minha casa, adotar filhos e ter um espaço pro Thor! :)
Não dava para me imaginar nesse futuro com OtávioA manhã da segunda foi diferente, tomei café junto da família, inclusive com Otávio. Falamos do fim de semana e teve até piadinhas sem graça sobre o relacionamento meu e do Otávio (Nath e meu Pai estavam confusos com isso ainda). Os dois saíram e então Otávio se mostrou um pouco humano.
- Gui, desculpa por ser um idiota! Eu quero mudar, te juro. - Ele abaixou a cabeça - E não é porque quero que você volte comigo, você pode continuar com seu novo namorado se quiser, mas ao menos seja meu amigo.
A crise de riso foi inevitável e Otávio já ia levantar irado quando eu respondi.
- De onde tirou que eu e Thales somos namorados?
- Vocês não são?! - Ele disse surpreso. - Então quer dizer que ainda temos alguma chance, você sabe... De voltarmos?
- Não somos! E sobre voltarmos... Não vou dizer que não sinto nada por você pois seria mentira. Mas você vai ter que fazer muita coisa pra me conquistar novamente.
Ele se levantou eufórico.
- Agora que sei que há chances, o que me custa tentar, não é mesmo? Faço de tudo para te ter de novo meu pequeno. E acho que a gente podia voltar a ir para as aulas juntos sabe...
Acabei sedendo e indo a universidade junto com ele.