Queria agradecer os comentários e os votos! Vocês são incríveis! Minha inspiração vem toda de vocês, ao saber que gostam do que eu faço!
Geomateus: Você pediu minha volta, aqui estou!
M/A: Quando consigo excitar alguém, considero um puta elogio! Haha! Obrigado por ler e me incentivar.
S2DrickaS2: Quem não gosta de um urso, não é?! Haha! As duas bruxas, realmente, podem voltar a incomodar... Mas talvez elas não sejam o maior problema.
Nick *-*: Adoro saber que você gosta e acha apaixonante. Muito obrigado por ler!
kel3599: Sua mãe te interrompeu no meio da safadeza?! Haha! Haha! Que judiaria! Obrigado por ler e comentar!
Martines: Obrigado!!
esperança: Obrigado!! Você tá sempre comentando e me incentivando, então um super obrigado!
Caaabe_be: É uma honra saber que você lê e gosta tanto a ponto de ser meu fã. Fico sem palavras pra dizer o quanto estou agradecido e o quanto isso me incentiva. Muito obrigado!
Ru/Ruanito: Obrigado!
compulsiva: Adoro saber que você gosta da história! É, tipo, do caralho saber que agrado!
E a você que lê, mas não comenta, muito obrigado por ler também. Espero que a história esteja agradando você.
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CORAÇÃO DE TITÂNIO - 7
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Acordei abruptamente, ouvindo resmungos baixos e vários palavrões. Mexi-me, devagar, tentando encontrar Xavier na cama. O problema começou aí, porque ele já não estava mais seguro no meu abraço.
Meus olhos, mesmo nublados de sono, se abriram para ver Xavier calçando rapidamente seus tênis. Franzi a testa. Não gostava nem um pouco quando ele estava longe de mim, dos meus braços.
-O que está fazendo? -indaguei rouco, meio grogue de sono. A camiseta dele estava do avesso, o que só destacou seus mamilos rosados. Imaginei-me lambendo-os enquanto atolava meu pau em seu cuzinho apertado.
-Indo embora! -ele disse.
-Embora? -exclamei, desfazendo-me em surpresa. Levantei, dando-me conta que ainda estava nu. Sem problemas, já que estávamos bem íntimos.
-É. Embora! -ele ainda tentava calçar os tênis freneticamente. A braguilha do seu calção jeans estava aberta.
-Por quê quer ir? -olhei no meu celular percebendo que era bem cedo. Muito cedo! Nem deveria ter amanhecido, ainda. -Fica! Vamos voltar a dormir.
Aproximei-me dele, o abraçando por trás e beijando seu pescoço. Gemi baixinho ao cheirá-lo. Tão cheiroso!
Xavier ficou ali, tenso nos meus braços, por poucos segundos. Então afastou-se de mim, terminando de vestir-se e saindo às cegas pelo apartamento tentando encontrar uma saída. Como se tivesse medo de mim.
-Ei! -fui atrás dele. -Eu fiz algo errado, Xavier?
Ele pareceu não ouvir-me. Parecia determinado a sair de perto de mim. Destrancou a porta quase com raiva
-Xavier, por favor! -ele então parou com um pé no corredor. -O que aconteceu?
Senti minha garganta apertar.
-Você não gostou de dormir comigo? Sei que não sou o melhor amante, mas se for por esse motivo, prometo melhorar da próxima vez.
Ele, mesmo relutante, sorriu. Um sorriso revando seus dentes alvos e insinuando seus lábios vermelhos. Senti uma vontade louca de beijá-lo e agasalhá-lo com meu corpo. Era estranho tê-lo tão longe onde não podia amá-lo.
-Eu adorei. Foi uma das melhores noites de toda minha vida. -disse, rouco. Seus olhos coloridos estavam brilhantes, entretanto perderam todo a vivasidade ficando completamente escuros. -Mas não posso ficar! Não posso! Tenho que ir.
-Mas por quê? -insisti, desesperado. Não queria que ele fosse. -Fica, Xavier!
