Antes de mais nada, queria agradecer a todos que acompanham o conto; os que comentam e os que apenas o lê. Vi que alguns se chatearam - para não dizer "ficaram putos" - com as indas e vinda do Bruno, por ele está indeciso e por ele não acordar pra vida e ver o que ele tem nas mãos. Bom gente, uma coisa é admitir o que se sente e a outra é esconder e ser hipócrita ao ponto de enganar e machucar ainda mais as pessoas. Podemos amar duas pessoas? A resposta, claro, é sim. Assim como existe uma mente diferente para cada cabeça, certamente há um tipo de amor diferente para cada coração. Portanto, as vezes somos capazes de amar duas pessoas ao mesmo tempo, de "formas diferentes". Há pessoas que são hipócritas o suficiente para negar esse amor duplo e acaba se machucando e machucando todas as partes. Admitir que se ama as duas pessoas pode ser o caminho mais viável, só que gera indecisões e essas indecisões podem serem vistas como volubilidade. Não é. É apenas um coração dividido em dois, que sofre por querer deixar um dos seus amores e ver o mesmo sofrer. Bruno tem medo de fazer sua escolha definitiva e ver isso resultar em dor, não pra ele, mas pra parte que não foi escolhida... Vítor pode não ser lá muito certo, mas todo ser humano erra e paga, e isso é certeza. Flávio... ah, o que falar desse cara. Existem pessoas como ele, mas para elas se tornarem perfeitas as mesmas tiveram que errar. Aprendemos com nossos erros heim. Lembrem-se disso, meus queridos E se por ventura amarem duas pessoas ao mesmo tempo, pense, repense, fique indeciso, faça burradas, seja sincero e tente ao máximo não magoar ninguém, pq sua decisão vem com o tempo e sem razão lógica. Por isso que dizemos que o amor é algo sem razão, assim como o amor duplo.
Vamos ao conto.
Parte: 12 - Vilões.
Sentado na cadeira, paro de lagrimar e fico meio desfocado das pessoas que passam pra lá e pra cá no corredor da delegacia. Eu não sei mais o que pensar, no que fazer, no que sentir. Vergonha me invade por ser a pessoa que sou. Volúvel, indeciso, um lixo, um nada, um doente, um egoísta, um monstro. Volúvel pq uma hora digo amar o cara que me tirou das ruínas e depois ficar aos choros feito uma bichinha pelo outro que me largou. Egoísta por querer os dois... isso mesmo, percebo que quero os dois, quero os dois. Isso faz de mim um doente. Pergunto-me se sou algum tipo de monstro, não do tipo de contos fictícios ou algo relacionado, mas um monstro real. Do tipo que magoa as pessoas. Do tipo que desconhecia limites quando se tratava de fazer o que queria.
Um policial - reconheço ele da festinha de Flávio mas não lembro o nome, - vem até mim e fala: Você ta liberado.
Eu falo seco: Mas quero ficar. É crime isso?
Ele: Que gênio heim - ri bondosamente, era gordinho e da cara redonda-amistosa, - bem que Flávio falou que você era brabinho.
Eu olho pra ele e noto que meus olhos tão meio inchados: Ele fala de mim aqui?
Ele senta do meu lado: Ahh se fala. Pense num viado que fala. Brincadeira. Ele gosta muito de ti, sabe. É um cara de ouro ele. Bondoso e compreensível com todos.
O que aquele cara queria? Me matar? Não bastasse eu gostar de um bandido que acabou de se entregar, ele tinha que me lembrar que eu estava desperdiçando um homem que nem em mil anos vou merecer?
Dou um riso indiferente: Bom saber disso.
Ele fala: Falando no diabo.
Então olho pro corredor e lá está ele. Com uma calça beje estilo biólogo, camisa preta colada ao corpo, um cuturno reluzente e seu rosto de menino e corpo de homem. Mas não vejo o rosto do meu Flávio alí, vejo o rosto do Flávio profissional. Ao seu lado vem Eduardo com seu ar reptiliano e quase tão grande quanto Flávio.
Flávio vem até mim e me examina ficando abaixado e avaliando-me com suas mãos: Bruno, você foi machucado? - eu estranho a pergunta. O certo seria "você se machucou?" mas logo entendo o real sentido.
Eu olho pra ele e digo firme: To bem.
Não ia lagrimar ou me mostrar frágil na frente dos policiais e principalmente de Eduardo, aquele idiota.
