Cap.4
Quando ouvi isso, arregalei os olhos e tremi, corei. Meu coração acelerou. Me lembrei de um sonho.
"- Porquê você está correndo de mim ?
- Porquê... Porquê sim ! - dizia eu, até que cheguei a porta do apartamento. A mesma estava fechada, não consegui sair. Logo ele se aproximou, pegou no meu rosto, acariciou.
- Eu te amo !"
Não sabia o que pensar naquele momento. Olhei em seus olhos, com um misto de sensações dentro de mim. Eu não sabia se batia nele e desmentia, se seguia com a mentira. Na verdade não estava conseguindo pensar naquele momento. Aos poucos ele me soltou, e me olhou com uma cara muito preocupada, como se dissesse "Por Favor, confirma !" .
- Namorado é ? - me virei e olhei nos olhos do homem, com a maior vergonha do mundo, sem saber aonde enfiar minha cara. Como ele havia dito, o homem não esboçou uma reação ruim. Ele não esboçou nenhuma reação - qual o seu nome rapaz ?
- Lucas, senhor - falei, ainda mais envergonhado. Meu primeiro impulso foi recuar, mas ele botou as Mãos na minha costa, não deixando eu andar mais ainda pra trás. De repente ele se aproximou, olhou pra mim, olhou pra ele.
- Você tem bom gosto ein Ghilherme - me olhou com uma cara que... Eu não sabia decifrar. E então começou a andar - venham beber alguma coisa.
- Já estamos indo papai ! - quando o homem entrou em casa, acertei um belo tapa na nuca dele.
- Como é que você me mete nisso sem eu concordar ? Agora ele pensa que sou seu namorado. E você me beijou ! - comecei a limpar a boca - porquê você fez isso ?
- Pra dar veracidade !
- Eu vou dar veracidade no soco que quero acertar na sua cara.
- Obrigado, mil vezes obrigado, Você não imagina o bem que fez não desmentindo !
- Não devia. Você vai ficar me devendo essa ! E depois vai ter que me conseguir uma garota bonita pra esquecer esse selinho - me arrepiei, como fazia normalmente nos sonhos.
MINUTOS DEPOIS
Não é que tive que ficar novamente frente a frente com o pai dele ? Na sala de estar, ficamos frente a frente com ele. O garoto, que a poucos minutos eu havia descoberto que se chamava Ghilherme, sentou ao meu lado. Pro meu azar o sofá era apertado e não dava pra me distanciar. Eu tinha que ficar junto a ele.
- Então, Lucas... O que seus pais fazem ?
- Bem, minha mãe é médica, e meu pai é diretor de uma empresa.
- Ah é, qual ?
- A... - disse a ele o nome da empresa, e o homem arregalou os olhos.
- O que ? Seu pai é diretor dessa empresa ? - de cara não entendi o porquê dessa reação. Pra mim era uma empresa normal.
- Sim, ele é - olhei pro Ghilherme.
- Essa empresa é a maior do ramo - disse ele, esclarecendo então a minha dúvida.
- Deveria trazer seu pai aqui, seria uma honra conhece-lo. Filho, esqueça aquela garota, encontramos o genro perfeito ! - a minha vontade na hora foi de rir. Se ele soubesse que aquilo era uma farsa...
TEMPO DEPOIS
A partir daquele momento o homem tomou algumas liberdades, começou a me adular. Bem que Ghilherme havia dito que ele queria mesmo era se aproximar de algumas pessoas. Chegava a ser cômico.
- É mesmo ? Eu gosto muito deste estado, é interessantíssimo que tenha nascido lá - olhei no relógio e vi que já passavam das 1h. Tinha que voltar pra casa.
- Olha, seu Paulo, eu sei que é muito bom conversar, mas infelizmente está ficando tarde e necessito voltar pra casa.
- Porquê não fica aqui ? Já é madrugada, é perigoso andar por aí a noite.
- Não quero incomodar, é melhor que... - ele me interrompeu.
- Zelo pela sua segurança. Fique, aqui estará seguro e poderá ficar mais tempo com Ghilherme - olhei pra ele e pra Ghilherme, e percebi que era melhor obedecer.
- O senhor tem razão. Só espero não ser um incômodo.
- Não, de forma alguma. Você pode ficar no quarto de Ghilherme - não gostei de ouvir isso.
MINUTOS DEPOIS
- Eu não acredito ! - falou, se jogando na cama - graças a Deus eu me livrei daquele jaburu - dei um peteleco na sua testa.
- E por causa disso me juntou com você a força. Agora ele vai querer conhecer o meu pai ! Meu pai não pode desconfiar de forma alguma dessa farsa, não sei como reagiria.
- Fique tranquilo. Eu vou cumprir o que prometi. Diga o que quer ! Te darei o que quiser.
- Uma moto nova.
- Sério ?
- Tô brincando, era só pra ver a sua cara - ri.
- Não, mas se você quiser eu dou. Vale o fato de eu não ter mais que me casar com aquela jabulani kkkkk
- Meu Deus, porquê você não gosta da filha do amigo de seu pai.
- Ela não é uma pessoa ruim, mas definitivamente não dá pra casar.
- Quero somente saber como você vai nos tirar dessa farsa. Eu não posso ficar falsamente compromissado com você por muito tempo. Se alguém descobrir eu tô morto ! - falei, entrando no banheiro. Me olhei no espelho. A única coisa que conseguia fazer foi rir. Obviamente não estava bem com aquilo, estava ligeiramente amedrontado. Mas é cômica a situação.
MINUTOS DEPOIS
Sai do banheiro com o cabelo todo molhado. Sou bem branco, mais branco ainda que ele. Um pouco mais baixo, igualmente magro. Enquanto ele tem uma aparência puxada mais pro lado europeu, eu tenho uma aparência mais pro lado coreano. Meus cabelos são castanhos, não muito definidos de que tipo são, mas ficam muito bem em mim quando o cabeleireiro os corta direito. Enviei mensagem a minha mãe, avisando que não dormiria em casa. Apesar de o conhecer, estava meio nervoso e perdido ali. Era tudo novidade pra mim. Fora que eu não o conhecia tão bem, então não tinha tanta intimidade.
- Trate de passar um travesseiro no meio desta cama. Não quero correr o risco de você desfilar sobre mim a noite. Não estou tão certo de que você não seja gay.
- É, tem razão, eu sou.
- Ã ? - arregalei meus olhos
- É brincadeira ! Não acredito que você caiu.
- Você me assustou ! - deitei na cama e fiquei olhando pro teto.
- Vou apagar as luzes ! - pensei. Sabia que em algum momento aquela mentira seria descoberta e tudo iria por água abaixo. Na verdade, nem sei porquê concordei em vez de desmentir essa mentira. Nem o conheço direito para ajuda-lo em algo tão pessoal.
- Boa Noite !
- Boa noite... Namorado !
Continua
E aí ??? Gostaram ??? Comentem e votem por favor. Beijos