-Não, Leon. Foi perfeito, mas foi um erro.
Engasguei, recuando um pouco com o baque daquelas palavras.
-Um erro? O quê?
-Essa noite não deveria ter acontecido.
-Do que você está falando? -senti-me, de repente, muito exposto e vulnerável a ele. Talvez porque eu realmente estava.
-Sinto muito, Leon. -Xavier fechou os olhos. -Agradeço por tudo, mas acabou aqui! Foi um erro e, como todos os erros, não haverá repetição.
E então saiu, olhando-me uma única vez antes de entrar no elevador e partir. Parecia realmente com medo de mim.
Queria ter uma máquina do tempo e jamais tê-lo deixado sair dos meus braços. Talvez eu não estivesse sentindo tanta dor.
...
Não voltei a dormir, não descansei, mal pensei direito. Depois de ser deixado sozinho por Xavier, vesti-me uma roupa própria e fui correr um pouco pela cidade.
Meus fones de ouvido estavam em volume máximo, pois eu não conseguia ficar sozinho com meus pensamentos. Eram uma tortura! Livrar-me deles com uma música bem energética foi a melhor opção.
Voltei suando para o apartamento. Algumas poucas pessoas estavam, recém, saindo para trabalhar.
Eu, como não trabalhava finais de semana, tomei um banho demorado e vesti-me de qualquer jeito.
Fiquei olhando a cama, encarando-a, decidindo se me deitava nela ou encontrava qualquer outra coisa pra fazer.
Ela estava do mesmo jeito que quando levantei pra ir atrás de Xavier. Desarrumada, com o cobertor caindo pra um lado.
Puxei o travesseiro e enterrei meu rosto ali. Soltei um gemido e o joguei de volta na cama. Deus! O cheiro dele estava imprignado ali. Aquele aroma tão delicioso... afastei-me da cama, indo para o sofá.
Liguei a televisão num programa qualquer e peguei meu celular na mão. Não sei o que eu esperava achar ali.
Nenhuma mensagem de Xavier, nem ligações. Talvez fosse isso que eu esperava encontrar. Me senti muito tentando a ligar pra ele, confrontá-lo! Entretanto sabia que não daria certo. Ele desligaria na minha cara, com seu jeito misterioso e taciturno.
Voltei a olhar minha caixa de mensagens. Havia mensagens de umas mulheres que eu costumava sair. Pra essas eu revirei os olhos. Mas então vi que tinha uma mensagem de Homero perguntando que horas eu chegaria na casa dele.
Eu havia me esquecido completamente do jantar!
Fiquei matutando, olhando a mensagem. Eu não tinha vontade alguma de ir. Nenhuma! Não por que não queria a companhia do meu irmão e do namorado, mas porque não estava no clima pra nada! Eu, sinceramente, queria me esconder no apartamento até domingo e ficar bêbado a maior parte do dia. Se eu fosse, só estragaria o jantar deles. Deixaria-os sem graça.
Mandei a mensagem dizendo que não iria, pedindo desculpas. Alguns minutos depois franzi a testa ao ver que ele estava me ligando.
-Alô. -atendi, rouco.
-Como assim não vai? -Homero indagou, sem rodeios.
-Não tô muito afim de sair. Aconteceu umas merdas e eu só cagaria com a noite de vocês!
-O que aconteceu, cara? A bruxa tá te infernizando?
-Antes fosse! Uma mulher que eu saía veio me incomodar um dia desses, mas sem sinal da bruxa.
-Isso é estranho. -ele murmurou, pensativo.
-Também estou achando! Talvez ela esteja planejando um ataque nuclear contra mim ou coisas do tipo.
-Mas, então, o que aconteceu?
-Qualquer dia desses eu te conto.
-O caralho! -ele rosnou. -Não sei por qual motivo, mas o Daniel quer muito que eu me relacione melhor com meu irmão. Ele tá animado pra essa noite, comprou milhões de coisas pro jantar e você não vai cortar o barato dele!