Eduardo fala em tom firme e gélido: Nos dê licença, Antoni (Antoni, o policia que disse que eu estava liberado, olha meio pesaroso pra Flávio e sai, ficamos Eduardo, Flávio e eu. Parecia loucura mas até as pessoas no corredor tinham parado de passar pra lá e pra cá. Ele me fita e um tom de deboche sai da sua boca de cobra). Devo parabenizar você, rapazinho. Fez o que meus incompetentes homens não fizeram. Quer aplausos ou uma medalha?
Eu olho pra ele irado: De você, quero apenas o silêncio.
Ele ri ainda mais: Eu deveria mandar prender você.
Eu rebato: Sob que acusação?
Ele se aproxima mais: Por cumplicidade. E por revelar ao seu primo detalhes importantes dessa operação.
Eu indignado: Mas não fiz nada disso, que loucura é essa?
Flávio olha pra mim e vejo dor em seus olhos: Sei que ele não fez isso. Nunca faria, ele nem sabe o que essa operação é ou era.
Eduardo olha pra ele e pra mim: Oras, é só somar um e um. Ele fica com você, Flávio, mas ama de verdade o meliante em questão, está contigo simplesmente para te usar e passar informações valiosas para ele.
Eu: Mas que absurdo! Eu não faço nada disso. Eu... Não... Você é um louco.
Eduardo com um sorrisinho frio: Ah sou? Responda minha pergunta elementar: Você ainda ama ele, não? Caso contrário, o que faziam os dois juntos hoje?
Olho pra Flávio e ele fixa os olhos em mim. Respondo: Não amo ele.
Eduardo solta uma gargalhada: Mente tão mal que até parece convincente. Enfim, não tenho provas para prender você agora, mas terei pq sei que tudo o que eu disse aqui é verdade. Agora se me derem licença, até mais, Bruno querido. Nos vemos por aí.
O que ele disse tinha uma logica notável, quem visse de fora diria que "eu" estaria ajudando Vítor, afinal eu tenho um policial que estava aos meus pés e que podia me dizer alguma coisa sobre seu trabalho que eu pudesse repassar para Vítor. Agora o cerne da questão, alguém acreditaria nisso? Eu amava Vítor, então qualquer pessoa diria que sim. E Flávio? Será que ele tinha acreditado em Eduardo? Olho pro seu rosto ele me um risinho cansado.
Flávio: Vem, vamos lá pra minha sala.
Eu: E Vítor? O que vão fazer com ele?
Eu deveria ter nascido mudo pq me arrependo de ter falado isso. Vejo o rosto de Flávio se entristecer, mas ele disfarça bem e responde paciente: Ele vai ficar bem. Vamos.
Subimos pro segundo andar, alguns dos policiais me dão um "oi", outros dão um tapinha no meu ombro. Alguns eu reconhecia e grande parte eu nunca vira. Janaina, a loura, me olha de longe e faz apenas um aceno com a cabeça para mim. Não sei, mas sinto que ela não gosta muito de mim. Não ligo pra ela. Flávio abre a porta e mantém ela aberta para que eu entre. A sala dele era absurdamente organizada, limpa e arejada. No nosso apê, eu era o bagunceiro e ele o organizado, o limpinho e o higiênico. Essa primeira semana que morei com ele, descobri que ele gostava de limpar a casa, lavar a louça a ponto de deixá-las brilhando, arrumar todos os objetos da sala/quarto/cozinha/banheiro... tudo. No todo, um homem pra casar. Mas pq eu sentia algo pelo outro? Só Flávio em si deveria ofuscar outros sentimentos.
Ele vem até mim, me abraça falando baixinho: Não precisa dizer nada. Não precisa explicar nada. Não me importo se você ame ele, desde que você ame a mim tbm.
Eu não choro, decido que vou me manter firme, que não vou pertubar ainda mais aquele homem perfeito que eu só magoava.
Eu: Eu só faço merda contigo. Você deveria se afastar de mim,... sou um monstro. Sou um egoísta.
Ele se afasta e olha nos meus olhos: Pode até ser isso tudo. Mas é meu monstrinho, meu egoísta. Meu amor.
Eu sinto ainda mais dor no peito, mas me seguro e pergunto: Você não vai acreditar no Eduardo?
Ele ri: Claro que não. Ele fala isso pq te odeia. Primeiro não acredito por que fomos nós que te envolvemos nisso. Segundo que eu sei que jamais você faria isso comigo ou com qualquer outro. Ou faria?