Tive de rir, balançando a cabeça.
-Você tá muito apaixonado!
-Pode apostar!
-Tá bem, então! -sorri. -Eu chego na sua casa às oito. Aí a gente toma uns drinques depois e conto a vocês a situação. Talvez vocês até me ajudem.
Desliguei, com o espírito um tanto renovado. Talvez fizesse bem pra mim sair um poucopouco antes do horário, vesti-me adequadamente. Uma camisa mais ajeitada, uma calça jeans justa e um sapato. Nada formal, apenas confortável.
Não sabia o que esperar desse jantar, então fui razoável. Levei um vinho tinto que eu gostava bastante, pra não chegar de mãos abanando.
Dirigi sem pressa até a casa de Homero. Estacionei ali, vendo que havia outro carro na frente da casa. Franzi a testa, mas mesmo assim segui em frente.
Apertei a campanhia e logo ouvi a voz de Homero.
-Quem é?
-O Leon!
-Ah.
Ele abriu o portão e entrei. Assim que Homero abriu a porta fui arrebatado pelo cheiro de comida. Minha barriga chegou espernear de fome.
-Que bom que veio! -ele me recepcionou num abraço cheio de tapas amistosos. Coisa de homem. Mais brutalidade do que afeto.
-Eu não iria faltar com minha palavra. -ri baixinho estendendo-lhe o vinho. -Não queria chegar sem nada.
-Não precisava! Mas obrigado. O Dani tá na cozinha com nosso amigo.
Ele tomou o vinho das minhas mãos e me indicou uma porta aberta num extremo da sala.
Sua roupa era uma camisa com alguns botões abertos deixando seus pelos um tanto à mostra. Ele e eu herdamos várias coisas do nosso pai, inclusive os pelos. Sua calça era um pano muito bonito, combinado com os sapatos.
Deduzi que ele deveria estar trabalhando e chegou pouco tempo antes de mim em casa.
Segui Homero até a cozinha, onde Daniel estava ali na frente do fogão, sorrindo pra um homem desconhecido.
Daniel estava muito lindo! Seu enorme cabelo estava preso atrás da cabeça numa espécie de fita. Veio logo me dando um abraço e dizendo o quão bonito eu estava. Retribuí o elogio, recebendo um olhar atravessado de brincadeira de Homero.
Ele vestia uma camiseta verde escura que destacava todos seus musculos, um calção jeans bem justo mostrando mais que deveria e um tênis colorido de cano médio. Confortável e despojado!
-Gostei dos tênis. -comentei, com um sorriso.
-É? -ele riu. -Pois eu gostei do chupão. -ele apontou pro meu pescoço.
Fiquei branco, tateando o local feito louco. Eu nem havia reparado que tinha uma marca! Nem havia sentido Xavier deixando-a.
Pensar nele me deixou meio melancólico, mas prometi a mim mesmo não ficar depressivo ali e deixar todos desconfortáveis.
No fim, acabei rindo com Daniel e dando de ombros.
-Pelo visto a noite dele foi bem produtiva! -Daniel comentou com Homero, com uma risada interna pairando sobre eles.
-Tipo a nossa. -o outro aproximou-se, dando um beijo em seus lábios.
-Ah, Leon, quero te apresentar meu amigo, Fernando! -Homero disse, apontando o homem sentando num banco perto da bancada, que observava tudo com olhos azuis gelados.
-Ele vai jantar conosco. -Homero continou. - Se importa?
-Não, claro que não! -aproximei-me dele. -Sou Leon, é um prazer.
-Prazer, Leon! Sou o Fernando.
Ele tinha olhos de um azul penetrante e bem gelado. Cabelos de um loiro platinado e bem curto. Seu porte era bem grande e vestia quase as mesmas roupas que Homero.
-Precisa de ajuda, Daniel? -questionei, virando-me pra ele.
-Não, obrigado. -ele sorriu. -Estou desde cedo preparando e já deve estar quase pronto.
-O cheiro está maravilhoso! -elogiei. -O que é, posso saber?
-Bem... -ele encolheu os ombros. -Como não sabia o que você gostava fiz bife normal e ao molho madeira, um estrogonofe de frango, caso você não goste de bife. Claro, têm os acompanhamentos de arroz, massa, batatas refolgadas e, claro, batatas fritas.
Homero, do meu lado, deu um sorriso.
-Eu falei que ele comprou milhões de coisas! E ele nem falou da sobremesa!
-Tem mais? -arregalei os olhos.
-Eu tomei a liberdade de fazer um bolo, um pudim e mousse de morango. Ah, foi pouca coisa!
-Meu Deus! -eu ri baixinho. -Se eu soubesse, vinha mais vezes jantar aqui.
Reparei que Fernando, apesar de dar uns leves sorrisos de vez em quando, ficava sério e cabisbaixo maior parte do tempo. Homero notou eu reparando e se pronunciou.
-Fernando terminou um relacionamento.
O outro fez um som baixo de raiva contida. Seus olhos azuis ficaram muito mais gelados.
-Ele era um filho da puta! -rosnou, olhando pra longe.
-Desculpe dizer, Fê, mas eu te avisei que o vi se esfregando com outro naquela festa. -Daniel fez uma feição de pesar.
-Eu deveria ter acreditado, Dani. Acho melhor eu ir embora! Não quero estragar a noite de vocês.
-Não vai estragar nada! Pode ficar parado aí! Sua companhia é indispensável. Mas tenho que dizer que ele não era bom o suficiente pra você! -Homero deu um tapinha amistoso no ombro do amigo que lhe sorriu. -Deixe aquele filho da puta pra lá!
Levantou seus olhos pra mim.
-E você, Leon? Qual é o problema com seu relacionamento?
Fechei a cara, cruzando os braços.
-Pra essa conversa, eu preciso de muito álcool.
-Então vamos deixar pra depois do jantar. -Daniel interveio. -Não vou ficar colocando nenhum marmanjo bêbado na cama.
Ele fez uma pausa.
-E estou falando justamente com você, senhor Lopes!
Homero riu, levantando-se e agarrando-o pela cintura. Beijou-o com paixão, sussurrando algumas palavras carinhosas pra ele.
Daniel sorriu, aconchegando-se naquele abraço um pouco e depois depositando um beijo na bochecha de Homero antes de se afastar. Voltou ao fogão mexendo em alguma coisa ali. Depois foi à geladeira e checou algo.
Virei meus olhos pra Homero e vi que ele estava com o olhar afiado.
-Pare de tarar o que é meu! -ele rosnou, de brincadeira.
Ri baixinho, junto com o Daniel que revirou os olhos pra Homero.
-Vai pedir seu namorado em casamento quando? -provoquei, cruzando as pernas.
Ele gemeu, voltando a sua cadeira e jogando-se ali.
-Te pago uma viagem pra Grécia se você convencê-lo a marcar a data! -Homero disse passando as mãos pelo cabelo, carrancudo.
Arfei, olhando-os em estopor.
-Vocês estão noivos!? -ri, incrédulo.
-Sim.
-Meu Deus! Sério? -olhei pros dedos deles e realmente o anel dourado estava ali. -Caralho!
Eu não lembrava de ver anel no dedo do Daniel quando nos encontramos alguns dias antes. Então lembrei que ele estava pintando. Deveria ter tirado.
-Por que não me contou antes? -indaguei. -Caraca! Estão noivos desde quando?
-Vai fazer quase um ano e meio! -Homero suspirou. -Ele está me torturando a um ano e meio, Leon!
Eu ri, olhando pra Daniel e fingindo repreendê-lo com o olhar.
-Só não contamos antes por que não te considerávamos confiável. Nada demais! Agora você é da família!
Sorri pros dois.
-Estou muito feliz por vocês! Tipo, caralho! Vocês irão fazer festa?