Eu: Não. Nunca foi minha intenção ter reencontrado Vítor. Eu jamais falaria alguma coisa sobre você a ele - reviro os olhos, - isso é tão ridículo.
Ele calmo: E como eu disse: fomos nós que começamos isso. As vezes acho que o maior errado nessa história sou eu.
Oi? Flávio errado?
Ele continua: Você tinha razão na festa dos seus pais quando disse que se eu não tivesse sentido nada por você eu te deixaria. Viu como eu sou o maior errado nessa história? Poderíamos ficar atrás de Vítor sem te envolver, mas demoraria, levaria tempo. E você, bem, você poderia facilitar a busca. Usamos você, de início eu usei você, mas me envolvi de mais e agora estou pagando por isso.
Eu não entendo o que ele queria dizer. Olho pros olhos escuros dele, pro seu rosto perfeitamente quadrado e pequeno, o nariz fino e reto, o queixo bem aparente e lindo, as sobrancelhas bem alinhadas naturalmente, os lábios vermelhos no qual pendia um sorriso triste.
Eu: Você não seria o errado nessa história. Não está fazendo o que estou fazendo.
Flávio: Não vê, você sempre pôs em pratos limpos que amava ele, jamais me enganou. Jamais. Se você ama ele eu devo te culpar? Te criticar? Bruno você está sendo ridículo em pensar que devo te crucificar.
Cada palavra passa lentamente pela minha cabeça que já dói tanto que penso que vou enlouquecer: Ainda não estou entendendo - falo.
Ele me senta na cadeira e se ajoelha na minha frente: Eu disse naquela noite em que nos reencontramos, aquela que você ralou suas mãos, eu te disse que seria seu, só seu. Mas nunca pedi pra você ser meu. Se você quisesse ficar comigo, tudo bem, se não quisesse, tudo bem tbm pq eu sintia que o outro ainda era seu e você dele. Eu sabia que estava me envolvendo com uma pessoa que já amava outro. Só que insisti e sabe pq? Pq eu te amo e entenderei sempre suas decisões.
Ainda não vejo ele como o errado e fico mais confuso... antes que eu possa perguntar ele fala: Eduardo e eu namorávamos quando peguei a investigação. Quando me apresentaram ao caso do Vítor eu propus uma infiltração, eu tive a ideia de Janaina conhecer você e tirar algumas informações discretamente. Claro, deu errado, mas eu consegui o que ela não conseguiu. Depois da noite do motel contigo eu fiquei gamado em você, louco por ti. Então pus um ponto final no meu relacionamento com Eduardo. Magoeei ele tanto que ele se tornou o que é hoje: frio. E olha que ele me amava, e me ama, tanto quanto amo você. Eu foquei minha felicidade e deixei ele pra lá. Fui um monstro com ele.
Eu pensava que eles tinham tido um relacionamento anos atrás, mas era recente. Pq ele não me disse isso? Claro, eu não perguntei.
Ele prossegue: Vê o quanto você não é errado coisa alguma? Você faz aquilo que lhe é bom, visa seus princípios e tenta não magoar ninguém. Você me ama, mas ama Vítor também. Assim como Eduardo ainda me ama. Há vilões nessa história? Sim, pq todos somos humanos. E o que eu mais adimiro em ti é o fato de não ser hipócrita, e de admitir que pode amar duas pessoas.
Ele magoou Eduardo pra ficar comigo. Eu magoava ele por amar Vítor. Vítor me magoou pra ficar com o crime. Na vida real todos somos monstros. Todos se importam com a própria felicidade. Mas eu me importo com Flávio, me importo com Vítor.
Ele: Estou pagando por querer usar você no começo. Parece que você agora tem o poder sobre mim... Bruno, amar duas pessoas não é errado. Errado é mentir pra uma delas, você nunca mentiu pra mim. É isso que me fascina em ti. Você é bom de coração, sincero e puro.
Eu: Você está abrindo mão de mim?
Flávio: Jamais, eu vou lutar por ti assim como ele está fazendo. Vamos ver quem ganha o grande prêmio.
Eu: Prêmio eu? Puff, francamente.
Ele vem até mim e pega meu rosto: Você é meu prêmio.
O beijo dele é carinhoso e calmo, não demora muito. Ele se afasta e nesse momento alguém bate a porta. Flávio manda entrar.
Antoni: Flávio, Eduardo ta te chamando. Está uma fera ele.
Flavit: Ok. Bruno, você quer ficar aqui e esperar ou quer que eu peça pra alguém te levar pra casa?
Eu: Vou pra casa, não ajudarei em nada aqui mesmo (inspiro e meu nariz faz o som de quando estou gripado). Te vejo em casa.
Flávio me olha com dúvida: Tem certeza que consegue dirigir?
Eu dou uma risada: Qualquer coisa eu ligo pra polícia rebocar meu carro.
Ele ainda parece meio desconfiado: Tudo bem. Me liga se precisar de algo.
Flávio me dá um beijo na testa mas eu puxo a cabeça dele e dou um beijo na sua boca. Ele dá um sorriso: Te amo - falo.
Já no carro, minha cabeça pulsa de dor e as lágrimas que eu já não aguentava segurar jorram feito cascatas. A conversas com Vítor, com Flávio, com Eduardo, com Antoni, embora essa última tenha sido mais uma troca de palavras, giram na minha cabeça e posso ouvir cada palavra dita como se fosse uma explosão. Vítor tentando reparar os danos causados no passado. Flatvio, altruísta, tentando por culpa em todos, menos em mim. Eduardo me acusando sob circunstâncias claras e lógicas. Antoni me lembrando que sou um panaca que estava maltratando um cara magnífico. As lágrimas deixam minha vista imbaçada e nao percebo pra onde estou indo. Não sei pra onde devo ir, pra "quem" ir. Sinto dor por machucar Flávio, eu sei que ele está desconfortável com isso tudo. Sinto pena por Eduardo. Sinto raiva por Vítor ter dificultado tudo sumindo da minha vida e aparecendo quando eu tinha outra. Confusão. Dor. Um ser humano aguentaria isso por quanto tempo antes de enlouquecer? Ou eu já estava louco e não tinha percebido? É, talvez eu já estivesse demente a ponto de me atirarem pedras.
Sinto um impacto e logo em seguida meu carro é jogado pro lado como se fosse uma caixa de sapato vazia. Tudo gira, eu giro, o mundo gira, minhas mãos sobem e descem como se eu estivesse numa montanha russa. Algo corta meu rosto, vidro? Não sei. E então vem a inconsciência. Ouço vozes ao longe, minha cabeça já não doe tanto pq uma dor ainda maior vinda do corpo inteiro sobrepõe a mesma. Algo quente escorre pelo meu rosto, é impressão ou estou de cabeça pra baixo como se fosse um mocego? Abro um olho pq o outro está... parece que está inchado. Tudo é confuso até as vozes que eu ouço ao longe.
Voz: ...aconteceu na rua x. O carro capotou... - percebo que está falando num telefone.
Outra voz: ...caminhão bateu. Bateu no carro.
Mais uma: ... Deve ta morto o rapaz do carro.
Não ouço mais nada. Vejo luzes piscando, sirenes se aproximando e sinto mais dor e apago. Uma luz forte me cega e pergunto quem diabos está enfiando uma lanterna nos meus olhos mandando eu acompanhar a droga de um dedo. Era um cara vestido de branco que fazia isso e quero mandar ele parar mas... Não consigo. Algo aperta meu coração por dentro e um frio me invade, é bom e tranquilo e logo me vejo reconfortado. Então algo queima meu peito e o frio se esvai aos poucos. Outra queimadura, pareciam que precionavam dois ferros-de-passar sobre mim. Um calor me invade e com ele sinto dor. Abro o olho e nada faz sentido, algo bipa em algum lugar e depois ouço um "biiiiiiiiip" seguido de alvoroço e mais queimaduras no peito. Outra queimadura. Mais outra. Outra mais forte e depois vem a escuridão novamente.
Quando volto a um estado de semiconsciência, sinto que estou deitado numa cama de conforto discreto. Há uma sensação de tubos furando o meu braço esquerdo. Ainda estou totalmente incapaz de me mover, de mexer as pálpebras, de levantar a cabeça. Mas meu braço direito voltou a ter condições de se mexer um pouco. Ele cai ao lado do meu corpo como um porrete e percebo que está revestido de algo duro e que me pinica a pele. Na verdade não tenho nenhuma coordenação motora, nenhuma prova de que ainda tenho dedos. No entanto, consigo balançar meu braço até os tubos e arrancá-los. Um bipe é acionado. Alguém vem até mim, coloca os tubos e durmo de novo. Na próxima vez que acordo eu vejo balões e flores pelo quarto, e no canto está Flávio deitado numa cadeira dormindo profundamente. Flávio... ah Flávio, como parecia um menino grande dormindo. Minha cabeça dói horrivelmente e tento dormir e consigo. Quando finalmente, verdadeiramente, acordo, vejo minha mãe ajeitando umas flores já murchas e falo.