Homero franziu a testa e negou devagar.
-Sem festa. Apenas uma comemoração pros mais chegados. Não nos damos muito bem com nossas famílias biológicas. Mas esse não é o problema! O problema é convencer meu noivo a casar comigo!
Tive de rir da cara frustrada dele.
-Pelo visto você não consegue satisfazê-lo. -recostei-me na cadeira pra rir. Até Fernando riu.
-Eu só sou muito novo pra casar. Recém fiz dezoito. Nem trabalho, ainda. -Daniel contrapos.
-Sabe que não vou te deixar trabalhar! -Homero rosnou.
-Veremos. -Daniel piscou um olho pra ele que segurou um sorriso.
Rimos bastante antes de ajeitarmos a mesa pra jantar. Fiz questão de arrumar, com Daniel reclamando dizendo que ele faria.
Fernando não comentou muitas coisas. Tentei colocá-lo na conversa algumas vezes, mas ele educadamente dizia algo e se calava. Dava pra ver que ele estava sofrendo por causa do último relacionamento, mas estar na companhia de Homero e Daniel pareceu alegrar o espírito dele. Podia falar o mesmo de mim! Eu tentava não pensar muito no que aconteceu pra não ficar deprimido. Deixava-me envolver pela aura tranquila da casa.
Já o casal estava sempre trocando olhares e sorrisos. Eles pareciam tão em sintonia e tão apaixonados que quase sentia inveja deles. Homero mantinha-se sempre perto e em alerta olhando pra Daniel, pronto pra protegê-lo caso ele se machucasse com a faca ou se queimasse. A comparação de um macho alfa não passou despercebida por mim.
Sentamos à mesa, com aquela quantidade absurda de comida transbordando. Meu estomago reclamou quando demorei muito para dar a primeira garfada no bife.
A carne desfez-se na minha boca. Gemi de satisfação e elogiei Daniel. Não fui o único! Até ele deixou de lado a falsa modéstia e admitiu estar realmente muito bom.
Servi um pouco de tudo. Comi feito um desvairado.
-Guardem espaço pra sobremesa! -Daniel exigiu, rindo, quando começamos a servir de novo.
Alguns minutos depois terminamos de jantar e Daniel começou a arrumar a bagunça. Sobrou muita comida! Ele não queria ajuda de maneira alguma! Tentávamos ajudar, mas ele balançava a cabeça e nos mandava sentar.
-Você sabe que não precisa fazer tudo sozinho, Dani. -sorri a ele.
-Sim, eu sei. Mas gosto de fazer as coisas sozinho. Homero até se incomodava no começo, achando que era por causa da nossa relação e eu estivesse me sentindo mais feminino. Tipo, como se ele fosse o macho do século XIX e eu a fêmea submissa.
Ele riu ao olhar pra carranca de Homero.
-Dei uns socos nele e ele desistiu dessa ideia absurda. -nessa hora Homero riu. -É simplesmente meu jeito. Sou assim! Fernando e ele já acostumaram. Você também irá! -então foi minha vez de sorrir ao me sentir acolhido naquela família. -Não se preocupe! Agora vão sentar que vocês estão me atrapalhando.
Saímos da cozinha rindo para dar-lhe espaço. Ficamos jogando conversa fora até Daniel colocar as sobremesas na mesa da sala para que servíssemos.
Eu, apesar de concordar, me sentia mal de vê-lo fazer tudo sem ajuda. Entretanto se era assim que ele era e se sentia bem assim, não iria me opor.
Servi o bolo, que era de chocolate, o pudim e o mousse de morango, provando-os antes de sentar novamente no sofá. Deus! Que delícia! Parecia que um profissional em gastronomia havia feito-os.
O mousse me lembrava muito iogurte, só que era mais forte e concentrado e muito, muito, melhor!
-Cuide muito bem seu noivo ou eu vou roubá-lo de você! -brinquei com Homero, devorando a sobremesa.
Ele e Fernando riram, apreciando a sobremesa tanto quanto eu.