Eu: Água - não reconheço minha voz. Esta estranha, como se eu tivesse engolido um deserto de sal inteiro.
Minha mãe me olha e começa a chorar e me abraça. Sinto o gesso no braço e uns pontos na testa e pouco de dor no corpo. Ela chama meu pai e todos caem no choro. Eles me molham por inteiro. Agora, penso, tenho que saber o que houve enquanto estive dormindo e meus pais falam... ah como eles falam; Brenda não estava com eles, já havia ido embora para o Canadá. Pergunto quanto tempo fiquei desacordado. Duas semanas. Fico perplexo e meu coração bate forte mas tento ficar calmo. "Calmo como água parada". Pergunto por Flávio e eles dizem que ele tinha ido pro trabalho, mas que ficou aqui do meu lado por uma semana inteira, dia e noite, noite e dia. Tiveram que por ele porta à fora para que ele fosse pra casa descansar. Meu Flávio. Pergunto como vim parar aqui. Minha mãe diz que ultrapassei o sinal e que um caminhão bateu na lateral do meu carro, do lado do carona. O impacto foi tamanho que meu Gol vermelho foi lançado longe e capotou três vezes antes de parar com os pneus pra cima. Se eu não tivesse com o cinto,... com toda certeza eu estaria em outro lugar; fisicamente num cemitério, espiritualmente ou no inferno ou céu. Olho meu gesso que cobre boa parte do meu braço até a mão e que está com nomes e frases como "Acorda, seu corno" ou "Eu te amo, irmãozinho. B". tem uns nomes que conheço e uns eu desconheço e logo bem perto da mão está uma frase que me faz sentir vivo: "volta, meu grande prêmio".
*
A mãe de Bruno ao telefone: Flávio, querido. Ele acordou.
Flávio deu um pulo da cama. A cara amassada, a barba crescendo descuidada, a roupa de ontem a qual não tirou, o cheiro de algo podre perto da sua cama, isso tudo não coincidia com ele que sempre fora tão asseado. Levantou. Tomou um banho rápido, vestiu uma roupa limpa e bem bonita. E disparou para a porta. O apê estava irreconhecível numa bagunça dantesca, nada arrumado, poeira acumulada presente em todas as partes, roupas jogadas por todos os cantos e embalagens de comida aqui e alí. Correu até seu carro e foi o mais rápido que pôde até o hospital.
Flávio: Obrigado, senhor. Obrigado. Obrigado. Eu não mereço tanto, mas obrigado por manter ele vivo.
Chegou na recepção e deu seu nome. Viu o pai de Bruno pegando uma água e perguntou sobre Bruno. Ambos chegaram até o quarto onde estava Bruno e Flávio se segurou para não chorar e pular em Bruno para dar uma abraço nele. Seu amor estava mais magro, um ponto na testa era evidente e parte esquerdo da cabeça estava rapada e tbm com pontos que formavam um "C". Um olho estava vermelho ocasionado pelo baque do acidente. O braço direito estava num gesso todo rabiscado. Fora isso Bruno olhava pra ele e ria com os olhos cheio de felicidade. Os pais dele dão licença e deixam os dois a sós.
Bruno sorri ainda mais e seus olhas brilham estende a mão pra Flávio e falou: Parece que vivo querendo morrer, heim grandão.
Flávio deu uma risada cansada: Você é mal, garoto. Você é muito mal.
Bruno: Me desculpe. Essa é minha natureza.
Mas prometo não mais fazer.
Flávio se inclinou e deu um beijinho nos lábios ressequidos do seu amor: Bruns, eu podia mandar te prender por ter dado esse susto em todos.
Bruno: O caminhoneiro está bem? Eu não matei ninguém não né?
Ele parecia apavorado e Flávio o tranquilizou: Calma, claro que não matou ninguém. Só você mesmo que sofreu o pior.
Bruno: Além de ser um fdp contigo eu sou um mal motorista. Diga a polícia rodoviária para ficar de olho em mim.
Ambos riram.