-Vai ter que esperar na fila. -Fernando interveio. -Estou para roubar o Dani dele faz tempo!
-Ei, eu mato vocês dois se começarem a espichar os olhos pro meu noivo! -Homero estreitou o olhar, rindo baixinho.
Após ajeitar tudo, Daniel se juntou a nós. Disse que comeria a sobremesa mais tarde e as guardou também, insistindo que comessemos mais.
Mas não havia mais meio centímetro quadrado pra comida em meu estômago.
Logo que ele retornou e sentou-se, o colocamos à par da conversa. Ele riu alto quando Homero contou que estava havendo uma competição para ver quem ficaria com ele.
-É muita testosterona nessa sala. -ele ria. -Estou lisonjeado, mas sinto muito, rapazes, pois já tenho meu macho.
Ele descansou o rosto no ombro de Homero, que o abraçou com muito carinho, cheirando seu pescoço. Fiquei até meio constrangido, afinal via pouco afeto entre homens no meu dia a dia.
-Mas, Leon, nos conte sobre o seu relacionamento! -Daniel disse, acomodando-se.
-Ah... -perdi o sorriso no mesmo instante. -É sério! Pra falar sobre esse assunto, preciso beber.
-Eu aprovo! Preciso beber também! -Fernando levantou-se e foi até uma mesa em canto da sala pegando ali quatro copos e jogando uma quantidade absurda de uísque.
Ofereceu um copo pra mim, pra Homero, Daniel e ficou com um pra si.
-Não sabia que bebia. -levantei uma sobrancelha pra Daniel, tomando um gole da minha bebida.
-Não bebo muito. -ele encolheu os ombros. -Só às vezes e apenas o suficiente pra ter inspiração pra pintar. -ele riu. -Mas não mude de assunto! O foco agora é você.
Suspirei, tomando o uísque sentindo-o queimar minha garganta.
-Xavier. -comecei. -O nome dele é Xavier. A maneira como nos conhecemos foi bem inusitada. Uma ex minha quis fazer uma cena no restaurante dele. Depois disso ele me ofereceu um emprego de gerente.
-Peraí... -Daniel franziu as sobrancelhas. -Vocês mal se conheciam e ele te ofereceu um emprego?
-É. Achei estranho também. Não questionei e também não queria questionar... só queria ficar perto dele.
Homero sorriu.
-Foi amor à primeira vista! -virou-se pro Daniel. -Quase como nossa história, amor.
-Nem tanto, senhor Lopes. -Daniel riu. -Você me ignorou por anos antes de me notar.
O outro bufou.
-Mas quando dei a devida atenção vi que você era a pessoa perfeita. Enfim! Já desviei a atenção demais! Continue, Leon.
-Bem, me perdi. -eu ri, baixinho. -Ah, sim! Queria ficar perto de Xavier.
Limpei a garganta.
-O primeiro dia de trabalho até tivemos nosso momento mais íntimo. Ele me mostou um lado mais feliz dele. Tivemos nosso primeiro beijo, mas ele logo me afastou como se eu tivesse uma doença nojenta e depois disso desapareceu.
-Desapareceu? -Fernando se pronunciou.
-É! Sumiu. Só se comunicava comigo por bilhetes deixados à balconista e todos referindo-se ao trabalho.
Dei um grande gole no uísque terminando com o resto da bebida.
-Será que posso...?
-Fica à vontade. -Homero apontou pra mesinha onde havia diversas bebidas alcoólicas. Fui lá servir-me enquanto organizava meus pensamentos.
-Bem... -retomei a conversa ao me sentar. -Ficamos dias sem nos falar e então ontem ele apareceu no meu apartamento. Transamos, claro, pois ambos já não aguentávamos mais de tesão... mas hoje pela manhã ele acordou todo arrependido dizendo que foi um erro e que não voltaria a acontecer. Parecia... parecia até meio assustado por ter se entregado a mim. -analisei mais à fundo as expressões dele.
Dei um belo gole na bebida.
-Fim da história.
Os três ficaram me encarando como se eu tivesse brincando. Daniel balançou a cabeça em negativa, claramente irritado com o final do episódio.
-Que cara louco! -ele disse, indignado. -Saiu sem mais nem menos? Tipo, ele disse que foi um erro vocês se envolverem, mas explicou o por quê?
Balancei a cabeça.
-Apenas disse que foi um erro e que não voltaria a acontecer.
-Talvez ele fosse hétero e ficou confuso ao se relacionar com você. Por isso disse que foi um erro. -Homero encolheu os ombros. -Já passei por essa experiência, mas admito que não saí correndo.
-Não. -suspirei. -Ele não parecia nem um pouco ser virgem, tão pouco inexperiente quando fizemos sexo.
-É bem estranho. -Fernando observou, levando lentamente seu copo aos lábios e sorvendo um gole. -Leon, ninguém age assim por nada.
Ele fez uma leve pausa, pensando que alguém mais falaria algo.
-Pelo que você contou, já tinha um clima bacana rolando entre vocês. -prosseguiu. -Tem algo muito bizarro acontecendo pra ele agir assim. E não creio que seja um complexo de não-aceitação da própria homossexualidade.
-Falando como alguém que vê as cenas completamente de fora... -Daniel começou devagar. -Quando conheci o Homero pensei em me afastar dele dezenas de vezes. Achava um erro o nosso relacionamento porque me sentia indigno dele.
Daniel fez uma pausa pra acariciar a face de pedra do seu noivo ao ouvir aquilo.
-Pensei em fugir dele, mas ele sempre dava um jeito de me trazer de volta... acredite, meus motivos para querer me afastar eram muito bons, mas ele não deixou!
Outra pausa em que ele deixou a palavra para algum de nós. Ninguém se pronunciou.
-O quero dizer que eu estava passando por uma fase bem difícil, divindo-me em milhões de fragmentos... enlouquecendo! Não tenho certeza, mas o que aconteceu comigo pode estar acontecendo com Xavier.
A maneira como ele disse deixou-me preocupado. Muito preocupado!
-O que aconteceu com você pra você estar enlouquecendo, Dani? -questionei baixinho.
Notei que Homero e Fernando ficaram tensos e não gostaram nada do rumo que a conversa levou. Daniel estava tranquilo e encarou-me com um meio sorriso.
-Lembra das marcas que eu tinha quando você me viu pela primeira vez?
Franzi a testa ao lembrar-me. Parando para analisar, eram medonhas. A pele do Daniel era linda e branca como seu corpo, mas aí havia várias marcas pretas pelo seu peito. Marcas de... cigarros. Faziam um enorme contraste!
-É. -disse, baixinho. -Lembro.
-Meu pai, meus tios e até meus primos abusavam de mim. Muito! Eu tinha medo e receio de tentar ao menos chegar perto de um homem. Fiquei traumatizado. Homero só conseguiu algo comigo porque eu sempre nutri por ele um amor platônico.
Ofeguei, segurando com força meu copo.
-Você acha que algo semelhante aconteceu com Xavier? Mas ele não tem marcas!
-As marcas que mais doem são as que não conseguimos ver, Leon. -ele sorriu, sombriamente. -Não quero te preocupar. Pode não ser nada! Podemos estar aqui deduzindo um monte de coisas horriveis e não ser nada disso.
Relaxei um pouco, apesar de realmente achar estranho o comportamento súbito de Xavier. Dei um gole na bebida e recostei-me mais no sofá.
-Vou confrontá-lo e exigir uma explicação. -disse, decidido. -Ele me deve uma explicação!
-Apoio. -Fernando disse. -Se você gosta mesmo dele, não desista.
Sorri a eles. Deus! Aquilo sim era uma família... me sentia incrivelmente feliz ali, vendo-os olhar pra mim querendo minha felicidade! Prontos pra me ajudar!
Ri baixinho. Uma família de machos!