*
Olho pro rosto de Flávio e vejo o quão ele parece cansado. A barba descuidada crecia e cobria suas bochecas, o cabelo tinha mais fios brancos do que de costume, os olhos estão com enormes bolsas, como se ele não dormisse direito e chorasse de mais. Sentado na cama, ele parecia ainda maior, forte, grande, um urso que intimidava até mesmo a mim. Uma enfermeira entra com uma prancheta e pergunta se estou bem. Tirando o fato de que tive duas paradas cardiorrespiratória, uma parada cardíaca, uma costela fraturada, um braço quebrado e várias escoriações pelo corpo, respondo que estou ótimo, mas reclamo do gesso que pinica minha pele. Ela ri.
Enfermeira: Isso é normal (rabisca algo na prancheta). Sente dores na cabeça?
Eu: Um pouco. Não muito forte.
Ela: Certo - rabisca, rabisca. Ela se dirige a Flávio. - Senhor, ele terá de repousar um pouco.
Eu reclamo mas Flávio diz: Tudo bem. Depois venho aqui ficar com você - ele dá um beijinho na minha testa.
Eu: Te amo, grandão.
Flávio: Não mais que eu. - ele dá um sorrisinho de menino que tanto amo e sai. Mas antes de sair ele diz um "até logo" rabugento pra enfermeira e ela apenas acena com a cabeça e nem olha ele nos olhos. Quando Flávio ela ri envergonhada e fala.
Ela: Ele tem raiva de mim.
Eu curioso: Ué, mais pq?
Ela: Bom, há duas noites eu chamei ele por um nome que pensei que fosse dele pq você ficava sussurando esse nome enquanto dormia. Ele ficou zangado.
Minha cabeça dói e eu sinto nojo de mim. Tinha me esquecido de perguntar sobre meu primo. O que houve? Ele estava preso ainda? Não sei. Eu esquecera dele quando acordei, mas dormindo eu tinha esquecido-o?. Pergunto sabendo a respota: Qual nome eu falava?
Ela rabisca mais alguma coisa e fala indiferente sem olhar pra mim: Vítor.
Continua...(?)
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Lobo azul🐺: Pois é. O ruim é que ele ama os dois e isso pode acabar mal pra todas as partes. Como eu disse no começo, podemos amar duas pessoas, mas até quando esse amor pode durar? Abraços, e curti seu nick kk 🐺
Fernando808: Pois é. A vida tem disso. Sabe, você diz " estou tão feliz" e a vida te responde "veremos.." kkk. Pois é, tem momentos na vida que nos sentimos tão perdidos que muita das vezes fazemos burrices enornes. Eduardo vai se mostrar ser legal... espere kk. Beijo na testa ;*
Edu19>Edu15: Pois é. Irrita de mais. Não sabe o que quer, mas ele vai se tocar pra vida e ver como as coisas tem que ser. Abraços, Edu :)
S2DrickaS2: :( Não se irrite também. Geralmente a irritação é um sentimento apaixonado kk. Abraços e beijinhos :*
bagsy: Uauu. Bruno tem que levar umas bifas mesmo pra aprender kk. Deosdoceu, cê parece ser valente, deu até medo. Flávio é bacana mesmo, um cara apaixonante. E quanto aos policiais que estão ajudando Vítor, pode ser os dois que você apostou, e "juntos". Quem sabe né kk. Beijos e abraços apertados e beijos na testa ;)
lucassh: Ainda não houve uma traição 100%. Só indecisões e medo pelo futuro de duas pessoas que Bruno ama. Traição de verdade só depois rsrs. Abraços, cara. Fique bem.
crys12: Ainn, até que em fim um da esquerda haha. Me abrace. Pois é, complicado torcer pra alguém. Vítor ou Flávio. Um errou feio (Vítor), o outro cometeu erros e se aperfeiçoou com eles (Flávio). Vê, não há quase diferenças nos dois. Vítor pode muito bem se tornar o cara mais maravilhoso do mundo através dos seus erros. Basta só ele querer e se mostrar realmente arrependido para com Bruno. Abraços, Crys, e beijinhos nos dois lados do rosto.
R.Ribeiro: Eu já não tinha dito que era do Pará? Se eu não disse então respondo agora: sou paraense assim como você. Opa, já ganhou pontos comigo. Um paraense por aqui. Se eu não me engano tem outro paraense aqui sem ser você. Pará firme e forte na CdC. Obrigado pelo carinho, meu parça, grande abraço e fique bem.
ale.blm: Owcara, mais fale. É bom ver críticas tanto positivas quanto negativas. É bom lê-las. Abraços e fique bem :)
LC..pereira: Obrigado, brother. Beijinhos em você:)
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Grande Abraço a todos.